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Transcrição da Entrevista Entrevistado do grupo amostral constituído por indivíduos com orientação heterossexual 2

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Academic year: 2021

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Transcrição da Entrevista – Entrevistado do grupo amostral

constituído por indivíduos com orientação heterossexual 2

[Sexo: mulher]

Entrevistador: Boa tarde. Entrevistado: Boa tarde.

Entrevistador: Vamos dar início à nossa entrevista. Idade? Entrevistado: 60.

Entrevistador: Habilitações? Entrevistado: 12º ano.

Entrevistador: Ocupação Profissional? Entrevistado: Aposentada, de momento. Entrevistador: Ok. E era…?

Entrevistado: Funcionária pública.

Entrevistador: Ok. Local de residência? Cidade? Entrevistado: Covilhã.

Entrevistador: E também é natural de cá? Entrevistado: Sim.

Entrevistador: Estado civil? Entrevistado: Casada. Entrevistador: Tem filhos? Entrevistado: Sim.

Entrevistador: Quantos? Entrevistado: Dois.

Entrevistador: Ok. Então, agora, vamos passar para a segunda parte mesmo crucial da

entrevista – estas foram apenas questões gerais. Portanto, no seu entender, como é que define família… a sua constituição. No seu entender como é que, como é que define família?

Entrevistado: Pai, mãe e filhos.

Entrevistador: Ou seja, define família como… portanto é a família nuclear procriativa? Entrevistado: Sim.

Entrevistador: Ou seja, mas também não sei se considera família, também, por exemplo,

monoparental, só o casal – por exemplo, só o casal do mesmo sexo ou de sexo diferente…?

Entrevistado: Sim, para todos os efeitos considero que sim. São uma família. Entrevistador: Que é uma família?

Entrevistado: Sim.

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Entrevistado: …Dar-lhes os seus valores, não é? Portanto, orientá-los na vida, dentro da… de

uma forma correcta, portanto a sua vida em relação aos outros, em sociedade, não transgredir, portanto, as leis… Fazê-los pessoas de bem, orientá-los nesse sentido.

Entrevistador: Ok. E o que é que, para si, é necessário para educar os filhos e prestar-lhes

cuidado? O que é que acha que é necessário? Por exemplo, na…

Entrevistado: Ter estabilidade… Entrevistador: Sim…

Entrevistado: …estabilidade familiar, social… parece-me que seja… Entrevistador: Profissional, económica…?

Entrevistado: Pois exactamente, social, portanto, ter essas duas vertentes, económico e

profissional.

Entrevistador: Ok. Portanto, também passará por reunir capacidades sócio-afectivas e…? Entrevistado: Ah, sim. Pois, o amor é essencial para se formarem… para se formarem

pessoas, que eu considero, para se formarem pessoas de bem, o amor em família é um factor principal.

Entrevistador: Na sua opinião, as tarefas com a educação e o cuidado dos filhos devem ser

partilhadas de forma equilibrada entre o casal…

Entrevistado: Sim.

Entrevistador: …ou deve haver uma divisão de tarefas específica para cada um? Ou se acha

que essas tarefas de educação dos filhos devem ser partilhadas entre o casal, não é, ou se devem ser, ou se deve haver uma divisão entre eles?

Entrevistado: No meu caso pessoal, no meu caso pessoal, foi sempre assim mais… – embora

houvesse a colaboração dos dois, do pai também – mas houve sempre mais uma… mais sensibilidade, ou até mais à vontade dos filhos em relação à mãe para falarem sobre tudo.

Entrevistador: Mas, em termos gerais, acha que, portanto, deve ser equilibrada a partilha

ou…?

Entrevistado: Mas em termos gerais deve ser partilhada, deve ser partilhada. Embora as

raparigas tenham sempre mais à vontade, em determinados assuntos, com a mãe, mas eu penso que sim, que o pai deve estar sempre presente e deve ser sempre partilhado…

Entrevistador: Ok.

Entrevistado: …todos esses deveres devem ser partilhados tanto pelo pai, tanto pelo pai,

como pela mãe.

Entrevistador: Considera que, actualmente, tanto homens como mulheres solteiros

conseguem exercer de forma idêntica as funções parentais? Homens e mulheres solteiros, portanto, o homem solteiro; e a mulher, em relação aos filhos? Acha que…

Entrevistado: Eu penso que isso…

Entrevistador: …Neste caso, estamos a falar de famílias monoparentais, não é. Só o homem

com os filhos, portanto o pai, ou a mãe com os filhos… se acha que…

Entrevistado: Pois, isso depende de cada indivíduo. Porque há pessoas muitíssimo bem

formadas, como pessoas, e que conseguem perfeitamente, embora, pronto, tenham as suas dificuldades, porque é sempre difícil um só ter essa responsabilidade. Mas há pessoas perfeitamente capacitadas para conseguirem, para conseguirem educar e… e conheço casos em que, de facto, foram pais exemplares ou mães exemplares.

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Entrevistador: Então, aproveitando aí o que disse, acha que o ideal, entre aspas, será… Entrevistado: O ideal é sempre o conjunto, o pai e a mãe, porque os filhos precisam dessas

referências, portanto, precisam do acompanhamento e da presença, a presença do pai e da mãe é fundamental, é muito importante. Mas há situações, há situações em que de facto se… as pessoas se confrontam, não é, com o problema de ficarem sozinhos a educar os filhos e há quem o faça de uma forma exemplar.

Entrevistador: E considera que, independentemente da orientação sexual, homens e

mulheres conseguem exercer de forma idêntica aquelas funções, as funções parentais?

Entrevistado: Mais uma vez, acho que isso também tem muito a ver com as pessoas. Com a

formação de cada um, embora eu… seja assim um bocadinho hesitante no que diz respeito a essa situação.

Entrevistador: Ou seja, na parentalidade por homens e mulheres com orientação

homossexual?

Entrevistado: Com orientação… sim, sim. Acho… Eu como não tenho essa orientação… Entrevistador: Tem dúvidas ainda em relação a essa questão?

Entrevistado: …como eu não tenho essa orientação, posso respeitar, mas não concordo assim

muito.

Entrevistador: Ok.

Entrevistado: Respeito, mas, mas… não concordo.

Entrevistador: Mas acha que, acha que, portanto, no seu ideal, acha que conseguem exercer

essas funções ou acha que não – as funções parentais? Acha que depende da pessoa?

Entrevistado: Depende da formação, sim, da formação pessoal.

Entrevistador: O que é que significa a heterossexualidade, no seu entender?

Entrevistado: O amor entre duas pessoas de sexo diferente que têm, que… gostam, portanto

têm o ideal, o ideal será depois a reprodução, não é. Terem, terem a continuidade das suas próprias vidas.

Entrevistador: Portanto, acha que também – pela resposta que deu – que é, que vai permitir

também, logicamente, a procriação humana, não é…?

Entrevistado: Sim.

Entrevistador: …e depois, haver a continuidade, como disse, que é a consanguinidade, não é? Entrevistado: Sim, sim.

Entrevistador: Portanto, os filhos próprios…? Entrevistado: Exactamente.

Entrevistador: Ok.

Entrevistado: Os seus filhos. Os seus filhos. E acho…

Entrevistador: Acha que esse é um papel importante da heterossexualidade?

