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SIMONE SOARES MARQUES PAIVA

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Academic year: 2021

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SIMONE SOARES MARQUES PAIVA

EFICÁCIA ANTIBACTERIANA IN VIVO DE UM

PROTOCOLO DE TRATAMENTO ENDODÔNTICO

UTILIZANDO CLOREXIDINA A 0,12% COMO IRRIGANTE E

ASSOCIADA AO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO COMO

MEDICAÇÃO INTRACANAL

2006

Vice-reitoria De Pós-graduação E Pesquisa Av. Paulo De Frontin, 628 / 5º Andar - Rio Comprido

(2)

SIMONE SOARES MARQUES PAIVA

EFICÁCIA ANTIBACTERIANA IN VIVO DE UM PROTOCOLO DE

TRATAMENTO ENDODÔNTICO UTILIZANDO CLOREXIDINA A 0,12% COMO IRRIGANTE E ASSOCIADA AO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO COMO

MEDICAÇÃO INTRACANAL

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Estácio de Sá, visando à obtenção do grau de Mestre em Odontologia (Endodontia).

ORIENTADOR:

Prof. Dr. José Freitas Siqueira Júnior.

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

RIO DE JANEIRO

(3)

P149 Paiva, Simone Soares Marques.

Eficácia antibacteriana in vivo de um protocolo de tratamento endodôntico utilizando clorexidina a 0,12% como irrigante e associada ao hidróxido de cálcio como medicação intracanal / Simone Soares Marques Paiva. - Rio de Janeiro, 2006.

159 f. : xii.

Bibliografia: p. 119 –152.

Dissertação (Mestrado em Odontologia) - Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2006.

1. Endodontia. 2. Tratamento. 3. Preparo químico-

mecânico. I. Título. CDD 617.6342

(4)

Ao meu marido, Alessandro Gonçalves Paiva,

companheiro e amante que sempre desejei. Agradeço

(5)

AGRADECIMENTOS

⇒ A Deus, pois sem Ele nada é possível.

⇒ Aos meus pais Casimiro da Silva Marques e Nelice Lea Soares

Marques, que me ensinaram os valores da vida e fizeram de tudo para

que pudesse estar aqui.

⇒ À minha irmã, Patrícia Soares Marques, quem eu amo muito e sei que

posso contar em todos os momentos de minha vida.

⇒ Ao meu orientador José Freitas Siqueira Junior, que conseguiu

despertar em mim o desejo de conhecer cada vez mais o universo da

microbiologia e foi verdadeiramente um orientador, estando presente em

todos os momentos desta dissertação.

⇒ À professora Isabela das Neves Rôças Siqueira, a qual admiro por ser

uma mulher dedicada, um exemplo de estudo e amor à Endodontia.

⇒ Aos meus amigos de turma do mestrado (Anelise, Karen, Jansen,

Tatiana e Túlio), pelo excelente convívio, pela crescente amizade e pelo

(6)

⇒ Ao técnico de laboratório Fernando Antônio da Cunha Magalhães pela

alegria e paciência em ensinar o cultivo das minhas novas amigas

bactérias.

⇒ Aos professores do mestrado Antônio José Ribeiro de Castro, Ernani da

Costa Abad, Fábio Râmoa, Hélio Pereira Lopes, Júlio César Machado

de Oliveira, Wantuil Rodrigues Araújo Filho e Maria Isabel Souza de

Castro, pelos ensinamentos, dedicação, paciência e apoio,

imprescindíveis nesta jornada.

⇒ Aos meus amigos da Força Aérea Brasileira que, com certeza, fizeram

este trabalho junto comigo, ajudando-me na busca de pacientes e na

impressão desta dissertação.

⇒ As auxiliares da clínica B da Universidade Estácio de Sá, Débora e

Regina, pela presteza e excelente ajuda durante o atendimento dos

pacientes desta pesquisa.

⇒ À professora de Português Ana Cláudia Pereira de Araújo e a

(7)

“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.

(8)

ÍNDICE RESUMO...…....ix. ABSTRACT...…...x. LISTA DE FIGURAS...……xi. LISTA DE TABELAS...….xii. INTRODUÇÃO...…....01. PROPOSIÇÃO...….69. MATERIAIS E MÈTODOS...…...70. RESULTADOS...……78. DISCUSSÃO...…….83. CONCLUSÃO...………118. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...…...119. ANEXOS...……153.

Anexo 1. Ficha Clínica (PCR)...…….154.

Anexo 2. Ficha de Inscrição...…….156.

Anexo 3. Questionário Médico...…….157.

(9)

RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar a eficácia de um protocolo utilizando o

digluconato de clorexidina a 0,12% na forma líquida como irrigante e na forma

em gel associado ao hidróxido de cálcio como medicação intracanal na

redução da população bacteriana dos canais radiculares. Treze dentes

unirradiculares associados com necrose pulpar e lesão perirradicular com

coroas intactas foram instrumentados com a técnica de instrumentação dos

Movimentos Contínuos de Rotação Alternada, irrigados com clorexidina a

0,12% e medicados com uma pasta de clorexidina e hidróxido de cálcio durante

uma semana. Foram realizadas três coletas bacterianas, a primeira antes do

tratamento, a segunda após o preparo químico-mecânico e a terceira após a

medicação intracanal. O material coletado foi cultivado em ambiente de

anaerobiose e, após 14 dias, procedeu-se a contagem de unidades formadoras

de colônias e a identificação bacteriana pelo seqüenciamento do gene do 16S

rRNA. Bactérias foram encontradas em todas as amostras iniciais. Após o

preparo químico-mecânico, 46,2% das amostras apresentaram culturas

negativas. Após a medicação intracanal, o número de culturas negativas atingiu

92,3% dos casos. As espécies mais prevalentes após o preparo

químico-mecânico foram de bactérias Gram-positivas, assim como na única amostra

com cultura positiva após a medicação intracanal. A clorexidina a 0,12% na

forma líquida ou em gel associada ao hidróxido de cálcio foi eficaz na redução

da população bacteriana no interior dos canais radiculares, podendo ser

utilizada como irrigante e medicação intracanal, respectivamente.

(10)

ABSTRACT

The purpose of this study was to analyze the efficacy of a protocol using 0.12%

chlorhexidine digluconate in the liquid form as an irrigant and in the gel form

combined with calcium hydroxide as an intracanal medication in reducing the

bacterial population in infected root canals. Thirteen single-rooted teeth with

pulp necrosis and periradicular lesions had their canals prepared by the

Alternated Rotation Motions technique using 0.12% chlorhexidine as an irrigant

and then medicated with a calcium hydroxide/chlorhexidine paste for one week.

Three samples were taken during treatment – before and after

chemomechanical preparation and after intracanal medication. Samples were

incubated in anaerobiosis and the colony forming units were counted after 14

days. Bacterial identification was also performed by 16S rRNA gene sequencing

analysis. Bacteria were present in all initial samples. After chemomechanical

preparation, 46.2% of the cases showed negative cultures. After intracanal

medication, the number of negative cultures reached 92.3% of the cases.

Gram-positive species were the most prevalent bacteria found in both

post-instrumentation and post-medication samples. This protocol using 0.12%

chlorhexidine in both irrigation and intracanal medication associated with

calcium hydroxide was highly effective in reducing the bacterial population in

infected canals. These findings give support to the use of this substance during

the endodontic treatment of teeth with periradicular lesions.

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Placa de ágar-sangue semeada com uma amostra original

não-diluída...74.

Figura 2 - Placa de ágar-sangue semeada com uma amostra original

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Relação das amostras com as respectivas contagens de UFCs...80.

Tabela 2 – Bactérias identificadas em diferentes etapas do tratamento pelo

(13)

INTRODUÇÃO

O verdadeiro objetivo da terapia endodôntica consiste em prevenir a

infecção do canal radicular em casos de polpa viva com inflamação irreversível

e de controlar a infecção em um quadro de polpa necrótica, evitando assim a

presença ou até mesmo, uma vez já instalada, a progressão de uma lesão

perirradicular, visando ao reparo ou à manutenção da saúde das estruturas

perirradiculares e ao restabelecimento da função dentária normal (SIQUEIRA,

2002; BASRANI et al., 2004; SIQUEIRA et al., 2004b; NAIR et al., 2005;

SIQUEIRA, 2005).

