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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

ANTONIO IMBASSAHY, cidadão brasileiro, deputado

federal, Líder do Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB na Câmara dos Deputados, com endereço profissional à Câmara dos Deputados, Edifício Principal, térreo, sala T-15, Brasília – DF, telefone n.º 3215-9342, por seu advogado, com instrumento anexo, e com fundamento nos art. 5.º, alínea “a”, do inciso XXXIV, e art. 129, VIII, da Constituição Federal, vem solicitar a Vossa Excelência a adoção de providências no sentido de se requisitar a instauração de inquérito policial para investigar eventual prática de ilícito ou de ilícitos penais, em especial, de inovação artificiosa do estado de coisa, com o fito de induzir a erro os Ministros do Tribunal de Contas da União que julgaram a Tomada de Contas n.º 005.406/2013-7 e evitar as eventuais repercussões financeiras negativas que poderão advir da decisão já prolatada pela Corte e de decisões posteriores, por parte de MARIA DAS GRAÇAS SILVA FOSTER, presidente da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, bem como por outros administradores da companhia que tenham praticado condutas similares, na pendência do processo que tramita perante o Tribunal de Contas da União, com base nos substratos fáticos e jurídicos a seguir elencados:

SÍNTESE

Esta representação trata da suposta prática de crime de fraude processual por parte da Representada, presidente da Petrobras, na medida em que aquela, com o intuito de evitar a decretação cautelar da indisponibilidade de todos os seus bens, pelos Ministros do Tribunal de Contas da União, e eventuais penhoras sobre eles incidentes, levadas

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a efeito para assegurar o ressarcimento dos prejuízos causados à Petrobrás, a Representada transferiu a titularidade de alguns de seus bens a seus filhos e marido, inovando artificiosamente o estado de coisas no curso de processo administrativo.

Ao atuar da forma adrede mencionada, a Representada estaria praticando o delito de fraude processual, tipificado pelo art. 347 do Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, consistente na conduta de se “inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito”.

DOS FATOS

Em fevereiro de 2013, o Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Marinus Eduardo de Vriés Marsico, encaminhou representação ao Tribunal para que aquele órgão de fiscalização e controle investigasse “possíveis irregularidades na condução do processo de aquisição da Refinaria Pasadena Refining System Inc. (PRSI) pela Petrobras America Inc. (PAI), subsidiária da Petróleo Brasileiro S.A., perante o grupo belga Astra Transcor” (conforme Ementa do Acórdão n.º 1927/2014 – TCU – Plenário,

proferido no Processo TC 005.406/2013-7

)

1. Também foram

encaminhados “questionamentos acerca da razoabilidade dos valores acordados para essa aquisição e também dos efetivamente pagos pela refinaria, além de diversos outros aspectos dessa operação” (conforme Ementa do Acórdão).

Essa representação deu origem a uma inspeção que chegou às seguintes conclusões, em síntese retirada da Ementa do Acórdão:

Identificação de indícios de irregularidade, entre os quais se destacam: A) Dano ao Erário resultante da celebração de contratos que balizaram a aquisição da primeira parte da refinaria e de outros atos praticados até a transferência da participação remanescente na refinaria à PAI. B) Celebração de contrato contendo cláusulas prejudiciais aos interesses da PAI e da Petrobras: opção de venda (put option) conferida à ASTRA garantia de rentabilidade mínima à Astra,

                                                                                                                         

1 Disponível em: https://contas.tcu.gov.br/juris/SvlHighLight?key=ACORDAO-

LEGADO-121326&texto=50524f432533413534303632303133372a&sort=DTRELEVANCIA&ord

em=DESC&bases=ACORDAO-LEGADO;DECISAO-LEGADO;RELACAO-

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limitação da possibilidade da Petrobras decidir sobre os investimentos de seu interesse. C) Assinatura de carta de intenções (Letter of intents) para aquisição dos 50% restantes da refinaria por valor superior àquele que decorreria da aplicação dos mecanismos de definição do preço de transferência das ações constantes do acordo de acionista. D) Dispensa concedida à Astra de pagamento à Petrobras de parcela assegurada por contrato. E) Descumprimento da sentença arbitral por parte da Petrobras. (destacamos)

