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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: DOS MÉTODOS TRADICIONAIS À PERSPECTIVA SOCIAL DO ALFABETIZAR LETRANDO

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PERSPECTIVA SOCIAL DO ALFABETIZAR LETRANDO

Maici Duarte Leite1 Priscila Meier de Andrade Tribeck2

RESUMO:

O presente trabalho tem como objetivo explanar os conceitos de alfabetização e letramento bem como os métodos mais recorrentes historicamente para esse fim. Utilizando-se da revisão de literatura de autores como Magda Soares, Eva Maria Lakatos, Isabel Frade e Eglê Franchi, entre outros, é possível traçar um resgate bibliográfico acerca do tema. Ao conhecer as definições de método e os métodos de soletração e fônico, da psicogênese da escrita ao letramento pode se ter um panorama geral das concepções ainda existentes no Brasil A presente discussão visa contribuir para as elucidações no campo da alfabetização e letramento no sentido de se compreender os processos históricos e sociais que permeiam os processos.

PALAVRAS CHAVE: Alfabetização – Letramento – Método

INTRODUÇÃO

A alfabetização vem sendo discutida nos últimos anos com a preocupação de minimizar os altos índices de analfabetismo, um problema que assola muitos países, sobretudo os menos desenvolvidos como o Brasil.

Historicamente o processo de alfabetização passou por 4 grandes momentos. A alfabetização pelo método da soletração, também chamado de método alfabético (da Antiguidade e Idade Média); dos métodos sintéticos e analíticos (do século XVI até a década de 1960 do século XX); da psicogênese da escrita (da década de 60 até meados da década de 80 do século XX) e finalmente o quarto momento, da alfabetização e letramento (da década

1Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - maicileite@utfpr.edu.br 2Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) -

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de 1980 aos dias atuais) proposto a partir da reflexão sobre a função social da escrita. Soares (2008, p. 20) afirma que

só recentemente passamos a enfrentar essa nova realidade social em que não basta saber ler e escrever, é preciso também fazer uso do ler e do escrever, saber responder as exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente – daí o surgimento do termo letramento.

Pensar na alfabetização a partir da perspectiva do letramento é pensar em alfabetizar sob a ótica social sem esquecer que as normas e regras da norma culta também precisam ser ensinadas na escola, e assim torna o cidadão capaz de compreender o mundo e de comunicar com ele adequadamente nas mais variadas situações.

Para uma maior compreensão, a seguir, será discutido com mais detalhes o método fônico, método sintético utilizados por mais de dois séculos e em seguida a psicogênese no processo da aquisição da leitura e da escrita e finalmente os paradigmas que norteiam a alfabetização atualmente.

A QUESTÃO DO MÉTODO EM ALFABETIZAÇÃO

Método, segundo DICIONÁRIO online brasileiro (2015, s/p), pode ser definido como “Maneira de dizer, de fazer, de ensinar uma coisa, segundo certos princípios e em determinada ordem. Maneira de agir.”

Nas discussões acerca do método científico, o método de procedimento caracteriza-se por “etapas mais concretas de investigação, com finalidades mais restritas em termos de explicação” (LAKATOS, 2010, p. 88)

Em se tratando da alfabetização, ou seja, dos processos de leitura e de escrita, Soares (2010, p. 93) define o método como sendo “a soma de ações baseadas em um conjunto de princípios e hipóteses psicológicas, linguísticas, pedagógicas que respondem a objetivos determinados”

Essas ações são organizadas a fim de garantir o êxito no objetivo final, ensinar a ler e a escrever. No entanto, a decodificação simples dos grafemas e a sua transformação em fonemas não necessariamente garante que o indivíduo atinja os objetivos inicialmente

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propostos. Nesse sentido, surgem várias possibilidades e métodos que buscam a eficiência do processo. Sendo assim, Soares (2010, p. 93) ressalta que “em alfabetização o método será o resultado da determinação dos objetivos a atingir, conceitos, habilidades, atitudes que caracterizarão a pessoa alfabetizada”.

