No âmbito da América Latina, o Brasil desponta como o maior consumidor de agrotóxicos, com um consumo estimado em 50% da quantidade comercial na região. A aplicação indiscriminada de agrotóxicos afeta tanto a saúde humana quanto a ecossistemas naturais. Os impactos na saúde podem atingir tanto aplicadores dos produtos, os membros da comunidade e os consumidores dos alimentos contaminados com resíduos, mas, sem dúvida, a primeira categoria é a mais afetada por estes. A utilização dos agrotóxicos no meio rural brasileiro tem trazido uma série de conseqüências tanto para o ambiente como para a saúde do trabalhadorrural. Em geral, essas conseqüências são condicionadas por fatores intrinsecamente relacionados, tais como o uso inadequado dessas substâncias, a alta toxicidade de certos produtos, a falta de utilização de equipamentos de proteção e a precariedade dos mecanismos de vigilância. Dos 5.570 casos de intoxicação, ocorridos em 2003, 1.748 (31,4%) foram causados por agrotóxicos de uso agrícola. Pretendeu-se com a realização deste estudo, conhecer no Município de Cacoal - RO o perfil dos trabalhadores em lavouras cafeeiras, idade, sexo, escolaridade, tempo de atuação na função, sintomas decorrentes da utilização dos agrotóxicos e as condições, nas quais são manuseados. O tipo de estudo utilizado foi um transversal descritivo e analítico; a amostra foi constituída por 87 trabalhadores em lavouras cafeeiras em áreas rurais do Município de Cacoal-RO; na análise das variáveis utilizou-se o software EPI- INFO 6.04. De 87 trabalhadores pesquisados, 63 (72,4%) afirmaram ser proprietários do estabelecimento rural, 8 (9,2%) parceiro/arrendatário, 13 (14,9%) meeiros, 2 (2,3%) trabalhadores fixos assalariados e, 1 (1,2%) afirmou ser empreiteiro de serviços. Os homens, 85, representaram (97,7%) dos entrevistados; a média de idade foi de 44,08 anos
Buscamos a prática do cuidado à saúde do trabalhadorrural na atividade leiteira em cada encontro, numa construção coletiva de uma experiência comum a todos os tra- balhadores. A rotina neste campo de trabalho é semelhante, embora a saúde, em seu conceito ampliado, como um direito radicalmente vinculado à existência de políticas econômicas e sociais que deverão assegurar outros direitos fundamentais como, por exemplo, moradia, alimentação, educação e lazer, tenha distinções importantes entre os onze municípios participantes do estudo (BRASIL, 2014).
Resumo: Com a Constituição de 1988, os agricultores familiares, os pescadores e garimpeiros artesanais foram incluídos, como segurados especiais, no sistema previdenciário dos trabalhadores rurais no Brasil. A partir de estudos sobre efeitos sócio-econômicos dos benefícios previdenciários, esse processo, denomi- nado Universalização da Previdência Rural, ganhou notoriedade. O presente trabalho procura fazer uma análi- se do processo de construção social e político da previdência social rural. O texto está estruturado em quatro partes. Na primeira parte, objetiva-se uma breve caracterização da previdência rural; em seguida trata- se da discussão em torno do Estatuto do TrabalhadorRural, na terceira aborda-se a instituição do Funrural e do Prorural, e por fim, tece-se algumas considerações em torno da experiência recente de universalização ocorrida a partir de 1988.
po de dedicação à produção agropecuária e, com isso, abrem possibilidades de renda em outras áreas e setores econômicos para si ou para membros de sua família. Conforme Carneiro (2006), com as novas dinâmicas do meio rural emerge a discussão sobre atividades não agrícolas e pluriatividade no Brasil. Para Baumel e Basso (2004), a pluriatividade tem um caráter social importante por oportunizar alternativas de reprodução da agricultura fami- liar, ampliando as fontes de renda e integrando-se com realidades urbanas ou mesmo rurais, mas de concepção diferente das suas, mediante novas atividades ocupacionais. A pluriatividade tem sido apontada como uma al- ternativa viável de manutenção da população jovem no campo, associando as atividades da propriedade da família com outras que lhes garanta maior autonomia e segurança financeira. Schneider e Mattos (2006) afirmam que a pluriatividade poderá ter um papel importante na promoção do desenvolvi- mento rural sustentável na medida em que se apresenta como possibilidade a alguns dos principais problemas que afetam as populações rurais, tais como a geração de emprego, a melhoria da renda, a redução da vulnerabilidade social e produtiva, o êxodo dos mais jovens e a gestão interna das unidades familiares.
