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OS PÓLOS DE COMPETITIVIDADE COMO INSTRUMENTO PARA O RELANÇAMENTO INDUSTRIAL DA FRANÇA E A COMPETITIVIDADE TERRITORIAL

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OS PÓLOS DE COMPETITIVIDADE COMO INSTRUMENTO PARA O

RELANÇAMENTO INDUSTRIAL DA FRANÇA E A COMPETITIVIDADE

TERRITORIAL

Carlos Figueiredo@ Joana Chorincas@ Natalino Martins@

Com a colaboração de José M. Félix Ribeiro, Subdirector Geral do DPP

1. INTRODUÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA A COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL E TERRITORIAL DA FRANÇA

A política dos pólos de competitividade surge num contexto em que na indústria francesa: O peso do Valor Acrescentado Bruto no VAB total ao longo dos últimos 20 anos desceu de cerca de 30 para 20%1, quando medido em valor, mas em volume manteve-se próximo dos 20%2;

Se manteve uma quota de mercado mundial relativamente estável ao longo de 30 anos (entre 1970 e 1999);

Se tem mantido uma taxa de crescimento do investimento superior à do conjunto da economia;

Tem vindo a diminuir o volume de emprego, que passou de cerca de 29 para 17% do emprego total nos últimos 20 anos3, correspondendo a uma perda de 1,5 milhões de

@ cmfigo@dpp.pt

@ joanachorincas@netcabo.pr @ natalino@dpp.pt

1 Se considerarmos apenas a indústria transformadora strictu sensu (excluindo as agro-alimentares e a

energia), a descida passa de cerca de 23 para 15%. FONTAGNÉ, L., LORENZI, J.-H-, (2005) e DATAR (2004).

2 O que resulta do efeito conjunto dos ganhos de produtividade e da baixa dos preços dos produtos

industriais (FONTAGNÉ, L., LORENZI, J.-H-, (2005) e DATAR (2004).

(2)

empregos que, tendo em conta o referido no primeiro parágrafo, se deveu ao aumento da produtividade e não à redução da escala de actividade;

A amplitude da “desindustrialização” associada a essa perda de emprego industrial deve ser relativizada porquanto parte significativa dessa perda se traduziu na externalização de funções terciárias mercantis, cujo emprego naquele período cresceu de 2,9 milhões (24%), dos quais 1,9 se reportam a serviços prestados às empresas; O investimento nos países em desenvolvimento, enquanto indicador da deslocalização, constitui apenas 4% do investimento total no exterior; e,

O investimento no exterior tem constituído uma fonte importante de criação de emprego em França4 e de melhoria da balança comercial francesa.

Todavia, embora a França continue a ser a 2ª potência europeia em termos de potencial científico e tecnológico, situando-se ligeiramente acima do Reino Unido mas bastante abaixo da Alemanha, essa posição tem vindo a perder importância desde 19955, em particular devido à evolução registada na região de Île-de-France.

Simultaneamente, como se pode ver pela figura 1.2, a estrutura territorial do potencial científico e técnico está muito concentrada em quatro regiões6, das quais apenas duas apresentam também um forte potencial industrial7. A forte concentração territorial da actividade científica e tecnológica tem vindo a diminuir, só que, essa diminuição resulta mais da perda de importância da região líder, como vimos já, do que do aumento do potencial científico e técnico das restantes regiões.

A figura 1.3 mostra-nos exactamente essa evolução ao colocar as regiões de Île-de-France et Rhône Alpes no grupo das regiões dilema, isto é, entre as regiões que perderam potencial científico e técnico mas se mantiveram no grupo das regiões europeias líderes. Salienta-se, a propósito daquela figura que a região PACA reforçou a sua posição no grupo dos líderes, enquanto os Midi-Pyrénées a mantiveram.

A perda relativa de importância da região Île-de-France é ainda visível a nível das suas posições no PIB e na população, no primeiro caso com uma taxa de crescimento entre 1990-2002 inferior à média da França metropolitana, e, no segundo caso com uma taxa de

4 Os 10 sectores industriais que mais investiram no exterior, entre 1997 e 2000, criaram mais de 100

mil empregos em França (DATAR, 2004).

5 Ao contrário do sucedido com a Alemanha (+ 4,6 pontos num indicador constituído pelo número de

artigos publicados e pelo número de patentes), a França perdeu 2,3 pontos. Para uma perspectiva global ver Figura 1.1.

6 Île-de-France e Rhône Alpes (que asseguram mais de 50% da posição francesa na Europa) e, em

menor escala, Midi Pyrénés e PACA (Provence, Alpes, Côte d’Azur). Mais de 80% daquela posição é assegurada por apenas 8 regiões).

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variação próxima dessa média, embora mantenha claramente a predominância face às restantes regiões (Figura 1.4). Em sentido contrário estão as evoluções acima da média metropolitana em ambas as variáveis de regiões emergentes, tais como Rhône-Alpes, PACA, Midi-Pyrénées, Aquitaine, Pays de la Loire, Bretagne e Languedoc-Roussillon, embora, exceptuando os dois primeiros casos, mantenham dimensões muito restritas comparativamente à região capital.

Este cenário quase que se repete, quando nos reportamos ao crescimento do emprego total e do emprego metropolitano superior (Figura 1.5). Neste caso, apenas há a assinalar uma maior perda de importância da região Île-de-France em ambas as variáveis, e da região PACA no que se refere ao emprego superior.

Figura 1.1

A POSIÇÃO EVOLUTIVA DA FRANÇA NO POTENCIAL CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO EUROPEU

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Figura 1.2

AS ESTRUTURAS TERRITORIAIS DO POTENCIAL CIENTÍFICO E INDUSTRIAL DA FRANÇA

Fonte: DATAR (2004).

Figura 1.3

POSICIONAMENTO E EVOLUÇÃO DAS REGIÕES FRANCESAS NA EUROPA

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Figura 1.4

VARIAÇÕES DO PIB E DA POPULAÇÃO NAS REGIÕES METROPOLITANAS DE FRANÇA

Fonte: DATAR (2005).

Figura 1.5

VARIAÇÕES DO EMPREGO E DO EMPREGO SUPERIOR NAS REGIÕES METROPOLITANAS DE FRANÇA

Fonte: DATAR (2005).

Neste contexto, e na base da convicção de que não há economia próspera sem indústria, que a indústria francesa precisa de evoluir para uma maior incorporação de conhecimento para ser sustentável e de que a sua competitividade exigirá uma maior articulação em rede das

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empresas e um maior entrosamento da indústria com a investigação, a formação e os territórios, surge a política dos pólos de competitividade.

A política dos pólos de competitividade vem na sequência da política dos sistemas produtivos locais, implementada entre 1997 e 2001, e inspira-se em modelos semelhantes seguidos por outros países, como a Alemanha com as redes de competência e a Itália com os distritos tecnológicos. Embora com matizes diferenciadas, em todos os casos poderíamos dizer que se trata de “casar” a indústria com inovação e desenvolvimento regional eficiente8, na base da proximidade geográfica e cooperação entre os agentes que podem gerar a competitividade: empresas, instituições de I&D e de formação.

A propósito da estratégia de competitividade assente nos pólos de competitividade, coloca-se também a questão da competitividade das aglomerações urbanas. Nesta perspectiva, a rede urbana francesa continua ainda a ser uma rede bastante desequilibrada e com escassez de centros com dimensão relevante à escala europeia, apesar de possuir uma das duas aglomerações urbanas europeias com escala global, como o mostra um estudo recente promovido pela DATAR (ver caixa 1.1 e figura 1.6).

Simultaneamente surge assim também a política de reforço das cooperações metropolitanas visando conferir maior escala internacional às cidades que se situam imediatamente abaixo de Paris na hierarquia urbana francesa, de modo a tornar a rede urbana francesa globalmente mais competitiva e atractiva (ver caixa 1.1). A cooperação metropolitana articula-se com a política dos pólos de competitividade, na medida em que as instituições parceiras de pólos focados em espaços de parceria metropolitana se devem enquadrar também nestas parcerias.

