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03 O espírito. e a trindade O que a história revela sobre o surgimento do dogma da trindade e a invenção da suposta terceira pessoa na divindade.

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ANO I – EDIÇÃO II

Março / Abril - 2016

UNITARIANISMO EM FOCO

03

O espírito

e a trindade

O que a história revela sobre o surgimento do dogma da trindade e

a invenção da “suposta” terceira pessoa na divindade

.

05 – 2017 | TROMBETA UNITARISTA

2

Médico e sua família dão

testemunho da fé unitariana

Carlos Lavrado

DA ÁGUA PRO VINHO

A Personalidade

do Impessoal

Evangelho do Reino

VOZES UNITARIANAS

É o Espírito Santo

uma pessoa?

Estudo Bíblico

EU SOU A TESTEMUNHA

14

A Chuva

de Espírito

Chuva Serôdia.

ESCATOLOGIA

Quando Deus derrama

o Seu espírito

Sonido certo

ASSIM DIZ O SENHOR

II Encontro dos

Unitarianos

Caderno Especial

FOTOS & FATOS

08

28

21

32

18

ANO II – EDIÇÃO V

Janeiro / Março - 2017

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uitos consideram que o Espírito Santo é uma terceira pessoa da/na trindade. Isso parece ser uma verdade eterna nos dias de hoje entre muitos cristãos, mas nem sempre foi assim.

Talvez a questão maior seja sabermos quem ou o que é o Espírito Santo. E, claro, em se tratando de assuntos bíblicos, não há fonte mais segura que a Bíblia para responder a essa indagação.

O leitor atento e imparcial, amante da verdade, perceberá que nada do que será dito aqui diminui ou anula o Espírito Santo, ao contrário informa, dentro do espaço aqui permitido, os exatos moldes bíblicos com que ele é retratado. Tirando a crosta de teologia pós-apostólica coloca ao longo da história que terminou por desvirtuar completamente a identificação do Espírito de Deus.

No Antigo Testamento a palavra para espírito é ַ חוּר (ruach). Curiosamente é uma palavra do gênero feminino. Já em grego o termo usado pelos LXX para traduzir “ruach” é πνεῦμα (pneuma), um substantivo do gênero neutro. Os significados lexicais, alguns dos quais usados na tradução de certos trechos da Bíblia, são: vendaval, brisa, ar, alento vital, ânimo, respiração, fôlego, sopro, etc. O equivalente usual é “espírito”. A palavra surge já em Gênesis 1.2 “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Algumas traduções, em especial as católicas, prefiram traduzir diferentemente esse verso do primeiro livro das Escrituras. É o caso da Bíblia do Peregrino que traz: “...E o alento de Deus revoava sobre a face das águas.” ou a Bíblia de Jerusalém que traduziu: “... e um vento de Deus pairava sobre as águas.” Ou, ainda, “o sopro de Deus pairava na superfície das águas” segundo a Tradução Ecumênica da Bíblia. Vale destacar que essas traduções são produzidas por segmentos trinitarianos, portanto sem qualquer intenção de esconder ou omitir a participação de uma suposta terceira pessoa da trindade na criação. Isso mostra que, de fato, a palavra não necessariamente precisa ser traduzida por espírito nesse verso da Bíblia. Assim, no entender desses tradutores católicos, ַ חוּר (ruach), ali não é o Espírito Santo, mas um componente dos elementos da criação: céu, terra, ar ou sopro de Deus.

UNITARISMO EM FOCO

M

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Em sentido vital o espírito é aquilo que anima o corpo de qualquer ser, inclusive os animais, Gn. 7.22 “Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu.”, e isto retrata algo inerente ao ente existente e não um ente dentro do ente.

O espírito do homem não é o homem todo, mas formado dentro dele na concepção: Zc. 12.1 “Peso da palavra de Yahweh sobre Israel: Fala o Yahweh, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.” e portanto é parte integrante do ser, mas não é o ser completo.

Embora várias outras acepções possam ser atribuídas à palavra espírito, dependendo, claro, do contexto, percebe-se nitidamente que no que se refere a pessoas, o espírito de alguém integra esse alguém e reflete, dentre outras coisas, o estado da alma e seus sentimentos ou seu poder. O espírito de determinado ser é uma inerência desse ser, mas jamais uma pessoa à parte dele. Maria ao dizer “E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc. 1.47), não está falando de um segundo ser ou pessoa dentro dela. Ao dizer em Fl. 1.25 “A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.” Paulo não parece querer dizer que alguém além de nós, ou que haja um grupo paralelo como um espelho de nós mesmos que deveria receber também a graça, mas fala simplesmente a nosso respeito. E o Apóstolo ainda escreve: “Foi por isso que nos sentimos confortados. E, acima desta nossa consolação, muito mais nos alegramos pelo contentamento de Tito, cujo espírito foi recreado por todos vós.” (II Co. 7.13) Certamente ao falar de Tito e de seu espírito o apóstolo não estava se referindo a duas pessoas distintas. Assim, ao lermos I Co. 2.11 “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” Podemos perceber com facilidade que o espírito do homem não é outro ente, à parte do homem, mas uma faculdade do homem dada por Deus na criação, e Este o fez a sua imagem e semelhança. Aqui há uma observação importantíssima a ser feita: O verso faz um paralelo, entre o homem e Deus, usando o autoconhecimento como ponto de comparação e afirma que somente o Espírito de Deus, sabe as coisas de Deus. Ora, se o “espírito do homem” ali citado não é um outro ser dentro ou além do homem, precisamos atentar para o fato de que seguindo o paralelo feito por Paulo, o Espírito de Deus não é outro, um segundo ente ou ser, além do próprio Deus.

Considere, ainda, que a Bíblia nos ensina orar a Deus em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Logo, orar ao Espírito Santo seria orar a quem a Bíblia não aponta ou não orienta como o fim de nossas orações, constituindo-se, inclusive, uma desobediência ao ensinamento de Cristo que nos manda orar ao Pai, o que mostra não ser ele o próprio Deus.

A Bíblia não nos manda servir cultualmente ou adorar o Espírito Santo. Não nos manda pedir nada em nome do Espírito Santo. Em lugar algum das Escrituras se vê alguém adorando o Espírito Santo ou sendo mandado adorar o Espírito Santo.

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É possível ler na grande maioria da literatura pró trindade a afirmação de que “Jesus foi adorado” ou “adora-se Jesus” citando, ainda que sem aprofundamento, alguns versos bíblicos, mas nessa mesma literatura não se encontrarão frases semelhantes com relação ao Espírito Santo.

Ele não fala à congregação cristã suas próprias palavras, o que equivale a dizer que não é alguém autônomo, mas “recebe” daquilo que é do Pai, através de Cristo, para comunicar ao povo e convencer o homem. Jo. 16.13 “...porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” Como Deus receberia ou precisaria ouvir algo para retransmitir, se as Escrituras perguntam acerca de Deus: “Que lhe deu primeiro” (Rm. 11.35). A propósito, vemos na Bíblia expressões como “Eu, Jesus” (Ap. 22.16), “Eu, Yahweh” (Lv. 20.26), até o anjo diz: “Eu sou Gabriel” (Lc. 1.19), mas não há uma única ocorrência na Bíblia “eu, o Espírito Santo” ou “Eu sou o Espírito Santo”. Aqui vale observar que alguns o consideram pessoa por causa da personalização descrita em Jo. 16 ou Jo. 14, mas será, por exemplo, que a sabedoria que bradava nas praças na época que Salomão escreveu o primeiro capítulo de Provérbios era uma pessoa por causa da forma como ela foi retratada? “20 A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta a sua voz. 21 Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas e nas cidades profere as suas palavras: 22 Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? E vós escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós insensatos, odiareis o conhecimento? 23 Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber as minhas palavras.” (Observe-se que em Prov. 8:22 a 30, a sabedoria é um símbolo de Cristo, em paralelo com I Cor. 1:24, Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. 1 Coríntios 1:24).