Entrevistado: É. Eu, para mim, é dos mais importantes. Não será, não é talvez o mais

importante, porque há casais heterossexuais que, por motivos de… pronto, por vários motivos, não conseguem, não têm os seus filhos. Mas para mim, é a função natural da vida, é eles darem a vida a outras vidas, a outros seres. Portanto, eu acho isso a coisa mais maravilhosa que existe, desde que baseado no amor, não é, e no respeito, e no respeito.

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Entrevistador: Muito bem. E considera que as famílias constituídas por homem, mulher e

crianças, ou seja pai, mãe e filhos, são sempre exemplares em termos de relacionamento pais-filhos, e as famílias constituídas por dois homens ou duas mulheres e filhos são sempre impensáveis, ou podem existir bons e maus…

Entrevistado: Não…

Entrevistador: …exemplos de relacionamento nos dois tipos de família?

Entrevistado: Podem. Podem. Podem, porque as pessoas são humanas e nós sabemos que não

somos todos iguais, nem todas as pessoas se regem pelos mesmos valores e nem todas as pessoas têm as mesmas atitudes e conceitos de vida e, portanto, há casais heterossexuais que não conseguem educar perfeitamente os seus filhos, e pode haver outros casais com… orientação sexual diferente, portanto homossexuais, que poderão, porventura, e tenho conhecimento de alguns casos em que têm um… puseram nessas crianças, todo o amor deles e todo o seu ideal. E, portanto, conseguem orientá-los e eu tenho conhecimentos, eu tenho conhecimentos de casos desses.

Entrevistador: Portanto, acha que isso, o relacionamento entre pais e filhos não depende da

orientação sexual dos pais…necessariamente?

Entrevistado: …sim, não. Penso, penso que não. Eu penso que não.

Entrevistador: Muito bem. Vamos passar para a terceira parte. Considera que os casais

devem ter filhos?

Entrevistado: Sim, sim, sim.

Entrevistador: Pois, pela resposta de anteriormente.

Entrevistado: Sim, cem porcento. Cem porcento. Porque isso é uma atitude de… de amor,

dar a vida, dar a vida a outra pessoa, dar a possibilidade de outra pessoa viver – e eu acho que vale a pena, apesar de tudo –, acho que é uma atitude altruísta, uma atitude de… de uma grande prova de amor. É. É.

Entrevistador: E em que circunstâncias acha que os devem ter? Por exemplo, há casais que

não os podem ter porque são inférteis, não é, essa parte já é, pode-se contornar, mas…

Entrevistado: Agora já conhecemos, já sabemos, pronto, que a ciência evoluiu muito… Entrevistador: Sim, pode-se contornar, mas tem as suas limitações…

Entrevistado: …e que tem dado felicidade a muitos casais, não é, muitas pessoas que,

pronto, queriam ter filhos e tinham, e que começava a haver certos problemas entre eles, e que através da evolução da ciência, da medicina, de tudo, têm conseguido, conseguiram ultrapassar e… e eu penso que sim, que nessas circunstâncias eu acho, acho muito bem.

Entrevistador: Portanto, acha que, por exemplo, a conjugalidade, ou seja, serem casados ou

estarem em união de facto…

Entrevistado: Sim.

Entrevistador: …ou a questão da, ou a relação heterossexual são circunstâncias importantes

para que os casais tenham filhos?

Entrevistado: Ah, sim. Sim, porque, as pessoas, ninguém se sente bem sozinho, o Homem não

se sente bem sozinho, o Homem gosta de viver em sociedade, gosta de socializar, relacionar e, portanto, ter os seus filhos, ter os seus filhos, acho que é…

Entrevistador: Ok.

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Entrevistador: E na sua opinião – isto agora, segundo o que disse anteriormente – qual é a

importância dos filhos no casal?

Entrevistado: Estabilidade, continuação do amor, as gerações, “Crescei e multiplicai-vos”,

não é o que diz a bíblia? Então, eu penso que esta é uma das… é um dos… dos factores importantes num casal, é exactamente isso.

Entrevistador: Ou seja, garantir a consanguinidade?

Entrevistado: Garantir, exactamente. Tirou-me a palavra da boca. Entrevistado: Realização pessoal ou do casal…?

Entrevistado: Sim. Sim. Porque a maioria, todos querem ter os seus filhos e continuarem,

continuarem, portanto, pelas gerações vindouras.

Entrevistador: A estabilidade emocional que disse agora também, há bocadinho… Entrevistado: Sim, sim. Sim, sim, sim, sim.

Entrevistador: Ok. Portanto, no fundo, a constituição de uma família com…

Entrevistado: Portanto, os filhos são sempre um elo de ligação entre os pais. Sempre, pelos

menos os meus, no meu caso, os meus filhos foram sempre um elo de ligação entre mim e o marido. Portanto, acho que não há nada mais importante, até porque nós damos a vida pelos filhos, portanto, por aqui se pode ver que não há nada mais importante, nada que supere o amor de um filho. Nada. É a coisa mais importante que existe.

Entrevistador: Ok. No caso da Reprodução Medicamente Assistida, considera que deve ser

entendida apenas como possibilidade de tratamento, ou seja, nos casos de infertilidade…

Entrevistado: Sim…

Entrevistador: …ou acha que deve ser entendida como uma possibilidade de ter filhos

biológicos – seus – independentemente do diagnóstico de infertilidade? Se o conceito de Reprodução Medicamente Assistida deve ter como propósito o tratamento…

Entrevistado: O tratamento sim.

Entrevistador: Em caso de infertilidade? Entrevistado: É, para mim é. Eu acho que sim. Entrevistador: Porquê? Posso-lhe perguntar?

Entrevistado: Porque… Como é que eu vou explicar… o facto de se ter um filho, de se ter um

filho, aquilo porque nós passamos, aquela… acho que só se consegue, só se consegue amar verdadeiramente aquilo que nós, que nós apreciamos e que nós queremos e que… e também que nos faz apreciar e pensar… como é que eu hei-de explicar aqui, que não consigo, não me consigo aqui fazer entender… Às vezes para entendermos as coisas temos que passar por elas, e eu acho que o amor dos nossos filhos começa logo também na altura – e passa também aí – por aquilo que nos custa trazê-los à vida. Por isso é que eu acho que essa forma que me falou se deve restringir mais só àqueles casos por infertilidade. Porque nós se queremos ter as coisas devemos…

Entrevistador: Consegui-las ter?

Entrevistado: Consegui-las ter, consegui-las, exactamente…

Entrevistador: Portanto, tendo possibilidade de, não tendo essa possibilidade, neste caso

concreto, recorrendo a estas técnicas reprodutivas – havendo possibilidade para isso, não é, porque às vezes também pode não haver possibilidade emocional ou financeira ou outras coisas, não é…?

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Entrevistado: Sim, pois… Entrevistador: Ok.

Entrevistado: São casos assim mais, um bocadinho mais complicados, quem não tem esses

problemas às vezes é um bocadinho, quando se está fora dos problemas é mais difícil avaliá-los e julgá-avaliá-los.

Entrevistador: Portanto, no seu entender, as circunstâncias em que se deve recorrer à

Reprodução Medicamente Assistida será no caso de infertilidade…?

Entrevistado: Infertilidade. Entrevistador: Ou…

Entrevistado: Infertilidade ou…

Entrevistador: …ou, por exemplo, por doença hereditária…?

Entrevistado: …ou por doença, exactamente. Nesses casos sim, completamente de acordo.