Em se tratando de métodos de alfabetização, há dois marcos fundamentais: os que levam em consideração os aspectos fonográficos e o eixo de decifração e os que priorizam a compreensão. Eles se diferem em dois aspectos: “quanto ao procedimento mental, ou ponto de partida do ensino que se daria das partes para o todo nos métodos sintéticos e do todo para as partes nos métodos analíticos; e, quanto ao conteúdo da alfabetização que ensinam.” (FRADE, 2007, s/p). Ambos os métodos são caracterizados por serem tradicionais e levarem em consideração apenas as dimensões metodológicas.

Dentre esses métodos estão os de soletração, um dos mais antigos e constatado como sendo usado desde a antiguidade, segundo Araújo (1995). O método baseia-se na decoração oral das letras do alfabeto, seu reconhecimento posterior em pequenas sequências e numa sequência de todo o alfabeto e, finalmente, de letras isoladas. Em seguida a decoração de todos os casos possíveis de combinações silábicas, que eram memorizadas sem que se estabelecesse a relação entre o que era reconhecido graficamente e o que as letras representavam, ou seja, a fala.

Posterior a soletração, o método fônico, apresenta uma reação no sentido de alfabetizar num contexto histórico e social completamente diferente do até então vivido: o ilumismo. Há indícios de que ele surgiu na França em 1719, e em 1803 na Alemanha. Também foi o método utilizado por Maria Montessori em 1907 numa outra perspectiva de ensino. Segundo Frade (2007),

o método fônico começa-se ensinando a forma e o som das vogais. Depois ensinam-se as consoantes, estabelecendo entre elas relações cada vez mais complexas. Cada letra (grafema) é aprendida como um fonema (som) que junto a outro fonema, pode formar sílabas e palavras. Para o ensino dos sons, há uma sequência que deve ser respeitada, segundo a escolha de sons mais fáceis para os mais complexos. Na organização do ensino, a ênfase na relação som/letra é o principal objetivo.

O método fônico foi o método mais utilizados entre o século XVI e meados do Século XX. Condenado pela Psicogênese, atualmente há correntes teóricas com a tentativa de

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reutilizá-lo. Por esse motivo, as discussões acerca dos métodos analíticos e sintéticos sempre recaem sobre o método fônico, que até a década de 1990 ainda era o mais utilizado em termos de alfabetização.

O MÉTODO FÔNICO E A ALFABETIZAÇÃO

Essa corrente pensada pela ótica da linguística afirma que "a menor unidade pronunciável perceptível para o aprendiz é a sílaba, e não o fonema, pois, embora tenha escrita alfabética, na oralidade, o português é silábico" (MENDONÇA, 2007, p. 22).

Dessa forma, o fonema (ou seja, o som) é o centro do processo de alfabetização no método fônico. Rizzo (1989, p. 7) relembra que o método fônico “passou a ser adotado no lugar do alfabético na tentativa de superar a grande dificuldade existente naquele momento por causa da diferença entre o nome som da letra”.

O principal objetivo do método fônico é ensinar as relações entre sons e letras, para que seja possível estabelecer relação entre a palavra escrita e a falada. Para isso, parte do mais simples para o mais complexo, ensinando as vogais (letras e sons), depois as consoantes e suas relações com as vogais e finalmente formando palavras.

O método fônico, possui sua vantagem, pois quando existe relação equivalente entre fonema e a escrita a aprendizagem acontece de forma rápida e satisfatória, por exemplo bala, o que foi nominado como silabas simples. Outras palavras como por exemplo cerca ou sabão já apresentam mais dificuldades para serem apreendidas por esse processo, por se tratar do que se chama dificuldades ortográficas.

A nova roupagem do método fônico (que vem sendo discutido anteriormente) é proposto na tentativa de minimizar as dificuldades principalmente no ensino da leitura, utilizando-se de palavras significativas, vinculando palavra a imagem, para representar uma letra relacionando-a a um som.

No entanto, ainda continuam as críticas acerca do método fônico e posteriormente ao que foi chamado de silábico por apresentar algumas variações. Embora apresente vantagens, não podem ser considerados eficientes por priorizarem o treino e a repetição, bem como a leitura mecânica que se dá por meio da decodificação do código escrito.