8 Desenvolvimento regional baseado no fortalecimento das capacidades regionais, através da inovação e

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CAIXA 1.1

A REDE URBANA FRANCESA E O PROGRAMA DAS COOPERAÇÕES METROPOLITANAS A figura 1.6 dá-nos uma imagem da rede urbana francesa, no contexto da rede urbana europeia organizada em 7 escalões de importância com base em 15 variáveis, segundo um estudo que abrangeu as 180 aglomerações urbanas europeias (da UE15) de mais de 200 mil habitantes. Como se pode ver por aquele mapa, há um grande salto entre a aglomeração de Paris (de nível global) e as que imediatamente se lhe seguem, que se situam no 4º (Toulouse, Marselha e Lyon) e 5º escalões (Strasbourg, Bordeaux, Lille, Nice, Montpellier, Nantes e Grenoble).

Neste contexto, numa primeira fase este programa visou estabelecer parcerias entre cidades, para a elaboração de projectos metropolitanos, parcerias que foram estabelecidas de acordo com dois tipos de espaços metropolitanos: As regiões metropolitanas envolvendo aglomerações urbanas de mais de 500 mil habitantes e as cidades médias integradas na sua área de influência, e as redes de cidades envolvendo mais de 500 mil habitantes polarizadas por uma aglomeração urbana de pelo menos 200 mil habitantes. Numa segunda fase, após elaboração de um contrato de metropolitano para cada parceria, prevêem-se apoios a investimentos materiais e imateriais que visem a implementação do projecto metropolitano. Foram aprovados 15 projectos, de um total de 20 candidaturas ao programa. A figura 1.7 mostra-nos as incidências territoriais dos projectos metropolitanos aprovados, sendo de realçar os vários casos de cooperações transfronteiriças com a Bélgica, a Alemanha e a Suíça.

(8)

Figura 1.6

A REDE URBANA EUROPEIA

(1) Metrópoles de nível mundial. (2) Metrópoles europeias principais. (3) Metrópoles europeias.

(4) Grandes cidades de importância europeia. (5) Grandes cidades com potencial europeu. (6) Cidades de importância nacional consolidada. (7) Cidades de importância nacional.

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Figura 1.7

OS 15 PROJECTOS DE COOPERAÇÃO METROPOLITANA APROVADOS EM FRANÇA

Fonte: DATAR.

2. O QUE SÃO OS PÓLOS DE COMPETITIVIDADE?

Os pólos de competitividade devem ser entendidos num duplo sentido. Em primeiro lugar como um programa de políticas públicas com o qual se pretende relançar industrialmente a França e promover o desenvolvimento regional competitivo:

Através de processos de inovação científica e tecnológica que lhe permitam adquirir nalguns casos competitividade e liderança internacional, e noutros competitividade internacional sem pretensão de liderança; e,

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Simultaneamente, introduzir alguma dinâmica de desconcentração territorial das actividades produtivas que constituem a especialização produtiva do país, ajudando a contrariar um modelo territorial, ainda hoje muito centrado na Île-de-France, pese embora o facto de estarmos já bastante afastados da imagem prevalecente durante décadas daquela região como “ilha” no deserto francês.

Em segundo lugar trata-se de saber substantivamente o que é um pólo de competitividade. Programaticamente define-se o “pólo de competitividade como a combinação, num determinado espaço geográfico, de empresas, de centros de formação e de unidades de investigação públicas ou privadas, empenhados numa parceria destinada a criar sinergias em torno de projectos comuns inovadores”9.

Aquela definição remete-nos para um conceito de pólo substancialmente diferente dos conceitos tradicionais, desde o pólo de crescimento de Perroux, até aos pólos tecnológicos (nas várias designações que lhe foram dadas, tecnopolos, parques tecnológicos, parques de ciência e tecnologia, ...).

No primeiro caso tratava-se de uma aglomeração geográfica de empresas industriais motoras (líderes do crescimento económico) e de empresas dependentes, que sendo fornecedoras ou compradoras em relação às primeiras, por elas eram atraídas por beneficiarem da aglomeração geográfica, em termos de custos de transporte e de economias de escala.

No segundo caso, poderíamos dizer que estávamos perante o mesmo princípio de interdependência de actividades e de aglutinação geográfica, só que as unidades motoras são produtoras de conhecimento, e os fluxos entre unidades motoras e dependentes, que irrigam o pólo não são fluxos de mercadorias, mas sim fluxos de informação. Da presença de várias valências científicas e tecnológicas no pólo, esperar-se-ia um efeito de fertilização cruzada de conhecimentos e de formação de ideias para a valorização económica dos projectos científicos e de desenvolvimento tecnológico, para o qual contribuiria a proximidade geográfica absoluta enquanto elemento facilitador dos contactos pessoais e do estabelecimento de relações de confiança.

Em ambos os casos a expectativa era a de que, implantando a(s) unidade(s) motora(s) o efeito de aglomeração na atracção das unidades dependentes surgiria por si. No primeiro caso, poderemos dizer que se tratava de um sistema territorial de produção que, por via das economias de aglomeração, aumentava a eficiência industrial. No segundo caso poderemos dizer que se tratava de um sistema territorial de inovação, exactamente na base do mesmo princípio de que a aglomeração espacial facilitaria todo o processo de desenvolvimento de conhecimentos e de aparecimento das unidades que os valorizariam economicamente.

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Surgindo frequentemente de processos espontâneos, por vezes associados a factores ocasionais (por exemplo, Silicon Valley), em ambos os casos, entendeu-se também que estes sistemas poderiam constituir instrumentos para o desenvolvimento regional equilibrador, no sentido em que as unidades motoras se estabelecessem em regiões em declínio ou em subdesenvolvimento económico. Em ambos os casos instituiu-se a ideia de usar a figura do pólo como instrumento de desenvolvimento regional.

Tal instrumento revelou-se todavia, na maior parte dos casos, pouco eficaz e mesmo limitador das próprias possibilidades de desenvolvimento dos pólos, quando se tratou de instalar “catedrais” no deserto, isto é, quando à partida não se reuniam condições mínimas em termos de escala de actividade para viabilizar o pólo e quando não se instituíram mecanismos de irrigação para impulsionar o desenvolvimento global das regiões de implantação, através dos vários tipos de efeitos multiplicadores.

Certamente que quando se tratou da sua instalação em regiões com potencial industrial e/ou universitário, os resultados foram positivos, embora visíveis apenas a longo prazo (caso de Sophia-Antipolis/Nice, em que só ao fim de cerca de duas décadas de investimento público maciço se tornou verdadeiramente num caso de sucesso). O caso de Toulouse/Bordéus na indústria aeronáutica mostra todavia que, quando há uma valência local indispensável para o lançamento de uma indústria, o pólo pode funcionar mesmo numa zona desprovida de tradição industrial. Já, por exemplo, o caso de Sines, cuja valência local inicial resultou das condições para um porto de águas profundas, revelou-se turbulento em termos industriais, por falta de visão prospectiva na sua concepção, e inútil em termos de desenvolvimento regional, pois os seus efeitos regionais se esgotaram a nível local.

Basicamente, o pólo de competitividade distingue-se da figura tradicional dos pólos, por se tratar essencialmente de um projecto de parceria a dois níveis, por um lado entre, as instituições que são fundamentais para o crescimento industrial inovador no contexto da economia global (as empresas e as instituições de I&D, ensino e formação), e, por outro lado, com as instituições financeiras e as administrações públicas aos vários níveis territoriais que irão apoiar cada projecto de pólo.

Desse modo, os posicionamentos e funções de cada tipo de agente nos pólos são diferenciados. Entre os participantes no pólo devem distinguir-se:

Os actores principais (empresas, unidades de I&D e centros de formação) que constituem os elementos que configuram o pólo (produção, investigação e inovação e formação) e, em parceria, são responsáveis pela sua implementação; e,

Os parceiros maiores, as colectividades territoriais e os parceiros financeiros, os primeiros como agentes que propiciam determinadas externalidades locais e os segundos como agentes financiadores.

