RESUMO - Glaucoma Primário de ÂnguloAberto (GPAA) é uma importante causa de cegueira no mundo. O presente trabalho teve como objetivo investigar: (1) presença e tipo de estresse; (2) relação do número de colírios e estresse; (3) percepção do glaucoma e tratamento. Um estudo transversal e quantitativo foi realizado com 102 pacientes do Ambulatório de Oftalmologia do HC-FMUSP, com roteiro temático e Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp. A maioria dos pacientes apresentou estresse (65,7%) e não houve correlação entre estresse e número de colírios. “Tempo de tratamento”, “diiculdades na vida diária” e “diiculdades em pingar o colírio” foram variáveis independentemente associadas ao estresse. Conclui-se que o estresse pode interferir negativamente no enfrentamento da doença em pacientes com GPAA.
Entretanto Magalhães e colaboradores (2012) realizou um estudo de caso-controle no Brasil com 90 pacientes portadores de GPAA e 127 controles saudáveis cujas amostras de sangue foram genotipadas para os polimorfismos funcionais T786C e G894T do gene eNOS. O polimorfismo T786C foi significativamente associado como fator de risco para o GPAA entre mulheres e de forma limítrofe nos pacientes que tiveram o diagnostico de glaucoma com idade igual ou superior a 52 anos.O polimorfismo G894T mostrou uma associação limítrofe com risco de GPAA na análise global e entre mulheres. Assim estes autores sugerem que o polimorfismo T786C e G894T da eNOS podem interagir com gênero e idade na modulação do risco de GPAA (MAGALHAES DA SILVA et al., 2012). Diferente do nosso estudo pois nâo identificamos associação genotípica ou alélica estatisticamente significativa entre o polimorfismo G894T da eNOS com glaucoma primário de ânguloaberto mesmo após estratificação por gênero. De forma semelhante nâo identificamos associação estatisticamente significativa após estratificação por etnia. Assim, acreditamos que no Brasil também não exista associação entre o polimorfismo G894T da eNOS com glaucoma primário de ânguloaberto como demonstrado em trabalhos internacionais (EMAM et al., 2014)(KANG et al., 2011).
Os pacientes incluídos no estudo tinham idade maior que 35 anos, eram portadores de glaucoma primário de ânguloaberto e apresentavam pressão intra-ocular menor que 19 mmHg nas últimas três medidas realizadas no ambulatório, durante o intervalo de 18 meses com medições da pressão intra-ocular a cada 6 meses. Todos apresentavam alterações características de glaucoma ao exame do nervo óptico e do campo visual (10-11) . Nenhum dos pacientes poderia ter história
Foi realizado um estudo prospetivo, não randomizado em doentes com glaucoma de ânguloaberto (GAA) resistente a TH, submetidos a implante de XEN45 Gel Stent. Todas as cirurgias foram realizadas pela mesma cirurgiã do departamento de Glaucoma do Centro Hospitalar de Lisboa Central. Foram excluídos doentes que apresentassem pelo menos uma das contraindicações mencionados anteriormente e aqueles a quem se perdeu o seguimento. Todos os doentes assinaram consentimento informado para o ato cirúrgico, previamente à intervenção.
Métodos: Foram avaliados prospectivamente 36 pacientes portadores de glaucoma primário de ânguloaberto em uso de medicação antiglaucomatosa (grupo glaucoma) e 20 voluntários normais (grupo controle). Analisou-se a distri- buição dos grupos quanto ao sexo, idade, espessura corneana central, pressão intraocular, índices globais da perimetria computadorizada Octopus (“mean defect” e “loss variance”) e os parâmetros do Doppler colorido (velocidade sistólica máxi- ma e índice de resistência).
O glaucoma primário de ânguloaberto (GPAA) é definido como uma neuropatia óptica crôni- ca progressiva, geralmente bilateral, não neces- sariamente simétrica, caracterizada por um típico dano à cabeça do nervo óptico, com defeitos característicos no campo visual, cursando geralmente com aumento da pres- são intraocular (PIO), sem uma causa aparente (1) .