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PSICOGÊNESE NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

Na contramão da perspectiva fonética ou silábica, Ferreiro e Teberosky apresentam, a partir da década de 80 do século XX uma proposta denominada como Psicogênese da língua escrita que influenciaram os processos de alfabetização na tentativa de superar o ensino fragmentado proporcionado pelo método fônico. Dessa forma,

deslocando o eixo das discussões dos métodos de ensino para o processo de aprendizagem da criança (sujeito cognoscente), o construtivismo se apresenta, não como um método novo, mas como uma revolução “conceitual”, demandando, dentre outros aspectos, abandonarem-se as teorias e práticas tradicionais, desmetodizar-se o processo de alfabetização e se questionar a necessidade das cartilhas. (MORTATTI 2006, p. 10).

Assim, a grande diferença não está no método, mas na maneira de conceder o sujeito que aprende (independentemente da idade). Essa perspectiva defende que o professor precisa planejar e desenvolver atividades voltadas para uma compreensão significativa do aluno contextualizada e adaptada didaticamente para o ensino da leitura e da escrita.

A valorização do erro como elemento fundamental para o processo de construção do conhecimento é um dos pontos fundamentais. Além disso, é criado a partir de situações problemas e do diagnostico prévio do aluno um perfil do que será trabalhado com aquela realidade social.

Tais mudanças conceituais, traduzidas do ideário “Construtivista”, reverteram a ênfase anterior no método de ensino para o processo de aprendizagem da criança que se alfabetiza e para suas concepções progressivas sobre a escrita, entendida como um sistema de representação. Além disso, passou-se a valorizar o diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos e a análise de seus erros como indicadores construtivos de seus processos cognitivos e hipóteses de aprendizagem. (BREGUNCI 2004 s/p).

Essa mudança de concepção foi necessária para a compreensão do sujeito e da importância de se considerá-lo mais do que o método empregado. No entanto, ainda não foi

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suficiente para a compreensão e para garantia de uma alfabetização de qualidade. Foi a partir dessas inquietações que surge a perspectiva de alfabetização e letramento.

PARADGMA DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO

No atual contexto, a produção de novos conhecimentos e de novas tecnologias, trouxeram também uma nova demanda social. Esta nova constituição social, mais crítica e mais democrática exige um outro conceito de alfabetização, nem tão a técnica pura, como os métodos propunham e não apenas e necessariamente a subjetividade do sujeito proposto pela psicogênese.

O conceito de alfabetização e letramento é hoje o que se destaca no âmbito de alfabetizar crianças, jovens e adultos. Soares destaca que a alfabetização e o letramento são processos interdependentes e indissociáveis. Franchi (2012, p. 15) afirma que alfabetizar letrando

não é uma questão de técnica, de procedimentos ou de estratégias, mas de método, no sentido mais forte desse termo: envolve concepções próprias do exercício da linguagem e do exercício pedagógico, envolve pressupostos e princípios gerais de natureza filosófica e sociológica [...] em vez de promover o estatuto de métodos meras tática e técnicas, revejo procedimentos e estratégias na realidade do dia a dia, que não é estática, é dada: é criada, numa aprendizagem reciproca pelos participantes do processo.

A alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio das práticas sociais de leitura e de escrita, ou seja, através de atividades de letramento. Este, por sua vez, só pode se desenvolver no contexto e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é em dependência da alfabetização. Esse processo, segundo Franchi (2012) se aproxima do processo natural do desenvolvimento do indivíduo, mas que não deixa de levar em consideração a construção social e coletiva de sentidos e significados.

Isso se dá, porque a aquisição do sistema linguístico não garante o desenvolvimento da competência comunicativa, ou seja, não garante o emprego adequado da língua em diversas situações e contextos, pois falta ainda a competência textual, o conhecimento de como

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funcionam os diversos textos que circulam a nossa volta, de como as suas intenções de produção, produtores, veículo de divulgação, etc. influenciam em sua estrutura e composição. A capacidade linguística não é a única necessária para se apreender os sentidos de um enunciado.

A alfabetização é apresentada atualmente não como uma habilidade, mas como um conjunto de habilidades. Estudar esse processo de “natureza complexa e multifacetada”, segundo Soares (2008), requer considerar as diferentes perspectivas que envolvem o processo: a psicológica, a psicolinguística, a sociolinguística e a propriamente linguística. O quadro a seguir, adaptado de Soares (2010, p. 18 a 21) apresenta o resumo dessas faces do processo.