A correlação entre as doenças da polpa e dos tecidos periradiculares e a

presença de microrganismos tem sido estudada desde o final do século XIX,

quando MILLER, em 1894, sugeriu que microrganismos eram os causadores

das lesões perirradiculares. KAKEHASHI et al. (1965) confirmaram esta teoria

com um estudo em ratos convencionais e germ-free, na qual expuseram as

polpas dentais desses animais ao meio bucal. Pela análise histológica dos

tecidos pulpares e perirradiculares observaram que, nos ratos convencionais, a

polpa dental evoluiu para necrose associada com destruição óssea

perirradicular; nos animais germ-free, a polpa apresentou reparo pela formação

de dentina.

Até meados de 1970, acreditava-se que bactérias anaeróbias

facultativas eram as espécies dominantes nas infecções endodônticas e que o

tecido pulpar necrosado, embora estéril, fosse capaz de perpetuar uma lesão

perirradicular. Tais conceitos começaram a mudar com o estudo de

(14)

bacteriológicas de dentes unirradiculares com polpas necrosadas e coroas

intactas sem cáries ou restauração, cuja perda da vitalidade pulpar foi resultado

de injúria traumática. Bactérias foram encontradas apenas em casos de dentes

com lesões perirradiculares associadas, contradizendo o mito que o tecido

necrosado estéril poderia ser um irritante tecidual sem a presença de

microrganismos. Anaeróbios estritos correspondiam a 94,3% dos isolados

tornando-os as bactérias com maior predomínio dentro do canal.

MÖLLER et al. (1981) demonstraram que somente polpas desvitalizadas

que foram infectadas, induziam lesões perirradiculares, enquanto polpas

desvitalizadas e não infectadas se mostravam ausentes de patologia nos

tecidos perriradiculares. Atualmente, várias espécies já foram detectadas da

cavidade oral humana através das técnicas de cultura e de métodos

moleculares, destas, aproximadamente, 350 são espécies cultiváveis e mais de

300 ainda não são cultiváveis (PASTER et al., 2001).

Este conceito de predomínio de anaeróbios permanece até os dias

atuais (SJÖRGREN et al., 1997; CHÁVEZ DE PAZ et al., 2003; SOUZA et al.,

2005). Em um estudo de identificação de microrganismos cultiváveis de

infecções primárias, CHU et al. (2005) pesquisaram 43 canais não expostos à

cavidade oral, destes dentes foram reconhecidas 185 bactérias: 68,5%

compostos de bactérias anaeróbias estritas e 31,5% de anaeróbias facultativas.

Uma vez que o tecido pulpar sofra uma agressão bacteriana, a polpa

mais próxima desta agressão tornar-se-á inflamada e sem condições para

defesa, a polpa necrosará. O tecido pulpar necrosado servirá de substrato para

(15)

protegidos das defesas do organismo, microrganismos e seus produtos serão

os verdadeiros causadores das etapas da patogênese (agressão – inflamação

– necrose – invasão) das lesões perirradiculares de origem endodôntica

(SIQUEIRA et al., 2004b; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2005a).

Este domínio de bactérias anaeróbias estritas parece ser diretamente

proporcional ao tempo da infecção (SIQUEIRA et al., 2004a). FABRICIUS et al.

(1982) verificaram que a relativa proporção de células bacterianas anaeróbias

aumenta com o tempo e que bactérias facultativas decrescem quando os

canais são infectados por 90 dias ou mais. Após 90 ou 180 dias de infecção,

85% a 98% das células bacterianas na região apical do sistema de canais são

anaeróbias.

A utilização de métodos de culturas tem propiciado a verificação e o

conhecimento dos microrganismos presentes na infecção endodôntica,

estabelecendo uma relação de causa-efeito entre a presença dos mesmos e o

aparecimento de lesões perirradiculares (MILLER, 1894; KAKEHASHI et al.,

1965; SUNDQVIST, 1976; MÖLLER et al., 1981; SUNDQVIST et al., 1998;

CHU et al., 2005; 2006). Métodos acurados para o cultivo bacteriano devem

permitir uma identificação apurada dos microrganismos isolados de canais

infectados para estudar suas características e potencial patogênico. Além

disso, devem revelar combinações bacteriológicas que possivelmente

desempenham um papel-chave no progresso da doença, bem como bactérias

que sejam resistentes à terapia convencional ou estarem implicadas em

(16)

Os estudos nos quais foram empregadas as técnicas de cultura para

avaliar microrganismos associados com as doenças infecciosas de origem

endodôntica têm mostrado as espécies do gênero Fusobacterium, Prevotella,

Prorphyromonas, Streptococcus, Campylobacter, Selenomonas, Eubacterium, Peptostreptococcus, Actinomyces e Propionibacterium como os mais freqüentes em infecções primárias (SUNDQVIST, 1976; BYSTRÖM &

SUNDQVIST, 1983; SUNDQVIST, 1994; SJÖGREN et al., 1997; SIQUEIRA et

al., 2000c; MUNSON et al., 2002; RÔÇAS et al., 2002; SIQUEIRA et al., 2002d; KVIST et al., 2004; SIQUEIRA et. al., 2004b; CHU et al., 2005).

LANA et al. (2001) relataram que os gêneros mais constantes nas

amostras iniciais foram Prevotella, Fusobacterium, Lactobacillus,

Streptococcus, Clostridium e Peptostreptococcus. KVIST et al. (2004) encontraram Prevotella, Streptococcus e Peptostreptococcus como os gêneros

predominantes no início do tratamento. CHU et al. (2005), em um estudo de

identificação pelo método de cultura em dentes expostos ou não à cavidade

oral, encontraram os gêneros mais freqüentes nas infecções primárias:

Prevotella, Peptostreptococcus, Actinomyces, e Campylobacter. Em relação à espécie Fusobacterium nucleatum e Propionibacterium acnes foram

significativamente mais comuns em dentes com canais não expostos a

cavidade oral.

Tais métodos identificam as características fenotípicas das bactérias.

Comportamentos fenotípicos são resultados de testes, como: do método de

Gram, morfologia das colônias bacterianas, atividades metabólicas e

(17)

estabelecimento e crescimento. Eles podem ser alterados de acordo com as

condições do ambiente, como períodos de estresse ou evolução da espécie

(PETTI et al., 2005). As características fenotípicas convergentes ocorrem com

bactérias de diferentes espécies, as quais são geneticamente diferentes, mas

apresentam os mesmos aspectos em cultura. Em contrapartida, as que

apresentam características divergentes podem ser da mesma espécie, sendo

geneticamente similares, porém com comportamentos diferentes em cultura

(SIQUEIRA & RÔÇAS, 2005a).

A maioria dos microrganismos prevalentes no terço apical é composta

de espécies bacterianas anaeróbias estritas e de crescimento lento

(necessitam de um período de incubação de sete a quatorze dias). Os métodos

de cultura apresentam limitações no que tange ao crescimento de espécies

fastidiosas: a não detecção de microrganismos ainda não cultiváveis; a

presença ou a ausência de determinada espécie ou de produtos metabólicos

produzidas por alguns microrganismos, no meio de cultura, as quais podem

inibir ou beneficiar o crescimento de outras espécies e a possibilidade de falhas

na avaliação frente a microrganismos que apresentem comportamento

fenotípico divergente ou convergente (SIQUEIRA et al., 2000c; SIQUEIRA et

al., 2001b; RÔÇAS et al., 2002; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003a; 2003b; 2003c). Um outro aspecto quando se utiliza o método de cultura é que são necessárias

acima de mil células de uma determinada espécie viável para que a mesma

possa ser detectada, cultivada e identificada (RÔÇAS et al., 2002; SIQUEIRA &

(18)

A necessidade de se tornar mais rápida e mais acurada a identificação

de determinados microrganismos teve a possibilidade de ser suprida com um

método de identificação através de características genotípicas. Tal método

reduziu a possibilidade de erros, permitiu a definição taxonômica e o

relacionamento entre as espécies. Envolve a amplificação do gene do 16S

rRNA, seguida de clonagem e seqüenciamento (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2005a;

2005b). Laboratórios clínicos do mundo inteiro têm utilizado métodos

moleculares para classificação filogenética e identificação bacteriana,

principalmente de bactérias incomuns ou com propriedades fenotípicas não

usuais. (KIRASTISIN et al., 2003; CHRISTENSEN et al., 2005; PETTI et al.,

2005).

DRANCOURT et al. (2004) identificaram, através do 16S rDNA, espécies

de microrganismos associadas a humanos que não puderam ser identificadas

por critérios convencionais. Num total de 16 espécies foram obtidas, pela

primeira vez, em humanos dentro de um perfil de 27 espécies bacterianas

associadas com doenças humanas.

