como por exemplo, o ateísmo. No dizer de Jean-François Louette, “Nietzsche (...) recebe um dos mais belos elogios que Sartre poderia oferecer: aquele da perseverança ateia” (LOUETTE, Sartre contra Nietzsche, p.9). Igualmente, não seria tão difícil demonstrarmos a distância crescente que os afastariam, na medida em que o engajamento político de Sartre deixa no rastro de sua literatura pegadas indicadoras de um avanço em direção diversa à nietzschiana. Seja como for, ao menos no tocante à questão do cogito, cremos não poder concluir tão seguramente como Louette, que, para caracterizar a posição sartriana em relação a Nietzsche, empresta de Gide a expressão: “influence par protestation” (LOUETTE, Sartre contra Nietzsche, p.11). Mas fica clara uma ambiguidade se nos atentarmos a dois aspectos: ao modo como a demolição do cogito é operada – o que afastam Nietzsche e Sartre – e o propósito a serviço do qual essa empreitada é assumida – o que os aproxima –, por mais que haja várias décadas entre ambas as críticas a Descartes e fontes muito diferentes de que bebem cada pensador. Cremos poder reconhecer certas “confluências” entre os propósitos que movem ambos os filósofos, inscritos num mesmo programa: o da contundente crítica à metafísica e a seus mais diversos dualismos; numa palavra, àquilo tudo que Descartes, se não inaugurou, ao menos recriou em novas versões quando, digamos, fez o Ocidente “pensante” substituir a velha “fé racional” teológica de Agostinho e Tomás pela sua nova “superstição filosófica”. Que as danças dos programas filosóficos antimetafísicos ateus de Nietzsche e Sartre (dentre outros) se desdobrem ou se confundam (numa sadia “promiscuidade”) em âmbitos diversos – ética, moral, política, artes etc. – parece líquido e certo; bem como que ponham à baila suas decorrentes noções de parentesco mais ou menos próximo: vontade de potência e desejo de ser (o em-si-para-si), o ideal do nobre e a autenticidade, o ressentido e o de má-fé, a vida e a liberdade... mas não há por que nos enveredarmos mais por aqui.
No entanto, insistimos neste “autoconhecimento” para que, uma vez habitados por este caráter, este “Eu” cuja liberdade apreendemos como se fosse a liberdade de um outro, enfim, uma vez sendo um ser-em-si, possamos nos contemplar “de fora”, como objeto passivo, inclusive, se assim quisermos, sujeitos às deliberações de Deus, do (que Sartre vai chamar de) inconsciente, de valores transcendentais e etc., casos em que nosso “Eu” seria determinado, até mesmo “coagido” a agir de forma específica, aliás, contra a nossa “vontade”. Eis, então, a conduta de má-fé. É, pois, neste plano (da reflexão impura) que a consciência assume um ponto de vista, define seu objeto (ela mesma) como um em-si e pode até ser este objeto agora. Mas, não é só isso. Ele não apenas pode ser este “Eu” plástico: pode também afirmar ser sinceramente o que é.
No que concerne a aplicação prática do regime, resultou daquele estudo que embora seja muitas vezes suscitada a questão da litigância de máfé, por parte dos advogados, o mesmo não é aplicado com frequência. É opinião maioritária dos titulares de ambas as magistraturas que têm uma maior aplicação prática as disposições constantes das alíneas a). e b)., do n.º 2, do art.º 456.º do C.P.C., comparativamente às restantes, uma vez que se torna mais fácil a concretização condenatória quando estejam em causa factos falsos, de que propriamente nos casos de uso reprovável dos meios processuais, uma vez que esta consideração é mais abstrata. Relativamente aos processos de jurisdição penal, os competentes magistrados judiciais consideram não haver lugar à aplicação do instituto da litigância de má-fé, posição esta, que corresponde ao entendimento maioritário da nossa doutrina. No que diz respeito ao acréscimo de trabalho nas secretarias dos tribunais, em consequência da condenação nos termos daquele instituto, este não parece ser significativo, uma vez que da consulta feita aos funcionários judiciais resultou a idéia de que, em comparação com o trabalho habitualmente desenvolvido, no âmbito da tramitação processual, apenas acresce a necessidade de liquidação da multa e subsequente notificação da parte obrigada ao seu pagamento.