Outros exemplos: “Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas.” - Isaías 55:12.

Montanha canta? Árvore bate palmas?

“Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar.” – Salmo 85:10 e 11.

Onde está o trono do Espírito Santo? O Pai e o Filho são mostrados na Bíblia como tendo um trono onde sentam-se (Ap. 22.1), independentemente de ser em sentido espiritual ou não. O Espírito Santo, porém, não tem um trono. Quando Estevão é apedrejado ele vê a glória do Pai e o Filho assentado à direita de Deus, mas não vê o Espírito Santo lá. Alguns podem alegar que ele estava com a igreja por isso não estava em um trono, mas isso é desterrado pela reivindicação de onipresença do Espírito como Deus, que segundo dizem os trinitarianos, é consubstanciado com o Pai.

Mesmo se ignorarmos a questão da onipresença perceberemos que em Apocalipse, na revelação do estado futuro e eterno, só se fala do trono de Deus e do Cordeiro, Ap. 22. 3 “E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão.”, mas não se fala do trono do Espírito Santo, aliás nem a expressão “Espírito Santo”, nem “Espírito de Deus” aparece em Apocalipse. Lá encontramos a expressão “o Espírito” e “os sete espíritos de Deus”, se a expressão plural significar o Espirito Santo pela leitura de Ap. 3.1 “E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de

Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.”, vemos ele(s), os sete

espíritos, diante do trono e não no trono, Ap. 4.5 “E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus”. Em outro momento diz que são “enviados a toda a terra.”, mas em nenhum momento há um trono para o Espírito Santo.

Os 144 mil, em Apocalipse 14.1, terão o nome do Cordeiro e o de seu Pai. Porque não o nome da suposta terceira pessoa da trindade?

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Qual é o seu nome? Embora saibamos que o Pai é designado com vários nomes ou títulos, há um que ocorre em torno de 7.000 vezes na Bíblia para identificar a Deus, e o vemos revelado pelo próprio Deus em Ex. 6.3 “E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, Yahweh, não lhes fui perfeitamente conhecido”. Do mesmo modo Jesus, há outros termos pelo qual é conhecido, mas seu nome, que ocorre quase 1.000 vezes no NT, foi dado pelo ser angelical na anunciação em Mt. 1.21 “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”. A palavra “NOME” no que se refere ao Pai e ao Filho é associável, realmente, não somente a autoridade, mas, também, as suas identificações nominais ou pessoais. Porém, ao Espírito Santo não é atribuído um nome, nem é dito na Bíblia, em lugar alguma, que seu nome é Espírito Santo. Talvez alguém pense em Mt. 28.19, mas ali Pai não é nome, como Filho não é nome, e de igual modo Espírito Santo não é nome. Ali se fala de autoridade, não de identidade nominal. Por vezes ele é chamado apenas de Espírito, por vezes de Espírito de Deus, ou mais frequentemente, no Novo Testamento, de Espírito Santo, mas nenhum desses títulos é designado como sendo o NOME dele.

Mas, se o Espírito de Deus ou Espírito Santo não é um outro ser, como, então, hoje se acredita assim? Bem, talvez um olhar na história possa nos ajudar a entender como o Espírito Santo que é de Deus, e não um segundo ser de, ou, em Deus, passou a ser considerado como um ser pessoal e distinto quantitativamente de Deus.

Gregório de Nazianzeno, um dos chamados padres capadócios e elaborador do dogma trinitário, reconheceu, mesmo em sua época, pelos idos do século IV d.C: “Em meio aos homens sábios entre nós, alguns o concebiam o [Espírito Santo] como uma energia, e outros como uma criatura, e alguns como um deus; e outros não sabiam qual destes seria. E por isso nem o cultuavam nem o tratavam com desprezo, mas assumiam uma posição neutra.” (Quinta Oração Teológica de Gregório de Nazianzeno, 31.5). Luigi Padovese, pesquisador cristão registra “Ficaríamos ainda mais admirados ao constatar que não apenas os pneumatômacos e antes ainda os arianos consideram o Espírito Santo subordinado ao Filho, um anjo, mas que até um autor de grande profundidade e de indiscutível fé ortodoxa como Hilário de Poitiers jamais fala de 'pessoa divina', mas apenas de dom, de res da natureza divina. Realmente, a fé no Espírito Santo como 'pessoa divina' se afirma bastante tarde”[destaquei] (Padovese, Luigi in Introdução à Teologia Patrística – Edições Loyola, pág. 75). Por sua vez Richard Ruberstein informa que no século IV, ou seja, praticamente 400 anos depois da morte de Cristo, entendia-se que “o Espírito Santo (que a maioria dos cristãos considerava como algum tipo de pessoa ou ‘ele’) fez renascer a controvérsia sobre a natureza do Filho. Os arianos radicais tinham certeza de que, sendo o Filho inferior ao Pai, assim também o Espírito Santo era inferior ao Filho. Basílio chegou a admitir que os próprios líderes nicenos se sentiam indecisos ou divididos.” (Richard E. Rubenstein em Quando Jesus se Tornou Deus – Editora Fisus – 2001, pág. 247/248). O próprio Orígenes, informa Kelly, “havia ensinado, com base em Jo. 1.3, que o Espírito deve ser incluído entre as coisas que vieram a existir pela Palavra”(Doutrina Centrais da Fé Crista, pag. 198.).

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Diz Hermisten Maia: “Entre o Concílio de Niceia (325) e o de Constantinopla (381), a declaração explícita de que o Espírito é Deus foi apenas sugerida, porém não declarada. Em 372, Basílio Magno (c. 330-379), defensor ardoroso da divindade do Filho, também sustentou a divindade do Espírito, porém não foi tão incisivo ao ponto de identificá-lo como Deus.” (Hermisten Maia Pereira da Costa em Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo, Edições Paraketos, 1ª Edição – 2002, página 388.), Kelly chega a informar, acerca de Basílio, que “Em lugar algum o Espírito é chamado Deus” (Doutrina Centrais da Fé Cristã, pag. 196/7). Assim, percebemos que isso não aconteceu oficialmente antes do ano de 381 d.C. Quando Teodósio tornou-se único imperador de Roma em 379 d.C decretou a fé nicena, aquela determinada pelo Concílio de Niceia, em 325 d.C, onde se considerou Jesus igual, em substância, a Deus, como fé oficial do império. Em Niceia o Espírito Santo não foi cogitado como integrante da Deidade, o que mostra ser lenda a ideia de que os concílios só fizerem ratificar a crença comum na trindade, pois se fosse comum não precisaria de um decreto mais de 50 anos depois de Niceia, beirando quase 400 anos d.C, para validá-la. No entanto, o reconhecimento por decreto não era do agrado do clero, assim, Teodósio convocou um concílio apenas com favoráveis a determinação do Imperador e aprovou com facilidade, em 381, d.C, a “inclusão” do Espírito Santo na Deidade. Só foram necessários 150 bispos, considerando que haviam milhares deles, para isso. Depois dessa ação do imperador foi aberto o caminho para a Teologia do Espírito onde se buscou associar tudo quanto possível para elevar o Espírito Santo ao status de pessoa e Deus pleno consubstante com o Pai.

Tais descobertas históricas indicam que só tardiamente o Espírito Santo começou a ser considerado pessoa, mas não por todos os cristãos e testemunham, mais uma vez, em desfavor da tese que afirma ser o credo de Niceia o estabelecedor de um suposto consenso trinitário anteriormente existente e que foi homologado em 325 d.C, visto que até mesmo alguém que só si tornou bispo em 356 d.C, que é o caso de Basílio, portando 30 anos depois de Niceia, e morreu aos cinquenta anos de idade, pouco antes do concílio de Constantinopla, em 381 d.C, relata que havia muita indefinição naqueles dias sobre o Espírito Santo e uma minoria o entendia como sendo o próprio Deus, já que dos que não criam somavam-se os arianos, que não eram nem mesmo binitários com relação ao Pai e ao Filho, e não o seriam em relação ao Espírito; muitos dos próprios nicenos que o viam ou como uma energia ou como uma criatura de Deus, os pneumatômacos que o negavam, além dos indecisos que não o sabiam definir. Portando quando se ouvir que Niceia foi o concílio que consolidou a doutrina da trindade e que esta era comumente aceita pela maioria dos cristãos, saiba que esse tipo de afirmação é um daqueles tipos de equívocos que depois de repetidos muitas vezes são tidos como verdadeiros.