Na Endodontia, com o advento dos métodos moleculares foi possível

detectar microrganismos ou espécies bacterianas até então não cultiváveis ou

de difícil cultivo, contribuindo para o conhecimento da microbiota associada a

todos os tipos de infecções endodônticas sejam primárias, secundárias ou

persistentes. (SIQUEIRA et al., 2000c; RÔÇAS et al., 2001; SIQUEIRA et al.,

2001b; RÔÇAS et al., 2002; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003b; RÔÇAS et al., 2004;

(19)

SIQUEIRA & RÔÇAS (2004a) através de um tipo específico de método

molecular (Nested PCR), verificaram em infecções endodônticas sintomáticas e

assintomáticas, um microrganismo que nunca tinha sido detectado em canais

radiculares infectados por métodos de cultura. Centipeda periodontii é um

microrganismo associado com diferentes formas de doença periodontal e que

ainda não tinha sido associada com as infecções endodônticas.

Vários são os métodos moleculares utilizados atualmente, cada um com

um objetivo principal, seja identificar microrganismos quantitativamente ou

qualitativamente, entre eles: a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR),

Nested-PCR (nPCR), Multiplex PCR, Real-Time PCR, Checkerboard para hibridização DNA-DNA, Broad-range PCR (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003b;

SIQUEIRA & RÔÇAS, 2005a).

Os métodos moleculares permitem identificar microrganismos

diretamente da amostra clínica sem que os cultive, assim como não são

necessários testes bioquímicos para identificá-los, como são realizados em

métodos de cultura (SIQUEIRA et al., 2000c; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003b).

Métodos moleculares identificam não só os microrganismos cultiváveis, mas

também espécies ou cepas que ainda não foram cultivadas ou tiveram suas

características fenotípicas previamente estabelecidas (SIQUEIRA & RÔÇAS,

2005a). São utilizadas células viáveis ou não, uma vez que se baseia em

características genotípicas (BERGENHOLTZ & SPANGBERG, 2004), evitando

assim, erros de comportamento fenotípicos divergentes ou convergentes.

Métodos moleculares são mais rápidos (permite o conhecimento dos

(20)

microrganismo esperado), apresentam maior sensibilidade do que as técnicas

de cultura. (RÔÇAS et al., 2001; MUNSON et al., 2002; RÔÇAS et al., 2002;

SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003a; 2003b; 2003c; 2003d; RÔÇAS et al., 2004;

SIQUEIRA & RÔÇAS, 2004a; 2004b; 2004c; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2005a). Por

fim, métodos moleculares apresentam grande valia nos tratamentos de

antibioticoterapia, principalmente porque oferecem rápido diagnóstico,

importantíssimo em casos de doenças com risco de morte (KIRASTISIN et al.,

2003; DRANCOURT et al., 2004; CHRISTENSEN et al., 2005; PETTI et al.,

2005; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2005a).

Vários estudos (SIQUEIRA et al., 2000c; RÔÇAS et al., 2001; SIQUEIRA

et al., 2001a; 2001b; MUNSON et al., 2002; RÔÇAS et al., 2002; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003a; 2003c; 2003d; BAUMGARTNER et al., 2004; SIQUEIRA &

RÔÇAS, 2004a; 2004c; SIQUEIRA et al., 2004a; SOUZA et al., 2005) têm

detectado espécies bacterianas de difícil cultivo presentes nas infecções

endodônticas primárias, em alta prevalência, tais como: Treponema denticola,

Porphyromonas endodontalis, Porphyromonas gingivalis, Dialister pneumosintes, Prevotella tannerae, Filifactor alocis e Tanerella forsythia, esta última nunca antes identificada pelos métodos de cultura (SIQUEIRA &

RÔÇAS, 2003a; 2003b). Assim como alguns filotipos, ou seja, espécies que

ainda não foram cultivadas e apenas são reconhecidas pelo seu genoma

(MUNSON et al., 2002; SIQUEIRA et al., 2004c).

JUNG et al. (2000), em um estudo sobre prováveis patógenos da

infecção do canal radicular, detectaram que as mais freqüentes espécies

(21)

micros, 26,3% P. gingivalis. Observaram que uma ou mais espécies denominadas bacilos produtores de pigmento negro (BPPN) estavam

presentes em 42,1% das amostras. T. forsythia (anteriormente denominada de

Bacteroides forsythus) e Treponema spp. estavam presentes em 8 e 6 dentes, respectivamente.

SIQUEIRA et al. (2004a), por meio de uma investigação molecular,

selecionaram patógenos endodônticos do terço apical de canais radiculares

infectados. Os resultados demonstraram que Pseudoramibacter alactolyticus

ocorreu em 10 casos (44%); T. denticola e F. nucleatum em 6 (26%); P.

endodontalis em 4 (17%); F. alocis em 2 (9%); D. pneumosintes em 1 caso (4%).

Em outro estudo, SOUZA et al. (2005) encontraram em 12 dentes com

necrose pulpar e lesão perirradicular, através do Checkerboard para

hibridização DNA-DNA, Fusobacterium nucleatum ss vincentii em 100% das

amostras antes da terapia. Os mais predominantes microrganismos incluíam

espécies dos gêneros Actinomyces, Capnocytophaga, Fusobacterium,

Streptococcus e BPPN. Gemella morbilorum e P. micros não foram detectados em nenhuma amostra. Após a terapia que incluía instrumentação com

hipoclorito de sódio (NaOCl) a 5,25% e medicação com pasta de hidróxido de

cálcio, os resultados mostraram significativa redução na prevalência da maioria

das espécies examinadas, com exceção das espécies Actinobacillos

actinomycetemcomitans, Eikenella corrodens, e Eubacterium nodatum, os quais aumentaram em freqüência após o tratamento.

(22)

MILLER (1894) foi o pioneiro em detectar espiroquetas em alta

prevalência em infecções endodônticas, todavia somente em estudos recentes

que estas espécies foram identificadas (SIQUEIRA et al., 2001a;

BAUMGARTNER et al., 2003; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003d; SIQUEIRA &

RÔÇAS, 2004c).

TROPE et al. (1992) encontraram uma pequena porcentagem de

treponemas (10%) em abscesso endodôntico, quando utilizaram microscopia

de campo escuro, enquanto SIQUEIRA et al. (2001a) foram os primeiros a

detectar, pelo método PCR, T. denticola presente em altas concentrações em

casos de abscessos perirradiculares agudos. A explicação para tal fato advém

de que muitas espécies de espiroquetas são fastidiosas, de difícil ou impossível

cultivo (BAUMGARTNER et al., 2003; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003d). Todas as

espiroquetas isoladas de dentro do canal são do gênero treponema, sendo

nove espécies: T. denticola, Treponema vincentii, Treponema pectinovorum,

Treponema socranskii, Treponema maltophilum, Treponema medium, Treponema amylovorum, Treponema lecithinolyticum, e Treponema parvum (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2003d; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2004c).

BAUMGARTNER et al. (2003) identificaram, pelo método PCR,

espiroquetas em 51 de 84 (60.7%) amostras de abscesso perirradicular agudo

e 20 de 54 (37.0%) casos de infecção endodôntica assintomática. T. socranskii

foi o mais prevalente (44.9%), seguido do T. maltophilum (29.7%), T. denticola

(28.9%), T. pectinovorum (13.7%) e T. vincentii (5.1%). Observaram uma

associação significativa entre as espécies T. maltophilum e T. socranskii, assim

(23)

Em outro estudo, através do método molecular Nested PCR, SIQUEIRA

& RÔÇAS (2003d) observaram a alta prevalência de espiroquetas em infecção

endodôntica primária. Sugeriam que o T. socranskii pode ser um patógeno

envolvido na causa das lesões perirradiculares, uma vez que, em geral,

detectaram 35% de espiroquetas nas amostras apresentadas (21 de 60

amostras). T. socranskii foi detectado em 11 de 28 casos assintomáticos

(39.3%), 05 de 12 casos associados com peridontite apical aguda (41,7%) e 05

de 20 casos diagnosticados como abscesso perirradicular agudo.