Sim, sim.

Entrevistador: E em que circunstâncias, para si, se deve adoptar? Falámos na questão da

Reprodução Medicamente Assistida – em que circunstâncias achava que se devia recorrer a essas técnicas – e em relação à adopção?

Entrevistado: Olhe… por exemplo…

Entrevistador: Em que circunstâncias acha que se deve adoptar?

Entrevistado: …quando todas as hipóteses estão… estão gastas, não é, ou por infertilidade

ou, enfim, ou talvez por idade, não sei, ou por doença até e que não se possam ter e também por solidariedade e por amor. Porque há muitas crianças porque, às vezes… o sermos nós os… portanto, o gerar, às vezes não quer dizer que seja, que nós infelizmente conhecemos casos em que as mães biológicas dão os seus filhos, ou os matam, ou os maltratam, isso quer dizer que nem sempre – embora eu considere isso uma aberração, não é, porque para mim isso é uma coisa impensável, mas infelizmente constatamos no dia-a-dia que isto é verdade – …e, portanto, o amor, o amor pode vir a seguir, pode vir com a convivência, pode ser…

Entrevistador: Os laços afectivos?

Entrevistado: Exactamente. Portanto… E nós sabemos que isso é verdade, nós gostamos de

muitas pessoas, gostamos e temos amor a pessoas que não saíram de nós, não é, como os nossos filhos e conseguimos amá-los, portanto, isto tem a ver com o poder universal do amor, se quiser assim. E, portanto, com a solidariedade, porque há tantas crianças que necessitam de amor, tantas crianças que precisam de protecção, de ter um pai, ter uma mãe e que se pode exactamente fazer isso, e que se pode querer, podemos-lhe querer exactamente como se fossem nossos. Até porque a mãe que não consegue, que não consegue, pronto, que terá esse problema da infertilidade, essa mãe não sabe o que é ter um filho…

Entrevistador: Ou o marido, não é.

Entrevistado: Ou o marido, exactamente. E, portanto, adoptando, eu acho que isso é uma

atitude de… tão altruísta, de um amor tão grande e de uma solidariedade tão grande, que eu acho que é… é impensável nós talvez pensarmos que essa pessoa não irá gostar tanto do seu filho, como por exemplo, quem os possa ter naturalmente.

Entrevistador: Mas acha…

Entrevistado: Porque se deposita, nessa pessoa, deposita-se tudo. Eu acredito que nessa

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Entrevistador: Mas já agora, aproveito também para fazer a questão, acha que, por exemplo

nos casais nessas situações, que por várias situações não tenham filhos biológicos, acha que tentam sempre, primeiro, através das técnicas reprodutivas terem os seus próprios filhos

Entrevistado: Eu acho que sim.

Entrevistador: …pela importância de serem os seus filhos biológicos… Entrevistado: É, sim…

Entrevistador: …e só depois é que passam para a hipótese da adopção, ou não?

Entrevistado: Eu conheço, eu conheço casos em que assim foi, em que foi assim. Mas também

conheço outros em que não passaram por essa fase e foram directamente para…

Entrevistador: Para a adopção? Entrevistado: …para a adopção.

Entrevistador: Ok. Muito bem. Então, de certa forma já aqui respondeu a esta questão, mas,

o que pensa sobre os casos em que casais com orientação heterossexual – peço desculpa – recusam ter filhos? O que pensa sobre esta atitude, pronto, esta opção?

Entrevistado: Penso que a sociedade, infelizmente, não é, ainda não está preparada para

aceitar estas pessoas, portanto, estas pessoas com este tipo de orientação...

Entrevistador: Casais… Entrevistado: …estes casais…

Entrevistador: Casais com orientação heterossexual. Entrevistado: Ah, hétero, desculpe, não percebi a…

Entrevistador: Se, o que é que pensa sobre os casos em que casais com orientação

heterossexual recusam ter filhos? Ou seja, um homem e uma mulher recusam ter filhos?

Entrevistado: Acho que é, bom, temos, primeiro, temos que saber os motivos, não é, antes

de mais temos de saber motivos, porque há pessoas com doenças hereditárias e que não querem, não querem sujeitar os seus filhos a um sofrimento – talvez como eles tenham na família ou até, ou… até eles próprios – e, portanto, esse medo, esse receio, não quererem dar aos filhos essa possibilidade desse sofrimento. E completamente de acordo, porque eu acho que nós não temos que ser egoístas ao ponto de, para satisfazermos as nossas alegrias, os nossos desejos,…

Entrevistador: Que no caso seria ter filhos, não é? Entrevistado: …sacrificar outras pessoas.

Entrevistador: Pois.

Entrevistado: Eu estou a pensar, houve uma altura, um caso que me chocou imenso, dos

doentes com paramiloidose, em que um deles foi – e eu observei na altura, vi, vi essa entrevista –, em que ele dizia que sim senhor tinha os filhos e que… e nunca quis evitar, porque se ele sofria, também havia de haver alguém mais a sofrer. Portanto, eu acho que isto é de uma desumanidade sem, sem limites. Portanto, eu, desde que seja assim, um caso… Nós, pronto, temos sempre que ter respeito pelos outros, não é, temos sempre que ter respeito pelas pessoas, mas eu acho que não havendo impedimentos de saúde e isso…

Entrevistador: Sim, sim, sim.

Entrevistado: …eu acho que é de um egoísmo total. Porque estamos a privar outras pessoas

de poderem viver, e eu acho que viver é maravilhoso, apesar de tudo, e dos problemas que existem, tanto a nível social como, enfim, mundial, guerras, catástrofes, tudo o que há, mas

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apesar de tudo é bonito viver e nós devíamos fazer os possíveis, e incutir nos nossos filhos quando os queremos, incutir-lhes exactamente isso, o amor, o amor, essencialmente, a fraternidade e o respeito pela natureza, porque a Terra, este mundo é uma coisa linda, maravilhosa…

Entrevistador: Sim. [Risos]

Entrevistador: E… [risos] e, portanto, eu acho que temos, não devemos, não devemos

impedir que outras pessoas possam usufruir desta…

Entrevistador: Da vida.

Entrevistado: …desta vida, desta vida maravilhosa que nós temos e que nós podemos

desfrutar.

Entrevistador: Muito bem. E sobre os casos em que – de alguma maneira também já

respondeu –, em que casais heterossexuais abandonam os filhos?

Entrevistado: Meu Deus! Acho isso pior que os animais, porque há animais que não fazem

isso, querem, apesar de tudo, ter... Eu acho, quer dizer, é impossível, é impossível respeitar essa… essas atitudes, porque para mim era impensável, porque os meus filhos são mais importantes do que eu própria.

Entrevistador: Então e... Então o que é que pensa sobre casais com orientação homossexual

desejarem ter filhos? Desejarem poder ter filhos? Não podem ter legalmente… O que é que pensa sobre essa questão, deles desejarem poder ter filhos?

Entrevistado: …Pois, é complicado, é complicado, porque eu já lhe disse no princípio que eu

como não tenho essa orientação sexual… respeito, respeito, mas não… não concordo…

Entrevistador: Ou seja, deixe-me ver se eu consigo ajudar… portanto, respeita na questão,

por exemplo, deles próprios, eles próprios terem essa orientação sexual…

Entrevistado: …eles terem aquela orientação, porque eu compreendo, eu penso que as

pessoas não nascem como querem, mas nascem como são. E, portanto, partindo aí dessa, dessa base, eu tenho muito respeito pelas pessoas…

Entrevistador: Exactamente, mas…

Entrevistado: Muitíssimo respeito pelas pessoas… Entrevistador: …mas na questão dos filhos…?

