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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DE JOVENS

E ADULTOS

Por: MARIA ALICE ALKMIM ANDRADE

Orientadora Professora: Mary Sue

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DE JOVENS

E ADULTOS

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em..Administração e Supervisão Escolar. Por: Maria Alice Alkmim Andrade

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AGRADECIMENTO

A Deus que me iluminou, me deu sabedoria, paciência, perseverança frente às dificuldades.

Aos meus amigos que promoveram debates interessantes sobre a educação dos jovens e amigos e que me estimularam a escrever esse trabalho

A minha orientadora, Mary Sue, pelas sugestões e discussões valiosas. Ao Colégio Cruzeiro, que me deu a inspiração para desenvolver um trabalho que acabou me transformando em uma pessoa melhor.

Aos meus atuais e ex-alunos, importantes incentivadores, pela valorização do meu trabalho como profissional de ensino.

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai e minha mãe que sempre me estimularam a estudar e lutar pelos meus ideais.

Aos meus filhos, que possam acreditar que é através do estudo em todas as fases da vida, que se almeja algo melhor.

Ao meu amigo Thiago pelo convite para coordenar o projeto Dialogando na Escolar e pelo incentivo inicial para cursar uma pós-graduação.

À minha amiga Claudia Andreia que abraçou comigo essa caminhada, pela sua dedicação e convivência presentes ao longo desses anos.

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RESUMO

A educação de jovens e adultos, na contemporaneidade, adquire um novo sentido. Este sentido é fruto das práticas que se vão fazendo nos espaços que educam nas sociedades: escolas, movimentos sociais, trabalho, praticas educativas. Nenhuma aprendizagem pode se fazer destituída do sentido ético, humano e solidário que justifica a condição de seres humanizados, providos de inteligência.

Educar jovens e adultos, em última instância, não se restringe a tratar de conteúdos intelectuais, mas implica lidar com valores, com formas de respeitar e reconhecer as diferenças e os iguais.

Esse trabalho tem como objetivo relatar uma experiência pedagógica que vem sendo desenvolvida com alunos-trabalhadores do EJA a partir do entrelaçamento entre EJA e GESTÃO ESCOLAR que está sendo realizado no Colégio Cruzeiro-Centro, na cidade do Rio de Janeiro ao longo do ano de 2008.

Essa experiência está inserida no projeto “Dialogando na Escola”, que tem como base de sustentação um diálogo maior entre os funcionários e as mais diversas instâncias que compõem a comunidade escolar. Até então, pouco era conhecido a respeito da vida de cada funcionário. Não havia registro das histórias de vida.

Urge a necessidade de dialogar com novos parceiros a respeito do desafio que se encontra hoje a educação de jovens e adultos dentro de um contexto humanístico que compreenda uma concepção mais ampla das dimensões tempo/espaço de aprendizagem.

Esse trabalho propõe reflexões, junto aos sujeitos da EJA, na construção de práticas pedagógicas e educativas leves, múltiplas, exatas e promotoras de uma cultura emancipatória e crítica, a partir dos espaços escolares e de seu entorno comunitário.

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METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido a partir de dois enfoques metodológicos. O primeiro será desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas referentes a educação de jovens e adultos e as novas perspectivas da gestão escolar. As leituras que serão realizadas servirão de estímulo para uma melhor compreensão dos novos atores-sujeitos da aprendizagem. Além disso, será feito um breve histórico de como essas temáticas vem sendo tratadas.

O segundo far-se-a através do relato da minha experiência enquanto gestora da EJA, no projeto Dialogando na Escola desenvolvido no colégio Cruzeiro – centro, há dois anos. A pesquisa por entrevista é uma metodologia importante nesse trabalho porque os alunos funcionários responderão uma ficha intitulada “Conhecendo o nosso funcionário” (anexo). Essas informações tabuladas e depois analisadas são fundamentais para compreender o papel do gestor do EJA nesse estudo de caso. Essas entrevistas serão respaldadas pela instituição de ensino (Colégio Cruzeiro) com o aval do diretor do colégio.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - Breves comentários sobre a educação de jovens e adultos

CAPÍTULO II – Perspectivas recentes da gestão escolar

CAPÍTULO III – Uma experiência de educação de jovens e adultos em uma escola particular na cidade do Rio de Janeiro

CONCLUSÃO

ANEXO

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

Ensinar jovens e adultos é um desafio que tem estimulado um número cada vez maior de professores. É uma tarefa encantadora não só pelos sujeitos que estão envolvidos, mas, principalmente, pela possibilidade de educar de uma forma continuada, educação como direito humano de aprender para toda a vida.

Além disso, essa tarefa precisa estar imbuída da compreensão das palavras acima destacadas, tão sabiamente escrita por Boff. Qualquer prática pedagógica, inclusive com jovens e adultos, precisa estar atento a seus ensinamentos.

Há inúmeros trabalhos que mostram que educar jovens e adultos, não se restringe a tratar de conteúdos intelectuais, mas implica lidar com valores, com formas de respeitar e reconhecer as diferenças e os iguais. De nada adianta impor conteúdos, se não se sabe que eles são bens produzidos por todos os homens, que a eles têm direito e devem poder usufruí-los.

Em um país como o nosso onde há um percentual grande da população adulta, ainda analfabeta, talvez incentivar o retorno aos bancos escolares seja o passo mais importante para o resgate da cidadania. Nesse sentido, urge que tenhamos cada vez mais trabalhos que mostrem as especificidades de educar essa parcela da população e qual o papel do gestor escolar dentro desse contexto.

Diante desta problemática, o texto que proponho escrever possui como tema o papel do gestor escolar na educação de jovens e adultos a partir do relato de uma experiência em uma escola particular da cidade do Rio de Janeiro. Para tal, o objetivo central do meu estudo é compreender, a partir do estudo de caso, o papel do gestor escolar na educação de jovens e adultos. Como objetivos específicos pretendo apontar as características atuais da educação dos jovens e adultos e caracterizar as perspectivas recentes da gestão escolar.

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O estudo que está sendo proposto para entender a importância da gestão escolar na permanência dos alunos-trabalhadores será realizado no colégio Cruzeiro (Unidade Centro) localizado na parte central da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, há uma coordenação voltada especificamente para a EJA e quatro professores envolvidos nas oficinas que foram criadas (Palavra, Números, Inglês e Informática).

A opção por uma escola comprometida com o exercício da cidadania significa pensar o colégio como um espaço de interlocução, onde professores e alunos possuem sempre coisas a dizer, a partir de suas vivências, reflexões e saberes construídos na diferentes experiências.

Com o intuito de atingir o propósito geral e os específicos, o trabalho será dividido em três capítulos. No primeiro capítulo realizar-se-á uma breve discussão a respeito das características atuais da educação dos jovens e adultos e as perspectivas recentes da gestão escolar. Essa parte do trabalho será desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas referentes ao tema proposto. As leituras que serão realizadas servirão de estímulo para uma melhor compreensão dos novos atores-sujeitos da aprendizagem.

O segundo capítulo tratará sobre a importância da gestão escolar dentro desse contexto.

O papel do gestor escolar na educação vem mudando bastante desde o final do século passado. Hoje muitas questões ligadas diretamente à vida escolar passam pela maneira como esse estabelecimento é gerenciado. Isso assume uma especificidade ainda maior no que diz respeito à gestão direcionada para o ensino de jovens e adultos. Nesse sentido, acredita-se que a gestão escolar que atenda às atuais exigências da vida social é de extrema importância para o sucesso na permanência desse aluno-trabalhador nos bancos escolares e no resgate da sua cidadania.