Dentro dessas irregularidades, duas estão interconectadas:

1) o envio à Astra de Carta de Intenções propondo adquirir os 50% remanescentes da PRSI e da PRSI Trading pelo valor total de US$ 787.665.431,95. A Carta foi firmada por Nestor Cerveró em 05/12/2007, e referendada pela Diretoria Executiva da Petrobrás em fevereiro de 2008, quando a Sra. Graça Foster já fazia parte da Diretoria Executiva2;

2) a decisão de descumprir a sentença arbitral por parte da Petrobrás, que foi tomada pela Diretoria Executiva, também quando a Sra. Graça Foster já fazia parte dela, e pelo Conselho de Administração, sob a presidência da Sra. Dilma Rousseff.

A conexão entre os dois atos é a seguinte: quando o

Conselho de Administração decidiu descumprir a sentença arbitral, em julho de 2008, um dos argumentos que usaram para justificar a decisão foi de que o laudo arbitral não havia se pronunciado sobre um ponto central: o caráter não vinculante da Carta de Intenções.

O argumento era de que, sem a declaração de que a Carta

era não vinculante, a Astra poderia usar a Carta como fundamento para pedir uma segunda compra dos 50% remanescentes de Pasadena. Evidentemente, o argumento é completamente absurdo, como decidiu o TCU (Acórdão, p. 318, §105).

Pois bem. Quando os dois atos (referendo da Carta de

Intenções e decisão de descumprir o Laudo Arbitral) foram praticados, a Sra. Graça Foster fazia parte da Diretoria Executiva. E não se tem notícias de que ela tenha se oposto à sua prática.

                                                                                                                         

2  http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/nosso-­‐conselho-­‐de-­‐administracao-­‐elege-­‐graca-­‐foster-­‐ para-­‐assumir-­‐a-­‐presidencia.htm    

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Ora, o TCU, quando decidiu sobre quem seriam os agentes responsáveis pela prática dos dois atos ruinosos, não incluiu a Sra. Graça Foster entre eles, muito embora ela fosse, sim, responsável por referendar a Carta que levou à decisão de descumprimento da sentença arbitral, e por aprovar a sugestão de descumprimento do laudo arbitral.

Essa falha do TCU está em vias de ser superada, como tem

sido noticiado pela imprensa3, pelo menos no que concerne a algumas irregularidades cometidas durante o imbróglio de Pasadena.

Um dos resultados da correção da falha pelo TCU será, inevitavelmente, a declaração de bloqueio dos bens da Sra. Graça Foster, o que é uma medida que já era esperada há muito, inclusive por ela mesma, como adiante se procurará demonstrar, como porquanto ninguém imaginava que o TCU fosse cometer aquele erro que resultou na exclusão da presidente da Petrobras do rol de responsáveis pelo prejuízo.

Essa medida cautelar, que visa a garantir que os

responsáveis tenham como pagar o ressarcimento devido à Petrobrás, é uma possível consequência natural de todo processo de inspeção de contas no TCU.

Ora, conforme noticiado pela imprensa, à medida que o

processo no TCU se aproximava do fim, alguns dos investigados, e possíveis responsáveis, começaram a transferir bens a familiares, no claro intuito de livrar-se da iminente condenação a ressarcir a Petrobrás dos prejuízos que seus atos causaram à empresa.