Objetivos: Comparar a concentração total de proteínas no humor aquoso entre pacientes com glaucoma primário de ânguloaberto e sem glaucoma. Métodos: Foram coletadas amostras de humor aquoso de 22 pacientes com glaucoma primário de ânguloaberto (grupo GPAA) no momento da trabeculectomia. Na coleta, 0,1 mL de humor aquoso foi aspirado da câmara anterior através de uma agulha de calibre 26, no início do procedimento cirúrgico. Coleta semelhante foi realizada em 22 pacientes sem glaucoma no início da cirurgia de catarata (grupo controle). A amostra de humor aquoso foi armazenada a -20°C após a coleta. A concentração total de proteínas no humor aquoso foi determinada por meio de um teste colorimétrico. Resultados: A média geométrica da concentração total de proteínas no humor aquoso foi de 32 mg/dL (amplitude: 8–137 mg/dL) no grupo glaucoma primário de ânguloaberto e de 16 mg/dL (amplitude: 2–85 mg/dL) no grupo controle. A razão da concentração total de proteínas no humor aquoso entre estes dois grupos foi de 2,0 (intervalo de confiança de 95%: 1,3 a 3,2; p=0,003). Conclusões: A concentração total de proteínas no humor aquoso de pacientes com glaucoma primário de ânguloaberto foi aproximadamente duas vezes maior quando comparada aos pacientes sem glaucoma.
A presença do fechamento angular primário não relacionado ao bloqueio pupilar vem sendo relatada como um achado bem mais comum do que se esperava, particularmente o mecanismo da íris em platô. Assim, uma comparação morfométrica entre olhos portadores da configuração da íris em platô e olhos portadores de glaucoma primário de ânguloaberto e seio camerular estreito foi feita através de estudo prospectivo de uma série de casos. Vinte olhos de 11 pacientes portadores da configuração da íris em platô (Grupo 1) e 45 olhos de 27 pacientes portadores de glaucoma primário de ânguloaberto e seio camerular estreito (Grupo 2) foram analisados. As medidas dos parâmetros biométricos oculares foram realizadas utilizando um ceratômetro, um paquímetro ultrassônico, um ecobiômetro e um biomicroscópio ultrassônico. Como resultado, os olhos do Grupo 1 apresentaram maior espessura central da córnea com diferença estatisticamente significativa quando comparados aos olhos do Grupo 2. Os olhos do Grupo 1 apresentaram menor comprimento axial do que os olhos do Grupo 2, com diferença estatisticamente significativa. Os olhos do Grupo 1 apresentaram câmara anterior mais rasa do que os olhos do Grupo 2. A distância da faixa trabecular ao processo ciliar, a distância da íris ao processo ciliar, a distância íris-zônula e a espessura iriana máxima junto à borda pupilar foram estatisticamente menores no Grupo 1. Em conclusão, além de apresentarem menor comprimento axial, os olhos de pacientes com configuração da íris em platô possuem o segmento anterior significativamente diferente do segmento anterior dos olhos de pacientes com glaucoma primário de ânguloaberto e seio camerular estreito.
encontrou maiores variações da PIO com a mudança de posição em olhos de pacientes portadores de glaucoma primário de ânguloaberto que apresenta- vam maiores defeitos de campo visual, comparados aos olhos contra-laterais. Foi encontrado também, em outro trabalho, correlação entre a progressão de defeitos de campo visual e o aumento da PIO provocada pela alte- ração da postura em pacientes portadores de GPN 10
Objetivo: Avaliar a eficácia e conforto dos pacientes portadores de glaucoma primário de ânguloaberto (GPAA) ou hipertensão ocular (HO) em uso da combinação fixa de timolol 0,5% e brinzolamida 1%. Métodos: Foram acompanhados prospectivamente 26 pacientes portadores de GPAA ou HO, num total de 50 olhos que foram instituídos a utilizarem a combinação fixa de timolol 0,5% e brinzolamida 1%. As avaliações foram feitas por um único examinador por tonometria de aplanação (Goldman) em 7 e 30 dias. Os possíveis efeitos colaterais e intole- rância foram descritos pelos próprios pacientes através da pergunta: “Você sentiu alguma alteração ao pingar a medicação prescrita?” Os dados foram coletados e analisados estatisticamente. Resultados: Os valores de pressão intraocular (PIO) foram significativamente menores nas avaliações de 7 e 30 dias (p<0,001). A média da redução da PIO foi de 38%, variando de uma média inicial de 23,8 mmHg para 14,6 e 14,4 mmHg nos dias 7 e 30, respecti- vamente. Dos 26 pacientes incluídos apenas 4 relataram alguma queixa ao pingar o colírio, sendo que as queixas variaram de ardência, leve queimação e embaçamento. Conclusão: A combinação fixa de timolol 0,5% e brinzolamida 1% mostrou-se eficaz no tratamento de pacientes com GPAA e HO com eficácia semelhante a da literatura e apresentou um baixo índice de efeitos desconfortáveis relatados pelos usuários da medicação.
