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A Guerra do Paraguai por meio de cartas e ofícios: trabalhando com documentos do final do século XIX

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Academic year: 2021

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

A Guerra do Paraguai por meio de cartas e ofícios: trabalhando com documentos

do final do século XIX

Silmária Mouzinho de Oliveira1

Braz Batista Vas2

RESUMO: O projeto de pesquisa “A Guerra do Paraguai por meio de cartas e ofícios: trabalhando com documentos do século XIX” tem como objetivo principal analisar, problematizar e situar historicamente um conjunto de fontes documentais relativas ao evento histórico conhecido na historiografia brasileira como a Guerra do Paraguai. Desse modo, procuramos organizar, transcrever e analisar cartas e ofícios relativos à Guerra do Paraguai (1864-1870), a partir de cópias de documentos disponibilizados pelo Museu Imperial.

Palavras-chave: Guerra do Paraguai; cartas; ofícios; transcrição.

INTRODUÇÃO: A intenção desta pesquisa foi trabalhar os conceitos e reflexões históricas a partir do manuseio, organização, transcrição e análise de cópias de documentos oficiais do Império brasileiro, do final do século XIX, como fonte primária, composta de um pequeno, porém consistente, conjunto de cartas e ofícios trocados entre alguns personagens de destaque da vida político-militar do segundo reinado. Assim, privilegiamos as leituras sobre a produção e o contexto historiográfico do objeto pesquisado para facilitar a contextualização histórica e aprofundamento da temática.

MATERIAL E MÉTODOS: Para o desenvolvimento desta pesquisa foram realizadas as seguintes ações: as fontes primárias consistem de cópias de documentação oficial do Império brasileiro, do final do século XIX, compostas por um conjunto de cartas e ofícios de personagens que se destacaram na vida político-militar do segundo reinado. Sendo complementada pela análise e discussão bibliográfica e historiográfica específica da temática ‘Guerra do Paraguai’. A bibliográfica serviu, simultaneamente, como fonte secundária e como suporte teórico.

1

Acadêmica do curso de Licenciatura Plena em História; Campus de Araguaína; e-mail: silmaria.mouzinho@hotmail.com. Bolsista do PIBIC/CNPq pelo projeto: “Guerra do Paraguai: História e Historiografia Por meio de Cartas, Diários, Reminiscências e Outros Documentos”. Pesquisadora do seguinte plano de trabalho: “A Guerra do Paraguai Por Meio de Cartas e Ofícios: Trabalhando Com Documentos do Século XIX”.

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Professor do Curso de História da Universidade Federal do Tocantins – Campus de Araguaína; e-mail: brazbv@uft.edu.br. Doutor em História pela Universidade Estadual Paulista – UNESP campus de Franca; Coordenador do projeto de pesquisa: “Guerra do Paraguai: História e Historiografia Por meio de Cartas, Diários, Reminiscências e Outros

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RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em um primeiro momento priorizamos as leituras sobre a temática da Guerra do Paraguai. Nessa perspectiva, a partir das leituras e pesquisas com as fontes escritas (bibliográficas), analisamos e problematizamos esse conjunto de cartas e ofícios, ou seja, as cópias da documentação de alguns personagens que tiveram destaque na vida política-militar durante o segundo reinado, produzidos no final do século XIX. Acredita-se que essa dinâmica é de fundamental importância para melhor entender o tema como também a compreensão e reflexões históricas a partir do manuseio, organização, transcrição e análise de cópia de documentação oficial do Império brasileiro.

Neste sentido as leituras realizadas, como também os fichamentos das fontes que foram analisadas, são todas relacionadas ao evento histórico denominado Guerra do Paraguai, conflito que ocorreu entre 1864 a 1870, no final do século XIX, entre o Paraguai e os países que formaram a Tríplice Aliança (Argentina, Uruguai e Brasil), e foram de fundamental importância para melhor entender o tema como também os sujeitos envolvidos nesse evento histórico. Para compreendermos melhor o evento a “Guerra do Paraguai”, foi lido o trabalho de DORATIOTO (1996), que discute “A História da Guerra do Paraguai” e caracteriza as fases do conflito, abordando os acontecimentos dos principais momentos da Guerra. Já MAESTRI (200?), faz uma análise sobre a “História e Historiografia da Guerra contra o Paraguai”, mencionando as obras brasileiras feitas sobre esta guerra, principalmente àquelas caracterizadas por este autor como narrativas memorialistas. As reflexões de MILANESI (2004), no artigo “Sobre a Guerra do Paraguai” ressaltam as causas da Guerra do Paraguai e a Tríplice Aliança, destacando as razões do subdesenvolvimento da América Latina, e, nesse caso específico, o do Paraguai.

É notório, então, que esses debates historiográficos sobre a Guerra do Paraguai, ainda não estão encerrados, mesmo depois de 144 anos da finalização da guerra, e certamente não é um assunto que deve ser esquecido por parte dos historiadores, e nos ajuda a compreender o processo histórico latino-americano, como também a emergência do sentimento nacionalista diante das diferentes interpretações existentes.

Após analisar, inicialmente, as fontes e referenciais historiográficos citados acima com relação à Guerra do Paraguai, fizemos então uma breve análise do material relacionado à documentação escrita por oficiais, como as cartas e ofícios desses personagens produzidos no final do século XIX.