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As empresas participantes no pólo podem ser grandes e pequenas e médias empresas, podendo as grandes empresas constituir elementos terminais da cadeia inovadora e produtiva do pólo e as PME funcionar como fornecedoras de inputs materiais e imateriais o que confere ao pólo uma função importante apoio a start-ups.

Neste contexto ao Estado cabe apenas o papel de actor político, isto é, o papel de configuração, lançamento e acompanhamento do programa, e de criador de certas facilidades a nível institucional para os actores principais em função dos seus projectos de pólo.

O pólo de competitividade resulta da união dos já referidos elementos/actores principais, em torno de três prioridades:

Parcerias com elementos exteriores ao pólo mas com ele relacionados (financiadores,

Estado e colectividades territoriais);

Projectos comuns concretos, indutores de produções de forte valor acrescentado

e de emprego qualificado e muito qualificado; e,

Visibilidade internacional, no sentido em que devem dispor de massa crítica

industrial e tecnológica suficiente para, a prazo, se poderem posicionar nos primeiros lugares mundiais das actividades com forte potencial de crescimento.

Consoante os modos como os elementos e as parcerias se combinam, os pólos de competitividade podem ser:

De dominante tecnológica, que se caracterizam pela importância das actividades de investigação e pelas interacções entre os centros de I&D e as empresas, num determinado domínio tecnológico, sendo as actividades de investigação e as aplicações industriais de ponta que determinam a sua lógica; e,

De dominante industrial10, caracterizados pela concentração de empresas desenvolvendo actividades de I&D mais aplicadas e próximas do mercado imediato, cujo potencial de crescimento determina a lógica de desenvolvimento do pólo.

De acordo com a visibilidade internacional, dos 67 pólos aprovados, 6 foram considerados como pólos mundiais por liderarem os seus sectores a nível mundial, 9 foram classificados como pólos de vocação mundial por poderem vir a evoluir para pólos mundiais, e os restantes foram considerados como pólos nacionais. Estes últimos, embora designados como pólos nacionais, visam na generalidade dos casos afirmar posições competitivas no mercado europeu e mundial, embora sem aspiração de liderança. Na secção seguinte,

(13)

relativa à rede dos pólos de competitividade, apresenta-se um quadro onde consta a classificação de cada um dos pólos nesta perspectiva11.

A estratégia de desenvolvimento económico do pólo e o próprio pólo devem ser coerentes com o conjunto mais vasto que constitui o plano de desenvolvimento do respectivo território de referência.

Sendo o pólo basicamente uma parceria deve, desde logo no acto da candidatura ao programa, configurar um conjunto de princípios que podemos designar como constituintes do

perímetro do pólo, os quais se agrupam em quatro dimensões: os portadores do

projecto; os sectores, mercados e tecnologias (que poderemos designar como a sua dimensão temática); os participantes no pólo e respectivas implicações em termos de cooperações e financiamentos; e, o espaço geográfico.

Os portadores do projecto de pólo devem ser agentes directamente implicados nos projectos concretos de cooperação a desenvolver, sejam empresas, instituições de I&D ou centros de formação, podendo mandatar um depositário público ou privado, para a apresentação do projecto. Consultando as fichas de candidatura dos 67 projectos aprovados, pode-se verificar que há uma larga incidência de empresas e de associações específicas como portadoras dos projectos. Exemplificando: o pólo mundial e tecnológico Solutions communicantes sécurisées é apresentado pela empresa STMicroelectronics; o pólo de vocação mundial Imagens e redes, também de natureza tecnológica, é apresentado pelo Conselho Regional da Bretanha; enquanto o pólo Fileira equina (Baixa Normandia), de natureza industrial, é apresentado pelo Conselho dos Cavalos da Baixa Normandia.

A questão da portabilidade remete para a governança do pólo, a qual deve ser desempenhada pelo conjunto das estruturas, formais ou informais, que permitem assegurar a coerência e a qualidade da parceria estabelecida. Todavia, o pólo deve constituir-se em

instituição com individualidade jurídica (podendo assumir figuras muito diversas –

Associação Lei 1901, Associação de Interesse Económico (GIE), Associação de Interesse Científico (GIS)), no âmbito da qual o responsável máximo de uma das instituições participantes (principalmente uma empresa) deve assumir a responsabilidade da

representação civil do pólo. Ainda no âmbito da parceria, deve ter-se em conta que a

parceria estabelecida para o acto da candidatura pode depois ser alargada a outros agentes nas fases posteriores (assinatura do contrato – quadro e implementação efectiva do projecto).

O pólo deve ser organizado em torno de um mercado (ou sector) e de um domínio

tecnológico e científico dados, fixando um daqueles elementos e explicitando o outro em

função do primeiro (que tanto pode ser o mercado ou sector, como a tecnologia). Assim,

11 Quadro parcial, que abrange apenas os pólos relacionados com as áreas temáticas seleccionadas para

(14)

embora a sistematização nem sempre seja muito clara na informação acessível, por exemplo, no caso do pólo mundial da Aerospace Valley, fixa-se o sector (Transportes), a fileira (Logística) e o tema (Sistemas de navegação); no caso do pólo de vocação mundial Inovações terapêuticas segue-se a sequência Biotecnologias/Instrumentação médica/Química; enquanto no caso do pólo nacional Ciências da beleza e do bem-estar se fixa a sequência Perfumaria/Cosmética/Pele/Moléculas vegetais.

Neste quadro de parceria, devem, ainda explicitar-se as cooperações inter-regionais e

internacionais, bem como as engenharias financeiras perspectivadas para os principais

projectos a desenvolver (autofinanciamento, financiamentos públicos – centrais, territoriais e comunitários – e financiamentos privados). Em caixa de texto apresentam-se os aspectos relativos às parcerias destinadas ao financiamento. No plano das cooperações deve ter-se em conta que a parceria constituinte de cada pólo deve constituir um meio de aproveitamento das relações inter-regionais e internacionais que cada membro do pólo detém.

O perímetro geográfico deve considerar a zona pertinente para o pólo (as localizações dos actores principais, que podem, situar-se nos limites de uma região, ou envolver mais do que uma região), e o zonamento de I&D. Este último é delimitado em função da localização dos recursos humanos e materiais de I&D do pólo, os quais devem assegurar uma massa crítica adequada à massa global do pólo e geograficamente aglomerada tendo em conta o interesse da proximidade geográfica entre os investigadores. A aferir a importância atribuída à proximidade, está o facto de apenas as instituições localizadas no perímetro de I&D do pólo poderem beneficiar dos apoios fiscais e sociais12 a essa actividade. Só em circunstâncias especiais, a determinar pelo Governo, é que aqueles apoios podem ser concedidos a empresas participantes em projectos de I&D do pólo mas localizadas fora das zonas de I&D13.

A título de exemplo, o já referido pólo Aerospace Valley reparte-se pelas regiões da Aquitaine e de Midi-Pyrénées. O pólo de nível mundial Solutions Communicantes sécurisées localiza-se na região PACA (Provence-Alpes-Cote d’Azur), onde os vários tipos de instituições participantes se distribuem por Sophia-Antipolis (o maior núcleo14), Marselha, Nice, Aix-en-Provence, Toulon e Avignon, entre outras cidades menos importantes15.

12 Por exemplo, o apoio à disponibilização de habitação para investigadores deslocados.

13 CIACT – Comité Interministériel pour l’Aménagement et la Compétitivité du Territoire de 14OUT05. 14 Que envolve o respectivo Parque Tecnológico.