Entrevistado: …Na questão dos filhos, eu acho que eles também, eles também…

independentemente da sua orientação sexual, eles também são seres humanos como eu. E também podem ter desejos e também podem ter os seus quereres e as suas ambições e os seus sonhos, porque eles são pessoas como eu. Mas… fico um bocadinho, um bocadinho hesitante quando é para dar essa resposta, porque eu… eu penso que o exemplo, o exemplo que nós damos aos outros reflete-se, aquilo que nós fazemos reflete-se sempre nos outros e os nossos valores acabam sempre por contagiar o outro…

Entrevistador: Então, já agora, aproveito para lhe fazer outra questão… Entrevistado: …e…

Entrevistador: …não sei se me está a querer dizer isso, portanto, se há algum receio de que,

por exemplo – porque existe um bocado essa opinião, da sociedade em geral – de que os filhos de casais com orientação homossexual, tenham também orientação homossexual?

Entrevistado: Não, não é obrigatório, mas, eu não creio que seja assim, não creio que seja

obrigatório, até porque não são filhos deles, e portanto não… não é, não são filhos consanguíneos…

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Entrevistador: Se forem pela adopção não. Entrevistado: …não iriam herdar…não é…?

Entrevistador: Acha que a orientação sexual é uma coisa que se pode herdar?

Entrevistado: Eu penso que é capaz de ter a sua tendência…natural, eu penso que é capaz de

ter, porque se os filhos herdam outras características, os filhos herdam determinadas características dos pais, também podem herdar essa orientação… eu estou a falar, porque sou uma leiga e cientificamente não sei nada, eu não sei como é que isso pode acontecer. Já uma vez vi qualquer coisa, um trabalho qualquer em televisão onde se falava na… sobre essa, essa hipótese e aquilo, pronto, aquilo é tudo através… aquilo que me apercebi, portanto, todo, tudo está no cérebro, não é, e, portanto, isso começa aí, pode haver ali uma – eu não queria dizer anomalia, porque eu tenho muito respeito pelas pessoas e não quero ofender ninguém –, mas há ali um desvio qualquer e que… enfim, a pessoa pode ficar com essa tendência, pode nascer assim, não é… e, portanto, sendo um filho consanguíneo, poderia ter, poderia, poderia herdar, como herda, por exemplo, a cor dos olhos, da pele, do cabelo ou outra coisa qualquer, ou a sua personalidade… Agora, não sendo, sendo adoptado, pode ir mais pelo exemplo, porque ele vê os pais em casa, pode parecer, achar aquilo normal e enveredar pelo mesmo caminho…

Entrevistador: Ok. Portanto…

Entrevistado: E portanto, e portanto não aceito assim muito bem isso.

Entrevistador: Ok. Qual a sua opinião em relação à homossexualidade? O que é que pensa, o

que é que, quando se fala em homossexualidade, o que é que pensa? O que é, ou…

Entrevistado: Olhe, penso nas pessoas, porque, principalmente neles próprios, porque na

sociedade em que vivemos essas pessoas ainda não aceites, não são bem aceites, e penso no sofrimento dessas pessoas e na luta e, enfim, que essas pessoas travam… e eu como também não tenho essa… como não tenho também essa orientação, confesso que não aprecio, é verdade, tenho respeito, mas não posso dizer que aprecio ou que aceito, porque não, porque não… ninguém me faria agora aceitar, dizer assim, “Ai, mas se tivesse um filho assim, não se importava?”, claro que eu ia sofrer imenso com isso, porque eu sei que o meu filho também iria sofrer, porque eu acho que isso não é uma tendência normal da vida… e peço muita desculpa…

Entrevistador: Não, não… Entrevistado: …a quem tem… Entrevistador: Ah, sim, pois…

Entrevistado: …a quem tem essa orientação, e… confesso que me custa muito e… e como…

como crente, como crente – também posso ir por aí – custa-me, custam-me exactamente também por isso, porque somos todos filhos de Deus e eu acho que todas as pessoas têm o direito à vida e têm o direito, enfim, à sua…

Entrevistador: Portanto, é… Entrevistado: …à sua felicidade.

Entrevistador: …Posso-lhe perguntar se essas suas opiniões também são, um tanto ou quanto,

influenciadas pela religião, não sei se é…?

Entrevistado: Não. Não, não. São influenciadas pela minha forma de, não tem a ver com a

religião, até porque eu…

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Entrevistado: Pois é, mas a bíblia, pois exactamente, somos todos filhos de Deus e Deus não

excluiu ninguém, não excluiu os maus, nem os bons, nem… ninguém, somos todos filhos de Deus, exactamente por isso é que eu sinto… enfim, me sinto mal quando digo que não aceito…

Entrevistador: Então acha que devia haver mais aceitação?

Entrevistado: …Pois, devia haver mais, devia haver mais respeito, devia haver mais respeito,

mas não incentivar, incentivar essa parte, meu Deus do céu, custa-me muito.

Entrevistador: Ok. Então, na perspectiva das crianças ou jovens a adoptar, acha que a

orientação homossexual, neste caso, dos pais é mais importante do que ter uma família? Ou seja, para as crianças, numa situação de possível adopção, se acha que a orientação sexual dos pais é mais importante do que ter uma família?

Entrevistado: Pois, nós temos que pensar nos… temos que pensar, neste momento, na forma

como a nossa sociedade está edificada, não é, e mesmo a própria lei, a própria lei não me parece que esteja ainda assim muitíssimo aberta para esses temas…

Entrevistador: Sim, a lei não permite, a lei não permite que casais com orientação

homossexual…

Entrevistado: Ah!

Entrevistador: …tenham filhos, mas na hipótese de, porque… na hipótese de haver casais com

orientação homossexual que tenham os seus filhos adoptados – porque, isso já lá iremos, pessoas singulares podem adoptar, portanto, imaginando que uma mulher ou um homem com orientação homossexual – que a omita, ou seja, que omita a orientação sexual…

Entrevistado: Pois. É isso…

Entrevistador: …e que tenha, acha que, na perspectiva das crianças é mais importante ter,

portanto, acha que a orientação sexual dos pais será mais importante do que elas terem uma família?

Entrevistado: Pois, depende, depende também da formação desses pais… Entrevistador: Do casal?

Entrevistado: …desse casal, não é. Se forem pessoas bem formadas… Entrevistador: Portanto, acha…

Entrevistado: …como pessoas, independentemente da sua orientação sexual, podem

perfeitamente orientar aquele filho… orientarem-no bem, não é, não quero pôr isso em dúvida, eu não quero pôr isso em dúvida, podem dar felicidade a uma criança, embora seja sempre um risco, porque depois um dia mais tarde ele cresce e eles são os juízes, normalmente eles são os juízes das pessoas, normalmente daquelas que lhes dão mais amor… e nunca se sabe…

Entrevistador: Está a falar dos filhos?