Posteriormente, os mesmos autores (SIQUEIRA & RÔÇAS 2004c) detectaram

a presença do gênero Treponema em 89% dos casos analisados, cujas

espécies em maior prevalência foram T. denticola e T. socranskii

Associações entre BPPN e as infecções endodônticas foram propostas

por BAUMGARTNER et al. (1999) que utilizaram PCR para BPPN em 40

dentes com necrose pulpar e lesão perirradicular. Das amostras, 55%(22)

foram positivas para BPPN: 11 de 22 (50%) identificadas como Prevotella

nigrescens; 8 de 22 (36%) de Prevotella intermedia; 2 de 22 (9%) de P. gingivalis e 1 de 22 (5%) de Porphyromonas melaninogenica. BAE et al. (1997) investigaram a ocorrência de P. intermedia e P. nigrescens das 56 cepas de

BPPN, 41 foram identificadas como P. nigrescens e 15 como P. intermedia.

SIQUEIRA et al. (2001b) encontraram, através de método molecular PCR, a

ocorrência de BPPN em 59.3% dos 54 dentes examinados com infecções

endodônticas. Em geral verificaram-se P. endodontalis em 42.6%, P gingivalis

(24)

A espécie T. forsythia é uma bactéria de crescimento lento e fastidioso

sendo difícil ser detectada em cultura, freqüentemente requer 7 a 14 dias para

desenvolver colônias. Por isso, pode ser subestimada nas investigações das

infecções endodônticas que utilizam métodos de cultura. Métodos moleculares

permitiram a detecção deste microrganismo nas infecções radiculares.

SIQUEIRA & RÔÇAS (2003a) detectaram T. forsythia em 59.1% em casos

assintomáticos, 40% em periodontite apical aguda e 50% em abscessos

perirradiculares. Esta bactéria esteve presente, no geral, em 52% das 50

amostras estudadas. SIQUEIRA et al. (2000c) também investigaram a

presença e os níveis de 42 espécies de bactérias em 28 amostras de canais

radiculares. Para tanto, utilizaram o método Checkerboard para hibridização

DNA-DNA e obtiveram como resultado T. forsythia como a espécie mais

prevalente, já que esteve presente em 39.3% dos casos analisados.

GONÇALVES & MOUTON (1999) detectaram a presença desta mesma

espécie ao utilizar 04 métodos diferentes de investigação. Concluíram que esta

espécie bacteriana pode ser parte da microbiota endodôntica.

O canal radicular fechado parece ser um meio seletivo, cuja composição

da microbiota pode ser influenciada por múltiplos fatores. O proporcional

decréscimo de bactérias facultativas e o concomitante aumento de anaeróbios

estritos com o tempo estão relacionados ao consumo de oxigênio e ao baixo

potencial de oxidação-redução, os quais colaboram para manter o crescimento

destas últimas bactérias (SUNDQVIST, 1994; SIQUEIRA et al., 2004a).

Interações bacterianas são importantes para determinar os fatores

(25)

colonizar determinado espaço dentro do canal radicular. As espécies pioneiras

podem criar condições que iram selecionar seus futuros pares, e influenciar a

virulência da microbiota infectante (SUNDQVIST, 1994; SIQUEIRA, 1997;

RÔÇAS et al., 2001; RÔÇAS et al., 2002; FABRICIUS et al., 2006). Essas

interações podem ser positivas ou negativas. As positivas são o resultado de

diferentes espécies microbianas coexistirem em um hábitat no qual ambas não

poderiam existir sozinhas, incluindo o comensalismo ou o mutualismo.

Relações negativas podem ocorrer como o amensalismo e a competição por

nutrientes ou espaço (SUNDQVIST, 1994; JUNG et al., 2000; LANA et al.,

2001; SIQUEIRA & ROÇAS, 2003c).

Exemplos destas interações foram estudos por RÔÇAS et al. (2001) que

analisaram a ocorrência do complexo vermelho (T. forsythia, P. gingivalis e T.

denticola), muito encontrado e agressivo na doença periodontal, em infecções endodônticas. Apesar de encontrarem pelo menos um membro deste complexo

em 66% dos casos e T. forsythia e P. gingivalis estarem juntos em nove casos

e serem altamente invasivos e virulentos, a ocorrência deste complexo não foi

associada com sintomas de doenças perirradiculares. LANA et al. (2001)

observaram fortes associações entre espécies dos gêneros Prevotella com

Clostridium, Fusobacterium com Peptostreptococcus e em menores proporções Prevotella + Fusobacterium + Streptococcus.

SIQUEIRA & ROÇAS (2003c) avaliaram a associação entre a espécie D.

pneumosintes com outros microrganismos. Essa espécie foi sempre detectada em infecção mista com no mínimo duas ou outras espécies específicas.

(26)

nucleatum, P. micros, Campylobacter rectus, P. intermedia, T. pectinovorum e T vincentii. Observaram uma relação negativa com T. forsythia, P. gingivalis e Actinomyces israelii.

Atualmente, com a associação dos dados obtidos com as técnicas de

cultura, juntamente com os métodos moleculares, têm-se sugerido as seguintes

espécies: T. denticola, P. alactolyticus, F. nucleatum, P. endodontalis, P.

gingivalis, D. pneumosintes, P. tannerae, F. alocis, T. forsythia, Peptostreptococcus spp., Eubacterium spp., Campylobacter spp., como as principais responsáveis pela infecção primária do sistema de canais radiculares

(SIQUEIRA et al., 2004b; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2005b).

O tratamento endodôntico pode alterar o ecossitema de dento do canal

de diferentes maneiras. O primeiro efeito pode ser a troca de relativa

anaerobiose com a abertura do canal, alterando o potencial de oxi-redução. O

segundo está relacionado à ação dos agentes antimicrobianos durante o

preparo químico-mecânico e da medicação intracanal, os quais são capazes de

romperem as inter-relações nutricionais entre as espécies e provocarem

carência de nutrientes para uma certa espécie, em decorrência da eliminação

da espécie fornecedora do determinado nutriente (BYSTRÖM & SUNDQVIST,

1983; SIREN et al., 1997; LANA et al., 2001; CHU et al., 2005).

Bactérias anaeróbias estritas Gram-negativas são mais facilmente

erradicadas durante os procedimentos químico-mecânicos da terapia

endodônica. Tais espécies bacterianas apresentam em sua membrana uma

endotoxina, denominada lipopolissacarídeo (LPS), uma das responsáveis por

(27)

espontânea e com a sensibilidade à percussão de dentes com lesões

perirradiculares, mesmo após a morte da célula bacteriana (ZEHNDER, 2006).

O LPS apresenta uma porção denominada lipídio A, que é hidrolizada por

substâncias alcalinizantes como o hidróxido de cálcio (BUCK et al., 2001a;

NELSON-FILHO et al., 2002).

Bactérias Gram-positivas, principalmente as facultativas, podem ser

mais resistentes aos efeitos do preparo químico-mecânico e, em especial, ao

hidróxido de cálcio (BYSTRÖM et al., 1985; SJOGREN et al., 1991; SIQUEIRA

& UZEDA 1996; GOMES et al., 2002; CHÁVEZ DE PAZ et al., 2003; 2004b;

CHÁVEZ DE PAZ, 2004a; KVIST et al., 2004). A maioria delas são habitantes

normais da cavidade oral e podem ser patógenos oportunistas envolvidos com

as infecções endodônticas (SIQUEIRA et al., 2002d). CHÁVEZ DE PAZ

(2004a) relataram que bactérias Gram-positivas apresentam a capacidade de

se adaptar rapidamente quando expostas a condições extremas e que a

robusta estrutura da parede celular destas bactérias serve de proteção contra

os agentes antimicrobianos.

Alguns gêneros, tais como: Actinomyces, Streptococcus, Lactobacillus e

a espécie Enterococcus faecalis podem estar presentes em infecções

primárias. No entanto, são bastante prevalentes após o tratamento ou nas

infecções persistente. A espécie E. faecalis é considerada a mais prevalente

em fracasso do tratamento endodôntico (SJÖGREN et al., 1997; SUNDQVIST

et al., 1998; SIQUEIRA & RÔÇAS, 2004b; ZERELLA et al., 2005). Tais bactérias podem ter sobrevivido aos procedimentos de desinfecção intracanal

(28)

ou sido invasores secundários, as quais tenham penetrado no interior do

sistema de canais radiculares durante ou após a terapia endodôntica.

SIQUEIRA et al. (2002d) avaliaram a prevalência de espécies de

Actinomyces, Streptococcus e E. faecalis em infecções primárias. Por meio do método molecular Checkerboard para hibridização DNA-DNA, detectaram

22.6% de espécies do gênero Streptococcus, 9,4% de Actinomyces e 7,5% de

E. faecalis em 53 amostras de dentes infectados. Nas amostras de casos assintomáticos (26), a prevalência foi de 11,5% da espécie de Streptococcus

intermedius; 11,5% E. faecalis e 7,7% de Streptococcus anginosus. RÔÇAS et al. (2004) relacionaram E. faecalis com diferentes formas de doenças perirradiculares. Utilizaram Nested PCR e encontraram maior associação desta

bactéria com casos assintomáticos e principalmente com lesões refratárias ao

tratamento.