Trata o presente artigo de uma pesquisa acerca da Lei de Improbidade Administrativa, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional, destacando que muitos tipos ímprobos são completamente abertos e passíveis de ampla interpretação quando da aplicação da norma no caso concreto. O artigo trata também da evolução doutrinária e jurisprudencial sobre o alcance da Lei de Improbidade, principalmente atinente à concepção acerca dos atos culposos e dolosos; tendo como parâmetro inicial a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal através do Mandado de Segurança nº. 24.631-6/DF e as mudanças ocorridas na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Por conseguinte, o estudo contemplará a recentíssima a jurisprudência que está promovendo a reinterpretação da lei em apreço, que tem sido intitulada de virada hermenêutica acerca da tipificação dos atos ímprobos, notadamente resgatando a boa-fé objetiva como premissa do ato administrativo, consequentemente delimitando as punições por ato de improbidade administrativa às hipóteses de comprovação de que o autor do fato tenha laborado com dolo ou agido de má-fé.
Por força da base legal citada, só são ilícitas as atuações previstas no nº 2 do refe- rido artigo. Quanto à culpa, aspecto que interessa particularmente assinalar, o artigo 456º do CPC (correspondente ao artigo 542º do NCPC) apenas castiga o litigante de má-fé que atue com dolo ou com negligência grave. Por seu turno, a sanção prevista, isto é a multa, não depende da existência de danos causados à outra parte. Já a indeni- zação dos prejuízos causados pela atuação processual é eventual e limitada. Nestes ter- mos, e ao contrário da opção assumida no artigo 465º do Código de Processo Civil de 1939 (Decreto-Lei nº 29.637, de 28 de maio), o regime em vigor sanciona, desde 1995, a par da litigância dolosa, a litigância temerária, na qual as regras de boa-fé que devem nortear a conduta processual das partes são violadas com culpa grave ou erro grosseiro. De salientar, ainda, que a lei processual civil censura a litigância de má-fé, independentemente do resultado. Em uma palavra, o dano não é pressuposto da apli- cação da sanção prevista.
TARTUCE, a fim de rebater os posicionamentos supramencionados, defende não ser possível concordar com tais argumentos em razão da proteção legal da impenhorabilidade do bem de família envolver o direito fundamental à moradia. 43 Assim, (i) o argumento pautado na torpeza não seria legítimo para atribuir, ao sujeito que oferece seu bem de família à penhora, má-fé presumida, uma vez que a norma do bem de família legal é imperativa; (ii) no mesmo sentido, o comportamento contraditório, decorrente da boa-fé objetiva, não pode prevalecer ao direito à moradia; e, por fim, (iii) a renúncia a proteção da impenhorabilidade deve ser considerada inválida e ineficaz, em razão de se tratar de direito indisponível não podendo ser objeto de disposição através da autonomia privada do devedor, sendo perfeitamente possível, nestes casos, o “dirigismo negocial nas relações subjetivas”. 44
juízo. Voltando à situação dos autos, impõe-se considerar que, tendo os recorren- tes/executados alegado que eram falsas as assinaturas que tinham feito naquele concreto documento que a parte contrária tinha apresentado, com o intuito de de- monstrar a falta de fundamento das posições deles, executados, tratando-se, porém, de factos pessoais, que eram por eles conhecidos, ou seja, que tinham eles próprios colocado as suas assinaturas no citado documento, alteraram a verdade dos factos que bem conheciam. E agiram com notável pertinácia e obstinação, desde a negação inicial (que foi a 12 de Dezembro de 2008), até aos resultados inequívocos dos exames periciais, conhecidos já em Novembro de 2010, passando por todas as peri- pécias de caminho, como as recolhas de autógrafos. Não obstante terem obtido ganho de causa, porquanto foi julgada procedente a oposição à execução que havi- am deduzido, e, em consequência, extinta a execução (por considerandos de ordem jurídica que não foram prejudicados pelas referidas assinaturas), não pode deixar de considerar-se que na situação em apreço actuaram os recorrentes de forma dolosa, litigando de máfé. E nada obsta a que a parte vencedora possa ser