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CAIXA 2.2

INSTRUMENTOS DE POLÍTICA Apoios aos actores

A nível do Estado:

Isenções fiscais (100% IRC nos três primeiros anos, e 50% nos dois anos seguintes, e redução de contribuições sociais (50% para as PME e 25% para as grandes empresas), durante um máximo de 6 anos, no mínimo

300 M€ Apoios ministeriais da indústria, investigação e ordenamento, no mínimo

(para um período de 3 anos) 400 M€

Dos quais:

Apoios indirectos à exportação (feiras e salões) 1,5 M€ ano

Observatório e sistemas de inteligência económica 2 M€ ano

Tecnologias digitais para as PME 1 M€

Acesso das PME à banda larga 1 M€

Organismos e agências (CDC, Grupo OSEO – ANVAR, BDPME – ANR, AII):

Financiamentos complementares, no mínimo 800 M€

Dos quais: Medidas de acompanhamento e animação específica 8 M€

Total dos apoios do Estado e agências 1500 M€

Valorização dos recursos humanos: comparticipação de 70% nas acções de formação através do EDDF (Engagements de développement de la formation), e do apoio à elaboração de estudos prospectivos até ao montante de 100 mil €

Apoio aos agrupamentos de empregadores (50% dos custos de arranque) Autarquias e Fundos Comunitários

Subvenções (no âmbito dos contratos plano Estado – Região) durante 3 anos 120 M€ ano, Parcerias financeiras reforçadas

CDC – Inclusão preferencial dos pólos dentro dos seguintes programas e respectivas dotações orçamentais:

Apoio às PME inovação 300 M€

Programa de Mutação Urbana e Territorial (Habitação para investigadores e

outros trabalhadores e instalações para empresas) 550 M€

Projectos de infra-estruturas de banda larga 225 M€

Subsídios reembolsáveis ANVAR/BDPME e reforço das garantias bancárias BDPME/SOFARIS

Nota: Os apoios às empresas estão sujeitos à regra comunitária dos minimis (montante máximo de apoio de 100 mil € num período de 3 anos).

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CAIXA 2.3

REGRAS DE PREPARAÇÃO DOS CONTRATOS-QUADRO PELOS RESPECTIVOS COMITÉS COORDENADORES DEDICADOS

Estrutura de Governança do pólo (membros, estatuto jurídico, representante legal, listagem dos organismos públicos participantes e procedimentos de aprovação dos projectos).

A estratégia de desenvolvimento económico do pólo e as suas prioridades. A proposta de zonamento de I&D do pólo.

As modalidades de acompanhamento e avaliação do pólo, envolvendo três tipos de indicadores: ▪ Indicadores de perímetro (número de empresas, número de empregos, número de PME e PME

inovadoras);

▪ Indicadores de impacto dos projectos (número de patentes, número de artigos científicos publicados, número de parcerias);

Indicadores de efeito (número de empregos directos criados, valor acrescentado das empresas

que participam no pólo, peso económico do pólo no sector em que se insere).

3. A REDE DE PÓLOS DE COMPETITIVIDADE FRANCESES

De um total de 105 candidaturas apresentadas ao programa dos pólos de competitividade, foram aprovados e certificados 67 pólos de competitividade16, que cobrem todo o território francês.

16 Que passaram a 66 após a união dos pólos de competitividade que formaram o VIAMECA – Ingénierie et Création Industrielle, nas regiões de Rhône-Alpes e Auverge (com previsão de inclusão das regiões

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Figura 3.1

PÓLOS DE COMPETITIVIDADE CERTIFICADOS17

Fonte: Elaboração própria, baseada em: www.competitivite.gouv.fr.

Refira-se que 15 pólos de competitividade são de forte intensidade científica e tecnológica e distinguem-se pela sua visibilidade internacional. Assim, 6 dos projectos seleccionados são já líderes nos seus sectores escala à mundial (pólos de competitividade de nível mundial), reunindo cada um mais de 5000 investigadores:

Os pólos MédiTech Santé, na áreas das neurociências, e o pólo System@Tic, ligado aos sistemas informáticos complexos, ambos na região Île-de-France, em Paris e Evry respectivamente;

O pólo Aerospace Valley, no domínio da aeronáutica, espaço e sistemas, partilhado pelas regiões Midi-Pyrénnées (Toulouse) e Aquitaine (Bordeaux);

17 Dado que vários pólos de competitividade são inter-regionais, o somatório dos pólos cartografados

não corresponde ao total de 67 pólos. Os pólos inter-regionais são os seguintes: Aerospace Valley;

Normandy Motor Valley; Plasturgie; I-Trans; Véhicule du futur; Mer, Sécurité et Sûreté, Développement durable; Céramique; Fibres Naturelles Grand Est; VIAMECA; TRIMATEC; Cancer-Bio-Santé; ELOPSYS; Sciences de la Beauté et du Bien-Être.

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O LyonBiopole, na área da saúde, e o Minalogic, no domínio das nanotecnologias, ambos em Rhône-Alpes (em Lyon e Grenoble, respectivamente);

O Solutions Communicantes Sécurisées, na região Provence-Alpes-Côte D’Azur, ligado às transacções seguras/cartões inteligentes.

Para além deste pólos mundiais, foram certificados 9 outros pólos, também de grande envergadura que detêm fortes possibilidades de se juntar aos 6 pólos mundiais quando alcançarem uma dimensão e reputação internacional ainda mais importantes, que são os designados pólos de vocação mundial. São eles:

O pólo Innovations Thérapeutiques, na região Alsace, na área das biotecnologias (Alsace BioValley);

O Pôle I-Trans, em Nord Pas de Calais, no domínio da construção ferroviária;

O pólo Industries et Agro-Ressources, inter-regional (Champagne-Ardenne e Picardie), ligado à valorização da diversidade vegetal e dos agro-recursos (no domínio da química e materiais);

O Végétal Spécialisé, na região Pays de la Loire, que ambiciona tornar-se até 2010 um pólo de referência mundial para a criação e inovação no vegetal especializado, ao serviço da alimentação, da saúde e do bem-estar;

O pólo Mer, Sécurité & Sûreté, na região Provence Alpes Côte D’Azur, ligado às actividades marítimas centradas em Marselha e Toulon;

O pólo ligado à imagem e redes (Images et Réseaux), em Rennes (Bretagne), relacionado com as novas tecnologias numéricas da imagem e as novas redes fixas e móveis de distribuição dos conteúdos numéricos;

O pólo Sea-Nergie, também na Bretagne, ligado às ciências e tecnologias do mar aplicadas à segurança e ao desenvolvimento sustentável;

O pólo Chimie-Environnement Lyon, no Rhône-Alpes, que já figura no Top10 Europeu desta indústria de mutação da química para uma indústria que integra a preocupação ambiental na concepção dos métodos e dos produtos; e,

O pólo Image, Multimédia et Vie, localizado em Île-de-France e ligado à multimédia. Quatro regiões partilham os seis pólos mundiais: Rhône-Alpes, Ile-de-France, Midi-Pyrénées, Aquitaine e Provence Alpes-Côte D’Azur. Entre as regiões de "vocação mundial", a Bretagne destaca-se com dois pólos, além das regiões Provence Alpes-Côte D’Azur, Ile-de-France e Rhône-Alpes, cada uma com um pólo. As regiões Alsace, Pays de la Loire e Nord Pas de Calais também se vêem reconhecidas por um pólo de competitividade de vocação mundial.

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Foram também certificados cerca de cinco dezenas de pólos de vocação nacional, um pouco por todo o território, que reflectem a diversidade da economia francesa em termos de actividade económica.

A maioria dos pólos de competitividade inserem-se em sectores muito dinâmicos da procura final, com elevado conteúdo tecnológico. Procedeu-se à classificação dos vários pólos de acordo com cinco macro-sectores temáticos, que se apresentam de seguida, ilustrados com alguns casos que se consideram mais representativos18.

Aeronáutica e Espaço

O grande pólo aeronáutico e espacial localiza-se no sudoeste do território francês (nas regiões de Aquitaine e Midi-Pyrénées), com o grande centro de desenvolvimento sediado em Toulouse, dada a instalação nesta cidade da fábrica da Airbus. A par deste pólo (que será analisado no ponto 5), merecem referência o Normandy Motor Valley (nas regiões Basse Normandie e Haute Normandie), que tenciona tornar-se um centro de referência em França na área das tecnologias dos sistemas de propulsão aplicados aos motores automóveis, aeronáuticos e espaciais, além de outros pólos (todos de nível nacional) ligados à mecânica, aos materiais ou à electrónica com aplicações no sector aeroespacial.