PETERS et al. (2002) em um estudo de cultura, encontraram as

bactérias: P. intermedia, P. micros, Actinomyces odontolyticos, como as mais

presentes no inicio do tratamento. Estas bactérias permaneceram após o

tratamento como as mais predominantes, incluindo o gênero Capnocytophaga.

Assim como CHU et al. (2006) relataram que Streptococcus, Actinomyces e

Neiseria eram os gêneros mais resistentes ao tratamento.

CHÁVEZ DE PAZ et al. (2003) encontraram bactérias Gram-positivas

como maioria após o preparo químico-mecânico, cujos gêneros mais

prevalentes foram Lactobacillus, Streptococcus, Enterococcus e

Propionibacterium. Os mesmos autores em outro estudo (CHÁVEZ DE PAZ et al., 2004b) relataram uma grande associação positiva entre Lactobacillus spp. e

(29)

cocos Gram-positivos. Também encontraram os mesmos gêneros do estudo

anterior como os mais predominantes, incluindo Olsenella spp., Bifobacterium

spp., Actinomyces spp e Eubacterium spp. como os mais resistentes após o

preparo químico-mecânico. Posteriormente, CHÁVEZ DE PAZ et al. (2005)

confirmaram esta associação. Observaram que os grupos mais freqüentemente

isolados com espécies do gênero Streptococcus, após os procedimentos

químico-mecânicos, eram Enterococcus spp, Lactobacillus paracasei e

Olsenella uli. Gram-negativos e fungos eram menos freqüentes. LANA et al. (2001) também relataram a presença de L. paracasei e S. anginosus, além de

Candida guilliermondii como as mais resistentes à medicação com hidróxido de cálcio por uma semana.

O ecossistema microbiológico das infecções radiculares pode incluir,

além das bactérias e espiroquetas, os fungos. Estes são considerados

habitantes normais da cavidade oral, porém podem produzir doenças quando

fatores locais ou sistêmicos predispõem o indivíduo à infecção

(BAUMGARTNER et al., 2000). Fungos constituem uma pequena parte da

microbiota oral, sua presença tem sido reportada através de estudos utilizando

os métodos de cultura, métodos moleculares e microscopia eletrônica

(SIQUEIRA et al., 2002b). Tais microrganismos, de acordo com SUNDQVIST

(1994) não são membros comuns associados com infecções endodônticas

primárias, já que são mais freqüentes em infecções secundárias ou

persistentes relacionadas com o fracasso do tratamento endodôntico

(BAUMGARTNER et al., 2000; LANA et al., 2001; SIQUEIRA et al., 2002b;

(30)

encontradas dentro dos canais radiculares, destaca-se a espécie Candida

albicans (BAUMGARTNER et al., 2000; SIQUEIRA et al., 2002b; SIQUEIRA & SEN, 2004). Esta espécie de fungo é detectada dentro do sistema de canais

radiculares e apresenta a capacidade de penetrar através dos túbulos

dentinários em variada extensão, o que as torna inacessíveis aos

procedimentos e aos efeitos letais do preparo químico-mecânico. Além disso,

C. albicans pode ser resistente a alguns medicamentos intracanais, tal como o hidróxido de cálcio. Por isso é necessário aumentar o potencial da medicação

associando o hidróxido de cálcio com o paramonoclorofenolcanforado (PMCC)

ou com a clorexidina (SIQUEIRA, 2001b; FERGUSON et al., 2002; SIQUEIRA

& SEN, 2004; VALERA et al., 2001).

Vale ressaltar que a sobreobturação, reações de corpo estranho e

cristais de colesterol são fatores não microbianos, físicos ou químicos capazes

de induzir uma resposta inflamatória nos tecidos perirradiculares, porém são

transitórios, cabendo a perpetuação do quadro inflamatório aos fatores

microbianos (SJÖGREN et al., 1997; SIQUEIRA, 2001a; RÔÇAS et al., 2002;

SIQUEIRA & BARNETT, 2004; SIQUEIRA, 2005).

Aliada ao fato que as desordens pulpares e perirradiculares são doenças

inflamatórias de etiologia polimicrobiana, encontra-se a anatomia interna dos

canais radiculares. É composta por um emaranhado sistema de canais laterais,

acessórios, colaterais, presença de deltas apicais, istmos, ramificações e

túbulos dentinários. Esta complexa anatomia dificulta a ação das soluções

antimicrobianas e a eliminação satisfatória da infecção intra-radicular (BAKER

(31)

O terço apical é a região do canal radicular no qual se encontra a maior

incidência de ramificações e de variações anatômicas (NAIR et al., 2005). DE

DEUS (1975) estudou a freqüência, a localização e a direção dos canais

laterais, acessórios e secundários no conduto radicular. Comprovou que essas

ramificações estavam presentes em todo o corpo radicular, porém a maior

freqüência se localizava no terço apical da raiz. O delta apical foi considerado a

variação anatômica mais comum.

A maioria dos microrganismos presentes na luz do canal principal

encontra-se em suspensão (área mais volumosa do sistema de canais), mas

pode estar aderida às paredes dos canais, formando agregados bacterianos ou

colonizando qualquer área da anatomia dos canais radiculares (SIQUEIRA et

al., 1996; SIQUEIRA, 2001b; 2002; SIQUEIRA et al., 2004b). Em um estudo do padrão de colonização bacteriana, SIQUEIRA et al. (2002a) observaram que os

cocos eram a forma bacteriana mais comum dentro dos canais radiculares.

Eles formavam densos agregados bacterianos nas paredes radiculares e

penetravam em diferentes profundidades nos túbulos dentinários.

A presença de biofilmes bacterianos próximos ao forame apical,

principalmente em áreas reabsorvidas de dentes com lesões perirradiculares,

pode levar à persistência das bactérias (SIQUEIRA & LOPES, 2001;

LEONARDO et al., 2002). Se estes microrganismos conseguirem evadir as

defesas do hospedeiro e se estabelecerem dentro de lesões perirradiculares

uma lesão extra-radicular pode se estabelecer (TRONSTAD et al., 1987).

A invasão bacteriana dentro dos túbulos ocorre por meio de divisão

(32)

oferece mais resistência para o crescimento e para a proliferação bacteriana

(SIQUEIRA, 2005). O tecido pulpar necrótico permite um favorável ambiente

para a proliferação de microrganismos devido à presença de nutrientes ou de

resíduos orgânicos, os quais atuam como substrato ou meio de cultura

(LEONARDO et al., 2002). Além da presença do tecido necrosado, a

multiplicação microbiana é facilitada pelo tamanho dos microrganismos, o qual

é bem menor do que o diâmetro do túbulo (MÖLLER et al., 1981; NAGOAKA et

al., 1995; SIQUEIRA et al., 1996; SIQUEIRA et al., 2004b).

PEREZ et al. (1993) estudaram, in vitro, a penetração de bactérias nos

túbulos dentinários. Os resultados mostraram que a espécie Streptococcus

sanguinis penetrou profundamente dentro dos túbulos, cerca de 792 µm. Os gêneros encontrados com maior freqüência dentro dos túbulos dentinários são

Actinomyces, Peptostreptococcus, Veilonella, Eubacterium, Fusobacterium, Propionibacterium, Prevotella, Porphyromonas e Streptococcus (SIQUEIRA, 2002; SIQUEIRA et al., 2004b). A invasão de túbulos dentinários pode proteger

células bacterianas dos efeitos dos procedimentos de desinfecção intracanal

(SIQUEIRA & SEN, 2004).

A dentina infectada constitui um grave problema durante o tratamento

endodôntico e necessita ser desinfectada durante a terapia. Uma boa

obturação pode englobar alguns microrganismos remanescentes de uma

dentina infectada, porém nem sempre produz um selamento completo do

sistema de canais radiculares. As falhas da obturação podem permitir a

percolação de fluidos dos tecidos perirradiculares e produzir substratos para as

(33)

lesão perirradicular (SIQUEIRA et al., 1996; SJÖGREN et al., 1997). Por estas

razões, o uso de agentes antimicrobianos durante a terapia se torna

impreterível (BERGENHOLTZ & SPANGBERG 2004).