Objetivo: Analisar a validade diagnóstica do GDx™ Scanning Laser System em portadores de glaucoma primário de ânguloaberto, bem como, avaliar o seus resultados em pacientes suspeitos de glaucoma. Métodos: Foram submetidos ao exame com o GDx™ Scanning Laser System, 77 glaucomatosos (142 olhos) portadores de defeito característico do cam- po visual, 40 indivíduos normais (80 olhos) e 36 suspeitos de glaucoma com pressão intra-ocular (Po) acima de 20 e abaixo de 25 mmHg com campo visual normal. Analisou-se a sensibilidade, especificidade, razão de probabilidade e as probabilidades pré e pós-teste. Resultados: Considerando como exame anormal a presença de pelo menos um índice alterado, entre glaucomatosos e normais, observou-se uma especificidade de 82,5% e sensibilidade de 90,1%. A razão de probabilidade encontrada foi de 5,1 e as probabilidades pré e pós-teste de 63,9% e 90% respecti- vamente. Entre suspeitos e normais, observou-se uma especificidade de 82,5% e sensibilidade de 33,3%. A razão de probabilidade encontrada foi de 1,9 e as probabilidades pré e pós-teste de 8,5% e 15% respectivamente. Conclusão: O GDx™ Scanning Laser System apresenta validade diagnóstica significativa em diferenciar olhos glaucomatosos de nor- mais. Em suspeitos de glaucoma o exame mostrou pouca capacidade na diferenciação dos normais.
Stone e cols 9 conseguiram identificar o gene "trabecular meshwork-induced glucocorticoid response protein" (TIGR) como um dos genes responsáveis pelo GJAA, e ainda observa ram a incidência de 3,94 % de mutações no gene TIGR entre pacientes com glaucoma primário de ânguloaberto (GP AA). Os autores descreveram três tipos diferentes de mutação que não foram encontradas em voluntários normais.
Existe evidência de que o tratamento do glaucoma primário de ânguloaberto de primeira linha é um fármaco anti-hipertensor tópico, exceto nos casos de glaucoma avançado ou HTO muito elevada Existe evidência de que no diagnóstico e tratamento do glaucoma primário de ânguloaberto, cada olho é considerado individualmente
O segundo gene associado ao GPAA é o OPTN (optineurina). Originalmente o gene OPTN foi identificado como FIP-2 e sabe-se que sua expressão é variada. A proteína opineurina é encontrada na retina, estrutura trabecular e em tecidos do globo ocular além de outros tecidos (Rezaie, Child et al., 2002; Hauser, Sena et al., 2006; Lopez-Martinez, Lopez-Garrido et al., 2007). A proteína optineurina é caracterizada pela indução de neuropatias. Alterações alélicas no gene OPTN causam atrofia do nervo óptico além de degeneração das células ganglionares da retina (Alexander, Samples et al., 1991; Yao, Cheng et al., 2006). Variações em seqüências do gene OPTN evidenciam uma forte correlação com o GPAA (Hauser, Sena et al., 2006; Liu, Schmidt et al., 2007). O gene mais recente descoberto associado ao glaucoma primário de ânguloaberto é o WDR36. Este gene está localizado no loco GLC1G. Embora a função protéica ainda seja desconhecida, estudos sugerem que mutações no gene WDR36 causam mudanças severas no desenvolvimento da doença. Em indivíduos afetados mutações na região promotora do gene WRD36 podem ocasionar o GPAA (Kramer, Samples et al., 2006; Wiggs, 2007).
O glaucoma primário de ânguloaberto (GPAA) é uma neuropatia óptica crônica, progressiva, caracterizada por alterações típicas do disco óptico (DO) e da camada de fibras nervosas da retina (CFNR), com repercussões características no campo vi- sual (CV). É acompanhado, na maioria das vezes, de medidas de PIO acima de níveis considerados estatisti- camente normais. Indivíduos com ânguloaberto, DO normal, sem defeito de CV e níveis pressóricos acima de 21mmHg são considerados HO (1) . Dentre as medicações
Threshold Algorithm – segundo sua freqüência e localização em pacientes com glaucoma primário de ânguloaberto (GPAA). Métodos: Realizamos análise retrospectiva de 6.200 prontuários. Avaliamos o exame de campo visual dos pacientes que preenchiam os critérios de inclusão e os dividi- mos em glaucoma leve, moderado e grave de acordo com a classificação de Hodapp. Definimos os seguintes defeitos glaucomatosos: degrau nasal, escotoma paracentral, escotoma arqueado, escotoma Seidel, defeito temporal em cunha, diminuição generalizada de sensibilidade, escotoma anular e campo tubular. Utilizamos diagrama que correlaciona os pontos do campo visual com as regiões do disco óptico e avaliamos as regiões mais acometidas de acordo com a densidade de pontos comprometidos. A análise estatística foi realizada aplicando-se o teste t de Student. Resultados: Selecionamos 152 pacientes com idade média de 66,5±9,6%, sendo 59,9% do sexo feminino. No glaucoma leve o defeito campimétrico mais freqüente foi o degrau nasal superior, seguido respectivamente pelo escotoma paracentral e degrau nasal inferior. A diminuição generalizada de sensibi- lidade, apesar de rara, ocorreu em 7,8% desses pacientes. A região superior foi mais acometida que a inferior. Conclusão: O degrau nasal superior e o escotoma paracentral foram os defeitos mais freqüentemente observados no glaucoma primário de ânguloaberto em fase inicial pela estratégia SITA, e o hemicampo superior foi a região mais acometida. A diminuição gene- ralizada de sensibilidade foi defeito glaucomatoso precoce.