condena- da como litigante de má-fé, quando tenha procedido com dolo tal como ficou descri- to. Na verdade, tendo os recorrentes, falsamente, afirmado, contra o que se veio a demonstrar, e era por eles sabido, não lhes pertencerem as assinaturas apostas no documento em causa, mostra-se verificada a factualidade determinante da sua res- ponsabilidade processual subjectiva, com base em litigância de máfé, nos termos do disposto pelo artigo 456º, nºs 1 e 2, b), do CPC. Improcedem, pois, as conclusões constantes das alegações dos recorrentes, devendo nesta sede confirmar-se a contes- tada condenação.” (Tribunal da Relação de Évora, Processo 120/08.3TBMAC-A.E1, Rel. José António Penetra Lúcio, j. 13/10/2011; destaques acrescentados)
O dever de verdade, que tem a parte, não se estende ao de dizer qual a regra jurídica existente, válida ou eficaz. Somente se refere a sistema jurídico, tal como podia parecer. As partes e seu procuradores podem ignorar a existência de uma regra jurídica, ou de uma lei, ou a sua constitucionalidade ou a sua incidência (eficácia). Contudo, mesmo a respeito de fatos, pode ocorrer que a parte, apesar de não ter razão no que afirmou ou negou, não sabia que errara (e.g., as informações que tinha eram outras que as verdadeiras). Não se pode dizer que estava de má-fé o litigante, que deduziu pretensão ou defesa, se havia razão para ele ignorar o que se passara. Para que, por exemplo, se possa reputar de má-fé quem omitiu fatos essenciais ao julgamento da causa, é de mister que tal omissão tenha sido intencional. Tem-se de ir ao exame subjetivo, não basta a objetividade.
narrador e da personagem Paulo Honório, como também no caso de Bentinho. Prova da má fé do narrador de SB é ainda a sonegação de certas informações. Paulo Honório afirma não se lembrar[r]
CESPE para a aplicação de um determinado concurso público. Dispensa de Licitação na contratação de instituição nacional. Litigância de má-fé. 2º, “c”, parágrafo único, “c”; 3º), u[r]
tempo, seja essencial à realidade humana e de tal ordem que a consciência volte sua nega- ção para si, em vez de dirigi-la para fora” (SARTRE, 1997, p. 93). A má-fé é, assim, um projeto de “fuga”: visa a desintegração do ser, através de atitudes que negam a si mesmo e à sua própria liberdade. Portanto, poderíamos dizer que, a partir do imperativo segundo o qual o homem está condenado a ser livre, isto é, está condenado a construir seu próprio destino através de suas próprias escolhas, a má-fé é uma tentativa de se esquivar desse imperativo, esquivando-se, por conseguinte, da responsabilidade. Essa é a dimensão do homem como um projeto: o homem nada é senão o que será. Só há sentido em se falar a respeito do ser humano a partir do horizonte de suas escolhas, a partir de sua liberdade, já que, originalmente, o homem é algo por se fazer. Essa noção fundamental do existencia- lismo, acolhida no conceito de “projeto”, aparece originalmente na filosofia de Sören Kierkegaard. Em O desespero humano, lê-se o seguinte trecho: “O eu está em evolução a cada instante da sua existência (visto que o eu Katà dýnamin (em potência) não tem exis- tência real), e não é senão o que será” (KIERKEGAARD, 1979, p. 337). Como se pode ver, essa é uma ideia central no existencialismo, perpassando suas origens, com Kierke- gaard, no século XIX. Em Jean-Paul Sartre, a ideia do homem enquanto projeto, ou seja, como aquele ser que carrega em si um futuro sempre em aberto, adquire o seguinte senti- do:
se sistematizou na jurisprudência e na doutrina sob a vigência do CPC/1973 acabou se tornando grande obstáculo (mais um) à efetividade da tutela judicial da responsabilidade patrimonial, na medida em que, via de regra, tem sido atribuído ao exequente o diabólico ônus da prova relativo à má-fé do terceiro adquirente, o que se mostra, via de regra, incompatível com a aptidão do exequente para sua produção, deixando o terceiro (e mais ainda o executado) em posição confortável, sem que tenha que copa rticipar dessa apuração”. Inclusive porque: “A impropriedade da atribuição de ônus da prova ao exequente nesses casos é tão evidente e clara que em nenhum dos precedentes que deram origem ao enunciado da Súmula nº 375 do STJ houve reconhecimento de fraude à execução” (RODRIGUES, M.; LIMA, 2016).