Diante da confirmação que microrganismos e seus produtos exercem um

papel decisivo na patogênese e na perpetuação das lesões perirradiculares

(MILLER, 1894; KAKEHASHI et al., 1965; SUNDQVIST, 1976; MÖLLER et al.,

1981; TRONSTAD et al., 1987; SUNDQVIST, 1994; SIQUEIRA & UZEDA,

1996; NAIR et al., 2005), o tratamento endodôntico deve ser considerado como

uma manobra clínica de extrema importância, pautado em procedimentos

criteriosos e baseado em evidências científicas, os quais são capazes de

eliminar efetivamente microrganismos do sistema de canais radiculares, antes

da obturação dos mesmos (SJÖGREN et al., 1997; SIQUEIRA, 2001b).

Durante o tratamento endodôntico de dentes despolpados com lesão

perirradicular, o principal objetivo do preparo químico-mecânico é promover a

limpeza, a desinfecção e a modelagem do sistema de canais radiculares

(LOPES et al., 2004). O preparo químico-mecânico compreende o emprego

simultâneo de instrumentos endodônticos, a utilização de substâncias químicas

como soluções irrigadoras e a aplicação de uma medicação intracanal

(BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1983; BYSTRÖM et al., 1985; NAIR et al., 2005;

SIQUEIRA, 2005). A não observância de uma dessas etapas da terapia leva à

persistência de microrganismos no interior do canal radicular e estes serão os

principais responsáveis pelo fracasso da terapia endodôntica (SJÖGREN et al.,

1997; SUNDQVIST et al., 1998; SIQUEIRA & LOPES, 2001; SIQUEIRA &

(34)

STEWART (1955) afirmou que a fase mais importante do tratamento

endodôntico é o preparo químico-mecânico, já que durante o mesmo realiza-se

o alargamento do canal, reduz o número de microrganismos e removem-se

detritos orgânicos. Além disso, o aumento do diâmetro interno do canal permite

que a irrigação seja realizada com um maior volume de solução irrigadora e

melhora a difusão dos medicamentos. Outrossim, facilita na adaptação e na

condensação do material obturador.

A ação mecânica realizada pela instrumentação e, pelo fluxo e refluxo da

solução irrigadora, apresenta uma função de destaque na eliminação da

infecção instalada no sistema de canais radiculares, pois reduz

significativamente o número de microrganismos no interior do canal principal.

Além de ser considerado um passo essencial na desinfecção do canal e elevar

o grau de sucesso da terapia endodôntica. Todavia, a desinfecção e a

eliminação total de microrganismos, somente com a ação mecânica dos

instrumentos, não é observada (BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1981; ORSTAVIK

et al., 1991; SIQUEIRA et al., 1997; DALTON et al., 1998).

BAKER et al. (1975) demonstraram que o volume de irrigante é mais

importante do que o tipo, recomendando uma solução biologicamente

compatível. Concluíram também que, quando nenhum irrigante é usado

durante a instrumentação do canal radicular, aproximadamente 70% mais

debris permanecem nas paredes do canal quando comparado com canais

irrigados.

Em uma série de estudos BYSTRÖM & SUNDQVIST (1981; 1983)

(35)

radiculares com a ação mecânica dos instrumentos promove uma redução

bacteriana. A adição de uma substância de irrigação com propriedades

antibacterianas, como o NaOCl 0,5% ou 5%, promove a desinfecção em 40 a

60 % dos dentes tratados (BYSTRÖM & SUNDQVIST, 1983; 1985). A

subseqüente aplicação do hidróxido de cálcio como medicação intracanal

permite uma porcentagem de 90 a 100% de canais livres de bactérias

(BYSTRÖM et al., 1985).

DALTON et al. (1998) analisaram a eficiência da instrumentação na

redução bacteriana ao empregar duas técnicas diferentes: sistemas rotatórios

Profile taper 0.04 e limas manuais de aço inoxidável. Preconizaram como irrigante a solução salina que não apresenta efeitos adicionais químicos ao

preparo. Concluíram que não houve diferenças estatísticas entre as técnicas:

ambas foram capazes de reduzir a população bacteriana de dentro do sistema

de canais radiculares.

SIQUEIRA et al. (1999) encontraram, em um estudo in vitro, uma

redução da população bacteriana superior a 90% somente com a ação

mecânica dos instrumentos. Utilizaram solução salina como irrigante ao

comparar três técnicas de instrumentação diferentes: duas rotatórias e uma

manual.

A limpeza do canal radicular depende não só da ação mecânica de limas

e alargadores, mas também da ação químico-mecânica das soluções

irrigadoras (SIQUEIRA, 1997; SIQUEIRA et al., 2000b). SHUPING et al. (2000)

observaram que a redução bacteriana foi significativamente melhor quando um

(36)

com a solução salina estéril. Após a instrumentação com o NaOCl, a redução

foi de 61,9% de canais livres de bactérias, aumentando para 92,5% após uma

semana com hidróxido de cálcio como medicação intracanal.

A importância de se usarem irrigantes com atividade antimicrobiana

também foi comprovada por SIQUEIRA et al. (2002c) que testaram duas

técnicas de instrumentação com distintos métodos de irrigação do sistema de

canais radiculares. Revelaram não haver diferenças entre as técnicas, porém

todas foram significativamente superiores a instrumentação com irrigação

utilizando solução salina, um irrigante sem propriedades antibacterianas.

CARD et al. (2002) obtiveram uma redução bacteriana de 81,5% na

primeira instrumentação com limas Profile taper 0.04 e NaOCl a 1% como

irrigante passando para 89% na segunda instrumentação utilizando Lightspeed,

alargando o terço apical de molares até uma lima 60. E 100% de redução

bacteriana no preparo químico mecânico de unirradiculares e birradiculares,

logo na primeira instrumentação com o sistema Profile taper 0.04.

No estudo de McGURKIN-SNITH et al. (2005) os autores utilizaram a

técnica rotatória Profile GT para instrumentação dos canais radiculares com

NaOCl a 5,25% como solução irrigante. Verificaram que a maior redução da

população bacteriana era observada com o preparo químico-mecânico, de

93,55% de canais que continham bactérias no inicio do tratamento passaram

para 52,72% após o preparo químico-mecânico. Após a medicação com

hidróxido de cálcio, 86% dos canais apresentavam culturas negativas.

VIANNA et al. (2006) avaliaram a redução bacteriana de dentes com

(37)

gel de clorexidina a 2%. O NaOCl promoveu uma redução de 99,63%; a

clorexidina de 96,60%, com um método molecular quantitativo Real-time PCR.

Com a técnica de cultura, também realizada no mesmo estudo, 75% dos casos

irrigados com NaOCl e 50% com a clorexidina apresentavam-se livres de

bactérias, após o preparo químico-mecânico.

A mais difícil área de limpeza e manutenção da forma do canal é a

região apical. Instrumentos de aço inoxidável tendem a retificar canais curvos,

resultando em iatrogênias, como: zips, degraus, transporte do forame e

perfurações durante o preparo. O advento da liga de níquel-titânio (NiTi)

permitiu mudanças no design dos instrumentos endodônticos,

conseqüentemente um melhor desempenho destes durante a limpeza e a

modelagem do canal radicular. Menos possibilidades de erros durante a

instrumentação por manterem a forma original do canal e possibilitarem um

alargamento maior da porção apical do canal radicular (DALTON et al., 1998;

PETTIETTE et al., 1999; SHUPING et al., 2000; CARD et al., 2002; SIQUEIRA

et al., 2002c; WALTERS et al., 2002; McGURKIN-SMITH et al., 2005). Uma substancial redução bacteriana é observada com o aumento do calibre das

limas no terço apical, permitindo o progressivo alargamento concomitante com

o aumento da desinfecção do canal (ORSTAVIK et al., 1991; DALTON et al.,

1998; SIQUEIRA et al., 1999; SHUPING et al., 2000; CARD et al., 2002;

McGURKIN-SMITH et al., 2005; SCHÄFER & BÖSSMANN, 2005).

A solução irrigante deve entrar em contato com as paredes de dentina e

os debris de dentro do canal. O íntimo contato depende da tensão superficial

(38)

superficial é considerada o mais importante fator que determina a

penetrabilidade e o espalhamento da solução, tanto no canal principal quanto

em áreas inacessíveis como: canais laterais, acessórios e túbulos dentinários

(NAUMOVICH, 1963). TASMAN et al. (2000) estudaram a tensão superficial e

a estabilidade de potenciais irrigantes endodônticos. Entre as soluções

testadas, o NaOCl a 2,5% e 5% e o ácido etilenodiamino tetracético dissódico

(EDTA) a 17% obtiveram valores relativamente baixos de tensão superficial:

41, 43 e 46 dinas/cm, respectivamente. Uma solução contendo clorexidina a

0,2% em sua formulação (Cetredixine) apresentou o menor valor de tensão

superficial 32 dinas/cm. Concluíram que o agente com menor tensão superficial

penetra melhor nos túbulos dentinários.