Reconhecer que o Espírito Santo não é uma terceira pessoa da trindade pode ser difícil para quem foi criado ou instruído insistentemente para achar que ele seja, mas se voltarmos no tempo descartando tudo que de mitologia, helenização e teologia pós-bíblica foi acrescentado ao longo da história, encontraremos algo diferente sobre o Espírito que é dito ser de Deus, não uma outra pessoa em Deus, e muito menos componente de uma trindade.

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"Mas, como é isso, hein?"- foi a pergunta que me fez Yuri, quando lhe falei da doutrina da Trindade, revelando um interesse súbito por algo que parecia estar fora do seu alcance, mas queria entender. Respondi-lhe que se tratava de um ajuste feito lá pelos idos do século quarto da era cristã, para ajustar a divindade ou deidade de Cristo ao monoteísmo hebraico. Yuri nascera e se criara no Estado de Israel. Estudava hebraico e inglês com ele. Foi à mesa do almoço, na prática de conversação em inglês, para a qual eu o contratara, tendo o Antigo Testamento como texto, que fiz referências à doutrina da Trindade. Disse-lhe que o Deus dos cristãos, em geral, era um Deus em três pessoas. Naquele tempo, eu era membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, igreja trinitariana, vindo a saber depois algo sobre aquela que era "minha" igreja: a IASD, igreja da profecia.

Descobri, cinco anos depois, que a Igreja Adventista não nascera trinitariana, mas unitariana, fora fundada com uma sólida base monoteísta unitariana. Meus parentes adventistas eram unitarianos, mas não tínhamos muito contato com eles. Mas, quando em 1970, aos 22 anos de idade, me tornei adventista, o pioneiro adventista da família, o irmão de minha avó materna, Tio Salvador, batizado em 1930, partilhou comigo sua fé no Deus único, como sendo o Pai, e no Senhor Jesus Cristo, como seu enviado, embasando-se em João 17:3. Logo depois, porém, um pastor adventista, da faculdade de teologia, foi contatado para me "doutrinar".

Naquele tempo não dispúnhamos das informações que dispomos hoje e a Internet não existia. Tampouco estava instalado o debate na IASD sobre a doutrina da Trindade com a participação, embora proscrita, dos leigos, que nos trouxe um arsenal incalculável de informações. O "trabalho" daquele pastor e a leitura do livro Radiografia do Jeovismo, de Arnaldo Cristianini, me fizeram crer no contrário, sem que eu nunca me esquecesse totalmente, porém, do que o tio me ensinara. Assim, pois, embora trinitariano, eu era de família adventista unitariana. Cria na Trindade, praticamente, sem falar nela.

DA ÁGUA PARA O VINHO

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Não me lembro bem em que contexto citei a doutrina da Trindade para o Yuri. Na verdade, não estava a fazer apologia ou defesa da mesma, tão somente queria partilhar minha fé cristã com Yuri, embora soubesse que judeus, em geral, têm reservas em relação a cristãos que queiram pregar-lhes ou levar-lhes Cristo, entre outras coisas, pelo muito que a "Igreja", no decorrer da História, os perseguiu em nome desse Cristo, católico romano, e do Deus que é um em essência, mas três em pessoa, a Trindade. Intrigado, num misto de sincera indagação, mesclada com sutil indignação, sem ocultar sua perplexidade, fez-me Yuri então a referida pergunta sobre o Deus Triunfo, que é um em essência, mas três em pessoas: "Mas, como é isso, hein? Como a dizer: tem isto explicação? É possível que você me dê? Com a face visivelmente transmudada, fitou-me seriamente. A impostação de sua voz, bem como a entonação da mesma, ao me fazer a pergunta, revelavam estar ele diante de algo incompreensível, transcendental e enigmático, sem ocultar um certo horror. Estava a me fazer mais do que uma simples pergunta.

Bastaria que eu lhe respondesse o que sei hoje: que o Deus Triúno não é um ser pessoal, mas a suposta essência divina única partilhada por três supostas pessoas, já que o Espirito, embora represente pessoas, não é, ao que tudo indica, em si mesmo, um ser pessoal com a mesma natureza do Pai e do Filho. Teria dito que este Deus "essência", embora se use a Bíblia para demonstrá-lo, não é o Deus da Bíblia, que é um Deus pessoal. Mas eu, naquela época, não tinha este conhecimento, e ali estava um descendente do monoteísta Abraão, nascido e criado no local das peregrinações do grande patriarca, pertencente à primeira nação monoteísta do mundo e o único país do mundo a, oficialmente, guardar o sábado. Ali estava ele, alguém nascido em Israel, no país moderno fundado em 1948, ano em que nasci, país este que nascera e surgira para abrigar a primeira e mais antiga nação monoteísta do mundo, a me perguntar sobre o Deus trinitariano da maioria dos cristãos, adeptos da religião que também nascera em Israel. O cristianismo nascera em Israel, como una religião monoteísta unitariana, mas o monoteísmo trinitariano não, não nasceu em Israel. Resultado de conceitos iniciados no concílio de Nicéia(325 d.C.) e concluídos em Constantinopla( 381d.C) e "melhor" elaborados depois, sob a inspiração de Roma, adotado e promovido por ela, o trinitarianismo é estranho a Israel.

O cristianismo, nascido em Israel, é uma religião monoteísta unitariana em que Jesus é o Filho do Deus, o Deus de Israel (João 5:44; 8:54 e 17:3) sendo o próprio Cristo unitariano, como bem demonstra sua citação do Shemá em Marcos 12:29 e sua oração ao Pai em João 17:3. Estava Yuri a me fazer uma pergunta da diferença entre o Deus do monoteísmo unitariano não cristão dos judeus e o monoteísmo trinitariano dos cristãos. Os judeus são monoteístas unitarianos, mas, lamentavelmente, não têm a Cristo nem o evangelho faltando-lhes, praticamente, tudo.

A maioria dos Cristãos professam ter a Cristo e o evangelho, tendo assim o caminho certo, mas, lamentavelmente, não o destino certo já que não têm ao Pai, como Deus único. Eis o dilema: judeus (e os muçulmanos também) tem o destino, mas não têm o caminho e a maioria dos cristãos tem o caminho, mas o não o destino final. Podem, entretanto partilhar algo com os que não têm a Cristo. No entanto, no cristianismo monoteísta unitariano, além de se ter o verdadeiro caminho - Cristo e o santo evangelho, a finalidade é a adoração do Deus único e verdadeiro, o Pai, bendito Deus e Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, bem como nosso Deus e Pai também. "Há um só Deus (o Pai)", dizem as Escrituras, "e um só mediador entre Deus e o homem, Jesus Cristo homem." I Tim. 2:5 e I Cor.8:6. Mas naquele tempo em que se deu minha entrevista com o o Yuri, embora eu não fizesse apologia da Trindade, fazia parte das minhas crenças.