informação é o sujeito mesmo que trabalha no que Claria et al. (2000?) caracterizam como a função de agregar “información a la información para transformarla en conocimiento”. Assim, o gestor da informa- ção é um produtor e não apenas um inter- mediário desinteressado de um serviço. Sua ação é medida de um ponto-de-vista eco- nômico, isto é, pela perspectiva da capaci- dade que dispõe para gerar menos ou mais lucro para a empresa. Assim, sua ética está umbilicalmente ligada à ética da empresa e do empresário, estando condicionada especialmente pelas atitudes do segundo. De outro lado, como profissional, o gestor da informação segue uma ética pro- fissional que lhe orienta a atuar no sentido de responder aos interesses do seu cliente imediato, no caso empresa e empresário. Como já foi visto, se o empresário e a em- presa aplicam a boa ética empresarial, com a realização da “ética do razoável” quanto à conquista do justo lucro, do gestor da in- formação é esperado e desejável que con- tribua neste sentido em cumprimento de seu papel pois, por extensão, estará atenden- do de modo sadio ao desenvolvimento da sociedade onde estão inseridos: ele, a em- presa e o empresário. Mas se o empresário e a empresa praticam a má ética empresa- rial, com a usurpação da clientela através do “lucro abusivo”, será que é honesto o gestor da informação contribuir para isso? Colaborando com a máfé do empresário e da empresa o gestor da informação, neste caso, estará sendo tão antiético quando os dois primeiros e sua ética estaria privada dos princípios de Boa consciência; de Li- berdade profissional; de Autoridade pro- fissional; e ele estaria colaborando para prejudicar os outros sujeitos da sociedade em relação aos princípios éticos ligados à adequada Sobrevivência material; Con- vivência; sem contar a elisão dos princípi- os éticos de Igualdade e de Fraternidade. 7 A ÉTICA DO MERCADO
Claro que, como aprendemos com Donald Davidson, e naturalmente Passos Coelho não aprendeu ou agiu de máfé, as circunstâncias não subvertem, do dia para a noite, a nossa teia de crenças, princípios, convicções e compromissos. Não obstante a dimensão do acontecimento, o mundo não mudou a partir do 11 de Setembro. Sugerir isso é uma tontice ou, de forma mais filosófica, um pronunciamento não-davidsoniano.
O presente trabalho aborda o importante instituto de direito das obrigações, novação, com a inédita roupagem que lhe confere os novos valores que regem o Direito Privado, no âmbito constitucional e infraconstitucional. Para isso, através de uma análise descritiva dos acontecimentos que modificaram o Direito, verificamos a evolução do Estado Liberal para o Estado Social, que traz como princípios basilares a preservação da dignidade humana e a solidariedade nas relações jurídicas. Também é abordado o surgimento do Estado Pós-Moderno resultante do poder crescente das grandes corporações e pelo anseio da maximização dos lucros que coloca em xeque os valores fundantes do Estado Social. Sob esses novos paradigmas, sob a égide do novo direito privado, a analise do instituto da novação é realizada, desde a sua conceituação, até os seus requisitos, tipos e efeitos. Partindo da premissa de que a novação não é um contrato, mas um de seus efeitos, verifica-se que os valores do Estado Social não podem declinar aos interesses meramente econômicos, egoísticos e individuais do credor na relação obrigacional, assim como não se pode prevalecer o devedor dos atos que resultem de má-fé. Um dos objetivos do novo Direito Privado e do Direito Público também, é a ética nas relações jurídicas, e no direito das obrigações esse valor se torna nítido quando se verifica que as partes na relação obrigacional têm o dever legal de agir com boa-fé, portanto essa é a interpretação que deverá prevalecer na análise dos dispositivos que tratam da novação e, ainda, em qualquer contrato que produza efeito novativo.