Entrevistado: Estou. Nunca se sabe, o que é que essa criança, futuramente adulta, poderá

pensar sobre isso, porque ele até pode, ele pode não concordar e ser, pronto, e… e há até crueldade, às vezes, nesses casos…

Entrevistador: Então, agora lembrei-me de uma outra questão, que talvez possa ser

importante para tirar daqui algumas, estabelecer aqui alguma, alguma, estabelecer aqui alguma comparação. Por exemplo, imaginando que é uma família, portanto, pais negros que adoptam uma criança branca, digamos assim, também tinha a mesma opinião…

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Entrevistador: …de que, futuramente, pudesse a criança também desenvolver, fomentar essa

opinião?

Entrevistado: Pois. Tudo, porque nós vivemos numa sociedade que não é perfeita, não é.

Porque eu não sou racista, eu não sou racista…

Entrevistador: Acha que tem a ver com preconceitos e estereótipos que a sociedade cria? Entrevistado: Exactamente. É isso mesmo que acabou de dizer. E que eu não… é

exactamente isso, tem a ver com os estereótipos, com os preconceitos que a nossa sociedade…

Entrevistador: Cria?

Entrevistado: …cria, exactamente. É sempre um risco para os pais, porque os pais, esses pais

que fizerem isso, quiseram, deram-lhe todo o amor… e depois, no futuro, quer dizer, é sempre, é sempre complicado.

Entrevistador: Sim, então mas retomando a questão…

Entrevistado: E depois está aí a justiça, não é, estão as nossas leis, porque se a lei, se a lei…

autorizou, portanto, se a lei autorizou… essa criança, futuramente adulta… poderá, sei lá, julgar, ser juiz tanto da sociedade, como dos pais…

Entrevistador: E agora, retomando aquela ideia inicial que disse, em relação a esta questão,

acha que em primeiro lugar está os valores morais e éticos e as normas dos pais e depois – portanto, se forem bons, entre aspas, bons valores – está primeiro, em primeiro lugar deve ser pesado isso, não é, do que a orientação sexual dos pais?

Entrevistado: Ah, sim. Ah, isso sem dúvida. Entrevistador: Ok, sim.

Entrevistado: Ah, isso sem dúvida. Isso não tenha dúvida, porque as pessoas com orientação

sexual diferente não quer dizer que sejam uns malfeitores…

Entrevistador: Exacto.

Entrevistado: Não é. São pessoas bem formadas que nasceram assim, portanto, eu tenho todo

o respeito por isso…

Entrevistador: Sim, sim.

Entrevistado: …e, portanto, isso, isso é a parte mais importante. Eu acho que sim. Embora,

embora, pronto, depois haja essa parte que eu tinha referido que poderá sempre – esse exemplo –, poderá sempre moldar aquela criança, poderá moldá-la também em relação a esse aspecto. Mas isto é uma opinião de uma leiga que não sabe nada sobre medicina, sobre, portanto, isto não quer dizer que seja assim, mas parece-me… Um exemplo, eu baseio-me, esta opinião é baseada no exemplo, no exemplo, nos valores que se dão aos filhos…

Entrevistador: Então, e, na sua opinião, o vínculo biológico, ou seja poder conceber de forma

natural, é mais importante que o vínculo afectivo, ou seja não poder concebê-los de forma natural, mas desejar tê-los, para dar afecto e educação aos filhos? Ou seja, se na sua opinião…

Entrevistado: Eu como…

Entrevistador: …é mais importante o vínculo biológico que o vínculo afectivo para dar

condições e afecto e educação aos filhos?

Entrevistado: Pois, eu penso que devia ser o vínculo biológico, mas nós temos conhecimento

que na nossa sociedade há muitas aberrações que têm existido, e que não é assim, porque as mães biológicas…

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Entrevistador: O que falamos atrás, sim.

Entrevistado: …dão os filhos, matam-nos, maltratam-nos, por aí fora, não é. Portanto,

parece que chegamos à conclusão de que é capaz de não ser bem assim, que, como diz o ditado popular, “Ter é dor e…”, e como é que é e “…viver é amor”… qualquer coisa assim, pronto, há quem diga que, há que pensar que, de facto, há mães biológicas que não conseguem tratar os seus filhos, não têm amor, não sei, por vários motivos, que não amam os filhos, que os maltratam, que os dão, que os matam, inclusive; e há outras mães que têm os seus filhos adoptivos e que vivem para eles como se fossem seus filhos biológicos. Portanto isto tem, temos que pensar aqui que é a natureza humana, é a natureza humana é que… é que decide, é que decide estas situações.

Entrevistador: Ok. Agora vamos passar para a quarta parte da entrevista. Considera que na

sociedade portuguesa todas as mulheres devem ter os mesmos direitos em termos de saúde sexual e reprodutiva, independentemente da orientação sexual?

Entrevistado: …Pois…

Entrevistador: Portanto, a orientação, peço desculpa, direitos em termos de saúde sexual e

reprodutiva, quando falo em saúde reprodutiva estou a reportar-me, nomeadamente, para a possibilidade, num futuro, de, independentemente da orientação sexual das mulheres, possa haver uma igualdade no acesso à, por exemplo, às técnicas reprodutivas…

Entrevistado: Sim, sim.

Entrevistador: …independentemente da orientação sexual. Entrevistado: Exactamente. Concordo, sim senhor.

Entrevistador: Portanto, acha que, por exemplo, tanto mulheres com orientação

heterossexual, como com orientação homossexual, por exemplo, na nossa sociedade, no futuro, possam, ou devem ter direito à saúde sexual e reprodutiva?

Entrevistado: Ah, isso sem dúvida, eu acho que sim. Todos devem ter os mesmos direitos.

Com certeza, não é por ser mulher, não vamos agora discriminar as mulheres.

Entrevistador: Ou seja, acha que devem poder ter filhos se o quiserem, independentemente

da orientação sexual?

Entrevistado: …Sim. Sim, assim um ‘sim’ um bocadinho mais apagado. Mas pronto, sim. Sim,

porque elas, elas, pronto, também não têm culpa de ter nascido como nasceram.

Entrevistador: Ok. Então, o que é que pensa sobre o casamento civil entre pessoas do mesmo

sexo, aprovado em 2010? O que é que pensa dessa questão?

Entrevistado: Meu Deus, é uma coisa que me arrepia, mas… Mas pronto, é a tal coisa, pronto,

eu…

Entrevistador: Aqui neste caso, também estamos a falar numa questão de direitos.

Entrevistado: É, exactamente… Eu não quero dizer, eu não posso encobrir, não posso dizer

que não me choca, porque me choca imenso eu ver ali dois homens a beijarem-se na boca, duas mulheres a beijarem-se na boca, aquilo para mim dá-me assim uma coisa, mas… mas pronto, então, se eles tiverem a possibilidade de ser, de verem esse desejo concretizado, olhe…

Entrevistador: Acha que sim? Acha… Entrevistado: Então…

Entrevistador: Bem, ele já foi aprovado…

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Entrevistador: Portanto, aceitar?

Entrevistado: Aceitar, respeitar, respeitar sobretudo, não é tanto aceitar, mas é respeitar. Entrevistador: Ok. E uma vez aprovado o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e

sabendo-se que existem casais do mesmo sexo com filhos – porque os há –, acha que a lei deve atribuir a estes casais – com orientação homossexual, sejam homens, sejam mulheres – o direito à adopção e à Reprodução Medicamente Assistida?

Entrevistado: …Eu não entendo assim muito bem.