Agora, porém, estava Yuri, jovem culto, inteligente e bem preparado, a me fazer a pergunta sobre quem era este Deus - o Deus triúno, em nome do qual uma igreja inquisitorial perseguira, torturara e pusera fim a um número incontável de judeus. Era como se Yuri estivesse diante de uma aberração, algo incompressível, que estava fora do seu alcance e controle e que ele, pelo contexto, supunha que eu poderia lhe aclarar, o que

(10)

Quando Yuri me fez a pergunta em foco, como já referi anteriormente, não sabia eu que a IASD fora fundada com bases unitarianas (1844) e somente um século depois, suplantou, infelizmente, o unitarianismo, implantando o trinitarianismo, oficializando-o em 1980, 136 anos após sua fundação. Mal poderia supor também, naquele dia, conversando com o Yuri, que, tempos depois, ao ter eu a resposta bíblica que teria respondido corretamente à sua pergunta, seria eu impiedosamente excluído da Igreja Adventista do Sétimo Dia, depois de 37 anos e meio como membro da mesma, precisamente, no dia 15 de março de 2008. Assim, mal poderia eu, naquela época, supor e imaginar então que, um dia, poucos anos depois, tão somente, eu seria excluído da igreja que estivera a defender naquele dia perante aquele jovem israelense e judeu.

Não era ele o primeiro judeu que eu procurara contatar com o fim de lhe partilhar minha fé em Cristo e lhe apresentar a Igreja Adventista do Sétimo Dia como a Igreja Cristã legítima. Hoje sei que, afastando-se de seus princípios fundamentais, a IASD terá que fazer o caminho de volta, e tem somente uma saída: fazer uma reforma doutrinária e volver atrás às doutrinas fundamentais (Jer. 6:16), ou será, segundo Ellen G. White, co-fundadora da Igreja e mensageira do Senhor, ou, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, será "varrida pela fúria da tempestade", conforme está profetizado. Indica-nos o bom senso também que qualquer edifício, removidos os seus alicerces, fatalmente ruirá. Mensagens Escolhidas Vol. I págs. 204 e 205.

Apresentava a IASD a todos quantos podia, incluindo os não cristãos, como sendo legítima e verdadeira, mas a adoção da doutrina da Trindade pela mesma constitui-se na maior barreira à pregação do evangelho ao mundo monoteísta não cristão: milhões de judeus e mais de um bilhão e meio de muçulmanos. Quando fazia residência médica, especialização e mestrado no Rio de Janeiro e Niterói, de 1981 a 1983, fui diretor da ação missionária na Igreja Adventista do Sétimo dia em Botafogo e, depois, ancião na IASD central de Niterói e, a serviço do Instituto Herança Judaica, entidade adventista que procurava levar o evangelho aos judeus, minha prioridade era levar Cristo aos descendentes de Abraão, descendentes através de seu filho Isaque.

Posteriormente, incluiria neste objetivo o evangelismo aos descendentes de Abraão através de Ismael, seu outro filho, que deu origem posterior aos islâmicos ou muçulmanos. Em relação aos judeus visitara sinagogas em Copacabana, Botafogo e Niterói. Ao mudar-me para Foz, depois de haver passado por Campo Grande, MS, e Assunção, Paraguai, meu foco voltou-se então para os árabes, muçulmanos ou islâmicos, já que Foz tem a segunda maior colônia muçulmana do Brasil. Fui ordenado Sheik, pelo pastor Assad Bechara, pastor adventista, promotor do evangelismo a árabes, muçulmanos, ou islâmicos em geral. O islamismo e o judaísmo são monoteístas unitarianos, mas não conhecem o evangelho não sendo, portanto, cristãos.

Tendo a oportunidade de contato com os mesmos judeus e muçulmanos, sempre que pude, procurei partilhar minha crença cristã com os mesmos. Hoje vejo o porque da dificuldade que tem o cristianismo em geral para penetrar no mundo judeu e no mundo muçulmano: a doutrina antibíblica da Trindade, como se pode perceber na reação de pessoas como o Yuri, que Deus colocou no meu caminho para que lhe partilhasse minha crença no seu amado Filho. João 6:44.

Conhecera Yuri em meu consultório, quando me procurara como médico dermatologista. Tinha cerca de trinta anos e estava morando em Foz do Iguaçu, vindo de Israel. Falava fluentemente o hebraico, seu idioma materno, inglês, como segunda língua e português, pois sua mãe, descendente de judeus, nascera no Brasil. Yuri falava também fluentemente o Espanhol, já que seu pai, igualmente descendente de judeus, nascera e se criara no Uruguai e, como sua mãe, imigrara para Israel. Descobri que Yuri era professor de inglês e hebraico e não tardou para que eu o contratasse como professor particular destes idiomas.

(11)

Lecionava também artes marciais e viera viver em Foz do Iguaçu, por um tempo, depois de casar- se com uma jovem brasileira de São Paulo, atraído pela Conscienciologia, entidade mística sediada em Foz do Iguaçu, terra das Cataratas. Almoçávamos juntos todos os dias e nossas conversas eram em inglês, idioma que Yuri dominava e à noite me ensinava hebraico, sua língua materna, que amava ensinar. Era lá pela virada do século, em torno do ano 2.000. Como eu era adventista do sétimo dia, e queria partilhar minha fé cristã com Yuri e ele fora educado na fé hebraica, tendo o Antigo Testamento como base, que é ensinado nas escolas em Israel, propus-me mostrar-lhe Cristo pelo Antigo Testamento.

Tão logo Yuri percebeu minha intenção, propôs então que poderíamos fazer da Tanach (Bíblia hebraica, que corresponde ao nosso Antigo Testamento), traduzida para o inglês, o tema de nossas práticas de conversação. Foi neste contexto que um dia, no restaurante Ver o Verde, restaurante vegetariano que havia em Foz à época, ao falar-lhe de Cristo e do cristianismo mencionei a Trindade e o Deus Triúno e Yuri reagiu daquela forma: "Mas, como é isto hein???" Nunca dantes alguém me fizera aquela pergunta nem nunca depois alguém voltou a me fazer semelhante. Na época, como disse, era adventista do sétimo dia e trinitariano nominal. Cria na doutrina da Trindade, para não falar nela. Como disse anteriormente, primeiro adventista do sétimo dia de nossa família, irmão da minha avó materna, Pilar Centeno Mayor, e chamado Salvador Major, ambos nascidos na Espanha, era adventista do sétimo dia unitariano, praticamente desde que se convertera em 1930.

Como referi, partilhou sua fé comigo, logo após o meu batismo em 26/09/1970. Fundamentava-se em João 17:3. Repliquei perguntando-lhe por que então Jesus mandara batizar usando-se a fórmula de Mateus 28:19, em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo. Tio Salvador, como minha mãe carinhosamente o chamava e nós o chamávamos também, serenamente fitou-me dizendo: aponte-me um único batismo na Bíblia em que os apóstolos usaram esta fórmula. Todos os batismos realizados na Bíblia pelos seguidores de Cristo foram efetuados em nome dele, ou seja, em nome de Jesus. Também aclarou que o Espirito é o espírito do próprio Deus e o seu representante. Fosse ele uma pessoa distinta do Pai, ou seja, uma terceira pessoa, ao haver Maria concebido do espirito santo, a participação do Pai seria nula na encarnação. Fosse o espirito santo uma terceira pessoa, que não a atuação do próprio Deus - o Pai, o Senhor Jesus Cristo, na encarnação, seria Filho, neste caso, do Espírito Santo, terceira pessoa e não do próprio Deus - o Pai, ficando, portanto, o Pai, nulo na encarnação Acatei as explicações do tio Salvador.

Acatei as explicações do tio Salvador pelo muito que ele conhecia das Escrituras. Na verdade, era como se ele tivesse toda a Bíblia na cabeça. O fato, entretanto, de que ele estivesse em discordância com a teologia oficial da igreja, embora o tio fosse ético, não o impedia, tanto ele bem como seus familiares, de respeitarem a Igreja e eu mesmo considerava a Igreja Adventista como verdadeira. Pensava que a posição do tio devia-se mais ao seu exame profundo da Bíblia e era uma posição particular, sem saber que herdara muitos dos seus conhecimentos da Igreja antes de sua mudança doutrinária. Eu não tinha noção de que a IASD, em seus primórdios, não era trinitariana, mas sim adventista unitariana.