Foi o caso, notadamente, da Sra. Graça Foster. A presidente

da Petrobrás doou dois de seus imóveis a seus filhos, Flávia e Colin, no dia 20 de março. Em abril ela doou outro imóvel a Colin, conforme a já citada reportagem do jornal O Globo:

Segundo reportagem do jornal "O Globo", a presidente da Petrobras, Graça Foster, doou no dia 20 de março dois imóveis por usufruto, que transfere a propriedade, mas permite ao antigo dono manter o uso. Um apartamento no Rio Comprido e outro na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, para os filhos Flávia Silva Jacua de Araújo e Colin Silva Foster. A doação foi feita um dia antes de a presidente Dilma Rousseff dizer que apoiou a compra da refinaria de Pasadena, quando era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, por causa de um "parecer falho" elaborado pelo então diretor da área internacional da estatal, Nestor Cerveró.

                                                                                                                         

3  http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/08/tcu-­‐volta-­‐adiar-­‐analise-­‐de-­‐bloqueio-­‐de-­‐bens-­‐de-­‐ graca-­‐foster.html    

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Graça Foster transferiu um terceiro imóvel em abril a Colin Silva Foster. A reportagem afirma também que Cerveró doou três apartamentos em áreas nobres do Rio de Janeiro a parentes em junho. Dois na rua Prudente de Moraes e um na Rua Visconde de Pirajá, a Raquel e Bernardo Cerveró4.

As doações começaram, precisamente, um dia depois de a Presidente Dilma Rousseff publicar nota oficial em que atribuía a diretores da Petrobrás a culpa por ela ter concordado com a aquisição da PRSI e com a criação da PRSI Trading. Com efeito, no dia 19 de março, Dilma Rousseff publicou:

A aquisição pela Petrobrás de 50% das ações da Refinaria de Pasadena foi autorizada pelo Conselho de Administração, em 03.02.2006, com base em Resumo Executivo elaborado pelo Diretor da Área Internacional.

Posteriormente, soube-se que tal resumo era técnica e juridicamente falho, pois omitia qualquer referência às cláusulas Marlim e de Put Option que integravam o contrato, que, se conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo Conselho.

Em 03.03.2008, a Diretoria Executiva levou ao conhecimento do Conselho de Administração a proposta de compra das ações remanescentes da Refinaria de Pasadena, em decorrência da aplicação da Cláusula de Put Option. Nessa oportunidade, o Conselho tomou conhecimento da existência das referidas cláusulas e, portanto, que a autorização para a compra dos primeiros 50% havia sido feita com base em informações incompletas.

Em decorrência disto, o Conselho de Administração determinou à Diretoria Executiva que apresentasse informações complementares sobre a operação. O tema retornou, nas reuniões subseqüentes do Conselho de Administração, resultando na não aprovação da compra das ações e na decisão de abertura do processo arbitral contra o grupo Astra. O processo arbitral foi aberto em decorrência de previsão contratual e de acordo com as regras da American Arbitration Association.

A Diretoria Executiva informou ao Conselho de Administração sobre a abertura de procedimento de apuração de prejuízos e responsabilidades.

A aquisição pela Petrobrás das ações remanescentes da Refinaria de Pasadena se deu em 13.06.2012, ao ser cumprido o laudo arbitral

                                                                                                                         

4  http://g1.globo.com/jornal-­‐nacional/noticia/2014/08/presidente-­‐e-­‐ex-­‐diretor-­‐da-­‐petrobras-­‐doaram-­‐ imoveis-­‐apos-­‐escandalo.html    

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proferido pela Câmara Internacional de Arbitragem de Nova York e confirmado por decisão das Cortes Superiores do Texas5.  

Segundo consta, a nota, que atribui a culpa pelo mau

negócio a diretores da Petrobrás, teria sido redigida pela própria Dilma Rousseff, após ter ficado insatisfeita com uma nota elaborada pela presidente da Petrobrás, Graça Foster6.