Ademais, ainda que exista construção normativa acerca de agrotóxicos, elas são tímidas frente ao que precisaria ser feito e regulamentado e, por vezes, não atendem o fim esperado, seja porque nasce flexível demais ou simplesmente por decorrência da ausência de meios que garantam a fiscalização sobre o cumprimento dos ditames legais, ora que no Brasil está difícil o exercício do controle sobre o uso, compra e venda de agrotóxicos, bem como nem todos os Estados sequer possuem órgão capacitado que levantem esses dados.
BRASIL. Decreto nº 98.816, de 11 de Janeiro de 1990. Regulamenta a Lei n° 7.802, de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a pro- dução, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscali- zação de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a or- ganização e o funcionamento dos serviços corres- pondentes e dá outras providências. Disponínel em: <http://www.lei.adv.br/98816-90.htm>.
Getúlio Vargas foi um importante político na história do Brasil republicano, e muitas pesquisas acadêmicas privilegiam o seu primeiro governo e as questões trabalhistas sobre o operariado brasileiro, que foram, sem dúvida, uma de suas características mais marcantes na política nacional. Contudo, propomos uma abordagem sobre o segundo governo de Vargas (1951-1954) privilegiando a temática relacionada à labuta rural, ressaltando que, embora a historiografia nacional tenha privilegiado abordagens sobre o operariado nas indústrias, na década de 50 a maioria dos trabalhadores no Brasil se encontravam nas áreas rurais, bem como a maior parte da população brasileira habitava o campo, ou seja, a parcela majoritária dos trabalhadores brasileiros estava à margem da CLT 8 . Assim, cabe ressaltar que, como episódio importante na política brasileira, em 1950 Vargas foi lançado à campanha presidencial pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ocasião em que disputou as eleições com Cristiano Machado, do Partido Social Democrático (PSD), e com o Brigadeiro Eduardo Gomes, da União Democrática Nacional (UDN), seus principais concorrentes. O pleito foi vencido pelo PTB, e Vargas eleito presidente da república com ampla vantagem, 48,7% dos votos, contra Eduardo Gomes que ficou com 29,6%, e Cristiano Machado com 21,5% dos votos 9 .
Diversos estu dos têm dem on s trado gra n de va ri a bi l i d ade de danos dos agro t ó x i cos sobre a s a ú de humana e sobre o meio ambi en te , a s s i m como diferenças na gravi d ade e magn i tu de desses danos (Al ava n ja et al. , 2 0 0 4 ; Colosso et a l. , 2 0 0 3 ; Gri s o l i a , 2 0 0 5 ; Ka m a nyi re & Ka ra l- l i ed de , 2 0 0 4 ; Nova to - Si lva E et al. 1 9 9 9 ; Pere s et al. , 2 0 0 3 ; Peres et al. , 2 0 0 1 ; Sa n to s , 2 0 0 3 ; Si l- va et al. , 2 0 0 4 ) . O con h ec i m en to advi n do de tais estu dos tem su b s i d i ado um import a n te movimento social, tanto no Brasil como em o u- tros países, l i derado por ambi entalistas e eco l o- gistas cuja tônica gi ra em torno da con te s t a ç ã o do modo de de s envo lvi m en to da agri c u l tu ra . Esse movi m en to, que apre s enta a proposta da a groeco l ogia como altern a tiva às pr á ticas insti- tu í d a s , é cen trado numa outra forma de de s en- vo lvi m en to agr í cola e ru ral (Al m ei d a , 1 9 9 8 ) .
Este artigo aborda a interface entre os determi- nantes sociais de saúde, as condições de vida e as concepções de saúde e doença de moradores de uma localidade rural no sul do Brasil. O objetivo é conhecer e compreender as necessidades em saúde, por meio das concepções de doença, considerando as desigualdades sociais presentes na localidade rural do Rincão dos Maia, Canguçu-RS. Utilizou-se a triangulação de métodos. No desenho qualitativo entrevistaram-se 20 sujeitos. A amostra foi intencio- nal, ilustrativa das diferentes situações de vida. Os resultados referem-se à doença como incapacidade ou restrição de locomoção, uso de remédios e traba- lho ou, ainda, como resultante do comportamento cotidiano, de perdas e exposição a diversas tempe- raturas na lavoura, da alimentação e da presença de enfermidade, geralmente “doenças metáforas”. Apesar das desigualdades socioeconômicas, não se observaram diferenças nas concepções de saúde e doença, possivelmente devido ao contexto cultural comum e à matriz de trabalhadorrural. Evidenciou- se a relevância de se conhecer os determinantes sociais em saúde, por meio das condições de vida materiais e dos aspectos subjetivos dos processos cotidianos, como forma de aproximação da constru- ção de saberes e lógicas locais.