BUCK et al. (2001b) compararam a eficácia de três irrigantes quanto à

capacidade de eliminar bactérias dentro dos túbulos dentinários: clorexidina a

0,12% (Peridex), NaOCl a 0,525% e Tubilicid (EDTA a 0,2%). Não houve

correlação estatística entre a eficácia do irrigante e a posição do canal (terço

coronal, médio ou apical) e a posição do túbulo (perto do espaço pulpar, meio

do túbulo ou perto do cemento). Os resultados demonstraram que o NaOCl foi

superior ao Tubulicid e ao Peridex. Em um outro estudo, FERGUSON et al.

(2002) verificaram que as soluções irrigantes como o NaOCl, o peróxido de

hidrogênio (H2O2) e a clorexidina foram capazes de se difundir em túbulos

dentinários e de eliminar C. albicans.

Embora a principal função das substâncias irrigadoras seja eliminar os

resíduos do canal radicular, elas devem apresentar outras propriedades

(39)

canais radiculares, tais como: solvente de tecidos orgânicos, baixa toxicidade,

baixa tensão superficial, lubrificantes, efeito antibacteriano e remoção da

camada superficial (smear-layer). Além de outros fatores, como disponibilidade

no comércio, custo moderado, facilidade de armazenamento e de difícil

neutralização para manter sua eficácia dentro do canal (LEONARDO & LEAL,

1998; BUCK et al., 2001b; LOPES et al., 2004).

O hipoclorito de sódio, apresentado por WALKER em 1936, nas suas

várias concentrações, é a solução irrigadora largamente utilizada, pois

apresenta muitas das propriedades de um irrigante ideal, além de possuir ação

rápida, desodorante e clareadora (LOPES et al., 2004). O seu uso é reportado

durante a I Guerra Mundial, na qual o NaOCl a 0,5% foi utilizado na limpeza de

feridas. Desde então, a eficácia desta solução tem sido testada em diferentes

concentrações (DAKIN, 1915).

As características físico-químicas do hipoclorito de sódio são essenciais

para a explicar seu mecanismo de ação. Reações de saponificação,

neutralização de aminoácidos e cloraminação podem ocorrer na presença de

microrganismos e de tecido orgânico, ajudando no processo de desinfecção e

dissolução de tecido orgânico. A atividade antimicrobiana está relacionada com

a inativação irreversível através dos íons hidroxila e das reações de

cloraminação de enzimas essenciais para o correto funcionamento bacteriano.

O hipoclorito de sódio promove alterações biossintéticas, destruição de

fosfolipídios e formação de cloraminas que interferem no metabolismo celular e

ações de oxidação. A ação de dissolução de tecido orgânico pode ser

(40)

lipídios e ácidos graxos, resultando em sabão e glicerol (ESTRELA et al.,

2002).

É fato que o hipoclorito de sódio tem a capacidade de dissolver matéria

orgânica, porém divergências quanto a melhor concentração para exercer esta

propriedade sem efeitos tóxicos para os tecidos perirradiculares e com a

mesma atividade antimicrobiana, continuam sendo alvo de muitas pesquisas,

uma vez que a redução da concentração resulta em significantes diminuições

dos efeitos antimicrobianos (AYHAN et al., 1999).

TREPAGNIER et al. (1977) estudaram a solução de NaOCl a 5% nos

períodos de 1, 5, 15 e 60 minutos. Verificaram que esta substância é um

potente solvente de tecido e sua ação começa imediatamente em contato com

o canal e continua pelo menos uma hora após o uso.

GORDON et al. (1981) testaram as concentrações de NaOCl a 0%, 1%,

3% e 5% em polpas bovinas vitais e necróticas durante o período entre 02 e 10

minutos. NaOCl a 0% não dissolveu a polpa vital e exerceu pequeno efeito

sobre a necrótica. As concentrações de 3% e 5% foram igualmente eficazes

em dissolver 90% da polpa em 10 minutos, sendo recomendado, em condições

clínicas, o uso de NaOCl a 3%.

BAUMGARTNER & CUENIN (1992) investigaram através do

microscópio eletrônico de varredura, superfícies instrumentadas e não

instrumentadas do terço médio de canais radiculares irrigados com diferentes

concentrações de NaOCl (5,25%, 2,5%, 1% e 0,5%). Foi observado

smear-layer em alguns túbulos expostos em áreas instrumentadas, independentemente da concentração empregada. Em áreas não

(41)

instrumentadas, todas as concentrações do hipoclorito de sódio, com exceção

do NaOCl a 0,5%, foram capazes de remover remanescentes pulpares e

pré-dentina.

As propriedades de desinfecção, de dissolução de tecidos frescos,

fixados e necróticos e a remoção de debris são realçadas com a elevação da

temperatura: NaOCl a 2,6% é mais eficiente quando usado na temperatura do

corpo (37°C) do que em temperatura ambiente (22°C) (CUNNINGHAN &

JOSEPH, 1980) e a concentração de 5,25% é mais eficaz do que 2,6%,

independentemente do tipo do tecido e da temperatura da solução

(ABOU-RASS & OGLESBY, 1981).

SIQUEIRA et al. (2000b) verificaram a redução da população bacteriana

após a irrigação e instrumentação utilizando diferentes concentrações de

NaOCl (1%, 2,5% e 5,25%). Não houve diferenças significativas entre as três

concentrações testadas: todas foram capazes de reduzir, de maneira

significante, o número de bactérias. Para compensar os efeitos das baixas

concentrações, quantidades abundantes de solução irrigante devem ser

utilizadas.

A instrumentação-irrigação produz extrusão de material além do ápice

dentário, porém é necessária para se obter uma limpeza eficaz. O uso de

substâncias com efeito químico adicional também é essencial durante o

tratamento endodôntico, sendo necessária a utilização de soluções com baixa

toxicidade para os tecidos perirradiculares (VANDE VISSE & BRILLIANT,

(42)

O uso de agentes químicos tóxicos como irrigantes endodônticos pode

causar um retardo no restabelecimento da saúde dos tecidos perirradiculares.

A severidade da injúria depende da ação da solução empregada, de sua

concentração e da duração do contato (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). O grau

de irritação dos tecidos perirradiculares pode ocorrer sem a associação do

aumento de dor entre as sessões do tratamento (HARRISON et al., 1978).

Embora o hipoclorito de sódio tenha excelente ação antimicrobiana e

seja um excelente solvente tecidual, em altas concentrações é tóxico aos

tecidos perirradiculares, apresenta odor e provoca corrosão dos instrumentos

(VAHDATY et al., 1993; JEANSONNE & WHITE, 1994; AYHAN et al., 1999;

ÖNÇAG et al., 2003; WEBER et al., 2003; SIQUEIRA, 2005).

TANOMARU-FILHO et al. (2002b) testaram a resposta inflamatória

provocada pelo NaOCl a 0,5% e clorexidina a 0,2% no interior da cavidade

periotoneal de 60 ratos, nos intervalos de 4h, 24h, 48h e 168 horas. Na

contagem de células inflamatórias o NaOCl, mesmo em baixas concentrações,

causou mais irritação tecidual e maior resposta inflamatória do que a

clorexidina que se mostrou biocompatível para utilização como irrigante.

O papel da irrigação-aspiração é bastante significativo, pois além da

remoção da substância química auxiliar utilizada durante o preparo

químico-mecânico, haverá a remoção do magma dentinário, de restos necróticos, de

sangue e de exsudato. Durante a instrumentação do canal radicular, a

smear-layer, principalmente o material inorgânico, é formada nas paredes do canal e sua remoção é de extrema importância, pois a mesma pode conter bactérias e

(43)

dentinários infectados. Além disso, a remoção da smear-layer permitirá uma

eficiência maior do curativo intracanal e ainda uma adesão maior do cimento

obturador nas paredes do canal (MACHADO et al., 2001).

CALAS et al. (1998) avaliaram se a remoção de smear-layer poderia

afetar a invasão e a colonização intra-radicular por cepas bacterianas com alto

poder patogênico. Diante da superfície radicular limpa, o número de células

bacterianas aderentes diminuiu. O uso do agente quelante ácido cítrico a 6%

com NaOCl a 6,25% como irrigação final removeu a smear-layer e limitou a

invasão da P. nigrescens.