Automóvel e Mobilidade Sustentável

Inclui vários pólos de competitividade, localizados sobretudo no Centro-Noroeste do país (Île-de-France, Poitou-Charentes, Pays de Loire, Bretagne e Normandie), mas também com alguns pólos de referência nas regiões do Nordeste-Sudeste (Lorraine, Alsace e Rhône-Alpes). Inserem-se numa actividade com grande relevância para a economia nacional (indústria automóvel) e em actividades ligadas à mobilidade urbana e transportes. Merecem destaque o já referido Normandy Motor Valley, o Automobile Haut de Gamme (na Bretagne, Poitou-Charentes e Pays de Loire) e o Véhicule du Futur (Alsace e Franche-Comté), além do único pólo de nível mundial (todos os outros são nacionais) – o System@tic Paris-Region, que apesar de se integrar no sector TIC/Software é relevante para as actividades ligadas ao automóvel/mobilidade.

Saúde/Ciências da Vida

Este é o sector temático que inclui maior número de pólos de projecção internacional: dois pólos mundiais (Meditech Santé, em Île-de-France, e LyonBiopole, em Rhône-Alpes) e dois pólos de vocação mundial (Végétal Spécialisé, em Pays de la Loire e

18 Tarefa que se não afigurou fácil pois, em muitos casos as actividades dos pólos são transversais a

(20)

Innovations Thérapeutiques, na Alsace). São pólos que desenvolvem actividades no domínio da biotecnologia, da farmacêutica, do diagnóstico/vacinação, das doenças cancerígenas e das neurociências. É ainda de destacar uma rede de pólos de competitividade de nível nacional, com actividades muito variadas ligadas à saúde (como seja a articulação nutrição-saúde, agroalimentar, ciências da beleza e bem-estar, perfumaria/cosmética, novos materiais, microtécnicas, óptica e instrumentação médica).

Ambiente e optimização energética

Refiram-se também os pólos de competitividade ligados à energia nuclear, à energia produtora de gases sem efeito de estufa e à aplicação de novas fontes de energia na construção de edifícios. Destaca-se, neste conjunto, o pólo de vocação mundial Sea-Nergie, na Bretagne, que está centrado nas ciências e tecnologias do mar aplicadas à segurança marítima, à engenharia, manutenção e serviços navais e ao desenvolvimento sustentável (exploração e valorização dos recursos biológicos marinhos, exploração dos recursos energéticos marinhos). Estima-se que permitirá criar na região mais de 2 mil novos empregos, contribuindo também para a manutenção/reconversão de 10 mil empregos tradicionais.

Novos Materiais

Destacamos, neste sector temático, o pólo mundial Minalogic (micro-nanotecnologias e software), em Grenoble (Rhône-Alpes), que aposta no desenvolvimento da nanotecnologia em sectores como a electrónica e materiais. Merecem também referência outros pólos (de nível nacional) ligados aos plásticos, aos têxteis, às cerâmicas, à siderurgia ou à química.

TIC/Software/Electrónica/Microelectrónica/Media

Existem dois pólos de nível mundial, ligados às micro-tecnologias e ao aeroespacial (os referidos Minalogic e Aerospace Valley), além de um pólo de vocação mundial (o Images et Réseaux, na Bretagne). Variados são os pólos de competitividade de nível nacional com actividades em áreas como fotónica, telecomunicações e microtécnicas, óptica, imagem, redes fixas e móveis, transacções seguras/cartões inteligentes, mecânica, novos materiais e química.

A matriz que se apresenta de seguida permite estabelecer a correspondência entre os seis sectores temáticos e os pólos de competitividade, indicando o nível de ligação existente entre os mesmos (avaliado de uma escala “ligação pouco importante” a “ligação muito importante”). Em Anexo é apresentado um quadro com a sistematização das principais características dos pólos de competitividade que apresentam maior articulação com cada um dos sectores temáticos analisados.

(21)

Quadro 3.1

MATRIZ DE CORRESPONDÊNCIA ENTRE PÓLOS DE COMPETITIVIDADE E SECTORES TEMÁTICOS (cont.)

Pólo de Competitividade Aeronáutica e Espaço Automóvel e Mobilidade Sustentável Novos Materiais Ambiente e Optimização Energética Saúde TIC/Software/ Electrónica Microelectrónica e Media Aerospace Valley + + + + + + Agro-nutrition en milieu tropical AgroPolis Aliment de demain + + Aquatique ARVE Industries + + +

Automobile haut de gamme + + +

Biothérapies + + + Cancer-Bio-Santé + + + + + Céramique + + + + + + + Chimie Environnement + + + + + + + + + + ELOPSYS + + + + + + + EMC2 + + + + + + + +

Energies non génératrices de gaz à effet de serre

+ + + ENERRDIS + + + + + Energies Renouvelables-Bâtiment + + + Enfant

Fibres naturelles Grand Est + + +

Filière Equine Génie civil Ouest

Gestion des risques et vulnérabilité du territoire

+

I-Trans + +

Image, multimedia et vie numérique + + + Image et Réseaux + + + Industrie du commerce + Industries et agro-ressources + Innovation dans les

céréales

Innovation fruits et légumes

Innovations thérapeutiques + + + + +

(22)

Quadro 3.1

MATRIZ DE CORRESPONDÊNCIA ENTRE PÓLOS DE COMPETITIVIDADE E SECTORES TEMÁTICOS(cont.)

Pólo de Competitividade Aeronáutica e Espaço Automóvel e Mobilidade Sustentável Novos Materiais Ambiente e Optimização Energética Saúde TIC/Software/ Electrónica Microelectrónica e Media Loisirs numériques + + +

Lyon urban truck et bus vision 2015

+ + +

Lyonbiopôle + + +

Meditech Santé + + + + +

Mer, Sécurité et Sûreté, Développement durable + + + + + + Microtechniques + + + + + MINALOGIC + + + + + + + + + + + MIPI + + + + + + + + Mobilité et transport + + +

Normandy motor valley + + + + + +

Nutrition Santé Longévité + + +

Parfums, arômes, senteurs +

Photonique + + + + + + + + + + + Pin maritime Plasturgie + + + + + + + + + Pôle Aquatique Pôle Nucléaire de Bourgogne + + Prod'Innov + + +

Route des lasers + + + + + +

Science et technique de l'énergie électrique + + + + Sciences de la beauté et du bien-être + + + SEA-NERGIE + + + + + Solutions communicantes sécurisées + + + + + SPORALTEC System@tic + + + + + + + + + TECHTERA + + + + + + + + + Transactions électroniques sécurisées + + + TRIMATEC + + + + + UP – TEX + + + + + Végétal Spécialisé

(23)

Quadro 3.1

MATRIZ DE CORRESPONDÊNCIA ENTRE PÓLOS DE COMPETITIVIDADE E SECTORES TEMÁTICOS

Pólo de Competitividade Aeronáutica e Espaço

Automóvel e Mobilidade Sustentável Novos Materiais Ambiente e Optimização Energética Saúde TIC/Software/ Electrónica Microelectrónica e Media Véhicule du futur + + + + + Vestapolis + + + + VIAMECA + + + + + + +

Viandes et produits carnés

Ville et Mobilité Durables + + + + +

VITAGORA + +

+ - ligação pouco importante; + + - ligação importante; + + + - ligação muito importante; Pólo de competitividade de nível mundial

Pólo de competitividade de vocação mundial Pólo de competitividade de nível nacional

Com base nesta matriz foram elaborados seis mapas temáticos, que ilustram os pólos de competitividade que apresentam uma “ligação muito importante” com cada um dos sectores temáticos (isto é, assinalados na matriz com três estrelas).

(24)

Informação Inte rnac ional, 20 05 180

Depa rtament o de P rospectiva e Planeamento

(25)

PÓLOS DE COMPETITIVIDADE NO DOMÍNIO DO AUTOMÓVEL E MOBILIDADE SUSTENTÁVEL Departa m ento de Prospe ctiva e Plan eam e nto 18 1

Fonte: Elaboração própria, baseada em: www.competitivite.gouv.fr.