Perspectiva psicológica

 Estudam-se os processos psicológicos considerados necessários como pré-requisitos para a alfabetização e os processos psicológicos por meio dos quais o indivíduo aprende a ler e a escrever.

Na perspectiva do método: centrava-se nas questões relacionadas aos aspectos psicológicos da alfabetização, como esquema corporal, estruturação espacial e temporal, discriminação visual e auditiva, psicomotricidade e nas questões fisiológicas e neurológicas do processo, enfatizando-se as relações de inteligência (QI) e alfabetização.

Na perspectiva do letramento: Contribuições da psicologia passaram a ser decisivas para o entendimento de como a criança aprende, qual é o processo de aprendizagem da leitura e da escrita e quais são os processos mentais desencadeados ao aprender. O foco passou a ser “como as crianças aprendem”. Piaget, Emília Ferreiro e Vygotsky são os principais representantes desta nova perspectiva.

Perspectiva psicolinguística

Relaciona-se com a perspectiva psicológica, de modo a se confluírem:

 Análise da maturidade linguística para a aprendizagem da leitura e da escrita, à relação entre linguagem e memória, à interação entre a imagem visual e a não visual no processo de leitura,

 Análise e determinação da quantidade de informação que é apreendida pelo sistema visual quando a criança lê, por exemplo.

Perspectiva sociolinguística

 A alfabetização é entendida como um processo estreitamente relacionado com os usos sociais da língua.

 Variação linguística, norma padrão, norma culta, relação entre a modalidade de língua oral e a modalidade de língua escrita, conceito de erro, passam a ser foco de interesse.

 Trouxeram inúmeras contribuições para a alfabetização, pois passou-se a observar que o processo não é o mesmo nas diferentes regiões do Brasil, e também a atribuir razões dialetais para o fracasso escolar, já que as crianças das classes menos

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favorecidas apresentavam dificuldades bem maiores de compreensão da língua escrita padrão que lhes era apresentada.

 O respeito às variedades linguísticas geográficas e situacionais passou a ser requerido.

Perspectiva linguística

 A ênfase nos estudos que reforçavam o entendimento de que a escrita não é transposição da fala, mas sua representação, foram de grande importância.

 A não existência de correspondência unívoca entre o sistema fonológico e o sistema ortográfico representou um avanço no modo de compreender a relação entre fonemas e grafemas. Por exemplo: escrevemos Estou na mesa, mas podemos ouvir: Estô na mesa (e o som do s de mesa será o de z); Geléia e Goiaba têm a mesma letra inicial, mas os sons são diferentes. Escrevemos Te amo, mas podemos ouvir Ti amu.

 A perspectiva linguística contribui para a compreensão de que o processo de alfabetização envolve um progressivo domínio de regularidades e irregularidades e o reconhecimento de que língua e ortografia são fenômenos bem distintos.

AUTOR: autoria própria FONTE: Adaptado de Soares 2010

O quadro com a descrição das perspectivas de alfabetização e letramento organizados a partir dos conceitos descritos por Soares (2010), é possível estabelecer o significado dessa “nova visão”. O termo alfabetização não traz consigo nem etimologicamente nem pedagogicamente o termo alfabetização a designação doo processo de aquisição da língua escrita quanto o de seu desenvolvimento. Etimologicamente, o termo alfabetização não ultrapassa o significado de “levar à aquisição do alfabeto”, ou seja, ensinar o código da língua escrita, ensinar as habilidades mecânicas de ler e escrever.

Portanto, ao compreender a linguagem como um evento comunicativo, discursivo, ou seja, produto de um processo de interação entre sujeitos, uma série de equívocos foi acontecendo no processo de ensino da língua. Priorizou-se o ensino-aprendizagem do sistema grafo-fonêmico, que visava à leitura e à escrita de sílabas, palavras e frases descontextualizadas, desprovidas de sentido. Essa prática transformava o processo de alfabetização em uma atividade de e com a linguagem sem sentido (conforme apresentado no início dessa unidade), desconsiderando-se os seus aspectos contextuais e sua função principal: a interação intencional entre as pessoas.