O terceiro capítulo terá como enfoque o relato de uma experiência de educação de jovens e adultos que está sendo desenvolvido com os funcionários do colégio desde 2008.

Sou responsável em atender e pensar melhorias para os funcionários de mais baixa renda do colégio, projeto esse intitulado "Dialogando na Escola".

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Esse projeto insere-se no Departamento de Ação Social, coordenado pelo prof. Thiago Villela. Uma das linhas de ação em que atuo é a criação de oficinas onde estão sendo oferecidas aulas de português, matemática e informática. Conhecer e debater mais sobre esses sujeitos, compreender a importância da gestão escolar foi a motivação para a procura pelo curso de Pós-graduação em Gestão e Supervisão Escolar oferecido pelo Instituto A Vez do Mestre da Universidade Candido Mendes.

O último capítulo aprofundará a discussão sobre EJA e gestão escolar mostrando a importância desta relação como solução para o abandono dos bancos escolares do aluno-trabalhador.

A metodologia que será empregada nesse capítulo far-se-a através do relato da minha experiência enquanto gestora da EJA há dois anos. A pesquisa por entrevista é uma metodologia importante nesse trabalho porque os alunos funcionários responderão uma ficha intitulada “Conhecendo o nosso funcionário”. Essas informações tabuladas e depois analisadas são fundamentais para compreender o papel do gestor do EJA nesse estudo de caso. Essas entrevistas serão respaldadas pela instituição de ensino (Colégio Cruzeiro) com o aval do diretor do colégio.

A conclusão abordará a maneira como uma gestão escolar compromissada com o resgate da cidadania contribui para uma melhor inserção do aluno-trabalhador nos bancos escolares.

Espera-se com o relato de experiência da gestão escolar que será apresentado nesse trabalho contribuir, não apenas para a ampliação do debate acerca das questões inerentes a essa modalidade de ensino, mas também mostrar que há possíveis soluções para a maior permanência do aluno-trabalhador nos bancos escolares.

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CAPÍTULO I

BREVES COMENTÁRIOS SOBRE A EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS E A GESTÃO ESCOLAR

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é o segmento de ensino da rede escolar pública brasileira que recebe os jovens e adultos que não completaram os anos da Educação Básica em idade apropriada e querem voltar a estudar.

O primeiro movimento que se conhece, no Brasil, em direção a educação de jovens e adultos aconteceu na década de 40. Constatado o elevado índice de analfabetos no Brasil, a União lança, em plano nacional, a primeira Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). Mesmo priorizando, nesse momento, somente a alfabetização, a proposta tinha como objetivo uma ação educativa abrangente, compreendendo a aprendizagem da leitura e da escrita, as noções básicas de cidadania, higiene e saúde, geografia e história e economia doméstica para as mulheres. É importante salientar que essa campanha vinculava-se a ampliação dos quadros eleitorais, pois os analfabetos não votavam, e a reformulação dos partidos politicos, na retomada do processo democrático brasilieiro.

Não é objetivo desse trabalho fazer um levantamento exaustivo sobre o histórico da EJA no Brasil. Para essa temática há vários autores que mostram como foi encaminhado a educação de jovens e adultos ao longo da história brasileira. Um dos nomes mais importantes nesse sentido é o de Oscar Fávero (2007) que tem várias linhas de pesquisas a respeito da memória e história da educação popular, com ênfase na educação de adultos.

Porém, qualquer trabalho sobre educação popular no Brasil precisa fazer referência a grande contribuição de Paulo Freire que publicou várias obras sobre EJA e que foram traduzidas e comentadas em vários países.

Nesse sentido, cabe mencionar a importância da criação do Sistema Paulo Freire de Alfabetização de Adultos ao longo da década de 1960. A partir da crítica ao modo de trabalhar da escola tradicional, criticando, recusando as cartilhas como doação, transformando a aula em debate e o professor em um animador, Freire e seus colaboradores criam, a alfabetização como o primeiro

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passo de ampla educação de adultos. Essa alfabetização vai estar intimamente relacionado ao Movimento de Cultura Popular (MCP) que tem como proposta o atendimento educacional tanto para crianças quanto para adultos, muito ligada às necessidades da população pobre, resgatando a cultura como elemente importante de compreensão e transformação da realidade.

Para Freire, alfabetizar adultos não é só um método mas uma proposta filosófica com o compromisso de valorizar o diálogo e a interação como fundamentos necessários para a libertação do educando. Para ele ninguém é analfabeto porque quer; as condições sócioeconomicas, as desigualdades sociais, a miséria são a causa desse mal que o Brasil não conseguiu superar. Como escreve GADOTTI (1995:28) ao desmembrar o pensamento de Freire “... o analfabetismo é a expressão da pobreza, consequência inevitavel de uma estrutura social injusta. Seria ingênuo combatê-lo sem conhecer suas causas.”

Freire vai propor uma educação como instrumento de transformação social levando os educando a uma conscientização. Par ele, o conteúdo social é base para a conscientização, através da valorização da cultura popular, da leitura do mundo. Muito sábias são essas palavras ditas por FREIRE:

“É impossível levar avante meu trabalho de alfabetização ou compreender a alfabetização, separando completamente a leitura da palarvra da leitura do mundo. Ler a palavra e aprender como escrever a palavra, de modo que alguém possa lê-la depois, são precedidas do aprender como “escrever o mundo”, isto é ter a experiência de mudar o mundo e estar em contato com o mundo.” (FREIRE, 1996, p.31).

Escrever o mundo, é, de certa forma, mudar o mundo, através da vivencia da realidade que nos cerca. Nesse sentido, vale lembrar o primeiro Livro de leitura para adultos, inspirado nas idéias de Freire, que partia de palavras-chaves e situações de aprendizagem com real significado para os alfabetizandos. Esse livro inspiriou outros livros de leitura dos diversos

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movimentos de cultura popular criados em todo o país ao longo da década de 1960 como o De pé no chão tambem se aprende a ler, de Natal.

Com o golpe militar de abril de 1964 houve a desmobilização de todos os movimentos de educação e cultura popular, inclusive os pequenos núcleos de alfabetização usando o sistema Paulo Freire. Durante esse período vale comentar, apenas, a criação do Mobral que se converteu no maior movimento de alfabetização de jovens e adultos já realizado no país, com filiais em quase todos os municípios brasileiros. Não há como questionar que o Mobral trabalhou com grandes números, mas a avaliação mais séria sobre ele, comparando os resultados dos censos de 1970 e 1980, constatou que em dez anos de atuação maciça só houve uma redução em torno de 7% da taxa de analfabetismo (PAIVA, 1981).

Após quase cinquenta anos de experiências em EJA, sabe-se que campanhas e movimentos educacionais direcionados para a população jovem e adulta pouco resolveraram o problema do analfabetismo. Ele tem origem na sociedade injusta e desigual na qual essas pessoas estão inseridas. Não é um problema com solução a curto prazo. Como afirma com bastante propósito FÁVERO:

“É preciso fazer a educação de jovens e adultos como um processo educativo amplo, que pode começar pela alfabetização, como primeira etapa, desde o primeiro momento obrigatoriamente articulada a outras etapas, que configurem o ensino fundamental completo. Só assim se estará caminhando na direção de repor o direito à educação, anteriormente negado ou mal garantido.” (FÁVERO, 2004, p.27).