Só depois da divulgação, em 19 de março de 2014, da nota

em que a Presidente Dilma Rousseff chamava a atenção do público para a suposta culpa de diretores da Estatal, é que Graça Foster decidiu começar a transferir seus imóveis para seus filhos. A primeira transferência, inclusive, foi feita no dia 20 de março, um dia após a publicação da nota de Dilma Rousseff atribuindo a culpa pelos prejuízos decorrentes da aquisição de Pasadena a diretores.

Ora, a Sra. Graça Foster tinha sido, justamente, diretora da

Petrobras entre 2007 e 2012, período em que diversas outras decisões que causaram prejuízos à Estatal foram tomadas com sua participação.

Assim, teríamos um encadeamento de circunstâncias que

levam a crer que a Sra. Graça Foster, antevendo uma possível condenação e um consequente bloqueio de bens – em função da nota emitida pela Presidente Dilma Rousseff, teria decidido pôr seu patrimônio a salvo das medidas cautelares de bloqueio pelo TCU.

Esse ato da Sra. Graça Foster configuraria, em tese,

portanto, o delito de fraude processual, ou, eventualmente, o de estelionato.

Essa tentativa de ocultar seu patrimônio, com o nítido intuito de fraudar a decisão proferida pelo Tribunal de Contas da União e decisões futuras, a serem prolatadas nas Tomadas de Contas Especiais a serem instauradas em decorrência da primeira, revela que a própria Graça Foster duvidava que pudesse escapar da condenação pelo TCU.

DO DIREITO

A teor do art. 347 do Código Penal brasileiro, constitui crime punível com pena de detenção, de três meses a dois anos, e multa, a conduta de se “inovar artificiosamente, na pendência de

                                                                                                                         

5  http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,leia-­‐a-­‐integra-­‐da-­‐nota-­‐da-­‐presidencia-­‐sobre-­‐a-­‐ compra-­‐de-­‐refinaria-­‐imp-­‐,1142396    

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processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito”.

Conforme adrede mencionado, com o nítido intuito de evitar

a decretação cautelar da indisponibilidade de todos os seus bens, pelos Ministros do Tribunal de Contas da União, medida tomada pelo órgão de fiscalização e controle na data de 23 de julho de 2014, com relação aos demais administradores envolvidos na operação, para assegurar o ressarcimento dos prejuízos por eles acarretados à Petrobras, a Representada transferiu, livre e deliberadamente, a titularidade de alguns de seus bens a seus filhos e marido, inovando artificiosamente o estado de coisa.

Vale mencionar que a Tomada de Contas n.º

005.406/2013-7 foi autuada pela Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro (SecexEstat), do Tribunal de Contas da União, às 16h21min do dia 1.º de março de 20137, com o fito de que o órgão investigasse “possíveis irregularidades na condução do processo de aquisição da Refinaria Pasadena Refining System Inc. (PRSI) pela Petrobras America Inc. (PAI), subsidiária da Petróleo Brasileiro S.A., perante o grupo belga Astra Transcor”, conforme requerido pelo membro do Ministério Público junto àquela Corte de Contas, de forma que está preenchida a elementar do tipo “na pendência de processo administrativo”.

Demais disso, Graça Foster, como titular de uma das

diretorias da Petrobras, qual seja, a Diretoria de Gás e Energia, entre setembro de 20078 e fevereiro de 2012, compunha a Diretoria Executiva da companhia no período em que as negociações para a compra da refinaria de Pasadena ainda estavam sendo conduzidas, tendo participado de decisões que, de acordo com o Tribunal de Contas da União, causaram substanciais prejuízos à companhia.

De qualquer modo, caso se entenda que alguma das

elementares do tipo específico da fraude processual não se encontra, na hipótese vertente, preenchida, pugna-se, alternativamente, pela requisição de instauração de inquérito policial para a investigação de prática de suposto crime de estelionato pela Representada, na medida em que ela, em tese, por meio de sua conduta, visava obter, para si, vantagem indevida e, por via de consequência, ilícita, em detrimento da Petrobras e, em última instância, do Estado brasileiro, induzindo os

                                                                                                                         

7 Conforme andamento processual disponível no sítio

https://contas.tcu.gov.br/etcu/AcompanharProcesso?p1=5406&p2=2013&p3=7.