O hipoclorito de sódio, apesar de ser considerado um rápido e forte

desinfetante e de atuar sobre a material orgânica, não é muito eficiente na lama

dentinária formada pós-instrumentação, dado que permite a permanência de

bactérias que sobreviveram aos procedimentos bactericidas durante a irrigação

(BAKER et al., 1975; BYSTROM & SUNDQVIST, 1985; BAUMGARTNER &

MADER, 1987). BYSTROM & SUNDQVIST (1985) observaram que a

combinação do NaOCl a 5% com um agente quelante (EDTA a 15%) foi mais

eficiente na redução bacteriana do que o NaOCl utilizado isoladamente.

Outros irrigantes e diferentes estratégias têm sido recomendadas para

aumentar a limpeza, a capacidade antimicrobiana e diminuir a toxicidade das

soluções utilizadas como irrigantes do sistema de canais radiculares

(SIQUEIRA et al., 2002c). Combinações do hipoclorito de sódio com outras

substâncias, tais como: H2O2, ácido cítrico, detergentes aniônicos, EDTA e

clorexidina, ou a utilização destas soluções isoladamente, são alvos de

(44)

SUNDQVIST, 1985; BAUMGARTNER & MADER, 1987; YESILSOY et al.,

1995; KURUVILLA & KAMATH, 1998; SIQUEIRA et al., 1998a; SHABAHANG &

TORABINEJAD, 2003).

McCOMB & SMITH (1975) testaram vários irrigantes (NaOCl a 1% e 6%,

H2O2 a 3%, REDTA e RD-Prep) sozinhos ou em combinações. Nenhuma das

soluções testadas foram capazes de remover completamente a smear-layer e

os debris superficiais das paredes do canal radicular. O NaOCl quando usado

sozinho, foi mais eficiente do que em combinação com H2O2, REDTA ou

RC-Prep.

SVEC & HARRISON (1977) realizaram a remoção de restos pulpares e

debris dentinários com a associação do NaOCl a 5,25% e H2O2 a 3%. Esta

combinação foi mais eficiente do que a solução salina nos níveis de 1 até 3 mm

do ápice dentário. THÉ (1979) observou que o NaOCl a 3% tem adequada

ação solvente em tecidos necróticos e a combinação com H2O2 a 3% não

resultou em acréscimo da ação solvente, não recomendando o uso simultâneo

destas soluções.

SIQUEIRA et al. (1998a) compararam o efeito bactericida de várias

substâncias irrigadoras contra quatro tipos de bactérias anaeróbias estritas e

outras quatro anaeróbias facultativas. De acordo com o tamanho das zonas de

inibição do crescimento bacteriano, obtiveram os seguintes resultados, da mais

forte para a mais fraca: NaOCl a 4%; NaOCl a 2,5%; clorexidina 2%;

clorexidina 0,2%, EDTA a 17%; ácido cítrico e NaOCl a 0,5%. Ambas as

soluções de clorexidina inibiram todas as bactérias, porém foram menos

(45)

SEN et al. (1999) testaram o efeito antifúngico das soluções de

clorexidina a 0,12% e NaOCl a 1% e 5% nos períodos de 1, 5, 30 e 60 minutos.

Na ausência de smear-layer, as soluções de clorexidina e NaOCl a 1% foram

efetivas após uma hora e NaOCl a 5% depois de 30 minutos.

MACHADO et al. (2001) avaliaram, in vitro, a atividade antimicrobiana de

algumas substâncias usadas como soluções irrigadoras de canais radiculares:

NaOCl a 0,5%, 1% e 5,25%, clorexidina a 2% e o endoquil a 10%. Foram

utilizados 06 tipos de microrganismos: Staphylococcus aureus, Escherichia coli,

Streptococcus alfa-hemolíticos, Pseudomonas aeruginosa, C. albicans e o Lactobacillus spp. Os agentes químicos agiram sobre os microrganismos durante um tempo padronizado que variou de 10 a 15 minutos. As soluções de

hipoclorito de sódio apresentaram ação antimicrobiana efetiva e não tiveram

diferenças estatisticamente significantes entre as concentrações estudadas.

Com a clorexidina a 2% os resultados mostraram crescimento do S. aureus. O

endoquil a 10% foi o menos efetivo das soluções testadas.

ESTRELA et al. (2003) determinaram a concentração inibitória mínima e

o efeito antimicrobiano, por meio do teste de exposição direta, de quatro

soluções irrigantes: NaOCl a 1%, clorexidina a 2%, solução de hidróxido de

cálcio a 1% e solução de hidróxido de cálcio com detergente sobre S. aureus,

E. faecalis, P. aeruginosa, Bacillus subtilis, C. albicans. Com o teste de exposição direta, o NaOCl apresentou melhor eficácia antimicrobiana perante

todos microrganismos testados em todo o tempo. A clorexidina foi efetiva

contra S. aureus, E. faecalis e C. albicans em todo o tempo testado e ineficaz

(46)

microrganismos. A irrigação que continha o hidróxido de cálcio apresentou os

piores resultados.

YAMASHITA et al. (2003) observaram que a melhor limpeza era obtida

utilizando NaOCl a 2,5% associado ao EDTA a 17%, quando comparado com o

NaOCl ou a clorexidina a 2% isoladamente.

CARSON et al. (2005) compararam, com o teste de difusão em ágar a

atividade antimicrobiana de diferentes soluções utilizadas como irrigantes

endodônticos frente a 4 microrganismos: P. micros, P. intermedia, S. sanguinis

e Lactobacillus acidophilus. Em relação às três primeiras espécies bacterianas as soluções mais eficientes por ordem decrescente foram: doxiciclina a 0,01%

e 0,005%, NaOCl a 6% e 3%, clorexidina a 2% e 0,12%. Quanto à espécie L.

acidophilus, as soluções mais eficientes foram: NaOCl a 6% e 3%, clorexidina a 2%, doxiciclina a 0,01% e 0,005% e clorexidina a 0,12%.

O ozônio tem uma forte ação antimicrobiana contra bactérias, fungos e

vírus. Apresenta um poder de oxidação capaz de destruir a parede celular e a

membrana citoplasmática de fungos e bactérias. Após a membrana ser

danificada pela oxidação, a permeabilidade aumenta e moléculas de ozônio

podem entrar nas células causando a morte do microrganismo (NAGAYOSHI et

al., 2004). Estes autores, após utilizarem a água ozonizada como um novo irrigante endodôntico, observaram que a viabilidade de E. faecalis e

Streptococcus mutans em invadir túbulos dentinários decresceu. Afirmaram que a água ozonizada apresenta a mesma atividade antimicrobiana do NaOCl

(47)

resultados mostraram que a água ozonizada apresenta toxicidade mais baixa

que o NaOCl a 2,5%.

SHABAHANG & TORABINEJAD (2003) testaram o MTAD, que é uma

mistura de tetraciclina, ácido e detergente, em associação com o NaOCl a

1,3% como irrigante final em canais contaminados com E. faecalis de dentes

extraídos. Os achados sugerem que o MTAD é mais efetivo do que o NaOCl

sozinho em eliminar esta bactéria e tem melhor capacidade de penetrar nos

túbulos dentinários, provavelmente pela presença do detergente em sua

formulação.

A clorexidina é uma substância que foi desenvolvida nos anos 40 pelas

Indústrias Químicas Imperial, Inglaterra (ADDY, 1997; ZEHNDER, 2006). Foi

comercializada em 1954 como anti-séptico para tratamentos ginecológicos,

urológicos e na desinfecção de ferimentos na pele. Em 1959 passou a ser

empregada na Odontologia, na anti-sepsia das mãos do profissional e do

pessoal auxiliar e em áreas de intervenções cirúrgicas, assim como na forma

de bochechos (FAVA et al., 2001).

A solução de clorexidina é uma base forte, pouco solúvel em água, logo

se apresenta na forma de sal. Está disponível em três diferentes formas de

sais: digluconato, acetato ou cloridrato, sendo os dois primeiros solúveis em

água e o terceiro, raramente solúvel em água (ADDY, 1997; ZEHNDER, 2006).

A solução aquosa do sal de digluconato de clorexidina é a mais utilizada em

Odontologia (DELANY et al., 1982).

A clorexidina é uma bisbiguanida, uma molécula catiônica simétrica, que

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