Entender a alfabetização unicamente como o ensino-aprendizagem da mecânica, da “tecnologia da escrita”, implicou reduzir a leitura à capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando-os em “sons”, e a escrita à capacidade de codificar os “sons” em

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sinais gráficos – atividades automatizadas e vazias de significação, habilidades mecânicas somente.

Os fundamentos da alfabetização e letramento se dão por meio de um trabalho intencional de sensibilização e de atividades específicas de comunicação. Assim, a escrita parra a ter função social. O indivíduo que está sendo alfabetizado precisa compreender textos escritos ou não que mecanismos de comunicação e tem sua intencionalidade. Além disso carregam intenções, significados, ilusões e fantasias.

Por esse motivo, utilizou-se um outro termo para designar tal função tão complexa como do processo social e psicológico de se aprender. Esse termo é LETRAMENTO. Para Soares (2010, p. 18), letramento é

palavra recém-chegada ao vocabulário da Educação e das Ciências Linguísticas: é na segunda metade dos anos 80, há cerca de apenas dez anos, portanto, que ela surge no discurso dos especialistas dessas áreas. [...] O que explica o surgimento recente dessa palavra? Novas palavras são criadas (ou a velhas palavras dá-se um novo sentido) quando emergem novos fatos, novas ideias, novas maneiras de compreender os fenômenos. [...] Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita. (grifos nossos).

Assim, o método empregado pode ser utilizado para a função de sistematizar, mas o processo de aquisição da linguagem e do código escrito se dá nas interações sociais. Vygotsky (1984) afirma que o letramento representa o sucesso de um processo histórico de transformação e diferenciação no uso de instrumentos mediadores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os processos de alfabetização se modificaram ao longo da história da humanidade para garantir que os interesses sociais fossem atingidos. Do método tradicional, da antiguidade, ao conceito de alfabetização e letramento, dos dias atuais, sempre buscou que as letras fossem apresentadas e cumprissem seu papel social de comunicação oral e escrita.

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Alguns destes processos não garantiram o êxito ou não deram conta de determinadas realidades e transformações sociais. Mais importante que qual método ou qual concepção adotar e pensar sempre na funcionalidade da leitura e da escrita.

As pessoas não aprendem num mesmo tempo. Não tem desenvolvimento linear. Também não são máquinas condicionadas como previa os métodos sintéticos e analíticos.

A questão da alfabetização tem sido muito discutida devido a diversos fatores: o fracasso da alfabetização no Brasil, o fracasso na constituição de leitores e usuários competentes da língua escrita e o fato de que a aquisição desse sistema de escrita não confere diretamente ao sujeito a capacidade de inserção no mundo letrado, pois, para isso, será necessário o desenvolvimento dessa capacidade.

Sendo assim, não há formulas prontas para se alfabetizar ao passo que não se pode deixar na espontaneidade. Essa justa medida foi encontrada pela alfabetização e letramento como processos indissociáveis e simultâneos e consequentemente proporcionar sentidos e significados às práticas sociais que a sociedade demanda.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, M. C. C. da S. Perspectiva histórica da alfabetização. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, (Caderno 367). 1995.

BREGUNCI, Maria das Graças de Castro. Organizando as classes de alfabetização: Processos e métodos. Disponível em:

http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2004/ale/tetxt4.htm Acesso em 20/mar/2015.

DICIONÁRIO. Diposnível em http://www.dicio.com.br/metodo/. Acesso em 20/mar/2015.

FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva. Métodos de alfabetização, métodos de ensino e conteúdos da alfabetização: perspectivas históricas e desafios atuais. Revista Educação. Ed 2007, vol. 32 nº1. Disponível em http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2007/01/indice.htm. Acesso em 26/mar/2015.

FRANCHI, E. Pedagogia do alfabetizar letrando: da oralidade a escrita. 9.ed. São Paulo: Cortez:2012.

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LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MENDONÇA, O. S.; MENDONÇA, O. C. Alfabetização - Método Sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007.

MORTATTI, Maria Rosário Longo. História dos Métodos de Alfabetização no Brasil. 2006. Disponível em:

<portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alf_mortattihisttextalfbbr.pdf>.

RIZZO, Gilda. Os diversos métodos de ensino da leitura e da escrita. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autentica, 2010.

______. Alfabetização e Letramento. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2008.

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