Embora acatasse as explicações do meu tio, não tardou para que eu fosse contestado e a influência teológica da Igreja acabasse por amoldar minha posição doutrinária. Logo depois da minha. conversão, decidi colportar. Era em torno de 1971/73. Num curso de colportagem no IASP (Instituto Adventista de São Paulo) externei minha fé aos colegas de quarto. Em lugar de examinarem a Bíblia comigo, disseram-me que eu era novo na fé e que estava negando o Espirito Santo.

Para eles crer no Espírito Santo era defini-lo como pessoa - uma terceira pessoa (da Trindade, evidentemente). Disseram que falariam ao pastor Kumpel, iminente professor de teologia no IAE (Instituto Adventista de Ensino), em Itapecirica da Serra, próximo a Santo Amaro, S.P., que era o orador oficial daquele encontro. Senti-me deveras honrado por ter um professor particular de "teologia", e logo o pastor Kumpel, considerado o melhor teólogo adventista existente no Brasil, à época.

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Nosso encontro limitou-se à reinterpretação do pastor dos termos unigênito (único gerado) de João 3:16 e primogênito( primeiro gerado) de Colossenses 1:15, alegando ser o primeiro, unigênito, uma tradução incorreta do termo “monogenes” grego e o segundo, primogênito, como, principal e não necessariamente primeiro gerado. Naquela época não consegui atinar onde queria chegar o pastor. Na verdade pensava estar diante de um homem culto, erudito, que conhecia o significado dos termos bíblicos de acordo com os originais e dento do contexto correto.

Hoje, graças ao fato de termos mais acesso às informações do que outrora é possível ver que, na verdade, o pastor estava a negar que o Senhor Jesus Cristo foi literalmente gerado pelo Pai e que, no caso, é tão somente um Filho simbólico, metafórico ou funcional, mas que, na verdade, segundo os teólogos da IASD, são dois seres co-iguais e co-eternos, mas como a bíblia diz que há um só Deus, são, segundo eles, um só Deus em duas pessoas e, depois, agregando o Espirito: um Deus em três pessoas. Na verdade, a Bíblia, diz que há um só Deus, mas que este um só Deus é o Pai, Deus e Pai de Nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo. I Cor. 8:6 e João 20:17.

Na época, não percebi que o pastor estava a negar a filiação divina do Senhor Jesus, bem como a negar a soberania do Pai... Em relação ao Espírito, quando disse que não se encontrava no trono com o Pai e o Filho (e, consequentemente, não era juntamente com eles adorado Ap. 5:13), replicou, em seguida, que, quanto a não citar o livro do Apocalipse o trono do Espírito( nem sua adoração), tampouco o livro de Ester cita a palavra Deus( embora todos os outros sessenta e cinco a citem). A ausência de referências ao trono do Espírito( e sua adoração) na Bíblia, não preocupavam o pastor, a se julgar pela sua citação de Ester, o que NÃO ESTÁ ESCRITO tinha igual ou mais peso do que um ESTÁ ESCRITO. Ainda assim, gostei das palestras de escatologia que apresentou no curso ( embora hoje discordaria da sua interpretação da sexta praga). Segui estudando o tema e com a leitura de Radiografia do Jeovismo do pastor Arnaldo Cristianini, acatei a Trindade, mais por respeito à erudição do autor em sua apresentação de alguns versículos bíblicos e por crer que Igreja Adventista é a igreja da profecia e deveria estar certa, do que pelo conteúdo em si mesmo, sem imaginar que a Igreja Adventista do Sétimo Dia não nascera professando a crença na Trindade e que a mesma é a doutrina número um da igreja Católica Romana.

Era, pois, o dia 13 de abril de 2005 pela manhã. Estava presente meu filho, que viera passar seu aniversário com a família, quando, ao fazermos o culto familiar, vimos que a Lição da Escola Sabatina, que naquele trimestre versava sobre o Espírito Santo, falava da atuação do Espírito, como suposta terceira pessoa da Trindade, na ressurreição de Cristo.

O verso de estudo da lição era I Pedro 3:18, verso que se centraliza na morte e ressurreição de Cristo."Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito,". A versão bíblica Almeida Revista e Corrigida diz que Cristo morreu na carne, mas foi ressuscitado "pelo Espírito", como a King James, Almeida Corrigida Fiel, o que daria base para o autor da lição. Mas a Sociedade Bíblica do Brasil, chegou a um consenso, como na Bíblia de Jerusalém, e por isto, a Almeida Revista e Atualizada traduz o verso dentro da contextualização correta. A versão bíblica usada no Brasil na Lição da Escola Sabatina é ARA, Almeida Revista e Atualizada no Brasil, que verte o versículo em estudo, como tendo Cristo morrido "na carne" e sido vivificado "no espirito" e não "pelo Espirito" como era a posição do autor da lição.

O objetivo do autor era apoiar a ideia da suposta ação do Espírito como também suposta terceira pessoa de uma igualmente suposta Trindade na ressurreição de Cristo. No entanto, o Comentário Bíblico Adventista adverte que o contexto do verso, ao apresentar o contraste entre carne e espírito parece rechaçar a ideia de ação do Espírito Santo( como terceira pessoa da Trindade). O contexto parece indicar que se a carne é de Cristo o espírito também o é e não que espírito aí seja uma terceira pessoa ou um terceiro ser.

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Por isto versões bíblicas fidedignas como a Bíblia de Jerusalém e a Reina Valera, em castelhano, e muitas outras versões vertem o versículo como a ARA, "no espirito" e não "pelo Espirito." Que o espírito seja o espírito de Cristo, no qual foi vivificado, e não um terceiro também está em harmonia com I Corintios 15:44 e 45. Cristo foi vivificado no seu próprio espírito por Deus, o Pai, através do espirito do próprio Deus único, o Pai. Romano 8:11. Aliás, o Comentário Bíblico Adventista faz um belíssimo estudo da palavra espírito no versículo seguinte, o versículo 19, deste capítulo 3 de I Pedro. Ao iniciar um estudo bíblico sobre o espírito a partir de I Pedro 3:18 isto custaria minha exclusão da Igreja Adventista. Mas o motivo principal de minha exclusão é praticamente, pouco conhecido, ou mesmo desconhecido, mesmo por aqueles que me executaram.

Creio no Senhor e Salvador Jesus Cristo como sendo o Filho literal de Deus, o Filho único gerado, não criado. Não creio que o Senhor Jesus Cristo seja apenas um Filho de Deus metafórico, simbólico ou funcional, mas creio nele como Filho “monogenes” de Deus (único a ter os genes ou gens do próprio Deus), por isto creio no amor deste Deus e no Filho do reino do seu amor. Não creio que o Senhor Jesus tenha sido dado a nós e por nós para ser o Filho de Deus, mas sim porque é o Filho de Deus, "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16.

Desde o início da década de 1970, quando havia me entregado a Cristo, através do batismo, no dia 26/09/ 1970, até o contato com Yuri, em torno do ano 2000, passaram-se três décadas de adventismo na minha vida. Casei-me em 13/02/1979, com esposa cristã, completando nesta semana bodas de Carvalho, 38 anos de união. Tenho três filhos, um filho e duas filhas, já adultos, os dois mais velhos casados e uma netinha de quase três meses. Todos são cristãos, para honra e gloria do Deus único e de seu amado Filho. Não tive mais contato com Yuri. A última noticia que tive dele é que ganhara uma bolsa de estudos para a prática de artes marciais no Japão, para onde estava se mudando. A pergunta que me fez, entretanto, cerca do ano 2000, não ficou sem resposta, pelo menos para mim e para muitos dos que me cercam. Deus começou revelar-me a resposta ao "mistério" da Trindade no dia 13 de abril de 2005, dia do aniversário do meu filho e aniversário do pastor que viria excluir-me da igreja no dia 15 de março de 2008.

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os áridos campos do Oriente Médio, mais precisamente em Israel, a chegada da chuva era esperada como uma grande bênção. Assim como em muitas outras regiões secas do planeta, a chuva é esperada com ansiedade e recebida com festa. Ela é o símbolo da vida para muitos povos. Sem a chuva não há plantio, colheita, rios, peixes, pastos, vida selvagem, etc... A chuva é um grande símbolo da renovação da vida.