Ainda que o autor seja leigo no que tange aos termos do ordenamento jurídico, pesa sobre ele a impossibilidade de invocar o desconhecimento da lei como escusa por seu não cumprimento. Tanto mais no que tange ao mais básico e fundamental raciocínio de que, mesmo que sob olhares leigos, não se pode admitir como válida a dedução de um mesmo pleito, contra mesmas partes, em dois feitos simultâneos. Sendo essa a situação dos autos, e ainda que pleito duplicado tenha sido feito com a assistência de procuradores diversos, disso emerge não apenas a litispendência, como igualmente a temeridade no agir do reclamante. O contido no item III, do artigo 17, do CPC, torna imperiosa a sua condenação como litigante de má-fé (BRASIL. TRT-10, 3ª Turma, RO 01023-2009-002-10-00-6, Des. Rel. Douglas Alencar Rodrigues, Data de publicação: 04/12/2009).
(...) não devemos ter ilusões de espécie alguma sobre as dificuldades que nos esperam. Há que contar – isto é de todos os tempos! – com um recrudescimento da hostilidade, da ignorância e da máfé; da hostilidade daqueles para quem a estagnação ou a decadência da nossa cultura mate- mática é a condição necessária para a realização de objectivos que nada têm que ver com as ciências matemáticas, daqueles que tremem perante a ideia da existência de uma juventude estudiosa consagrando inteiramente a sua vida e o seu entusiasmo a uma causa pela qual eles nunca lutaram – porque o esforço, a diligência no estudo revelam de uma maneira evidente os erros do passado e as deficiências do presente –, da máfé daqueles que apregoam um interesse e um entusiasmo pelo desenvolvimento da cultura matemática que são desmentidos categoricamente pela sua actuação presente, da máfé daqueles que consideram como revelações de inteligência e da capacidade a adoração da rotina que o uso consagrou e de que eles são por vezes os mais legítimos representantes; há que contar ainda com a ignorância (e que enciclopédica ignorância!) daqueles que afirmam que o nosso país está per- feitissimamente ao corrente do movimento matemático moderno, que o nível dos nossos estudos matemáticos se pode pôr a par do dos países mais avan- çados, e finalmente, há que contar com a indiferença (que estranha e cómoda indiferença!) daqueles que dizem que no nosso país não há nada a fazer, que os portugueses são incapazes de realizar um esforço persistente e continuado e que, portanto, são incapazes de contribuir para o progresso das ciências matemáticas”.
Nos negócios onerosos, fica fácil de perceber, pela leitura dos julgados acima colacionados, que a má-fé do devedor torna-se absolutamente irrelevante. O que predominará para o reconhecimento da fraude à execução será tão somente a má-fé do adquirente. Exemplifica-se: o devedor que, citado, diante de uma execução, ou em face de uma futura execução, aliena ou onera seus bens com o objetivo único de frustrar o crédito do autor, procede, indubitavelmente, de má-fé. Um terceiro adquire seus bens, sem conhecimento de que contra o alienante corre ação e sem meios de ter essa ciência. Não tem o adquirente intenção alguma de causar prejuízo a um credor, que nem sequer sabe que existe. Toma o adquirente todas as cautelas necessárias para a realização de negócio. Sua boa-fé é reconhecida no curso do processo. O que predominará: a má-fé do devedor ou a boa-fé do terceiro? Sem dúvidas alguma, é a última. A má-fé do executado mostra-se totalmente prescindível diante da boa-fé do adquirente.
Portanto, para os casos de condenação em ação de improbidade administrativa, exigiu-se, expressamente, que estivessem presentes o elemento subjetivo (dolo ou má-fé) [r]