Um grande marco na educação de jovens e adultos ocorreu na Alemanha em 1997 onde foram traçadas as novas diretrizes para a EJA. Essas são as palavras do diretor geral da ONU Frederico Mayor na abertura da V CONFINTEA (1997), em Hamburgo na Alemanha:

“A EDUCAÇÃO é um instrumento indispensável para o desenvolvimento durável.(...) É, sobretudo, um direito de cada um,

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o direito de se tornar um cidadão ativo e criativo. Aprender é, enfim, uma alegria, traz um sentimento de liberdade, de abertura, de autonomia(...) experimentada a alegria de aprender, a gente não se esquece jamais: ela se repete e se reproduz por toda a vida.”

Educar jovens e adultos, na contemporaneidade, possui esse sentido mais amplo. Ele é fruto de ações que se constroem nos lugares onde se educa: escolas, trabalho, movimentos sociais, etc. Duas são as perspectivas que são tratadas a educação de jovens e adultos.

A primeira, a da educação continuada, compreendida pelo sentido do aprender por toda a vida, independente da educação formal. O foco não pode ser só na alfabetização desses sujeitos, mas na educação duradoura calcada na cultura e na relação entre classes. O aprender por toda a vida faz o homem ser mais, humaniza-o, potencializa sua condição de sujeito pensante, que interfere e transforma, com seu agir, o mundo. (PAIVA, 2007).

A vertente da educação continuada não pode ser, exclusivamente, a alfabetização dos sujeitos, mas o letramento. Existe, assim, uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado. Ou seja, a pessoa que aprende a ler e a escrever - que se torna alfabetizada - e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita - que se torna letrada - é diferente de uma pessoa que ou não sabe ler e escrever - é analfabeta - ou, sabendo ler e escrever, não faz uso da leitura e da escrita - é alfabetizada, mas não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita. O letramento é a conseqüência da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita. (KLEIMAN, 1992).

Para participar do mundo do letramento o indivíduo deve desenvolver habilidades variadas, que vão do domínio do código (a alfabetização propriamente dita) e dos instrumentos à competência comunicativa de atuação de múltiplas práticas sociais que vão sendo constituídas historicamente.

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O domínio de várias linguagens presentes nos diferentes tipos de texto associado às demandas de leitura e de escrita dos sujeitos envolvidos, carregadas de sentido, é que darão ao jovem e adulto o estatuto de leitor e autor, pressuposto para uma melhor compreensão e interpretação da realidade.

SOARES (1995) valoriza o impacto qualitativo que este conjunto de práticas sociais representa para o sujeito, extrapolando a dimensão técnica e instrumental do puro domínio do sistema de escrita:

Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos (In Ribeiro, 2003, p.91).

O aprender para toda a vida também inclui a formação continuada dos educadores envolvidos com a EJA como mostra o trabalho de DE VARGAS e FÁVERO (2007). Nesse estudo é apresentado elementos para a reflexão sobre as possibilidades de repensar a formação de professores da educação de jovens e adultos à luz de estudos sobre os processos não formais de aprendizagem. Os professores são peças fundamentais para que o trabalho na EJA alcance resultados satisfatórios permitindo o engajamento dos alunos e a motivação para eles não desistirem. Nesse sentido, as idéias freireanas servem como orientação para o processo de formação docente no que se refere à reflexão crítica da prática pedagógica que implica em saber dialogar e escutar, que supõe o respeito pelo saber do educando e reconhece a identidade cultural do outro.

Hoje, mais que em outras épocas, se exige do educador uma postura alicerçada num processo permanente de reflexão que leve a resultados inovadores no trato da educação. Sem dúvida que, as contribuições de Paulo

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Freire levam o educador a consciência de si enquanto ser histórico que continuamente se educa num movimento dialético no mundo que o cerca. Não é, pois, por acaso que as idéias freireanas se articulam com os interesses na formação do educador, pois, não se perde de vista o caráter histórico do homem associado sempre à prática social.

A segunda perspectiva é da escolarização, garantindo o direito à educação básica a todos os sujeitos independentes da idade. A educação é percebida como um direito humano fundamental

Garantir a Educação como Direito Humana busca considerar o ser humano na sua vocação de querer “ser mais”, diferentemente dos outros seres vivos, acreditando na superação da sua condição de existência no mundo. Para tanto, utiliza-se do seu trabalho, transforma a natureza, convive em sociedade.

A educação é um elemento fundamental para a realização dessa vocação humana. Não apenas a educação escolar, mas a educação no seu sentido amplo, a educação para toda a vida, que implica na educação escolar básica, mas que não se basta nela, porque o processo educativo começa com o nascimento e termina apenas no momento da morte do ser humano. Isto pode ocorrer no âmbito familiar, na sua comunidade, no trabalho, junto com seus amigos, nas igrejas etc. Os processos educativos permeiam a vida das pessoas. Não se limita a uma fase da vida e, nesse sentido, a EJA não pode ser mais vista como apenas uma etapa temporária que irá sanar a falta da escolaridade em alguma etapa da vida.

Além disso, os conteúdos abordados na EJA não devem se restringir a conteúdos intelectuais, listados em algum gabinete, e postos em prática através de fichas a serem preenchidos pelos alunos. Esses conteúdos precisam estar inseridos no cotidiano dos sujeitos aprendizes, precisam ter significado para eles e, de preferência, que os conteúdos partam do interesse deles.

É importante lembrar que a educação voltada para jovens e adultos tem dois sentidos principais: formar para a cidadania e preparar para o mundo do

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trabalho. Nesse sentido o leque de conteúdos que o profissional que trabalha com essa clientela tem a sua disposição é muito grande e precisa ser adequada a esses jovens e adultos que já trabalham e possuem uma história de vida que não pode ser desprezada. Só dessa forma é possível resgatar o prazer em voltar aos bancos escolares e, endogeneizar o aprender para toda a vida, evitando a evasão escolar.

A opção por uma escola comprometida com o exercício da cidadania significa pensar a escola como um espaço de troca, onde os docentes e discentes têm sempre algo a falar, a partir de suas vivências, reflexões e saberes construídos nas diferentes experiências. Nesse sentido, o professor envolvido com a EJA precisa valorizar o saber lingüístico do aluno, resgatando sua auto-estima; mostrar a importância e a necessidade da ampliação do conhecimento e priorizar uma concepção de linguagem que estimule a interação, a constituição dos sujeitos, da consciência e a construção dos saberes, respeitando as diferenças individuais e sociais. (TEDESCO, 2004)

Esse novo sentido adquirido pela educação de jovens e adultos na contemporaneidade precisa estar em consonância com as perspectivas mais recentes de gestão e supervisão escolar para que a aprendizagem ocorra da maneira mais tranqüila e duradoura possível, como será mostrado no capítulo seguinte.

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CAPÍTULO II

PERSPECTIVAS RECENTES DA GESTÃO ESCOLAR

O final do século XX e os dias atuais marcam uma época de grandes transformações sociais, científicas e tecnologias. As pessoas têm que lidar com um número cada vez maior de informações e dar conta dos acontecimentos quase “on line”. As habilidades e competências que, até aquele momento, eram suficientes para a inserção do sujeito em um mercado de trabalho, já não são mais, e a escola precisa dar conta dessas novas exigências que um mundo cada vez mais globalizado prescinde. Faz-se necessário o desenvolvimento de competências que possibilitam a inclusão do sujeito na sociedade letrada e na era da informação do mundo moderno.

