Tudo aquilo que não deve
fazer num projeto de tese
Recopilações e outras insanidades!
Confundir senso comum com
conhecimento científico
Ou
Conhecimento de senso
comum vs científico:
• Os problemas que originam
conhecimento de senso comum, podem
ser os mesmos do conhecimento
científico
• A diferença entre ambos é a forma de
construir este conhecimento.
• O conhecimento científico é baseado
num processo rigoroso de análise e
verificação
Confundir ciência com
tecnologia
Ou Faço um software, aplico um questionário e mágica...tenho uma tese!Ciência e Tecnologia
• São normalmente confundidas, principalmente porque a Ciência não gera somente conhecimento mas também métodos e tecnologias
• Mas a tecnologia também é necessária para o crescimento da Ciência
• Assim a Ciência é fonte e fim da tecnologia
Os setores de ciência básica, aplicada, técnica e produção estão relacionados.
Ciência vs Técnica
• Ciência é descobrir leis para explicar a realidade
• Técnica: controlar a realidade com ajuda de conhecimentos, em especial científicos. Produzir bens e serviços
• Tecnologia é subproduto da técnica e da ciência, e matéria prima de ambas
• A pesquisa científica limita-se a conhecer enquanto que a técnica aplica conhecimentos novos para projetar tecnologias e ações com um fim prático para a sociedade;
Confundir falta de planejamento
com pesquisa qualitativa
Ou
Abre a porta que estou chegando!
Método
• Método
é
um
conjunto
de
procedimentos
planejados
e
organizados para que após sua
execução possa ser verificada uma
construção
de
conhecimento
Etapas do método
• Percepção de um problema
• Identificação e definição do problema • Soluções propostas ao problema
(hipóteses, pergunta de partida)
• Dedução das conseqüências das hipótese • Verificação das hipóteses
Visão de Quivy (1)
A pergunta de partida leituras Entrevistas exploratórias A Problemática 2 1 3Visão de Quivy (2)
A construção do modelo de análise A observação A análise das informações As Conclusões 4 5 6 7Manual de Investigação em Ciências Sociais
Raymond Quivy & Luc Van Campen Publicado por Gradiva, 1998
Visão de Laville (1)
PROPOR E DEFINIR UM PROBLEMA ELABORAR UMA HIPÓTESE Conscientizar-se de um problema Torná-lo significativo e delimitá-lo Formulá-lo em forma de pergunta Analisar os dados disponíveis Formular hipóteses (provisórias) Prever suasVisão de Laville (2)
VERIFICAR AHIPÓTESE
CONCLUIR Decidir sobre novos
dados necessários Recolher os novos dados Analisar, avaliar e interpretar os dados em relação à hipótese Invalidar, confirmar ou modificar hipótese Traçar um esquema de explicação significativo Quando possível, generalizar a conclusão
LAVILLE, C.; DIONNE, J. A Construção do
Saber: manual da metodologia da pesquisa em
O problema de não ter
problema
Como achar problemas?
• Participando de grupos de pesquisa;
• Realizando leituras críticas à artigos que descrevem teorias e/ou técnicas na área,
tentando imaginar como a utilizar em outras situações;
• Identificar na literatura, estudos científicos que apontem problemas ou estudos futuros que os autores estabelecem nas suas publicações;
• Ler anais e periódicos para ver o que o pessoal está pesquisando;
Fatores que auxiliam na
elaboração de um Projeto
• Experiência do pesquisador • Leituras atualizadas na área
• Participação de congressos e eventos • Não colocar os preconceitos no projeto
• Participar de projetos de pesquisa junto a pesquisadores mais experientes
Falta de leitura prévia
Revisão de Literatura
• É de suma importância nesta etapa para:
– encontrar e delimitar problemas – definir o projeto
– estabelecer hipóteses e objetivos claros
• Deve ser baseada em fontes recentes de produção científica (nacionais e
internacionais), um bom ponto de partida é a Internet, mas não é a única fonte.
Revisão de Literatura (2)
• Cada material encontrado, pode indicar novas
referências;
• Procurar ler sempre os originais (se possível na versão de origem)
• Dica: preparar uma lista de referências
• Cuidar com as endogenias
evitar a
“gula livresca”
Ou ...eis aqui um “rato de
A revisão de literatura serve para
refinar o problema e construir a
problemática
Ou... dando “costurando bonitinho”
Problema e Problemática
• Problemática: é o tema da pesquisa, o assunto que se deseja desenvolver
• Problema: é o ponto determinado dentro dessa problemática
• Exemplo:
Problemática: A vida dos Incas pré-colombianos Problema: quais os rituais de iniciação sexual
O
apressadinho
Ou “passagem às
Passagem às hipóteses
• É um problema comum de quem está com muita presa de começar.
• Consiste em definir rapidamente às
hipóteses ou até mesmo os instrumentos de pesquisa antes de concluir a fase de exploração e de definição do problema. • Perigos:
• Ir cedo demais a campo;
O que é um problema?
• Um problema de pesquisa é um
problema que pode ser resolvido com conhecimento já disponível ou que
pode ser deduzido.
• A resolução científica de problemas:
– Não pode ser dada pela intuição – Nem tradição ou senso comum – Nem pela mera especulação – Nem pela tradição
Características do Problema
• Pode ser escrito em forma de pergunta • Não deve ser ambíguo
• Deve ser conciso e objetivo
• Deve ser verificável (mensurável e limitado)
• Delimitado e com indicação das variáveis que intervêm
• Coerente com os fatos conhecidos
• Deve ser viável (econômica, política, social, ética e tecnicamente)
Bom problema de pesquisa
• Não ambíguo • Não amplo
• Não preconceituoso • Verificável
Pergunta de Partida
• Uma boa pergunta é aquela que
permanece:
– significativa – clara
– pertinente – exeqüível
• Uma pergunta é significativa quando esta se torna um fio condutor, um guia para as ações seguintes.