8 De acordo com notícia disponível em: <

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Ministros do Tribunal de Contas da União em erro, mediante a ocultação indevida de bens, meio que pode ser considerado fraudulento e é idôneo à obtenção da vantagem indevida a que se teria almejado, nos termos do art. 171 do Código Penal brasileiro.

CONCLUSÃO

Ante o exposto, com base no art. 129, VIII, da Constituição Federal, requeremos a Vossa Excelência que requisite a instauração de inquérito policial com a finalidade de apurar se a Representada, bem como outros administradores da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, já identificados – como o ex-Diretor da Área Internacional da Petrobrás, Sr. Nestor Cerveró, também citado na reportagem do jornal O Globo e enquadrado em situação similar à de Graça Foster, no âmbito do Tribunal de Contas da União – e a serem eventualmente identificados no curso do procedimento cuja abertura ora se requer, praticaram o ilícito penal tipificado no art. 347 ou, alternativamente, no art. 171, do Decreto-Lei n.º 2.848, de 07 de dezembro de 1940 – Código Penal brasileiro.

Brasília/DF, 22 de agosto de 2014. Atenciosamente,

DEPUTADO ANTONIO IMBASSAHY

(9)

ANEXO    

 

Íntegra  da  notícia  veiculada  pelo  jornal  O  Globo  

“Graça Foster e Cerveró doaram imóveis

após estourar escândalo sobre Pasadena

Bens mudaram de mãos antes de o TCU determinar o

bloqueio do patrimônio de dez gestores da Petrobras

por  Vinicius  Sassine  e  Eduardo  Bresciani    

20/08/2014  15:17  /  Atualizado  20/08/2014  20:13      

Graça  Foster  doou  imóveis  a  parentes  após  estouro  de  escândalo  sobre  compra  de  Pasadena  -­‐   Domingos  Peixoto  /  Agência  O  Globo  

BRASÍLIA - A presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ex-diretor da Área Internacional da estatal Nestor Cerveró doaram imóveis a parentes após estourar o escândalo sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, como mostram registros em cartório obtidos pelo GLOBO no início da tarde desta quarta-feira. A movimentação envolve apartamentos em áreas valorizadas do Rio. Ao tomar conhecimento da notícia divulgada pelo GLOBO, os ministros do TCU decidiram suspender a sessão que analisava na tarde de hoje o bloqueio de bens de ex-dirigentes da Petrobras.

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Os bens mudaram de mãos antes de o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar o bloqueio do patrimônio de dez gestores da Petrobras apontados como responsáveis por um prejuízo de US$ 792,3 milhões na compra da refinaria. O bloqueio foi determinado no dia 23 de julho justamente para garantir que os bens não sejam movimentados pelos gestores e possam garantir o ressarcimento aos cofres da estatal.

Na sessão em plenário desta quarta, os ministros do TCU vão decidir se Graça também terá o patrimônio bloqueado, uma vez que ela acabou excluída da primeira decisão por conta de um erro. O Palácio do Planalto opera para que a presidente não seja atingida pela medida. O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que fez a defesa de Graça em plenário, já declarou que o bloqueio inviabilizaria a permanência de Graça no cargo. Os documentos oficiais obtidos pela reportagem revelam que, em 20 de março deste ano, Graça doou "com reserva de usufruto" um apartamento em Rio Comprido a Flavia Silva Jacua de Araújo, tendo Colin Silva Foster como interveniente. No mesmo dia, a presidente da Petrobras fez uma doação semelhante a Flavia e a Colin de um imóvel na Ilha do Governador.