Vale lembrar que a escola é parte do sistema educativo geral de uma sociedade, e não se pode perder de vista esta referência mais ampla. Cada sociedade tem seu sistema educativo, aquele que precisa ter, o que lhe é próprio. Nas palavras de DURKHEIM (1975):

“(...) Todas as práticas educacionais, sejam elas quais forem, quaisquer que sejam as diferenças existentes entre elas, possuem em comum um caráter essencial. (...) As práticas educacionais não são fatos isolados uns de outros, mas, por uma mesma sociedade, estão ligadas num mesmo sistema, cujas partes concorrem para um mesmo fim: e este é o sistema de educação próprio desse país e dessa época. Cada povo tem o seu, da mesma foram que tem seu sistema moral, religioso, econômico etc.” (DURKHEIM,1975, p.77)

Não é propósito desse trabalho escrever sobre as novas características que devem compor a escola do século XXI, porém é sabido que a escola precisa de um novo modelo no contexto atual. Os mais recentes estudos sobre a função da escola, na contemporaneidade, mostram que a escola precisa garantir que os alunos aprendam a pensar, a fazer, a ser e a conviver, tendo acesso a todo tipo de informação e conhecimento, no momento certo, com satisfação.

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A escola enquanto instituição social tem diante de si como um de suas principais metas construir o espírito de cidadania e desenvolver habilidades na preparação de um indivíduo para uma vida social atuante, principalmente, quando esta tem como alunado jovens e adultos que estão inseridos na sociedade muitas vezes de forma passiva, excluídos e considerados como analfabetos funcionais por não conseguirem agir de forma política, sem conseguir traçar objetivos coerentes e eficazes para atender as especificidades desta clientela.

Ensinar, de modo geral, deveria significar permitir ao aluno tanto o acesso ao conhecimento historicamente produzido quanto a uma atitude reflexiva ante uma realidade determinada. Trata-se de um processo de formação dinâmica, pela qual o aluno adquire determinadas aptidões intelectuais que se mostre em habilidade e capacidade de argumentação, sedimentadas no esforço em problematizar, desvelar os supostos, duvidar de fatos e razões apresentados como evidentes, despertar a força da negação, enfim, realizar o trabalho de crítica.

As novas estruturas familiares, sociais, econômicas, culturais, tanto em nível nacional quanto mundial, requerem um novo modelo de escola, com responsabilidade social, que forme um cidadão diferente e mais comprometido com a realidade social. Para esse novo modelo, faz-se necessário um novo perfil de dirigente, com formação e conhecimentos específicos para o cargo e a função de diretor-gestor.

Cabe, nesse momento, ressaltar que será usado nesse trabalho a expressão gestão escolar, em substituição à administração escolar, não só por uma questão semântica. Essa mudança já se enquadra no novo enfoque de organização da escola do século XXI que é, minimamente, diferente do modelo anterior. Ela está ancorada, como mostra ANDRADE (2004) nos princípios de participação, de autonomia, de autocontrole e de responsabilidade. Esses princípios precisam nortear as ações do diretor-gestor em qualquer lugar dentro do ambiente escolar.

Ainda com relação à diferença entre administração e gestão escolar, escreve LUCK (2002):

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“ A gestão não deprecia a administração, mas supera as suas limitações de enfoque dicotomizado, simplificado e reduzido, para atender às exigências de uma realidade cada vez mais complexa e dinâmica” (LUCK, 2002, p.26).

Um dos conceitos que surgem nessa nova concepção de gestão é o de liderança educacional, fundamental para um bom gestor escolar. Esse precisa despertar o potencial de cada funcionário da instituição, imbuindo nele o sentimento de pertencimento a um grupo em que todos são importantes, cooperam, aprendem e ensinam o tempo todo.

A nova concepção de gestão possui uma ótica globalizadora em que todos participam da organização escolar. Não deve ser mais o diretor o único a tomar decisões e se responsabilizar por tudo que acontece no ambiente

escolar. Todos são convocados a participar da dinâmica escolar de uma forma leve e interativa.

Para ANDRADE (2004), três características são importantes para um gestor escolar quando coordena uma reunião: simplicidade nos procedimentos; objetividade na comunicação; e transparência nas decisões, para merecer a confiança de todos. Além disso, toda a comunidade escolar deve participar das decisões mais difíceis.

Também faz parte do novo gestor entender a educação como um processo longo e contínuo. As medidas que devem ser tomadas pelo gestor precisam levar em consideração essa particularidade da educação. Educar é para toda a vida e pode acontecer nos mais diversos ambientes, não, necessariamente só na escola. Sobre isso corrobora BORGES (2004) quando escreve que a educação é um processo. Para ele, não se educa com acontecimentos episódicos, por mais bonitos e elogiáveis que sejam. Educar é tarefa de todos os dias e pode acontecer em qualquer lugar.

Além dessa percepção de educar para toda a vida, o espírito de equipe, a participação, o envolvimento da maior parte dos que estão envolvidos na ação educacional, seja a direção, coordenação, professores, funcionários e alunos, são elementos imprescindíveis para uma gestão democrática.

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A figura do gestor escolar, historicamente sempre foi tida como uma pessoa controladora e burocrática, mostrando neste percurso marcas de uma profissão que sempre refletia interesse das classes dominantes, sendo um agente controlador da ação docente e ideológico, evidenciando a divisão de trabalho na escola, preocupado com os meios e não os fins a serem atingidos pela prática pedagógica, percebendo a escola como uma instituição passiva diante da sociedade.

O novo conceito de gestão relaciona-se, pois, à democratização e à participação consciente e responsável de toda a comunidade escolar no processo decisório, em ações conjuntas e relacionadas, visando a cidadania através de um ensino de qualidade.

A Gestão Democrática, nas palavras do Wikipédia é uma forma de gerir uma instituição, de maneira que possibilite a participação, transparência e democracia. Entende-se, então, que a gestão democrática da educação escolar está relacionada ao estabelecimento de mecanismos legais e institucionais e à organização de ações que desencadeiem a participação da comunidade: na formulação dos objetivos educacionais; no planejamento; na tomada de decisões; na definição do uso de recursos e necessidades de investimento; nos momentos de avaliação da escola.

Com relação a gestão democrática, as palavras de FERREIRA (2004) são muito apropriadas:

“Fraternidade, solidariedade, justiça social, respeito, bondade e emancipação humana, mais do que nunca, precisam ser assimilados e incorporados como consciência e compromisso da gestão democrática da educação – princípios que necessitam nortear as decisões a serem tomadas no sentido da humanização e da formação de todas as pessoas que vivem neste planeta.” (FERREIRA, 2004, p. 1243)

No que se refere a gestão direcionada a educação de jovens e adultos, as consideração acima feitas assumem uma importância grande tendo o gestor que ter muita sabedoria para lidar com esse grupo especialíssimo de alunos que trazem dentro de si, suas trajetórias de vida, suas experiências.

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Valorizar, sempre, as ricas experiências de vida desses jovens e adultos que, na contemporaneidade, continuam se debatendo com várias dúvidas, que precisam ser levadas em conta, legitimadas e assumidas como uma maneira de garantir acesso a uma educação de qualidade.