Desse modo, é necessário dizer que a análise paleográfica, (metodologia de trabalho, manuseio de documentos, leitura e transcrição), como técnica de pesquisa, é minuciosa por natureza, requer do

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pesquisador dedicação e muitas horas de trabalho, exigindo um olhar atento para cada palavra do texto, ou seja, lendo os documentos, observando-lhes letras e formas. Quanto a isso Nelson Oliveira comenta que:

A leitura e a transcrição paleográficas exigem duas importantes habilidades principais: através da comparação de parciais, conseguir transpor os caracteres do documento original para formas atualizadas de escrita; além disso, saber identificar as abreviaturas, termos e grafias utilizadas no texto original, assim como interpretar os sinais de pontuação usados, separar ou unir palavras que não foram separadas ou unidas no texto original e, finalmente, obter, através de tudo isso, o significado do texto, sempre levando em conta que os indivíduos escreviam da maneira que imaginavam correta, sem o suporte de uma gramática estabelecida, dando margens a uma infinidade de variações na escrita, além da própria caligrafia pessoal. (OLIVEIRA, p. 2) É necessário que se tenha o cuidado de procurar ler e compreender, muitas vezes nas entrelinhas, o que está sendo apresentado por esses documentos, pois é importante vasculhar entre as palavras o evento narrado, mesmo quando explícitos ou implícitos, como no decorrer das páginas das cartas.

Segue abaixo um comentário transcrito dos manuscritos no qual trabalhamos. O documento identificado aqui é constituído de 36 linhas, respectivamente, em parágrafos únicos. Pode-se classificar a escrita desse manuscrito com o tipo de letras cursivas, traçadas, no âmbito da palavra. Assim, descrever e compreender a língua portuguesa utilizada no Brasil em séculos anteriores, quanto aos aspectos da natureza paleográfica, permitem também conhecer as características ortográficas além do valor linguístico e as mudanças ocorridas na língua portuguesa.

Transcrição 01

Identificação: Arquivo do Museu Imperial Data: 7 de outubro de 1916

Assinatura: ______3 Alberto Rodrigues

Local: Pelotas-RS

1. Agradeço-lhe novamente

2. ter se lembrado de escrever, me

3. pedindo que eu retificasse as

4. allegações contidas no trecho,

5. que me enviou por copia d’uma

6. obra d’um Sr Silvano __________

7. relativo a incidentes que este

8. autor allega levem-se dado logo

9. apoz a tomada de assalto da

10. Praça de ________ a 12 de agosto de 1869

11. Posso informar-lhe que segundo

12. minhas recordações, são inteiramente

13. imagináveis os incidentes _________

14. __ do incendio de um hospital

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15. abrigando feridos e doentes, como o

16. da pretensa morte do Comandante

17. Caballero que o autor da narrativa

18. menciona como tendo sido Chefe

19. d’essa Praça de guerra. Nenhum

20. militar brazileiro seria capaz de

21. matar a sangue frio a um prisioneiro

22. de guerra, ___________ semelhante

23. _____ si chegasse a meu conhecimento,

24. erão pelo contrario os ________

25. que cabião em nossas mãos sempre

26. tratados com muita consideração,

27. e, por via de regra, foste em liberdade

28. pouco depois, pois nenhum dezejo

29. mostrarão, de procurar reunir-se

30. à forças do dictador Lopez, onde só

31. encontraão a continuação de

32. soffrimentos de toda ordem por elles

33. já experimentadas e a prolongação

34. d’uma luta estéril.

35. Rogo-lhe dê toda a publicidade

36. possível às presentes linhas;

Essa prática da técnica paleográfica é baseada na comparação entre caracteres e estilos de escrita, o que nos permite reunir, de acordo com o período da produção do documento, a escrita em grupos ou estilos de uma época, de uma região ou de personagens de uma determinada sociedade em eventos, nesse caso, personagens referentes e destacados no conflito da Guerra do Paraguai. Contudo, a contribuição de se trabalhar com as transcrições desses documentos manuscritos e digitalizados, é a de justamente procurar explorar, aprofundar e problematizar a história e historiografia da Guerra do Paraguai, suas implicações para as forças armadas e para o Império.

LITERATURA CITADA:

BETHELL, Leslie. Cronologia da Guerra. In: MARQUES, Maria Eduarda Castro Magalhães. (Org.).

A Guerra do Paraguai: 130 anos depois. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 1995.

CHIAVENATO, Júlio José. Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Círculo do Livro, 1982.

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. História da Guerra do Paraguai. São Paulo: Ática, 1996.

DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. Maldita Guerra: nova história da Guerra do

Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

MAESTRI, Mário. Guerra do Paraguai: Instauração e Restauração da Historiografia Nacional-Patriótica. In: Revista Espaço da Sophia. Nº 38, Junho/Julho 2010, Bimestral, Ano IV.

MILANESI, Dálcio Aurélio. Sobre a Guerra do Paraguai. In: Revista Urutágua, revista acadêmica

multidisciplinar. 2004, nº 05, Maringá/Paraná/Brasil, Disponível: < www.uem.br/urutagua/06his-milanesi.htm > Consultado: 10 ago 2012.

OLIVEIRA, Nelson Henrique Moreira de. Material referente à primeira oficina de paleografia

oferecida pelo PET-História. In:

http://r1.ufrrj.br/graduacao/PEThistoria/arquivos_PET/atividades/paleografia/apostila_oficina-paleografia-i.pdf, p. 01-39. Consultado: 20 set 2013.

POMER, León. Paraguai: nossa guerra contra esse soldado. 2 ed. São Paulo: Global, 1984.

AGRADECIMENTOS:

O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil.

Referências

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