O  ex-­‐diretor  da  Petrobras,  Nestor  Cerveró,  durante  depoimento  na  CPI  -­‐  Givaldo  Barbosa  /   Agência  O  Globo  

No dia 19 de março, um dia antes das transações feitas por Graça, veio a público um posicionamento da presidente Dilma Rousseff de que apoiou a compra da refinaria de Pasadena por conta de um "parecer falho" elaborado por Nestor Cerveró. Era o início de uma crise que resultou na instalação de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Congresso Nacional.

Dilma, como presidente do Conselho de Administração da Petrobras em 2006, votou a favor da aquisição da primeira metade da refinaria. No processo em curso no TCU, os ministros a eximiram de responsabilidade no negócio.

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Graça ainda fez uma "doação com reserva de usufruto" a Colin em 9 de abril deste ano. Trata-se de um imóvel na Praia de Manguinhos, com direito a uma vaga de garagem. Cerveró, por sua vez, doou três apartamentos a parentes em 10 de junho, 45 dias antes de o TCU determinar o bloqueio de seus bens e de mais nove gestores da Petrobras. Cerveró doou um apartamento na Rua Prudente de Moraes a Raquel Cerveró; outro apartamento no mesmo prédio a Bernardo Cerveró; e um apartamento na Rua Visconde de Pirajá, também a Bernardo Cerveró.

ADVOGADO DE CERVERÓ NEGA DISSIMULAÇÃO

O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou ao GLOBO que a doação dos

apartamentos aos filhos do ex-diretor da Petrobras não tiveram o objetivo de dissimular a propriedade dos bens, diante da possibilidade de bloqueio, o que acabou ocorrendo no mês seguinte.

– Ele resolveu fazer em vida o que seu pai já havia feito, dividindo os bens com os filhos. Em junho, não havia qualquer decisão do TCU e, além disso, a diretoria não tem absolutamente nenhuma responsabilidade sobre isso (os prejuízos na compra da

refinaria de Pasadena). A ideia não foi dilapidar o patrimônio, pois os imóveis ficaram com a família. Foi uma atitude normal – disse o advogado.

PETROBRAS NEGA RELAÇÃO DA DOAÇÃO COM O CASO PASADENA Em nota a Petrobras negou que a doação dos bens de Graça Foster tivesse ligação com o caso Pasadena, e sustentou que a presidente da estatal já vinha há mais de um ano planejando repassar imóveis aos filhos. Eis a íntegra da nota:

"A Petrobras refuta veementemente a informação de que a presidente Graça Foster tenha feito qualquer movimentação patrimonial com o intuito de burlar a decisão do TCU tomada no dia 23 de julho de 2014 que declarou a indisponibilidade de bens de gestores e ex-gestores da companhia. Vale ressaltar que, na referida decisão do TCU, a presidente Graça Foster não estava incluída dentre as pessoas nominadas no Acórdão como potenciais responsáveis por supostos danos ao patrimônio da companhia, os quais ainda serão apurados no âmbito de Tomada de Contas Especial, no mesmo

Tribunal.Documentos pessoais da presidente da companhia comprovam que, desde junho de 2013, ela já vinha providenciando a documentação necessária para a lavratura das Escrituras de Doação de Bens Imóveis aos seus filhos com Cláusula de Usufruto. É importante frisar que doações de bens são atos legítimos, previstos em lei e objetivam evitar futuros conflitos entre herdeiros. Esses procedimentos foram: avaliações dos imóveis, obtenção de certidões, verificação do valor dos custos e tributos incidentes, elaboração das minutas das escrituras e sua posterior formalização, bem como os competentes registros imobiliários, culminando todos esses atos em 20 de março e 9 de abril de 2014."

 

Disponível  em:  http://oglobo.globo.com/brasil/graca-­‐foster-­‐cervero-­‐doaram-­‐imoveis-­‐apos-­‐ estourar-­‐escandalo-­‐sobre-­‐pasadena-­‐13671666#ixzz3B8fpmGe0

Referências

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