A Palavra de Deus, num contexto escatológico, utiliza a chuva como metáfora para revelar como Deus dará seu espírito de poder aos Seus filhos, para capacitá-los a concluir a obra iniciada por Cristo e Seus apóstolos.

A metáfora da Chuva é dividida em dois períodos ou fases: Temporã e Serôdia.

“E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã; fará descer a chuva no primeiro mês, a temporã e a serôdia.” (Joel 2:23)

“E não dizem no seu coração: Temamos agora ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, a temporã e a tardia, ao seu tempo; e nos conserva as semanas determinadas da sega.” (Jeremias 5:24)

Quando a chuva temporã cai sobre a terra, é momento de iniciar o plantio. São chuvas torrenciais que garantirão que as sementes sejam germinadas e nasçam e frutifiquem. Esse símbolo profético, chuva temporã, se cumpre quando Cristo derrama o poder de Seu espírito sobre Seus discípulos, no dia de Pentecostes, conforme reza no livro de Atos, capítulo dois.

Os discípulos/apóstolos são capacitados, após esse evento, ao ponto de curar os males da humanidade que, até então, só Cristo havia feito. A pregação passou a ser entendida e atendida; o doente curado; os demônios expulsos e os seus próprios testemunhos pessoais ganharam autoridade.

Temos aí o início da obra que formaria a nova igreja de Cristo, estabelecida numa nova aliança. Era o início do “plantio” do evangelho do reino nos corações dos habitantes do planeta terra.

ESCATOLOGIA

N

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Há quase dois mil anos a atividade de plantar tem sido desempenhada pelos seguidores de Cristo. Em breve a segunda fase deve ocorrer.

A segunda fase é o derramamento da Chuva Serôdia. A chuva na medida certa para garantir o amadurecimento dos frutos e a colheita. É a colheita a grande razão do envio da chuva serôdia. Mas, antes da colheita que o próprio Cristo efetuará, com Seus anjos, por ocasião de Sua vinda a terra:

“E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa.” (Marcos 4:29)

“E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda. ” (Apocalipse 14:14)

“E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi segada.” (Apocalipse 14:16)

Jesus, pela segunda vez, deverá derramar Seu espírito com poder, para que preparem a terra para a grande colheita de Deus.

A Chuva Serôdia (Chuva – derramamento do espírito) vem preparar pessoas, assim como aconteceu com os apóstolos no Pentecostes, a pregarem o Evangelho Eterno com poder e autoridade, revelando aos demais o que é impossível ao homem carnal, com sua própria sabedoria, fazer.

Preparar um povo para se encontrar com o Senhor, por ocasião da segunda vinda de Cristo a terra. Os apóstolos esperaram e perseveraram por cinquenta dias, desde a “decepção da morte de Cristo no Calvário”, passando pela “alegria da ressurreição do mestre” e mais alguns encontros com o Filho de Deus em corpo glorificado. Jesus passou, ainda, quarenta dias (Atos 1:3) aparecendo aos discípulos antes de ascender aos céus, e dez dias depois de Sua ascensão (Atos 2:1), derramou Seu espírito como em linguetas de fogo, batizando-os com poder. A paciência dos apóstolos fez com que permanecessem unidos e firmes na promessa de Cristo, e neles se cumpriram a primeira parte da profecia de – chuva temporã.

Da mesma forma, como um lavrador que planta e espera pacientemente pelas chuvas, sabendo que a plantação deve brotar, crescer, florescer, frutificar e amadurecer, assim também serão os escolhidos para preparar o mundo para a grande colheita.

“Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.” (Tiago 5:7)

Os escolhidos para essa última tarefa serão preparados com o derramamento da chuva serôdia. Uma chuva torrencial do espírito de Deus. Um poder jamais visto será disponibilizado aos fiéis no tempo do fim. Assim como a chuva serôdia acontecia como verdadeira tempestade - muita água num curto espaço de tempo - assim será nos últimos instantes da história desse planeta de pecado. Muito poder para concluir uma obra com rapidez, pois pouco tempo resta.

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“Pedi ao SENHOR chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao SENHOR que faz relâmpagos; e lhes dará chuvas abundantes, e a um erva no campo. ” (Zacarias 10:1)

Uma chuva que trará a alegria da colheita e o consolo da continuidade da vida pelas farturas eternas.

“No semblante iluminado do rei está a vida, e a sua benevolência é como a nuvem da chuva serôdia.” (Provérbios 16:15)

TEMPORÃ E SERÔDIA

Esses momentos proféticos, plantio e colheita, foram preditos pelo profeta Joel, mais de quatrocentos anos antes de Cristo, quando escreveu:

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.” (Joel 2:28,29)

Deus diz: “...derramarei o MEU espírito...” Deus promete algo dEle e não alguém além dEle. O fato de Deus derramar algo sobre as pessoas, por si só nos fala de que o espírito de Deus tem a ver com glória, virtude, poder, plenitude de sua presença, jamais a ideia de uma outra pessoa, ou muito menos uma terceira pessoa de uma trindade celeste.

NAQUELES DIAS

Que momento histórico a profecia de Joel 2:28,29 está se referindo com a expressão “naqueles dias”? Seria o dia do Pentecostes, quando Cristo concedeu Seu espírito, recebido e enviado da parte do Pai, aos Seus discípulos?

Para sabermos a que momento se refere este texto, é preciso examinar o contexto. Nos dois versos anteriores obteremos as respostas (26 e 27), vejamos:

“E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado. E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado.” (Joel 2:26,27)

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Por duas vezes, numa mesma frase é dito: “...e o meu povo nunca mais será envergonhado. ” Após o derramamento do espírito santo de Deus sobre Seu povo, nunca mais seriam eles envergonhados. Todavia, tempos depois do Pentecostes e dos discípulos, a igreja caiu em apostasia e em trevas morais e espirituais. O povo de Deus vem sendo envergonhado.

No último período profético da igreja - Laodicéia, é dita que ela está cega, nua, pobre ao nível de miserabilidade. Existe vergonha maior que essa? Ter um Pai rico e viver na pobreza devido suas graves transgressões, movida por seu comportamento prepotente e cheio de vanglória, diferentemente do espírito humilde de Cristo.

Logo, o texto de Joel 2:26 e 27 se refere ao período imediatamente antecedente a segunda vinda de Cristo. Pois, só depois da volta de Cristo, quando os salvos ressurretos e transformados jamais serão envergonhados.

Outro aspecto doutrinário importante e que lança luz sobre o momento doutrinário do fim dos tempos, diferentemente dos dias dos apóstolos e Pentecostes, é a afirmação: “...e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro;” Certamente, nesse período os professos seguidores de Cristo teriam outros deuses, além do Deus único.

A trindade é uma dessas variantes que destrói a personalidade de Deus, o Pai, e de Seu Filho Jesus, feito único Senhor sobre todos os senhores. O batismo com o poder do espírito santo derramado sobre os fiéis fará com que o mundo tome conhecimento que não há outro Deus, além do Deus e Pai do Senhor Jesus, e nosso também.

A doutrina santa e verdadeira, como chuva, também inundará a terra, pelos escolhidos de Deus e de Cristo:

“Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.” (Deuteronômio 32:2)

É sobre os descendentes; a posteridade – povo do fim dos tempos, que Deus promete derramar o Seu espírito, como se derrama muita água. As bênçãos espirituais cairão sobre aqueles que estão sedentos da verdade, para espalhar o evangelho eterno pelo planeta como um rio caudaloso que chega aos mais distantes rincões da terra.

“Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes.” (Isaías 44:3)

Do mesmo modo que no passado os discípulos “permaneceram em Jerusalém” (Lucas 24:49); perseverando nas doutrinas e ensinamentos de Cristo, até que do alto, o Senhor os batizasse com Seu espírito; devemos, também, permanecer na Sua verdade, até que novamente sejamos batizados com o poder de Deus.