Do nosso ponto de vista, as reflexões lançadas por Octavio Ianni naquele artigo de 1971 possuem uma riqueza heurística extraordinária, repleta de elementos atuais a serem problematizados. Ao longo do desenvolvimento deste texto, longe da perspectiva de esgotar o debate, demonstraremos as razões que justificam tal posição, bem como a relevância que possui para refletir a configuração contemporânea da contradição capital-trabalho no universo agrário nacional. Assim, entendemos que a atualização do debate referente à proletarização do trabalhadorrural no Brasil implica necessariamente, numa primeira aproximação, a interlocução direta com os clássicos do pensamento social crítico brasileiro, trazendo-os para o centro da discussão, num importante esforço de retomada da contribuição desses autores para melhor refletir e sistematizar as problemáticas emergentes na quadra histórica em curso, as quais devem estar sempre conectadas ao processo histórico.
O Agronegócio representa no setor rural uma das mais importantes atividades, e diante a realidade atual não podemos deixar de pensar na atividade da área leiteira. O Brasil é o quinto maior produtor de leite do mundo, ficando somente atrás da União Europeia, Estados Unidos, Índia e Rússia. Entre os estados, Minas Gerais lidera a produção nacional com cerca de trinta porcento da produção leiteira, seguido pelo Rio Grande do Sul com aproximadamente dezesseis porcento. Em 2015, o Valor bruto da Produção da atividade
como assembleias, congressos e reuniões e também outros recursos subjetivos como a vivência cotidiana, a mística e o discurso político. Para este movimento social, a cultura camponesa é produto da forte relação que o homem do campo estabelece com a natureza e, por isto, ela assume características vinculadas ao mito, à superstição, à tradição, à contemplação e ao raciocínio associativo de conotação “ingênua e imediatista” que se expressa na forma como o trabalhadorrural lida com a vida econômica e social. Para além da defesa da distribuição de terras, o MST busca garantir um processo de formação continuada que desmitiique os sistemas culturais, transforme a natureza “ingênua e imediatista” e fortaleça a consciência política a partir da combinação de práticas, outros referenciais e padrões de vida que permitam a reprodução do camponês como sujeito social (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil - Concrab, 1997).
Os custos que as empresas têm com treinamento são menores do que os custos com a própria contratação. E, além disso, quando estes cursos de treinamento se fazem presentes, são direcionados à gerência : “Conclui-se daí que o treinamento é não apenas relativamente barato, como tem pelo menos para a mão-de-obra direta, a forma de gasto corrente, nem sempre passível de explicação contábil, o que já revela seu caráter de processo mais ou menos automático.” (SALM, 1980, p. 91). Dessa maneira, é perceptível que grande parte dos trabalhadores pertencentes de uma indústria ou ramo específico, adquire sua (des)qualificação em seu próprio local de trabalho. E, além disso, este fator é “naturalizado” pelo próprio trabalhador, como se sempre tivesse sido inerente ao processo. “Realiza-se por uma espécie de osmose, pela mera presença física no local de trabalho, pela observação e eventual execução das tarefas realizadas pelos empregados encarregados de operações mais complexas.” (SALM, 1980, p. 90).
Resumo: O tomate representa uma das hortaliças mais produzidas e comercializadas no Brasil e no Estado do Ceará, estando presente na cesta do consumidor cearense durante todo o ano. Neste trabalho, procura-se estimar a oferta e a demanda do tomate no Estado do Ceará. Os dados utilizados são de fontes secundárias coletados junto ao Instituto de Planejamento do Estado do Ceará (IPECE) e ao IBGE, cobrindo o período de 1980 a 2000. Foi utilizado o Método de Equações Simultâneas para analisar o comportamento de cada variável que influencia o mercado do produto através de sua respectiva elasticidade. As equações estimadas são da forma logarítmica em razão de, além de ter um bom ajustamento, já mostrar o valor da elasticidade de cada variável. Conclui-se que o tomate é um bem normal, de demanda elástica e oferta inelástica. A cebola mostra-se ser um bem substituto ao tomate. O coeficiente relacionado ao salário da mão-de-obra rural mostrou-se ter uma relação inversamente proporcional a quantidade ofertada. Os resultados obtidos servem de relevância para os produtores cearenses adotarem políticas que resultem no acréscimo da sua renda total.