Entrevistador: Se, uma vez que, uma vez tendo sido aprovado o casamento, o casamento

entre pessoas do mesmo sexo…

Entrevistado: Sim? Ah, sim…

Entrevistador: …e sabendo-se que, na nossa sociedade, existem casais do mesmo sexo que

têm filhos, se acha que a lei…

Entrevistado: Acho que sim…

Entrevistador: …deve atribuir a estes casais o direito à adopção e à Reprodução Medicamente

Assistida?

Entrevistado: Acho que sim, o direito… sim, então, qual é a diferença entre os anteriores,

acho que sim, uma vez que lhes foi concedido aos outros, eles também terão, não podemos fazer distinções entre as pessoas…

Entrevistador: Ou seja, acha que a lei deve olhar para todos e não discriminar… Entrevistado: Exacto…

Entrevistador: …portanto, com base na orientação sexual das pessoas? Entrevistado: …sexual…sim, sim, sim.

Entrevistador: Ok. E acha que pelo facto de algumas famílias serem excluídas do acesso legal

à parentalidade – como, por exemplo, o são, neste momento, não é, por enquanto, os casais homossexuais –, se acha que, por esse facto, de não lhes ser permitido legalmente ter acesso à parentalidade, se se está a pôr também em causa os direitos das crianças, nomeadamente, as crianças que já têm vida, digamos assim, que estão para adopção…

Entrevistado: Sim…

Entrevistador: …e não aquelas que possam vir a existir, digamos assim, pelas técnicas

reprodutivas? Se acha que…

Entrevistado: Pois…

Entrevistador: …esta questão de proibir legalmente casais que são reconhecidos família,

porque podem casar – portanto, também há aqui uma questão, Portugal permite que casais homossexuais, portanto, pessoas com orientação homossexual, possam casar, mas não podem ter filhos, há aqui esta, pronto –, mas considerando que eles consideram, passo a redundância, que são família, uma vez que podem casar, se acha que devem…

Entrevistado: Mas eles consideram isso, mas família, mas é uma família… uma família

diferente, não é? Não é aquele verdadeiro conceito de família, porque o conceito de família que nós temos, não é, é o homem, a mulher, que depois reproduzem, têm os seus filhos.

Entrevistador: Portanto, o seu…

Entrevistado: Eles não podem, eles não se podem reproduzir, dois homens ou duas mulheres,

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Entrevistador: Mas também…

Entrevistado: …por isso é que eu acho que, custa-me um bocadinho empregar este termo,

mas eu acho que não é normal… não é normal um homem casar com um homem e uma mulher casar com uma mulher, porque no fim de contas, se fosse dizer que estava de acordo estava-me a contradizer, porque eu achei que, uma das coisas do casaestava-mento, uma parte importante é o poder reproduzir, poder dar vida a outras vidas, portanto é uma situação normal, nasce connosco, ao passo que dois homens…

Entrevistador: Ou acha que isso é social e historicamente construída, essa normalidade?

Também aproveito para…

Entrevistado: Não, porque essas pessoas nunca podem ter filhos entre eles próprios! Entrevistador: Mas também…

Entrevistado: Não pode haver consanguinidade! Não pode haver… essas pessoas nunca podem

ter, nunca podem estar nessa situação, portanto, eles não podem gerar. E, portanto…

Entrevistador: Poderão fazê-lo, se um deles tiver acesso legal à Reprodução Medicamente

Assistida. Por exemplo, uma mulher…

Entrevistado: Pois, não sendo pelos meios normais, ditos normais, não é, tradicionais. Entrevistador: Quer dizer, a Reprodução Medicamente Assistida é um método que… Entrevistado: Permite…

Entrevistador: …permite ter os filhos, não é? Entrevistado: Pois, exacto.

Entrevistador: E, portanto, se lhes fosse permitido legalmente – tinha-me dito… Entrevistado: Terem esses filhos…

Entrevistador: …que achava que assim, que até concordava, não é, que deviam ter acesso… Entrevistado: Eu pensando nisso, agora que me explicou, acho que sim…

Entrevistador: …portanto, acha que…

Entrevistado: …pois é, isto é o meu coração já aqui a ficar molinho, é, é.

Entrevistador: Mas na sua opinião, eu pretendo é a sua opinião, mas tendo em conta que se

lhes fosse permitido ter o acesso legal à Reprodução Medicamente Assistida…

Entrevistado: Sim, sim.

Entrevistador: …podiam ter filhos biológicos… Entrevistado: …os seus filhos.

Entrevistador: …de um deles, portanto, uma mulher ir, fazer inseminação… Entrevistado: Ir a um banco e…

Entrevistador: Exactamente, e ter os seus filhos; ou o homem, a questão, por exemplo, da

maternidade de substituição – que não é também legal em Portugal – mas no caso de ser, poderiam, então, poderiam, então, dar continuidade à humanidade, digamos assim…

Entrevistado: Sim, sim.

Entrevistador: …através dessas técnicas.

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Entrevistador: Pois.

Entrevistado: Não seria filho dos dois, não é? Entrevistador: Biologicamente.

Entrevistado: Ao passo que em casais heterossexuais, os filhos são dos dois! Não é? Entrevistador: Em termos biológicos.

Entrevistado: Sim. A parte deles, mas eu acho que sim, se nós vamos por aí, se somos todos

iguais, todos diferentes, todos iguais, acho que devemos ser o máximo… como é que eu hei-de dizer… justos, devemos ser… ai que me foge a palavra… unirmo-nos, unirmo-nos, sermos…pronto. Agora não me vem a… o termo que eu quero…sermos…

Entrevistador: Equidade?

Entrevistado: Exactamente. Também. Haver essa… essa parte. Darmos essa parte de nós. Entrevistador: Sim. Mas, ainda em resposta à questão se considerava que o facto de essas

famílias ainda serem legalmente coibidas à parentalidade, não é, não terem acesso legal à parentalidade, se acha que isso é uma, põe também em causa o direito das crianças, por exemplo, as crianças que estão para adopção, nomeadamente? Se acha que sim ou se acha que não.

Entrevistado: Eu achava se as crianças tivessem, tivessem opinião. Se as crianças tivessem

com uma idade de terem opinião e dizer assim, “Eu quero, eu quero”, aí eu acho que sim, que poderia estar…

Entrevistador: A pôr-se em causa…

Entrevistado: …a pôr-se em causa o seu direito… Entrevistador: …o direito das crianças…

Entrevistado: Pois. Agora, as crianças, pois, nessas idades, e normalmente em idades de

adopção, as crianças não sabem, nem têm, pronto, opinião…

Entrevistador: Então, imaginando que sim, que já eram crianças com… Entrevistado: Que tinham já o seu querer…

Entrevistador: …que podiam manifestar a sua opinião, e dissessem que sim, acha sim? Entrevistado: Com certeza. Com certeza, eu acho que sim. Que deviam ser respeitadas. Entrevistador: Portanto, aqui, no fundo, está-me a dizer que o superior interesse é o da

criança?

Entrevistado: Sim, sim.

Entrevistador: Portanto, se a criança concorda… Entrevistado: Sim. Sim, sim, sim.

Entrevistador: Ok. Muito bem. E considera que – olhe, ainda agora falámos nisto -, considera

que a maternidade de substituição deve passar a ser legal em Portugal para casais de sexo diferente? Ou seja, para casais heterossexuais? Se acha que a maternidade de substituição deve ser ou deveria ser legal em Portugal? Ou seja, a maternidade de substituição, conhecida normalmente, comummente como “barrigas de aluguer”.