Precisa ainda lidar com os docentes que necessitam conhecer bem as propostas atuais que regem o ensino de jovens e adultos e saber moldar aqueles que, por ventura, apresentam dificuldades em dinamizar o ensino-aprendizagem em turmas com essa especificidade

É importante que a gestão da EJA aconteça calcada na participação dos docentes e discentes em todo o processo educativo, principalmente, no que tange aos conteúdos que serão ministrados e nas metodologias que serão utilizadas.

Os conteúdos ensinados, mais do que para qualquer outra clientela, precisam ter significado e serem significativos para os alunos. As estratégias utilizadas serão de vital importância para que o processo de ensino-aprendizagem transcorra bem. O diálogo, a troca de experiências, o envolvimento dos docentes e discentes serão o pano de fundo para que ocorra a educação libertadora. FERREIRA (2004) assim escreve sobre como deve ser entendido esse diálogo:

“Diálogo como uma generosa disposição de abrir-se ao “outro” que irá “somar” compreensões convergentes ou divergentes no sentido da construção da humanização das relações. Diálogo como confraternização de idéias e de culturas que se respeitam porque constituem diferentes produções humanas. Diálogo como a verdadeira forma de comunicação humana, na tentativa de superar as estruturas de poder autoritário que permeiam as relações sociais e as práticas educativas a fim de se construir, coletivamente na escola, na sociedade e em todos os espaços do mundo, uma nova ética humana e solidária.”

(FERREIRA, 2004, p. 1243)

Nesse sentido, cabe ao gestor escolher muito bem o professor que vai lidar com esse público. Não, necessariamente, aquele professor de muitos anos de sala de aula, com experiências no ensino fundamental e médio regular, fará um bom trabalho com EJA. A entrevista para a escolha desse profissional deve ser encaminhada pelo gestor no sentido de colher muitas

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informações sobre o que esse professor pensa a respeito da educação de adultos.

O gestor precisa levar em conta que as experiências mais fortes da EJA estimulam movimentos sociais através do direito a ter direitos. A eles foi negado, em algum momento da vida deles, o direito a educação. Foram excluídos dos direitos humanos mais básicos, onde se jogam as dimensões da vida e da sobrevivência.

O entendimento da relação entre o letramento de adultos e a emancipação desses sujeitos precisa estar claro na gestão da EJA. A educação objetiva a libertação, a transformação da realidade em que esses sujeitos vivem permitindo que os homens e mulheres sejam reconhecidos como sujeitos da sua história e não como objetos.

Palavras como transformação e cidadania precisam fazer parte de uma gestão educacional de EJA. Isso permite pensar gestão no sentido de uma articulação consciente entre ações que se realizam no cotidiano escolar e seu significado político e social.

A gestão democrática participativa presente na escola, e, em particular, na EJA, é a opção pela participação de todos, pais e alunos, normalmente silenciosos no processo de escolhas, e da comunidade.

Sobre a efetiva função da gestão escolar, Begot & Nascimento (2002, p. 36), esclarecem que:

“Ao falarmos em gestão escolar, não nos referimos apenas em controlar recursose funcionários, bem como assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas/aula.

A gestão democrática é uma nova forma de administração totalmente eintegralmente a esfera pedagógica. Ela requer abrir a escola a comunidade,estimular o talento de cada membro da equipe, não perdendo de vista as metas educacionais, está em sintonia com as mudanças sociais, criar um ambiente deamizade e entusiasmo e principalmente saber partilhar o poder. É mais ou menos, favorecer a interdisciplinaridade da sala de aula com a diretoria”. (Begot & Nascimento, 2002, p. 36)

O gestor escolar só terá condições de exercer esse aspecto político de sua função se democratizar a gestão escolar, tomando rumos transparentes,

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na qual a comunidade confie pela eficiência e compromisso que defende. A dimensão política da função dele revela-se no momento em que possibilita a comunidade a opinar, decidir e avaliar o processo educativo. Permitindo com isso, a construção do saber e o desenvolvimento da consciência crítica dos interessados no processo.

A escola tem que ser palco para a inclusão social. O gestor será o guia e mentor desse processo de inclusão, estimulando os professores e equipe escolar, instigando os alunos e desafiando a comunidade para buscar sempre uma escola comprometida com a qualidade do ensino.

Sabe-se, na prática, que poucas são as escolas no município do Rio de Janeiro comprometidas com essa nova visão de gestão democrática voltada para a EJA. O capítulo seguinte é uma tentativa de mostrar uma experiência de gestão de EJA fundamentada na participação democrática dos agentes envolvidos.

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CAPÍTULO III

UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS EM UMA ESCOLA PARTICULAR

O Colégio Cruzeiro localiza-se no centro da cidade do Rio de Janeiro e possui duas unidades: a do Centro e a de Jacarepaguá. A unidade do Centro é a mais antiga, com 147 anos dedicados a educação. Esse colégio por tradição e por vocação empenha-se por um serviço de qualidade no ensino. Baseia a sua ação pedagógica em fundamentos educacionais que respondem aos desafios da contemporaneidade. Alicerça esta prática pedagógica em princípios filosóficos que transformam o ser humano, como agente do processo de construção do conhecimento, na dimensão de sua integridade e integralidade, para viver compromissado com um mundo melhor para todos.

É notável o reconhecimento dessa instituição de ensino como um dos melhores colégios particulares da cidade, tendo os seus alunos, ao término do ensino médio, condições qualitativas de ingresso em qualquer universidade. Além disso, há todo um trabalho, ao longo da trajetória estudantil, para a formação de cidadãos participativos e compromissados com a melhoria do mundo.

Trabalho nesse colégio, desde 2005, como professora de geografia do ensino fundamental e médio. Apesar do foco do meu trabalho ser pedagógico, sempre que podia me envolvia nas diversas campanhas sociais que a direção do colégio realizava ao longo do ano letivo. Sempre houve uma preocupação da direção em arrecadar fundos para ajudar diversas instituições de caridade e também incentivar a realização de campanhas, como doação de cestas básicas, remédios, livros, para as instituições necessitadas próximas ao colégio, como a creche Irmã Paula, o hospital de câncer Inca e o instituto de traumatologista Into.

Sem menosprezar a importância dessas campanhas e arrecadações, até 2007, o colégio não tinha um departamento social que olhasse mais

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atentamente para a realidade social dos funcionários do colégio e do entorno, e mais, que tivessem alunos envolvidos diretamente, em projetos sociais. Não havia nenhum trabalho no sentido de melhoria da instrução dos funcionários. Nesse ano, houve uma mudança.

3.1- Projeto “Dialogando na Escola”

No primeiro semestre de 2008 foi criado no Colégio Cruzeiro – Centro o Departamento de Ação Social. A escola buscava desenvolver um projeto institucional que viabilizasse uma maior participação da comunidade escolar na construção de uma cidadania ativa, uma das principais metas da educação. Para isso, buscava contemplar uma formação humanística que compreendesse uma concepção mais ampla da aprendizagem, na qual educadores e educandos estabelecessem uma relação mais dinâmica com o entorno social e com as suas questões.

As características do mundo de hoje alteram a relação do indivíduo com o espaço através do enfraquecimento da cidadania, relacionada ao Estado Nacional; o indivíduo começa a ter uma maior valorização como sujeito autônomo, consumidor. A construção social que se faz desta nova “cidadania” deve ser relacionada aos processos sócio-históricos da construção do conhecimento, sempre relacionado com a realidade do estudante.