Pólos de Competitividad e com o Instr u m en to para o R ela nçamento Ind u strial em F ra n ça

(26)

Figura 3.4

PÓLOS DE COMPETITIVIDADE NO DOMÍNIO DA SAÚDE/CIÊNCIAS DA VIDA

182 D e parta m ento d e Prosp e ctiva e Planea mento

Fonte: Elaboração própria, baseada em: www.competitivite.gouv.fr.

Informação Inte

rnac

ional,

20

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PÓLOS DE COMPETITIVIDADE NO DOMÍNIO DO AMBIENTE E OPTIMIZAÇÃO ENERGÉTICA Pólos de Competitividad e com o Instr u m en to para o R ela nçamento Ind u strial em F ra n ça Departa m ento de Prospe ctiva e Plan eam e nto 18 3

(28)

Informação Inte rnac ional, 20 05 184 D e parta m ento d e Prosp e ctiva e Planea mento

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Figura 3.7

PÓLOS DE COMPETITIVIDADE NO DOMÍNIO DAS TIC/SOFTWARE/MICROTÉCNICAS /MICROELECTRÓNICA/MEDIA

Departa m ento de Prospe ctiva e Plan eam e nto 18 los de Com p et it ividade c o m o Inst rum ento

para o Relançamento Industrial em F

ra

n

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4. AS REGIÕES E EMPRESAS NUCLEARES NA ESTRATÉGIA DOS PÓLOS DE COMPETITIVIDADE

Nesta secção, apresenta-se uma visão integrada de base territorial dos pólos de competitividade da indústria francesa através da qual é possível identificar, de certo modo, uma hierarquia das regiões que concentram os pólos de nível mundial e/ou de vocação mundial, mas que não deixam igualmente de revelar a presença de alguns importantes pólos de competitividade nacionais em determinadas fileiras ou clusters industriais que constituem um activo relevante para apoiar a renovação/consolidação da base industrial francesa em resposta aos movimentos de deslocalização industrial em curso acelerado.

Deste modo, a análise da Figura 4.1 permite-nos facilmente visualizar, num primeiro nível, aquelas regiões que registam não só uma maior intensidade da presença dos pólos de maior visibilidade mundial, designadamente nas fileiras produtivas da Electrónica/TIC´s, da Saúde/Biotecnologia e da Aeronáutica/Transporte Ferroviário, como também constituem um espaço de atracção de actividades ligadas às fileiras do Automóvel/Mobilidade sustentável e da Energia, as quais se inscrevem mais numa lógica de afirmação e visibilidade nacional. Paralelamente, num segundo nível, podemos observar um conjunto limitado de regiões que evidenciam, de algum modo, uma presença menos diversificada de pólos mundiais ou de vocação mundial, mas onde se regista a presença de pólos de competitividade nacional em áreas produtivas que permitem uma articulação em rede facilitada com outras regiões em que se verifica uma maior especialização internacional das correspondentes actividades ou fileiras produtivas industriais.

Por fim, teremos um terceiro nível onde se posicionam aquelas regiões que assinalam apenas a presença de pólos de competitividade nacional, ainda que em alguns destes se situem no perímetro de actividades das fileiras nucleares da afirmação da especialização internacional da indústria francesa.

(31)

Figura 4.1

PÓLOS DE COMPETITIVIDADE: UMA HIERARQUIA DAS REGIÕES DE FRANÇA

Fonte: Elaboração própria com base nos elementos disponíveis nas fichas de projecto da DATAR.

Posto isto, podemos identificar agora de forma um pouco mais pormenorizada aqueles aspectos que consideramos mais relevantes nesta análise da distribuição espacial dos pólos de competitividade.

→ As regiões de Île-de-France e Rhône-Alpes detêm a maioria dos pólos de competitividade mundial, os quais se concentram em áreas temáticas em que aquelas regiões francesas

ILE DE FRANCE

ALSACIE

BRETAGNE

Médi Tech Santé M1 SEA -NERGIE M2 RHONE ALPES Mer , Securité, Surétè M2 Aeronautique, Espace, Systémes M1 AQUITAINE PROVENCE ALPES CÔTE AZUR Pôle I-TRANS M2

Industries & Agro Ressources M2 Végétal Spécialisé M2 MIDI PYRÉNÉES PAYS LA LOIRE Innovation Therapéutique M2 Lyon BioPole M1 SYSTEM@TIC M1 Image ,

Multimédia& Vie EnvironnementChimie

M2 Solutions Images & Réseaux M2 MINALOGIC M1 -CHAMPAGNE ARDENNES NORD PAS CALAIS FRANCH E COMTÉ Mobilidade Inteligente Mobilidade Urbana Sustentável NOR MANDIE Motor Valley Micro techniques Vehicule du Futur Plasturgie Energia Distribuida; Fuel Cells Bioterapies EMC 2 Composites PICA RDIE Auto Haut Gamme Route des Lasers Loisirs Numériques BOU RGO GNE Energias Limpas Nuclear- ITER Photonique ELOPSYS Microondes , Photonique LIMO USIN NUCLEAR UP-TEX Têxteis Técnicos TETCHERA Têxteis Técnicos Cancer Bio Santé CEN TRE Systéme Energie Eléctrique Comunicantes Securées M1 M2 M1- pólos mundiais M2-pólos de vocação mundial

ILE DE FRANCE

ALSACIE

BRETAGNE

Médi Tech Santé M1 SEA -NERGIE M2 RHONE ALPES Mer , Securité, Surétè M2 Aeronautique, Espace, Systémes M1 AQUITAINE PROVENCE ALPES CÔTE AZUR Pôle I-TRANS M2

Industries & Agro Ressources M2 Végétal Spécialisé M2 MIDI PYRÉNÉES PAYS LA LOIRE Innovation Therapéutique M2 Lyon BioPole M1 SYSTEM@TIC M1 Image ,

Multimédia& Vie EnvironnementChimie

M2 Solutions Images & Réseaux M2 MINALOGIC M1 -CHAMPAGNE ARDENNES NORD PAS CALAIS FRANCH E COMTÉ Mobilidade Inteligente Mobilidade Urbana Sustentável NOR MANDIE Motor Valley Micro techniques Vehicule du Futur Plasturgie Energia Distribuida; Fuel Cells Bioterapies EMC 2 Composites PICA RDIE Auto Haut Gamme Route des Lasers Loisirs Numériques BOU RGO GNE Energias Limpas Nuclear- ITER Photonique ELOPSYS Microondes , Photonique LIMO USIN NUCLEAR UP-TEX Têxteis Técnicos TETCHERA Têxteis Técnicos Cancer Bio Santé CEN TRE Systéme Energie Eléctrique Comunicantes Securées M1 M2 M1- pólos mundiais M2-pólos de vocação mundial

LEGENDA Automóvel & Mobilidade Aeronáutica & Equipº Ferroviário Electrónica, Comunicações & Tecnologias da Informação Materiais Estruturais & Técnicos Saúde/ Biotecnologia Material Eléctrico & Electro nuclear Química/ Ambiente Agroalimentar LEGENDA Automóvel & Mobilidade Aeronáutica & Equipº Ferroviário Electrónica, Comunicações & Tecnologias da Informação Materiais Estruturais & Técnicos Saúde/ Biotecnologia Material Eléctrico & Electro nuclear Química/ Ambiente Agroalimentar

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possuem simultaneamente um significativo potencial industrial e um elevado potencial científico e técnico – Ciências da Vida e Tecnologias de Informação e Comunicação – as quais têm correspondência respectivamente com os pólos de competitividade seguintes: MédiTech Santé, LyonBioPole, System@Tic e MINALOGIC. Para além disso, ambas as regiões têm a presença de importantes pólos de competitividade de âmbito nacional, tais como: Mobilidade Inteligente – Mobilidade Urbana Sustentável – Energia Distribuída/Fuel Cells – Têxteis Técnicos (Techera) – Plasturgie – os quais constituem uma base de articulação importante não só com outras regiões (p. ex. Franche-Comté), como também com outros pólos de competitividade de âmbito nacional e/ou mundial (p.ex. System@Tic, Motor Valley, Auto-Haut Gamme,etc).