Entrevistado: Sim, sim, sim, sim. Eu acho que sim. Entrevistador: E para casais do mesmo sexo? Entrevistado: … Pois, lá estamos nós…

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Entrevistador: Isto é uma técnica de Reprodução Medicamente Assistida, não é, a

maternidade de substituição. Portanto se acha que também deveria ser ou não legal para casais com orientação homossexual.

Entrevistado: Pois, para não estarmos… Entrevistador: A sua opinião…

Entrevistado: …para não estarmos…

Entrevistador: …também não a quero influenciar…

Entrevistado: …pois também, talvez sim. Se olharmos assim para aquela parte mais, mais

justa, mais justiça, pensarmos em mais justiça, eu acho que sim, não vamos fazer agora diferenças entre uns e outros. Portanto, acho, concordo.

Entrevistador: Ok. E o que é que pensa sobre a adopção por pessoas singulares, tanto homens

como mulheres? O que é que acha, acha que sim, que eles conseguem, um homem singular e uma mulher singular conseguem desempenhar na mesma as mesmas funções parentais…?

Entrevistado: Pois, poderão, porque as pessoas não são todas iguais, as pessoas não são todas

iguais, mas é sempre mais difícil, porque eu acho que é, o educar-se uma criança, educar-se um filho é uma… é uma parte da vida, é muito, muito, muito importante, é do mais importante que nós temos, portanto, é… o formar, formar uma pessoa. E formar-se uma pessoa, eu não digo que não se consiga – só o pai ou só a mãe, porque há, há pessoas que, de facto, têm essa capacidade e se dá tudo e se consegue –, mas acho que é difícil, é sempre muito mais fácil termos alguém ao nosso lado para nos apoiar e nos ajudar nessa tarefa, porque é uma tarefa muito, muito difícil, formar-se, formar-se uma pessoa, um indivíduo, é muito difícil.

Entrevistador: Muito bem. Supondo que seria pedido aos portugueses para votarem pela

adopção por casais do mesmo sexo, qual é que seria o seu voto, seria contra ou a favor?

Entrevistado: Depois desta entrevista… Entrevistador: [Risos]

Entrevistado: …punha a favor. [Risos] Porque fiquei sensibilizada.

Entrevistador: Ok. Então a sua opinião anterior seria contra, era? [Risos] Não?! Entrevistado: Sim. Antes disto, era capaz de ser contra.

Entrevistador: Sim? Entrevistado: Sim, sim.

Entrevistador: Ok. Então também já fico contente por… [risos] Entrevistado: Sim, sim. Sim, sim.

Entrevistador: Muito bem. E se fosse, aproveitando a opinião anterior, se fosse contra quais é

que seriam os principais motivos?

Entrevistado: O exemplo… para mim, para mim é muito importante.

Entrevistador: Ou seja, acha que deve haver uma manutenção da heterossexualidade? Entrevistado: Sim. Isso aí, a cem porcento.

Entrevistador: E acha, por exemplo, que deve haver, que na família deve haver a

representação da figura masculina e da figura feminina, pelo pai e pela mãe?

Entrevistado: Sim, sim. Acho muito importante. Porque eles os dois, cada um tem a sua parte

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quando é concebido é pelos dois e… a educação também deve ser feita pelos dois, e ele vai ter sempre de um e de outro. Portanto eu acho isso, acho isso muito importante.

Entrevistador: E já agora, da parte dos filhos, acha que existe uma – a não-aceitação, porque

existe, alguma não-aceitação por parte da sociedade –, acha que isso também advém da ideia de que depois as crianças serão discriminadas pela sociedade…

Entrevistado: Também, também…

Entrevistador: …na escola, no trabalho e etc.?

Entrevistado: Sim, sim. Sim. Pronto, mas elas também podem ser discriminadas por outros

motivos…

Entrevistador: Exacto.

Entrevistado: …também por motivos sociais, por outros motivos que não esse, não é? Entrevistador: Exacto.

Entrevistado: Pelo seu estrato social, pela sua cor da pele, enfim, por vários motivos, não é… Entrevistador: Exacto.

Entrevistado: …eles podem ser discriminados por vários motivos, mas este também pode ser

um, não é, porque as pessoas, a maior parte dos casais e a maior parte, a sociedade, aliás, está formada por pessoas com orientação heterossexual, não é, e os seus filhos, as crianças vão para a escola, eles misturam-se e têm o pai e têm a mãe, e estes meninos e estas meninas têm só ou os dois pais ou as duas mães, portanto, isso já por si pode ser uma discriminação para aquela criança, não é… e, portanto… esse pode ser, pode ser um dos motivos, mas não quer dizer que seja só por isso, porque a criança pode viver num bairro da lata e o outro pode viver num bairro mais chique e depois, ao juntar-se, também é, também é discriminada…

Entrevistador: Sim, sim…

Entrevistado: E, portanto, não é…

Entrevistador: Portanto há vários factores que podem potenciar a discriminação… Entrevistado: Há vários fatores… exactamente. Este…

Entrevistador: …das crianças?

Entrevistado: …este é um deles. Este pode ser um deles. Pode. Entrevistador: Ok.

Entrevistado: E essa criança tem que ter uma preparação muito grande, esses pais têm que

ter, eles próprios também, uma grande preparação… intelectual, para já, uma preparação não só como indivíduo, mas também intelectual, para poder explicar ao filho o que se passou e o que se passa e porque é assim, e essa criança também, por sua vez, entender e conseguir também defender-se e aceitar.

Entrevistador: Exacto, incutir um espírito de defesa, também… Entrevistado: Exactamente, e aceitar, está bem…

Entrevistador: …perante possíveis atitudes discriminatórias?

Entrevistado: Exacto, por isso é que, por isso é que eu digo que também tem muito a ver,

quando há adopção, se as pessoas, se essa criança vai ser bem sucedida, mais tarde, se vai ser um indivíduo bem formado, também tem muito a ver com a formação dessas pessoas que o adoptaram.

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Entrevistador: Exactamente. Ok.

Entrevistado: Porque há histórias maravilhosas, não há, na ficção, no cinema nós já, eu, com

certeza que também já viu, que há histórias espectaculares, excepcionais e grandes lições sobre, sobre essa, sobre essas vivências, sobre essas vidas. Mas…

Entrevistador: E acha que é só na ficção?

Entrevistado: …mas na vida real é capaz de ser, é assim um bocadinho mais difícil.

Entrevistador: Ok. E em relação ao acesso à Reprodução Medicamente Assistida por casais do

mesmo sexo, qual seria o seu voto, também seria contra ou seria a favor? Falámos na questão da adopção, não é…

Entrevistado: Sim…

Entrevistador: …supondo que seria pedido aos portugueses…

Entrevistado: Eu já lhe disse, eu disse-lhe há pouquinho, eu há pouquinho também lhe referi

que eu depois desta, desta entrevista eu modifiquei bastante a minha opinião, embora, pronto, enfim, tenha a minha opinião formada sobre isso, mas modifiquei bastante. Eu acho que é uma questão de humanidade, porque…

Entrevistador: E de justiça, de equidade?

Entrevistado: De justiça social. Justiça social. Também. Humanidade e justiça social, acho

que sim.