Deus seja louvado!

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A PERSONALIDADE DO IMPESSOAL

Tenho acompanhado as lições bíblicas de renomada denominação evangélica, a qual é muito criteriosa na confecção de tais periódicos de edição trimestral, inclusive tenho assinatura válida até o início de 2018. Esta igreja apesar de, segundo alguns, ter tido um início de caminhada doutrinária sob a égide do unitarianismo, atualmente renega suas origens e abraça com toda eloquência e firmeza a tese do trinitarianismo.

Especificamente, no primeiro trimestre de 2017, o estudo concentra-se no Espírito Santo, e o grande esforço desses estimados irmãos é para estabelecer uma personalidade para aquilo que por natureza e nome é um espírito e não uma pessoa.

“Uma coisa é uma coisa! Outra coisa é outra coisa!”

Certa vez me senti doente e parecia estar com alguma infecção. Ao buscar um médico que atendesse pelo meu plano de saúde, me apresentaram um famoso e conceituado infectologista, o qual me disse que suspeitava que eu estivesse com leptospirose e, mesmo após os resultados negativos dos exames, aquele médico continuou repetindo outros exames a fim de confirmar sua tese.

Através de conselho do dono do laboratório, mudei de médico, e com outro profissional menos conceituado e famoso, e com os resultados dos novos exames que foram realizados, constatou-se que eu estava com dengue.

Semelhantemente à minha experiência pessoal de saúde, é possível que os renomados teólogos estejam procurando "provar" suas teses trinitárias confiados unicamente em sua erudição, quando a busca pela verdade bíblica não depende da sabedoria humana, mas da revelação de Deus. Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Mateus 11:25.

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O espírito e sua origem

A bíblia apresenta a palavra espírito com vários significados as vezes com a ideia de vento, ar, respiração, mente, presença, dom, etc.

Percebemos claramente que a origem ou fonte do espírito é sempre Deus ou seu Filho Jesus “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Gênesis 2:7. “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Eclesiastes 12:7 “ E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. João 20:22.

É interessante que Gênesis 2:7 exibe de forma clara que o "folego de vida" ou espírito, proveio de Deus e ao ser introduzido no homem pelas suas narinas, foi o elemento que deu ânimo ou vida ao ser humano.

Semelhantemente Eclesiastes confirma esta verdade ao descrever que na morte, aquela parte do ser humano que era da Terra se decompõe e retorna a sua origem, e aquela energia vital, folego de vida ou espírito, retorna para a sua fonte, Deus.

Assim como o espírito é o que vivifica, Jesus soprou sobre os discípulos aquele poder maravilhoso que os capacitou para o início da igreja apostólica.

Logo, a Palavra deixa bastante claro tratar-se de algo que capacita, habilita, concede dom, força ou energia, e que prepara a quem o recebe para executar aquilo para o qual Deus o propôs.

Há alguma diferença entre um espírito e uma pessoa?

Creio que um dos equívocos básicos dos que seguem o pensamento trinitário é a incapacidade para diferenciar uma pessoa de um espírito, pois isto se revela de maneira clara nos comentários das lições bíblicas daquela renomada instituição religiosa a que nos referimos no início deste artigo.

É importante para os estudiosos das doutrinas ensinadas na Palavra de Deus, que eles fundamentem a fé em textos simples e claros, de preferência quando proferidos pelo próprio Senhor Jesus Cristo ou um de seus discípulos.

Fez Jesus alguma diferença entre um ser pessoal e um espírito, ou Jesus, assim como os trinitários, não ve diferença alguma?

Vejamos o que Jesus disse: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”. Lucas 24:39.

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O texto esclarece o assunto mostrando que o espírito é algo impalpável, não é algo material como carne e ossos, mãos e pés.

Então o sentido real da palavra espírito está mais próximo de uma força, energia ou dom, que de uma pessoa, assim como pretendem torná-lo os trinitarianos.

Jesus preexistente, Jesus em carne e Jesus em espírito

“E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”. João 17:5

Embora haja alguma controvérsia sobre o assunto da preexistência, eu creio que antes de sua encarnação, isto é, antes de se tornar um ser humano, Jesus habitava junto de Deus.

A Palavra de Deus nos informa que Jesus quando encarnou, ou seja, quando assumiu a forma humana, era tão dependente do "folego da vida" ou espírito para manter-se vivo, quanto qualquer um de nós, é tanto que quando foi crucificado ele disse: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou”. Lucas 23:46

Creio, também, que a função específica do Espírito, que é santo pois provém do Santo Deus, é propiciar o início e a manutenção da vida carnal ou material como preferem alguns, mas este mesmo Espírito nos é concedido para cumprimos a missão espiritual ou moral “Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior”; Efésios 3:16.

Jesus como ser humano, mesmo sem pecado, estava sujeito às limitações, isto é, não podia apresentar-se simultaneamente em vários lugares, pois não havia recebido a autoridade para conceder o Espírito Santo “E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”. João 7:39.

Logo após sua ressurreição, Jesus assumiu uma nova forma ou "corpo glorioso" (que ao mesmo tempo que entra e sai de um aposento sem necessitar de portas ou janelas abertas, pode se alimentar e ser apalpado – João 20:26 e 27; 24:36 a 43) era como se fosse uma outra pessoa, como ele mesmo disse "um outro consolador", não estava mais limitado pela carne a ponto de o apóstolo Paulo assim se expressar: “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. 2 Coríntios 3:17. “Assim está também escrito:” O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante”.1 Coríntios 15:45.

Eu sei como é difícil a alguém que tem o pensamento arraigado no trinitarianismo de uma hora para outra mudar o pensamento, pois eu já militei neste caminho e, por experiência própria, sei do que estou falando, mas uma coisa também sei; é que, para Deus, não há impossível.

Deus Seja Louvado!

Que Jesus Cristo seja exaltado!

Que o Dom da presença espiritual do Pai e do Filho esteja em nosso coração! ALELUIA!

Fraternalmente.

Heráclito Fernandes da Mota

heraclitomota@gmail.com

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o descrever a criação da terra, Moisés inspirado por Deus, escreveu em Gênesis, capítulo 1, verso 2: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de

Deus se movia sobre a face das águas”. (Versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

Na Bíblia de Jerusalém, lemos: “Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um vento de

Deus pairavad sobre as águas”. Na nota de rodapé lemos: d) “Não se trata aqui do Espírito de Deus e de

seu papel na criação. Esta será obra da “palavra” de Deus (vv. 3s) ou de sua “ação” (vv. 7.16.25.26).

Louvado seja Deus por essa versão das Escrituras Sagradas, resgatando verdades que ao longo da história foram pisoteadas e muitas delas, apagadas.

No texto em hebraico o termo ruách, , ocorre no Velho Testamento (VT) pela primeira vez em Gênesis 1:2. No total, “no VT essa palavra ocorre 377 vezes e é traduzida como ‘vento’, ‘respiração’ ou ‘espírito’ (Gen. 8:1), ‘vitalidade ou força’ (Juí. 15:19), ‘disposição’ (Isa. 54:6) e caráter moral (Ezeq. 11:19)”.

“Algumas vezes, tanto no VT (Isa. 63:10) como no NT (I Cor. 2:11 e 14; Ef. 4:30; Heb. 2:4; I Ped. 1:12; II Ped. 1:21), ruách é também traduzido como ‘Espírito de Deus’ ou como ‘Espírito do Senhor’”.

“Nem no Antigo nem no Novo Testamentos ruach ou pneuma se referem a alguma entidade inteligente capaz de existir independentemente do corpo”. Lição da Escola Sabatina do 2º Trimestre de 1999,

adultos/professor, pág. 41.

Esta é uma afirmativa coerente com o relato sagrado, inclusive demolindo o trinitarianismo, que nos concílios romanos se decidiu que o Espírito de Deus é outro ser e igual ao Deus e Pai de Jesus (Efésios 1:3 e 17; I Pedro 1:3,...), formando a trindade, que vem de tempos muito antigos, do paganismo.