→ As regiões de Midi-Pyrénées e de Aquitaine partilham o importante pólo mundial de Aeronáutica, Espaço e Sistemas (Toulouse/Bordéus), o qual permitiu que se concentrassem nestas duas regiões assinaláveis recursos de I&D que contribuem para o prosseguimento da inovação tecnológica e o desenvolvimento de projectos de I&D num cluster industrial que já é um líder mundial na aeronáutica civil e um líder europeu na construção de satélites, na teledetecção e observação da terra e na aeronáutica militar, ocupando igualmente uma posição de destaque nos designados sistemas embarcados. Por outro lado, a região Midi-Pyrénées dispõe ainda de dois pólos de âmbito nacional inseridos em duas áreas tecnológicas muito importantes – Saúde/Biotecnologia e Electrónica e TIC´s, o que permite perspectivar articulações em rede com as regiões nucleares de localização dos pólos de competitividade mundial nas respectivas fileiras industriais, impulsionadas pelas empresas e laboratórios de investigação participantes nos respectivos projectos.

→ As regiões de Provence-Alpes–Côte-de-Azur (PACA) e da Bretagne têm a particularidade de beneficiarem da presença de dois pólos de vocação mundial ligados à exploração dos recursos biológicos e energéticos do mar e à segurança marítima e engenharia naval que são respectivamente os seguintes: Mer, Sécurité et Sûreté; SEA-NERGIE, tendo igualmente a presença em dois pólos de competitividade mundial distintos: Solutions Communicantes Securisées e Images &Réseaux, os quais se inserem numa fileira temática de grande relevância para a competitividade da indústria francesa e que se encontra fortemente concentrada nas regiões de Île-de-France e Rhône-Alpes a que já anteriormente nos referimos.

As restantes regiões, de um modo geral, revelam a presença de pólos de competitividade nacional em domínios temáticos que poderão mais facilmente permitir articulações em rede com as regiões dos pólos de competitividade mundial como são os casos da região Franche-Comté (Pólos Micro-Techniques, Plasturgie), da região Nord-Pas-de-Calis (Pólo Têxteis Técnicos UP-TEX) e da região Pays de La Loire ( Pólos Composites EMC2 e Motor Valley). Na área temática Energia/Nuclear valerá a pena referir a presença importante de dois pólos nacionais nas regiões de Bourgogne e Centre que possibilitarão certamente articulações em

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rede com a região de PACA onde será instalado o projecto ITER19 que terá fortes impactos na estruturação do cluster energético.

Paralelamente a esta análise da distribuição espacial dos pólos, tem interesse traçar as ligações principais que os “campeões” da indústria francesa têm com os pólos de competitividade de modo a perspectivarmos melhor as potencialidades de adensamento das redes de articulação inter-regionais dos diferentes pólos tendo em vista naturalmente o fortalecimento dos clusters industriais em que se encontram inseridos, tirando partido dos projectos de I&D e das tecnologias desenvolvidas em cada um dos pólos e criando condições para a sua maior visibilidade europeia e mundial em simultâneo com o desenvolvimento dos territórios que constituíram a sua base de arranque e consolidação.

Neste sentido, foi elaborada a Figura 4.2 procura ilustrar a presença das principais empresas francesas nos principais pólos de competitividade certificados pela DATAR, procurando estabelecer a partir daqui uma hierarquização dos grandes actores empresariais, tendo todavia a consciência de que intervêm neste processo múltiplos outros actores tanto de natureza empresarial, como instituições universitárias e de investigação e outras entidades locais e regionais.

(34)

Figura 4.2

PÓLOS DE COMPETITIVIDADE: UMA HIERARQUIA DE GRANDES ACTORES EMPRESARIAIS FRANCESES

Fonte: Diagrama elaborado com base nos elementos informativos dos pólos de competitividade disponíveis no sítio da DATAR na Internet.

Assim, podemos considerar a existência de um conjunto de segmentações temáticas no que se refere à participação dos actores empresariais franceses na estruturação dos pólos de competitividade, como se explicita nos parágrafos seguintes.

→ A nível da fileira Electrónica e TIC´s, tanto os pólos mundiais como os de vocação nundial ou nacional, contam em primeira linha com a liderança empresarial da THALES, da ALCATEL, da FRANCE TELECOM, devendo ainda sublinhar-se a participação da BULL, da SCHNEIDER ELECTRIC e da ST MICROELECTRONICS. Esta última empresa participa ainda no pólo nacional Sciences et Systémes Energie Electrique localizado na região Centre, o que visa o

LEGENDA Automóvel & Mobilidade Aeronáutica & Equipº Ferroviário Electrónica, Comunicações & Tecnologias da Informação Materiais Estruturais & Técnicos Saúde/ Biotecnologia Material Eléctrico & Electro nuclear Química/ Ambiente Agroalimentar LEGENDA Automóvel & Mobilidade Aeronáutica & Equipº Ferroviário Electrónica, Comunicações & Tecnologias da Informação Materiais Estruturais & Técnicos Saúde/ Biotecnologia Material Eléctrico & Electro nuclear Química/ Ambiente Agroalimentar Médi Tech Santé M1 Mer, , Securité , Sureté M2 Aeronautique , Espace, Systémes M1 -Lyon BioPole M1 SYSTEM@TIC M1 Image ,

Multimédia&Vie

Chimie Solutions Communicantes Securisées M1 Images & Réseaux M2 MINALOGIC M1 -THALES SANOFI AVENTIS DCN TOTAL/ ARKEMA EADS FRANCE TELECOM ST MICRO SCHNEIDER ELECTRIC ALCATEL ASTRIUM DASSAULT SNECMA TURBO MECA SAGEM BIO MÉRIEUX SEA NERGIE M2 BULL RENAULT PEUGEOT VALEO AREVA FRAMA TOME VOLVO Photonique Innovation Therapéutique M2 Mobilidade Sustentável Mobilidade Inteligente Motor Valley EDF Nuclear Energias Limpas-Nuclear-ITER ELOPSYS MicroOndes Lasers Route des Lasers Auto Haut Gamme PIERRE FABRE Cancer Bio Santé Veículo do Futuro FAURE CIA EURO COPTER Systémes Enérgie Eléctrique EMC 2 CHANTIER ATLANTIQUE Environnement M2 M2 M1-pólos mundiais M2- pólos vocação mundial

Médi Tech Santé M1 Mer, , Securité , Sureté M2 Aeronautique , Espace, Systémes M1 -Lyon BioPole M1 SYSTEM@TIC M1 Image ,

Multimédia&Vie

Chimie Solutions Communicantes Securisées M1 Images & Réseaux M2 MINALOGIC M1 -THALES SANOFI AVENTIS DCN TOTAL/ ARKEMA EADS FRANCE TELECOM ST MICRO SCHNEIDER ELECTRIC ALCATEL ASTRIUM DASSAULT SNECMA TURBO MECA SAGEM BIO MÉRIEUX SEA NERGIE M2 BULL RENAULT PEUGEOT VALEO AREVA FRAMA TOME VOLVO Photonique Innovation Therapéutique M2 Mobilidade Sustentável Mobilidade Inteligente Motor Valley EDF Nuclear Energias Limpas-Nuclear-ITER ELOPSYS MicroOndes Lasers Route des Lasers Auto Haut Gamme PIERRE FABRE Cancer Bio Santé Veículo do Futuro FAURE CIA EURO COPTER Systémes Enérgie Eléctrique EMC 2 CHANTIER ATLANTIQUE Environnement M2 M2 M1-pólos mundiais M2- pólos vocação mundial

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desenvolvimento de componentes e materiais electrónicos para responder às novas necessidades dos sistemas eléctricos.

A nível da Aeronáutica, podemos visualizar a participação das empresas francesas de aeronáutica, tais como: EADS, EUROCOPTER, ASTRIUM, DASSAULT, SAGEM, SNECMA e TURBOMECA.

No que se refere à fileira da Saúde/Biotecnologia, as empresas SANOFI/AVENTIS, BIOMÉRIEUX, PIERRE FABRE marcam a sua presença nos quatro pólos de competitividade certificados: MédiTech Santé (Île-de-France), Lyon Biopole (Rhône-Alpes), Cancer-Bio Santé (Midi-Pyrénées) e Innovation Thérapeutique (Alsacie).