Entrevistador: Muito bem. Em relação ao debate sobre, o debate e o esclarecimento sobre a

Reprodução Medicamente Assistida, acha que é suficiente ou acha que não? Portanto, se considera que existe suficiente debate e esclarecimento sobre a Reprodução Medicamente Assistida ou não?

Entrevistado: Não, estes assuntos, estes assuntos acho que devem ter sempre muito, muito

debate, porque nunca é demais. O debate, as pessoas, as pessoas levam muito tempo, muito tempo…

Entrevistador: A assimilar estas questões?

Entrevistado: …a assimilar estes problemas, porque são… Eles já são antigos, porque já na

antiguidade existia a homossexualidade, só que era escondida, abafada, como se costumava dizer, e não era permitida, portanto, não era permitida e… e estas coisas levam muito, muito, muito tempo a perceberem-se e a entenderem-se e a aceitarem-se. Nunca é demais o debaterem-se estes assuntos.

Entrevistador: E acha que o debate sobre a adopção por casais do mesmo sexo é suficiente e

esclarecedor ou também não? A questão…

Entrevistado: Pois, eu acho que não, porque as pessoas normalmente passam um bocadinho

por cima destes assuntos, quando não lhes interessa, e quando não interessam então ainda menos, não se liga. Portanto, acho que nunca é demais…

Entrevistador: Acha que se põe um bocado de parte?

Entrevistado: …debater e informar. Informar, informar, informar, informar, deve ser, a

minha opinião é esta.

Entrevistador: Acha que se informasse mais, isso poderia mudar um bocadinho… Entrevistado: Ah, sim poderia…

Entrevistador: …a mentalidade…

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Entrevistador: …e, portanto, desconstruir alguns preconceitos e estereótipos que existem –

sociais?

Entrevistado: Alguns também, porque nós só podemos ter, nós só podemos ter opinião sobre

as coisas quando as conhecemos. E, portanto, se nós não tomarmos conhecimento delas, por quem de direito, nós… enfim, podem ser assuntos que não nos digam, que não nos, enfim, tenham interesse, no dia-a-dia e que não se queira e que não se… não se pense neles. Portanto, eu acho que, para se ter opinião sobre determinada coisa tem que se conhecer. E, portanto, o conhecimento tem que vir assim, portanto, por quem de direito. Informar, informar, informar.

Entrevistador: E de que forma acha que a homossexualidade é encarada na Beira Interior? A

última questão.

Entrevistado: Ai, um tabu. Entrevistador: Um tabu?

Entrevistado: Um tabu! Na maior parte das pessoas com quem eu falo, um tabu e… e um

desprezo, um desprezo para essas pessoas, um desprezo total por essas pessoas.

Entrevistador: E acha que isso se deve a quê? Ao facto de ser um meio mais pequeno?

Entrevistado: Um ambiente… É um meio fechado, um meio, pronto, tem, as pessoas são

bastante características, fechadas e… e atrasadas também, também tenho que dizer, também são um bocado atrasadas, porque com a maior parte das pessoas que eu falo… ninguém tem respeito por essa, por essa… orientação, por essas pessoas…

Entrevistador: Pois.

Entrevistado: …são realmente alvo de troças e de… e ridicularizarem as pessoas, é bastante,

é bastante.

Entrevistador: Ok.

Entrevistado: O que é de lamentar. Pois, porque podemos não, podemos não aceitar as

pessoas, podemos não gostar, mas temos que ter respeito, porque isso é uma, é uma regra fundamental entre as pessoas, não é. Portanto, isso acho que é essencial, o respeito, o respeitarmo-nos uns aos outros é uma regra de ouro, é uma regra essencial. Quanto a mim. Para podermos viver todos como pessoas e… e, pronto, todas as pessoas têm direito ao…

Entrevistador: Como pessoas… não é?

Entrevistado: …a ser respeitadas como pessoas, independentemente de ser assim ou não ser

igual ou, enfim…

Entrevistador: Ok. Vamos passar então para as últimas questões da entrevista, mas questões

gerais. Tem religião?

Entrevistado: Sim.

Entrevistador: Que é, católica? Entrevistado: Católica, sim. Entrevistador: É praticante? Entrevistado: Sim.

Entrevistador: Qual é a ideologia que… política, que melhor representa as suas ideias?

Extrema-direita, direita, centro-direita, extrema-esquerda, esquerda, centro-esquerda, nenhuma…?

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Entrevistador: Esquerda. Pertence ou é simpatizante de alguma entidade activista, em

particular pelos direitos humanos?

Entrevistado: Agora não me estou aqui assim a lembrar, mas olhe ainda ontem, por acaso, vi,

vi uma senhora que é jurista e que tem feito um trabalho internacional de alto nível, a nível dos direitos humanos… e que, por acaso, pronto, é a tal coisa, as pessoas que… olhe, e estou-me a lembrar, estou-estou-me a lembrar de uma outra, por exemplo a Catarina Furtado também tem feito um trabalho excepcional, que tem mostrado, tem mostrado ao mundo…

Entrevistador: Pelos direitos humanos?

Entrevistado: Exactamente. E tem mostrado ao mundo, portanto, em África, ela tem feito

acho que um trabalho brilhante…

Entrevistador: Ok.

Entrevistado: …aquilo é de uma, acho que é, uma mulher tão linda, como ela é, que as

pessoas acham que, enfim, que as pessoas, enfim, ligadas ao espectáculo, etc., que… não são, não são assim tão altruístas ou que não se dedicam tanto a estas causas e, de facto, ela tem… acho que é um risco, o trabalho que ela faz em África, ali em contacto com tantos problemas…

Entrevistador: Mas é de valorizar?

Entrevistado: …com tantos problemas, acho que se deve valorizar e que nós, e que nós temos

conhecimento de certas coisas – eu, pessoalmente –, conhecimento de certas coisas que tive também através dela.

Entrevistador: Ok. E…

Entrevistado: Olhe, o António Guterres, por exemplo, que acho uma pessoa excepcional,

como pessoa acho-o um humanista, um homem espectacular, que está a dar parte da sua vida na luta contra os mais desprotegidos…

Entrevistador: Portanto, não a entidades em si, mas está-me a falar de pessoas singulares… Entrevistado: Pessoas. Sim, sim, pronto…

Entrevistador: …que se movem, activistas pelos direitos humanos?

Entrevistado: Pronto, o António Guterres, um político, mas independentemente dessa parte,

como pessoa, acho, é uma pessoa espectacular, extraordinária. Por quem eu tenho uma admiração e um respeito enormes.

Entrevistador: Ok. E última questão: tem amigos, conhecidos ou familiares que admitam ter

orientação homossexual?

Entrevistado: Não. Entrevistador: Não.

Entrevistado: Familiares nunca. Gerações antigas e presentes, isso não tenho conhecimento

nenhum.

Entrevistador: E amigos e conhecidos também não?

Entrevistado: Amigos… amigos e conhecidos… também não, não me lembro, não estou assim,

a não ser que, pronto…

Entrevistador: Que não saiba? Entrevistado: …que eu não saiba.

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Entrevistado: Olhe, e obrigada também, porque me deu a possibilidade de eu poder mudar

um bocadinho a minha, a minha opinião. Acho maravilhoso este trabalho. Felicidades também para o seu trabalho, que lhe corra tudo bem.

Referências

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