Nesse sentido, os objetivos gerais do Departamento foram: a) desenvolver um projeto institucional que viabilizasse uma maior participação da comunidade escolar na construção de uma cidadania ativa, uma das principais metas da educação; b) envolver professores, funcionários, estudantes, pais e ex-alunos em atividades de pesquisa e extensão, aproximação a instituições como universidades, ONGs e projetos sociais para o desenvolvimento de projetos pessoais e coletivos que visem atender a comunidade interna e externa; c) aumentar a integração dos diferentes grupos que compõem a comunidade através de eventos pontuais e de acompanhamento.

Para colocar em prática os objetivos propostos foram criados vários projetos, dentre eles, o projeto “Dialogando na Escola”, que tem como base de

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sustentação um diálogo maior entre os funcionários e as mais diversas instâncias que compõem a comunidade escolar.

É importante salientar que os professores não foram contemplados nesse projeto por entender que já havia um canal de troca entre as mais diversas instâncias que compõe a comunidade escolar e os professores. O que se pretendia era conhecer um pouco melhor os funcionários que trabalhavam no colégio, mas que não possuíam nenhum canal de comunicação. Até então, pouco era conhecido a respeito da vida de cada funcionário. Não havia registro das histórias de vida.

Os funcionários contemplados foram as pessoas que trabalham na conservação ( 23 ) e na manutenção ( 14 ). São os funcionários de menor renda. A renda média está em torno de R$ 500 reais. Os funcionários da conservação são, carinhosamente chamados de "amarelinhos", graças a cor da blusa que usam, e os da manutenção chamados de "azulzinhos", também devido a cor da blusa que usam.

Ao assumir a coordenação desse projeto, em agosto de 2007, dentro de uma perspectiva da pedagogia da autonomia (Freire, 1996), alguns objetivos foram criados:

• Realizar a formação continuada científica de todo o seu corpo de funcionários (“azulzinhos” e “amarelinhos”)

• Desenvolver autonomia nos funcionários na participação e elaboração de projetos na escola

• Aumento da qualidade de vida dos funcionários promovendo a valorização profissional e pessoal

• Desenvolver o aumento do capital cultural dos funcionários e suas famílias através de incentivos e subsídios para atividades culturais e de lazer dentro e fora do ambiente escolar.

Gosto muito das palavras de ALVES (1998) a respeito dos educadores e educação. Acredito que em qualquer desafio no que tange a educação precisa estar imbuídas dessas palavras:

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“ Eu diria que os educadores são como as velhas árvores. Possuem uma fase, um nome, uma “estória” a ser contada. Habitam um mundo em que o que vale é a relação que os liga aos alunos sendo que cada aluno é uma “entidade” sui generis, portador de um nome, também de uma “estória”, sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educação é algo pra acontecer neste espaço invisível e denso, que se estabelece a dois. Espaço artesanal.” (ALVES, 1998, p.15)

3.1.1 – O trabalho começa

Pouco era conhecido da realidade socioeconômica desses funcionários. O próprio departamento social do colégio não tinha informações, além das trabalhistas, a respeito da família dessas pessoas e as condições sociais em que viviam.

Inicialmente elaborou-se uma ficha “Conhecendo o nosso funcionário” (anexo) que foi respondido por cada funcionário. As perguntas elaboradas tiveram o cuidado de contemplar não só os dados sociais, mas também os profissionais, além de um espaço em que pudessem relatar as dificuldades econômicas que estivessem passando no momento.

Esse momento foi muito importante para ganhar confiança deles porque era a primeira vez que eles dialogavam com uma pessoa que não estava ligada diretamente a função deles. As histórias de vida começaram a ganhar corpo. Se no início houve um certo receio, com o tempo, foi possível estabelecer um laço de confiança entre ambas as partes. A afetividade foi uma importante estratégia para diminuir a barreira de desconfiança e medo. Uma afetividade que não me assustou, que não tive medo de expressá-la.

Uma das perguntas dessa ficha referia-se a o que o Departamento de Ação Social podia fazer para melhorar a vida dele. Depois de tabulados os dados, constatou-se que os funcionários “azulzinhos e amarelinhos” almejavam, principalmente, a) que o colégio criasse oportunidades diversificadas de estudos, através de cursos de português, matemática e informática, b) promoção de eventos culturais durante o ano que gerassem acesso a cultura e diversão dentro e fora dos muros do colégio c) a possibilidade de ganhar uma cesta básica por mês.

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Interessante destacar que partiu deles o interesse em alimentar não só a alma, almejando conhecimento, mas também, o corpo (através da melhoria indireta do salário expressa no ganho da cesta básica). Com base nessas solicitações, o meu trabalho ficou mais direcionado.

Nesse momento fui posta no cargo de gestora para a elaboração dos cursos de português, matemática e informática para os funcionários.

3.1.2 - Articulação da Educação de Jovens e Adultos com a gestão

escolar

Nunca tive experiências em educação de jovens e adultos e, muito menos, com gestão e supervisão escolar. Mas, o desafio de, pela primeira vez no colégio, desenvolver algum tipo de trabalho pedagógico para os funcionários me motivou a estudar e procurar apoio em outras instituições que já desenvolviam algum tipo de trabalho sobre EJA.

Nesse sentido, busquei cursos que abordem essa temática como o que foi oferecido pelo Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues Siqueira – CAP-UERJ ao longo do primeiro semestre de 2009. Nos encontros semanais, foi possível dialogar com novos parceiros a respeito do desafio que se encontra hoje a educação de jovens e adultos dentro de um contexto humanístico que compreenda uma concepção mais ampla das dimensões tempo/espaço de aprendizagem. As leituras propostas pelo curso serviram de estímulo para uma maior compreensão dos novos atores-sujeitos da aprendizagem.

O campo da educação de jovens e adultos está repleto de desafios. Não tenho dúvida que o maior desafio no trabalho com os funcionários ainda estaria por vir. A partir de agosto de 2008 foram oferecidas oficinas de aprendizagem a partir do que eles haviam solicitado na ficha. (Oficina da palavra, dos números e da informática).

O primeiro desafio foi à escolha dos profissionais que dariam essas aulas para os alunos-trabalhadores. Seria importante a presença de um profissional do quadro docente da escola e que tivesse alguma experiência com educação de jovens e adultos. Além disso, esse docente precisava ter uma proposta de aprendizagem que visasse à conscientização do educando

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para que tenha uma atitude crítica e de reflexão frente à sua realidade. O conteúdo programático de estudo, baseado nas idéias de Freire, deveria ser pesquisado e estar vinculado ao contexto social em que vivessem os educandos, no sentido de possibilitar uma compreensão crítica da situação e de como o educando nela se encontra. O mais importante, as técnicas de leitura e escrita deveriam ser adquiridas como atitude de criação e não como memorização visual e mecânica de palavras e sentenças alienadas de um universo existencial.

Ensinar jovens e adultos significava ter o compromisso social com o resgate do direito à educação, negado, em algum momento na trajetória de vida de muitos brasileiros.

Essa forma de refletir é muito próxima a de Santos (2000) quando afirma que em cada sociedade, a educação deve ser concebida para atender, ao mesmo tempo, ao interesse social e ao interesse individual. É da articulação desses interesses que nascem os seus princípios fundamentais e são estes que devem nortear a elaboração dos conteúdos do ensino, as práticas pedagógicas e a relação da escola com a comunidade e com o mundo (...). FREIRE (1996, p.47) em uma de suas citações, menciona que, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção, tal pensamento, contempla e edifica as diferentes faces da Educação.