Objetivo: Determinar a estratégia mais custo-efetiva para o tratamento do glaucoma primário de ânguloaberto em fase inicial, comparando-se as seguintes alternativas: observação, tratamento clínico ou tratamento com laser. Métodos: Por meio de um modelo de Markov, sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS) e um horizonte da expectativa de vida média da população brasileira. Comparou-se a razão de custo-utilidade incremental (ICUR) entre 3 alternativas de tratamento, assim como seus custos e o ganho em qualidade de vida, medido em QALY (Quality-adjusted life years). Resultados: A ICUR do tratamento inicial com laser e do tratamento inicial com colírios, em relação a não tratar foi de R$ 2.811,39/QALY e R$ 3.450,47/QALY, respectivamente. Ambas as estratégias foram custo-efetivas, com uma discreta vantagem para o tratamento a laser. Esta diferença diminui ainda mais quando se aumenta a idade de entrada no modelo. As duas alternativas propiciaram ganhos significativos de qualidade de vida (em torno de 2,5 QALYs para o tratamento com laser e de 5,0 QALYs para o tratamento com colírios). Conclusão: Tanto o tratamento primário com trabeculoplastia a laser quanto com medicações foram custo-efetivos e proporcionaram ganhos reais de qualidade de vida quando comparados com o não tratamento do GPAA.
A dolicoectasia da artéria carótida interna (ACI) é uma condição rara que pode ser acompanhada de manifestações neuro- oftalmológicas, como perda da acuidade e alteração do campo visual decorrente da compressão do nervo óptico (NO). O objetivo é relatar um caso de paciente do sexo masculino, 67 anos, portador de glaucoma primário de ânguloaberto (GPAA) com evolução atípica, assimetria de escavação, palidez da rima do NO à esquerda, devido à neuropatia óptica compressiva à esquerda, por seg- mento dolicoectásico da ACI. O diagnóstico foi baseado na história clínica, aspecto do NO e exames de neuroimagem.
Objetivo: Avaliar o conhecimento dos alunos de graduação do curso de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora em relação ao glaucoma primário de ânguloaberto. Métodos: Neste estudo transversal, aplicou-se aos alunos dos 5º e 6º ano um questionário contendo 11 questões referentes a epidemiologia, fatores de risco, sintomas, diagnóstico, tratamento, consequências do glaucoma e por último se consideram os conhecimentos adquiridos na universidade como suficientes. Características dos alunos (idade, sexo, especialidade pretendida) foram identificadas. Resultados: Entre os estudantes, 52,9% eram mulheres. A origem genética da doença foi identificada por 22,5%. Quase a metade (46,1%) não sabia que o glaucoma na maioria das vezes é assintomático. Aproximada- mente 1 em cada 3 alunos não sabia que a cegueira do glaucoma era irreversível. A grande maioria (91,2%) identificou corretamente que a tonometria era um exame importante na avaliação do glaucoma e que o tratamento poderia ser clínico (70,6%) ou cirúrgico (71,6%). Porém, poucos alunos deram a real importância para os exames de fundoscopia (35,3%) e campimetria (28,7%). Quase a totalidade (95,1%) dos entrevistados considerou o próprio conhecimento como insuficiente. Conclusão: A maioria dos entrevista- dos acha que o conhecimento sobre glaucoma primário de ânguloaberto adquirido na graduação é insuficiente. Tal desconhecimen- to pode levar a oportunidades de diagnóstico perdidas e gerar consequências graves tanto do ponto de vista individual (cegueira) quanto do ponto de vista coletivo (impacto para o sistema de saúde e sociedade).