Na área do Automóvel/Mobilidade, onde se registam apenas pólos de competitividade nacionais surgem-nos os campeões franceses da indústria automóvel RENAULT, VOLVO, PEUGEOT, VALEO e FAURECIA.

Posto isto, podemos concluir que esta política voluntarista de apoio à constituição de pólos de competitividade pressupõe a existência de uma base empresarial de suporte suficientemente expressiva para que os resultados cooperativos de I&D possam ser incorporados mais rapidamente no tecido produtivo e nos mercados de modo a produzir os impactos esperados no que se refere à melhoria do posicionamento competitivo da França na economia global.

5. QUATRO ESTUDOS DE CASOS NAS REGIÕES DE MAIOR POTENCIAL CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO

5.1. O plateau de Saclay e o relançamento científico e tecnológico da região

Île-de-France20

O plateau de Saclay representa na região de Paris uma das maiores concentrações de investigadores e de empresas de alta tecnologia de França, emergindo por isso com um potencial considerável para estruturar um cluster tecnológico com forte visibilidade internacional. Este espaço geográfico ilustra uma bacia de vida e de emprego do Sudoeste parisiense que possui já uma dimensão crítica que a torna comparável ao Silicon Valley. Na verdade, esta zona que está representada na Figura 5.1, acolhe uma densidade de universidades e escolas superiores que mobilizam aproximadamente 25 mil estudantes em torno de Orsay. A par daquelas instituições de ensino existem igualmente importantes centos de investigação de que se podem destacar, entre outros, o CEA, o INRA, o ONERA, os laboratórios da Escola Politécnica e os laboratórios da faculdade de Orsay.

20 Este ponto foi desenvolvido com base nos elementos de caracterização constantes do relatório “ Pour

(36)

Por outro lado, trata-se de uma zona que possui vários e importantes centros de investigação de grandes empresas tais como: os centros da Thalès, da Danone, da Motorola, da Renault, etc..

Neste contexto, valerá a pena sublinhar a presença de três fileiras tecnológicas que correspondem, por sua vez, a sistemas territoriais emergentes que combinam unidades de formação e investigação com empresas dos respectivos sectores de actividade :

i) Engenharia da Informação; ii) Óptica e Materiais Compósitos; iii) Biologia, Saúde e Ambiente.

Figura 5.1

PRINCIPAIS FILEIRAS TECNOLÓGICAS DOMINANTES NO PLATEAU DE SACLAY

Fonte: BLANC, Christian., Pour un écosystème de la croissance, Rapport au Premier Ministre, Assemblée Nationale.

A estas três fileiras poder-se-á acrescentar ainda a fileira nuclear do CEA21 que tem um funcionamento autónomo.

Deste modo, o plateau de Saclay espelha um potencial significativo para estimular o desenvolvimento do designado “nano-mundo”, ou seja, o espaço de confluência de quatro tecnologias cruciais – as nanotecnologias, as biotecnologias, as tecnologias de informação e

21 Commissariat à l´Énergie Atomique (CEA) – O CEA é um organismo público de investigação nos

(37)

as ciências cognitivas22. Não surpreende, pois, que na região Île-de-France, designadamente nas zonas de Paris/Evry tenham surgido agora dois pólos de competitividade mundial centrados precisamente nos sistemas informáticos complexos (Pôle System@tic – logiciels et systèmes complexes23) e nas ciências da saúde ( Pôle Méditech Santé ).

A título ilustrativo, poder-se-á referir o centro de estudos do CEA Saclay que é, na verdade, um centro interdisciplinar com mais de cinco mil investigadores, sendo que uma grande parte destes contribui para optimizar o funcionamento, a competitividade e a segurança das centrais nucleares do país. Para além disso, existem equipas de investigadores particularmente envolvidas na descoberta dos enigmas da matéria – das partículas às galáxias – e das ciências da vida – genética, bioquímica e medicina.

Na verdade, o potencial residente neste território é enorme pelo que urge explorá-lo com base no estabelecimento de cooperações sólidas entre os diferentes actores intervenientes no processo de valorização e qualificação deste território baseado no conhecimento, para o que se torna necessário encontrar um verdadeiro catalisador de dinâmicas que muitas vezes se encontram dispersas, o que poderá ser assumido e protagonizado por um actor territorial que consiga gerar uma associação de vontades com uma orientação clara para a afirmação de estratégias de desenvolvimento económico do território em causa.

Deste ponto de vista, importa assegurar o funcionamento de uma estrutura de animação de tais dinâmicas de cooperação em rede que envolva parceiros públicos e privados e que articulem crescentemente o capital intelectual e de conhecimento com as iniciativas de inovação empresarial num dado território. É esta a perspectiva que está subjacente ao conceito de pólo de competitividade e que, em princípio, deverá corporizar tais dinâmicas de cooperação em rede.

Por tudo isto, não surpreende que a resposta ao desafio da DATAR tenha desencadeado um processo de aproximação e interacção de actores – empresas, laboratórios de investigação, hospitais, etc. – que foi conduzido pela Agence Régionale de Dévelopement Île-de-France e que permitiu estruturar naquela região um pólo de competitividade mundial designado MédiTech Santé envolvendo um amplo conjunto de instituições de investigação de reconhecido mérito a nível internacional e as mais importantes empresas da indústria farmacêutica. Este pólo mundial vocacionado para as tecnologias do medicamento e da saúde certificado pelo Comité Interministerial para o Ordenamento e a Competitividade dos Territórios tem a legítima ambição de se tornar, até 2010, o primeiro cluster industrial europeu no domínio da inovação terapêutica.

Do ponto de vista tecnológico, este pólo concentrará a sua atenção prioritária na medicina molecular e celular, na imagiologia médica e nas ciências e técnicas do medicamento. A nível

22 Segundo Jean Therme, director do CEA de Grenoble, tal combinação designar-se-ia sob o acrónimo

anglo-saxónico NBIC, citado por Christian Blanc.

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do modelo de governança do pólo importa referir que existe uma representação majoritária de empresas a que se junta a representação de instituições de investigação/formação e de hospitais, bem como a representação dos territórios (regiões e departamentos), o que favorece uma dinâmica de cooperação e de funcionamento em rede de todos os actores intervenientes neste processo.

Em termos pragmáticos, podemos dizer que existe uma assembleia geral que define a composição de um conselho de administração que, por sua vez, designa uma comissão executiva e nomeia um director geral que assegura a implementação das orientações estratégicas definidas coordena toda a actividade do pólo em matéria de funcionamento dos projectos cooperativos de I&D previamente propostos pelos diferentes comités temáticos e aprovados pela comissão executiva.

Segundo os orgãos de governação do pólo MédiTech Santé Paris-Région24, a sua prioridade consiste em favorecer a organização dos parceiros da saúde em torno de temáticas prioritárias a fim de construir um verdadeiro cluster e ganhar eficácia tanto no domínio da inovação como da atractividade nacional e internacional.

Neste sentido, foram definidos um conjunto de objectivos estratégicos de que nos permitimos enunciar, entre outros, os seguintes:

Reforçar o tecido industrial composto pelas empresas de biotecnologia e as empresas farmacêuticas, bem como as dos dispositivos médicos e serviços associados;

Facilitar o desenvolvimento de parcerias activas entre a indústria e as instituições de investigação e formação no seio do pólo de modo a promover uma maior celeridade na aplicação dos resultados da investigação;

Constituir uma pool de competências de alto nível de acesso facilitado às industrias e centros de I&D do pólo;

Melhorar as condições de financiamento dos projectos a desenvolver no âmbito do pólo de competitividade; e,

Contribuir para a valorização da imagem e visibilidade do pólo a nível internacional. Relativamente à quantificação de objectivos, os proponentes do projecto/pólo de competitividade apontam os seguintes critérios para prosseguir com sucesso a sua ambição no horizonte 201025:

Aumentar em 50% o número de empregos privados nas ciências da vida e nas tecnologias na região de Île-de-France face ao efectivo actual;

24 Ver www.genopole.com.

Referências

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