Na verdade, não foi muito difícil encontrar profissionais que tivessem o perfil acima descrito. Em uma escola de tradição pedagógica como o Colégio Cruzeiro vários são os docentes que acreditam na educação como uma forma de melhorar a inserção econômica, social, cultural do ser humano na sociedade, principalmente, no que tange a jovens e adultos.

Vencido o primeiro desafio, agora era preciso divulgar os cursos e motivar os funcionários para eles, efetivamente, voltassem a estudar. A tarefa, que parecia simples, mostrou-se trabalhosa. Os funcionários ficaram com um certo receio do que podia acontecer a eles caso a direção “descobrisse” suas limitações. O trabalho para conquistá-los foi lento mas, aos poucos, os

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funcionários foram redescobrindo neles o aluno que há muito tempo estava adormecido.

Uma das atividades propostas na oficina da palavra foi um passeio pelo centro da cidade, em um domingo (único dia em que os funcionários não trabalham). Nesse passeio estava incluído uma visita ao Teatro Municipal (dentro do projeto TEATRO a 1 real) e um almoço na Feira de São Cristovão. Ao todo, foram 7 funcionários (dos 10 que estavam fazendo a oficina da palavra). Segue abaixo um comentário, feito por um funcionário presente, sobre esse passeio:

"Nem acreditei quando vi os professores chegando. Fiquei pensando, será mesmo que vieram só por nossa causa? Nunca tinha ido ao Teatro Municipal e achei lindo!!! Só a música que achei um pouco chata e me deu vontade de dormir. Mas quando acabou, adorei saber sobre as ruas do centro... Pôxa, passo todo dia nessas ruas e nunca tinha visto tudo que agora vi. E O almoço na "Feira dos Paraíbas"?! Até dancei com uma professora!!! Foi muito legal o domingo. Até me achei importante!!!" (Depoimento de Wilson Bento Januário no dia 25 de junho de 2009)

Foi um domingo mágico em que o prazer de ensinar e a alegria do estar com o outro reanimou a nossa crença do valor da educação. Lembro as palavras de Freire (1996:142): "a atividade docente de que a discente não se separa. É uma experiência alegre por natureza. ...É digna de nota a capacidade que tem a experiência pedagógica para despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria sem a qual a prática educativa perde o sentido."

As oficinas de português, matemática e informática completaram dois anos em junho de 2010. Todo mês faço uma reunião com os professores para traçarmos objetivos e tirarmos dúvidas a respeito do processo de ensino e aprendizagem. Os conteúdos a serem abordados partem da necessidade deles e são encaminhados com a preocupação de estarem relacionados com o cotidiano deles.

Além disso, tenho reuniões com os alunos-funcionários para acompanhar não só a vida acadêmica deles, mas, principalmente, conversar

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sobre o que almejam com essa volta aos bancos escolares. O apoio e a confiança precisam estar presentes de ambas as partes. Algumas breves reflexões podem ser feitas.

A oficina que tem maior procura é a da informática (do total de 37 funcionários azulzinhos e amarelinhos, 17 estão envolvidos nas aulas em um dos dois horários disponíveis esse ano). Esse dado não me causa estranheza porque a necessidade de dominar a ferramenta do computador está cada vez mais presente na vida cotidiana das pessoas. Nas palavras de alguns deles, “é um maior barato poder fazer parte desse mundo da tecnologia. Agora já entendemos o que as pessoas querem dizer quando falam, por exemplo, e-mail. msn, orkut.”

Em uma análise mesmo superficial desse comentário é possível perceber que conhecer a linguagem do computador é uma maneira deles se perceberem como fazendo parte do mundo de hoje. Como muitos deles já foram alijados do letramento ao longo da vida, não querem que aconteça novamente com a ferramenta do computador. É a chamada alfabetização digital.

Tanto na segunda oficina (palavra) como a terceira (números), a procura é bem menor (sete alunos e seis, respectivamente, esse ano). Considero o número muito pequeno. Nesse ano, fui conversar com cada funcionário para entender melhor porque a procura era tão baixa. As respostas relacionavam-se, principalmente, com o cansaço do dia a dia. Mesmo acreditando que as aulas pudessem melhorar a vida deles, a desmotivação é grande. Alegaram vários problemas pessoais aliados a um forte desânimo.

Acredito muito que a baixa auto estima desses funcionários contribui para o descrédito na possibilidade de almejar um futuro melhor para si e sua família. No caso da oficina dos números o problema se agrava porque não acreditam que possam aprender uma matéria que nunca conseguiram entender nos poucos anos de escolaridade que tiveram.

Apesar do número pouco expressivo de funcionários alunos que freqüentam as oficinas de português e matemática, as conquistas desse grupo estão sendo inúmeras. O gestor precisa estar atento a essas conquistas,

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valorizando-as no cotidiano do funcionário e encorajando-o a continuar a jornada por mais árdua que pareça.

Trabalhar com educação de jovens e adultos, apesar dos desafios grandes, traz muitas satisfações. Uma delas é que, enquanto para uma criança no ciclo normal de aprendizagem, as mudanças qualitativas que os anos de instrução trouxeram não são logo percebidas, para os jovens e adultos, as modificações que acontecem quando eles voltam a estudar, são rapidamente sentidas.

A primeira diz respeito às mudanças com relação ao ritual de transformação do funcionário igual a qualquer outro (todos com a mesma blusa amarela), para o aluno que chega para assistir a aula com uma preocupação de vestir uma roupa bonita.

Concordo com o que escreveram FERNANDES, GERMANO e GUEDES (2007) a respeito desse ritual dos alunos que voltam a estudar para se sentirem parte da sociedade de novo:

“Há todo um ritual para chegarem à sala de aula. Despem-se de seu papel de trabalhadoras para vestirem-se de estudantes. Há um sorriso largo e um brilho nos olhos que não deixa dúvidas da importância desse “retorno à escola”. Há cadernos novos, estojos com borracha, apontador e lápis que denunciam seus desejos e que significam muito mais do que um simples material. Parece que querem mostrar sua força, pôr à prova suas capacidades e conhecimentos, sentindo-se de novo, parte da sociedade. “ (FERNANDES, GERMANO e GUEDES, 2007, p.7)

Faz-se necessário o gestor ficar atento a essas mudanças e motivá-los a continuarem os estudos para que possam melhorar a inserção deles na sociedade atual.

Uma outra conquista importante desses funcionários-alunos foi à melhora, em todos dos sentidos, na sua relação com o trabalho diário. Reclamam muito menos do oficio e, estão sempre motivando os colegas no sentido de mostrar-lhes como podem trabalhar com mais satisfação. Eles descobriram que é importante trabalhar com alegria, mesmo que tenham

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algumas dificuldades. Isso deu a eles uma motivação em continuar, ou melhor, em buscar novas atividades dentro ou fora dos muros do colégio.

Como responsável pela gestão desses funcionários e numa tentativa de incentivar o aprimoramento profissional deles todo mês são colocados papéis com cursos e serviços de graça que acontecem naquele período na cidade do Rio de Janeiro. Os alunos que estão freqüentando os cursos são os mais interessados. A impressão que dá é que eles retomaram (ou começaram) a sentir o prazer pelo conhecimento, pela cultura, pela vida.