Em Gênesis 6:3, lemos: “E disse Iahweh: ‘Meu espírito não se responsabilizará indefinidamente pelo homem, pois ele é carne; não viverá mais que cento e vinte anos’(Bíblia de Jerusalém).

ASSIM DIZ O SENHOR

A

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Deus está dizendo que Seu espírito não se responsabilizará indefinidamente pelo homem carnal, que dEle se afastou, sua maldade se multiplicou e a sua imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente (Gen. 6:5). Ora, se espírito, ruach, no VT (ou pneuma no NT) não pode se referir a “alguma entidade inteligente capaz de existir independentemente do corpo”, logo, depreende-se que o Espírito de Deus não pode ser jamais uma 3ª pessoa da ‘santíssima trindade’ (Concílios de Niceia, 325 d.C. e de Constantinopla, 381 d. C.), mas, conforme as Escrituras sagradas, a virtude de Deus, Sua glória, a expressão de sua presença e plenitude.

O episódio do deserto e o precioso Espírito de Deus.

No livro de Números, capítulo 11, está relatado um triste episódio da história do povo de Israel e a forma como Deus interveio. Verso 1: “E aconteceu que, queixou-se o povo falando o que era mal aos ouvidos do SENHOR; e ouvindo o SENHOR a sua ira se acendeu; e o fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial. 4. E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? 5. Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. 16. E disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da congregação, e ali estejam contigo. 17. Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu não a leves sozinho. 25. Então o Senhor desceu na nuvem, e lhe falou; e, tirando do espírito, que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, quando o espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca mais. 26. Porém no arraial ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e do outro Medade; e repousou sobre eles o espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e profetizavam no arraial. 29. Porém, Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor pusesse o seu espírito sobre ele!

O rei do Egito, que não havia conhecido a José, preocupado com o crescimento do povo hebreu, decidiu limitar o seu poder e o seu crescimento. “E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés”. Êxodo 1:11.

“E os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza. Além disso, o faraó ordenou que as parteiras matassem os recém-nascidos, deixando sobreviver apenas as meninas”. Êxodo 1:13,14.

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Nesse contexto surge Moisés que, dirigido por Deus, libertará o povo e o conduzirá à Terra Prometida. No episódio de Números 11, Deus já havia tirado Seu povo do Egito, da casa da escravidão, da desobediência à Sua Santa Lei, da alimentação inadequada, do local onde o seu caráter estava sendo degradado a cada dia, para leva-lo à terra de Canaã, terra que manava leite e mel, onde eles podiam viver em paz, se alimentarem adequadamente, serem felizes e formarem um caráter à altura do de Seu Deus. Depois de uma grandiosa - e inexplicável, até, diríamos, impossível em termos humanos - libertação provida por Deus, tirando-os do Egito, já no deserto, o povo rejeitou o alimento vegetariano, o maná, pão do céu que Deus provera (Salmo 105:40) e até chorou reclamando de Deus (Núm. 11:4), pelo que, face a tamanha ingratidão, estultícia e insuportável insulto ao Deus eterno, a Sua ira se acendeu contra eles, inicialmente acendendo-se um fogo do SENHOR no arraial, o qual “ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial” (Núm. 11: 1), só se apagando depois que os sobreviventes clamaram a Moisés e esse intercedeu junto a Deus (Núm. 11:2).

O Senhor pediu a Moisés para ajuntar setenta homens dos anciãos de Israel, que ele tivesse consciência de os mesmos serem capazes de atuar como anciãos do povo e seus oficiais; e os trazer perante a tenda da congregação, e ali estarem com ele (Números 11:16 a 18).

Deus prometeu descer, falar com Moisés e tirar do espírito que estava sobre ele (Moisés) e o colocar sobre os setenta anciãos, a fim de os mesmos o ajudarem a levar a carga do povo, para que ele não a levasse sozinho.

Em seguida, Deus retirou do Seu espírito que estava sobre Moisés e o colocou sobre os setenta anciãos (Números 11:25).

A expressão do verso 17, “tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles” é indicativa de que o que estava sobre Moisés era proveniente de Deus, parte da glória e virtude do Pai que lhe fora concedida e, agora, seria repartida com os setenta anciãos, homens capazes de chefiar o povo junto com Moisés, para que o mesmo não desfalecesse de desânimo, como demonstrado neste mesmo episódio (versos de 11 a 15), quando chegou até a pedir a morte, por não ter condição alguma de prover carne para tanta gente no deserto. O texto dá a entender que o espírito de Deus que estava sobre Moisés é algo que pode ser repartido e não de uma pessoa, muito menos, igual ao Eterno, que não poderia ser repartida, partilhada e pousar sobre cada um dos setenta anciãos.

Este ato tão significativo em momento muito crítico para o povo de Deus, mostra-nos de forma inequívoca que o espírito de Deus, também chamado no NT de espírito santo ou mesmo espírito de Cristo (porquanto Deus o derrama profusamente sobre seu Filho, Luc. 4:18 e 19, Atos 2:32 e 33), é a virtude de Deus, Sua glória, a expressão de sua presença e plenitude, Ruach HaKodesh ou o sopro do todo Poderoso, Sua divina inspiração, capacitação do alto,... nunca, jamais, um Deus Espírito Santo, 3ª pessoa de uma “santíssima” trindade, trazida do paganismo para o cristianismo por Constantino e seus assemelhados em Concílios romanos.

Um fato interessante é relatado nos versos 25 e 26 de Números capítulo 11, que “quando o Senhor desceu na nuvem, e falou a Moisés e, tirando do espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, quando o espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca mais.

Porém no arraial ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e do outro Medade; e repousou sobre eles o espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e profetizavam no

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A dotação que Deus fez, o compartilhamento do Seu espírito, cuja porção estava sobre Moisés, (como também esteve sobre Elias – e foi passada para Elizeu em porção dobrada, II Reis 2:9 - e outros profetas) era específica para os setenta anciãos escolhidos por Moisés, mesmo independente deles estarem na cerimônia ou não. Deus os capacitou do mesmo jeito com Seu espírito, de modo que os dois homens profetizaram onde estavam, até despertando ciúmes em Josué, assessor maior de Moisés, pelo que foi repreendido pelo mesmo ao manifestar sua discordância pôr os mesmos terem profetizado.

Nos versos 33 e 34 de Números capítulo 11, temos um triste fim para todos que rejeitaram o regime alimentar vegetariano, nutritivo, saboroso provido por Deus, conforme Deus havia estabelecido na criação (Gênesis 1:28 e 29), “Quando a carne estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, se acendeu a ira do Senhor contra o povo, e feriu o Senhor o povo com uma praga mui grande. 34. Por isso o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Ataavá, porquanto ali enterraram o povo que teve o desejo”. Fim muito lamentável para um povo a quem Deus tanto amou e se esforçou para libertar do cativeiro egípcio e os levar à terra de Canaã.

No livro do profeta Ezequiel, capítulo 39, verso 29, lemos: “Nem lhes esconderei mais a minha face, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor DEUS”.

Em diferentes textos, encontramos Deus derramando o Seu espírito: Joel 2:29; Isaías 44:3; Atos 2:18; Joel 2:28; Provérbios 1:23; Atos 2:17; Atos 2:33; Romanos 5:5; Isaías 32:15; Atos 10:45; Zacarias 12:10.

Embora não possamos explicar a natureza do Espírito de Deus, todas as evidências bíblicas indicam não se tratar de uma outra pessoa, muito menos outra pessoa que seja igual a Deus – 3ª pessoa da trindade -, Ser único em todo o Universo, inigualável em poder, salvo Cristo, Seu Filho, que está no seio do Pai (João 1:18), “o qual, sendo o resplendor da Sua glória, e a expressa imagem da Sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas”; Hebreus 1:3. Esse é o Filho unigênito de Deus, nunca chamado em todas as Escrituras de Deus Filho.

Referências

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