Pergunta Significativa e
pertinente
• Um bom problema de pesquisa não garante uma boa pergunta.
• Uma pergunta de partida pertinente, não deve ser moralizadora, nem julgadora de um
fenômeno.
• Por exemplo o problema de evasão de alunos, é relevante, mas a pergunta "considerando os custos sociais e individuais da evasão escolar dever-se-ia estigmatizar os evadidos?" Não é
Pergunta exeqüível
• Uma pergunta é exeqüível quando mostra em seu enunciado a possibilidade de execução. • Outro exemplo sobre o problema da evasão
escolar: destinar um conselheiro pedagógico para cada um dos alunos em risco, ajudaria a prevenir a evasão?
• Embora a resposta seja sensata, percebe-se que sua aplicação e validação é inviável, pois os recursos necessários extrapolam qualquer viabilidade econômica, principalmente
considerando um país de proporções como o Brasil.
Pergunta clara
• A clareza ajuda o pesquisador a delimitar a sua pesquisa e orientar suas ações.
• Exemplo: "como evitar a evasão escolar?" • pergunta pouco clara pois não especifica
qual o nível de evasão escolar
(fundamental, ensino médio, superior?),nem se é evasão referente à rede pública ou
particular não faz referência à limitação geográfica
Pergunta clara(2)
• Exemplo: "será que uma pedagogia
moderna poderia aumentar a motivação dos alunos de ensino médio em risco de evasão para sua permanência na rede de ensino público?"
• restam questões ambíguas, como o que significa "pedagogia moderna" e "em risco de evasão", "motivação".
objetivos
Perigos
• Não identificar claramente os objetivos • Diferenciar objetivos pedagógicos de
objetivos de pesquisa;
• Objetivos demais deixam o problema muito amplo;
Quem precisa de um
referencial teórico
Ou ...
Problemas encontrados
• Agrupar conceitos por justaposição (“colcha de retalhos”)
• Usar autores de forma não cuidadosa (autores compilados sem critica e sem considerar a base epistemológica e
filosófica entre eles)
• Esquecer que a teoria é uma ferramenta de pensamento e deve ser
Para que serve, mesmo?
• Encontrar conhecimentos relativos à questão da pesquisa;
• Verificar tendências e caminhos possíveis; • Aumentar a construção teórica do
pesquisador;
• Refinar a pergunta e os objetivos da pesquisa;
Metodologia
Metodologia
• Metodologia precisa se adequar aos objetivos a ao referencial;
• Instrumentos de coletas devem ser cuidadosamente planejados
• Fazer uma descrição adequada do “desenrolar” da pesquisa
• Apresentar os instrumentos de coleta • Não Monte instrumentos sem validar
• Não construa questionários com perguntas sem sentido ou que não estão relacionados com os objetivos/problema;
• Defina claramente os experimentos em função dos objetivos;
• Faça sempre Triangulação de coleta;
• Cuidado com a Observação não sistemática • Se usar observação:
– PLANEJE
Analise dos dados
Perigos!!
• Fazer analise muito superficial;
• Colocar apenas fragmentos de dados sem uma analise adequada;
• Falta de imersão;
• Fazer analise durante a coleta (pode ser perigoso pois pode não ver outros fenômenos) => é
interessante registros mais neutros (como vídeo) para posterior analise
• Cuidado com generalizações rápidas;
• Quando o professor é pesquisador precisa
Perfumaria
• Cuidar a forma de escrita e na apresentação;
• Seja direto na escrita (no enrolation)
• Seja crítico mas não pedante na escrita
• Ordene o trabalho de forma lógica e coerente....sem pula-pula
Ainda na escrita
• No enrolation Gastar muito tempo na apresentação ou na justificativa => ir direto ao ponto, não cansar a banca CUIDADO!
• ênfase que obscurece: é um estilo de expressão de alguns cientistas que
acreditam que o uso de um linguajar complexo e obscuro faz com que seu trabalho seja mais interessante;
Perfumaria
• Respeite os tempos da pesquisa
• Seja humilde mas saiba se defender
• As críticas são ao seu trabalho e NÃO A VOCÊ
• O aluno sempre SE TRAI : conheça seus limites e supere ou aceite!!! Não culpe o mundo pelo que você não
consegue ou não quer fazer
E quando quase desistir:
• O projeto de pesquisa é basicamente um instrumento de trabalho para o
pesquisador, uma espécie de guia e não meramente um formalismo;
• Faça algo pelo que esteja apaixonado • Tenha paixão!!
• Não permita colocar os preconceitos no projeto
E finalmente
Ciência do Culto à Carga
• Acho que os estudos educacionais e psicológicos que mencionei são exemplos do que eu chamo de ciência do culto à carga. Nos mares do sul existe um culto à carga. Durante a guerra eles viam aviões pousarem cheios de materiais bons, e eles querem que a mesma coisa aconteça agora. Então eles fizeram coisas parecidas com pistas, colocaram fogueiras junto aos lados das pistas, fizeram uma cabana de madeira para que um homem ficasse dentro dela, com dois pedaços de madeira na cabeça como fones de ouvido e varetas de bambu como se fossem antenas (ele é o controlador). E eles esperam os aviões pousarem. A forma é perfeita. Tem
exatamente a mesma cara que antes. Mas não funciona. Nenhum avião pousa. Eu chamo essa coisa estranha de ciência do culto à carga, porque eles seguem todos os aparentes preceitos e formas da investigação científica, mas falta alguma coisa essencial, porque os aviões não pousam.
http://www.ceticismoaberto.com/ciencia/feynman_cultocarga.htm