Uma conquista, a mais importante, foi o letramento dos sujeitos envolvidos nas oficinas enquanto sujeitos políticos e constitutivos da práxis social. Houve o resgate do real significado que “a apropriação da leitura e da escrita exerce sobre o sujeito interagindo na sociedade”, considerando esta questão em toda a sua amplitude.

Ao explanar sobre esse tema, MORIN (2003) afirma que “É preciso compreender que há algo mais do que a singularidade ou a diferença de indivíduo para indivíduo é o fato que cada indivíduo é um sujeito”. Se este conceito estiver entrelaçado, decodificado e interiorizado dentro de nós, é possível oferecer e compartilhar com o outro, um novo olhar. E é este olhar diferenciado, que promoverá mudanças não só no processo educativo, mas principalmente no meio, no qual tomamos parte.

A apropriação da leitura e da escrita são direitos inalienáveis de qualquer cidadão. O gestor precisa garantir que esse direito, tão negado para muitas pessoas, não seja apenas um privilégio de uma minoria, e sim, uma prática constante e ativa em nossa sociedade.

As constantes reuniões com os alunos-funcionários e com os professores são fundamentais para uma avaliação constante do objetivo do curso. Há todo momento o processo ensino-aprendizagem está sendo reavaliado numa tentativa de motivar a permanência desses sujeitos na escola.

A gestão democrática participativa contribui, certamente, para o resgate da cidadania e uma melhor inserção do aluno-trabalhador nos bancos escolares.

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CONCLUSÃO

A educação de jovens e adultos no Brasil vem assumindo um papel de destaque nos dias atuais. O governo brasileiro e a sociedade civil têm uma dívida histórica com essa população que não completou os anos de escolaridade. Várias são, atualmente, as escolas públicas e privadas que estão oferecendo cursos de EJA, como é o caso do trabalho que está sendo desenvolvido com os funcionários do Colégio Cruzeiro, localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Qualquer iniciativa para educar jovens e adultos, na contemporaneidade, precisa estar imbuída das novas características da EJA, como foi apresentado no capitulo 1.

A nova perspectiva da EJA baseia-se não só na alfabetização do sujeito, mas, no letramento, oferecendo habilidades variadas para uma inserção melhor na sociedade contemporânea. Faz-se necessário fazer uso da leitura e da escrita para decodificar os inúmeros códigos usados atualmente.

A EJA ganha o status de educação continuada, do aprender para toda a vida, e o educando é visto como um leitor e autor permitindo uma melhor compreensão e interpretação da realidade. O aprender acontece em diferentes lugares e com o uso de inúmeras estratégias, sempre partindo da realidade vivida pelos alunos jovens e adultos.

Uma outra mudança importante no tratamento da EJA é a escolarização, ou melhor, a garantia da educação a todos os sujeitos independente da idade. A educação é um direito humano fundamental. Em um país como o nosso onde há um percentual grande da população adulta, ainda analfabeta, talvez incentivar o retorno aos bancos escolares seja o passo mais importante para o resgate da cidadania.

Esse novo sentido adquirido pela educação de jovens e adultos alcança resultados mais rápidos e eficientes quando corrobora com as novas perspectivas da gestão escola, assunto abordado no capitulo 2.

O papel do gestor escolar na educação vem mudando bastante desde o final do século passado. Hoje muitas questões ligadas diretamente à vida

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escolar passam pela maneira como esse estabelecimento é gerenciado. Isso assume uma especificidade ainda maior no que diz respeito à gestão direcionada para o ensino de jovens e adultos.

A gestão democrática participativa é o meio pelo qual deve se desenvolver qualquer trabalho em educação, principalmente, no que tange a educação de jovens e adultos. A participação consciente e responsável de toda a comunidade escolar na ingerência de questão ligadas ao cotidiano escolar, favorece uma gestão muito mais comprometida com a qualidade da educação.

No capitulo 3 foi apresentado um relato de experiência de gestão escolar voltada para a EJA, já com as características acima apontadas, calcada nessa nova perspectiva de gestão democrática participativa. Sem dúvida, essa gestão tem um papel fundamental no estímulo a permanência desses alunos, apesar de toda dificuldade que a vida deles apresenta.

A educação que está sendo desenvolvida com os funcionários no colégio objetivará a transformação da realidade em que esses jovens e adultos estão inseridos, permitindo que esses sujeitos sejam reconhecidos como atores de suas próprias histórias, sujeitos políticos e constitutivos da práxis social. Houve o resgate do real significado que “a apropriação da leitura e da escrita exerce sobre o sujeito interagindo na sociedade”, considerando esta questão em toda a sua amplitude.

Vale destacar a importância do educador que trabalha diretamente com os jovens e adultos. O gestor escolar precisa de estudos permanentes, pois as transformações da sociedade são constantes, sendo fundamental reflexões atualizadas sobre a realidade.

Nesse sentido, acredita-se que uma gestão escolar que atenda às atuais exigências da vida social é de extrema importância para o sucesso na permanência desse aluno-trabalhador nos bancos escolares e no resgate da sua cidadania.

Urgem ações pedagógicas vltadas para a criação de metodologias

diferenciadas, como, por exemplo, o trabalho com projetos e a efetiva participação de toda comunidade escolar.

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O relato de experiência que foi apresentado ao longo desse trabalho deve contribuir não apenas para a ampliação do debate acerca das questões inerentes a essa modalidade de ensino, mas também mostrar que há possíveis soluções para a maior permanência do aluno-trabalhador nos bancos escolares.

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ANEXO

AÇÃO SOCIAL

DIALOGANDO NA ESCOLA: CONHECENDO O NOSSO FUNCIONARIO

DADOS PESSOAIS

1.Nome: _______________________________________________________________ 2.Endereço: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3.Nome do cônjuge: ________________________________________________ ü Ela(e)trabalha:________________ Função:_____________________________ ü Onde:_____________________________________________________ 4.Até que ano estudou?

____________________________________________________

5. Está fazendo algum curso de aprimoramento profissional? Qual? Onde? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 6. O que pretende fazer quando terminar o curso?

_______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 7.Nomedosfilhos:

_______________________________________________________________ ______________________________________________________________

ü Eles estudam? _____________Estão em que ano? ______Idade: _____________

ü Quais as dificuldades que as crianças mais apresentam? __________________________________________________________ __________________________________________________________ ___________________

5. Qual a renda média da família:

________________________________________

ü Tem ajuda de alguém para complementar a renda familiar? ______________

6. Maiores dificuldades que você está vivendo no ano de 2008: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________

DADOS PROFISSIONAIS

1.Função no colégio: ___________________________________________________________ 2. Há quanto tempo é funcionário de Colégio Cruzeiro ?

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ü Nesses anos de trabalho você já mudou a sua função? __________________________________________________________ ü O que fazia antes?

______________________________________________ 3. Trabalha só aqui? _________________

ü Outras atividades:

________________________________________________ 4. Maiores dificuldades que encontra no trabalho:

_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5. O colégio oferece todo mês de julho diversos cursos. Quais você mais

gostou? Por quê?

____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 6. Sugestões de cursos ou orientações que a Ação Social pode promover. ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 7. O que o Departamento de Ação Social pode fazer para melhorar a sua vida profissional e pessoal?

_______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 8. Sugestões:

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