Dentre as limitações do estudo, encontra-se o fato de ser localizado e pela restrição temporal, por se tratar de uma pesquisa de mestrado, pois pensa-se que uma investigação que tivesse maior abrangência poderia elucidar de maneira ampla a problemática do uso de agrotóxicos na atividade agrícola. Enfim, sugere-se a realização de novas investigações que tratem dessa temática, bem como a atuação da enfermagem, por meio de uma prática profissional direcionada à saúde do trabalhador que colabore para a promoção de saúde e prevenção de agravos dos trabalhadores rurais e a todos, que de algum modo estão expostos aos perigos da utilização de agrotóxicos.
VIERO, Cibelle Mello et al. Sociedade de risco: o uso dos agrotóxicos e implicações na saúde do trabalhadorrural. Escola Anna Nery - Revista de Enfermagem, [s.l.], v. 20, n. 1, p.99-105, 2016. GN1 Genesis Network. http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20160014.
Participaram do estudo dez trabalhadores rurais cadastrados no Programa Saúde da Família (PSF) rural e residentes em São Bento Abade. Adotou-se a entrevista semiestruturada como técnica de coleta de dados, sendo a seleção dos sujeitos efetuada por sorteio aleatório. Assim, solicitou-se ao profissional de enfermagem a listagem com os nomes dos homens residentes na região, sendo cada um deles escritos em papéis individuais e sorteados pela enfermeira da Unidade. Os critérios de elegibilidade incluíram: homem com idade entre 20 a 59 e ser trabalhadorrural residente no município.
O objetivo deste trabalho é testar a hipótese da existência do efeito trabalhador adicional para ilhos no Brasil, procurando identiicar se a situação de desemprego do chefe de família fará com que algum membro da família, cuja condição seja ilho, transite para a População Economicamente Ativa – PEA. A base de dados utilizada foi a Pesquisa Mensal de Emprego – PME realizada pelo IBGE, que permite a construção de painéis para análise longitudinal de dados. A hipótese foi testada para pelo menos um ilho com idade de 10 a 18 anos, entre 2002 e 2013, para as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, que compõem a área de abrangência da PME. Este trabalho admite a existência de diferencial por sexo do chefe para o efeito trabalhador adicional de ilhos de 10 a 18 anos. Os resultados mostraram haver um efeito positivo maior para chefes homens do que para chefes mulheres, sendo que a variável de transição do ilho para a atividade não apresentou signiicância estatística que permitisse assumir a existência do efeito. Corroborou-se a hipótese da existência de diferencial por sexo, contudo no sentido oposto ao da hipótese assumida.
A população rural avaliada tem a sua economia baseada na agricultura familiar químico-dependente, principalmente com a utilização de produtos pertencentes aos grupos CM, piretróides, diamidas, OF, neonicotinóides, glicinas, avermectinas, nitrilas, bipiridilios, e benzimidazol. Dos produtos citados pelos agricultores como sendo os mais utilizados, alguns não são permitidos para os principais cultivos realizados em SJU e um deles (organoclorado) está proibido no Brasil desde 2013. Esta população possui uma baixa percepção do risco dos agrotóxicos à saúde humana e ao meio ambiente e a maioria está exposta ocupacionalmente e ambientalmente aos agrotóxicos, principalmente no período da safra, desde tenra idade e nunca recebeu nenhum treinamento ou orientação técnica sobre a quantidade a ser usada e meios de utilização seguros.
O objetivo geral do estudo foi avaliar as condições de saúde e segurança do trabalhadorrural no manejo de suínos no setor de gestação e maternidade. Buscou-se alcançar tal objetivo utilizando-se como base teórica o estudo realizado na área da saúde e segurança. Entretanto, são incipientes as pesquisas relacionadas à preocupação atual associada ao o ambiente laboral e as condições ambientais onde está inserido o trabalhadorrural. Em termos metodológicos o estudo foi classificado como qualitativo e descritivo. As fontes primárias e secundárias foram à base da pesquisa. A coleta de dados se deu através de estudo in loco, com entrevista semi- estruturada com o proprietário e o gestor encarregado da granja de suínos localizada na linha Guaçu - Vila Nova - Toledo – Paraná. Em relação aos resultados constatou-se que através da pesquisa e das respostas obtidas com as entrevistas, que, existem, sim, alguns riscos no trabalho executado pelos trabalhadores. No entanto, há uma preocupação para que o trabalho seja realizado com segurança, mantendo e controle da saúde ocupacional dos trabalhadores, seguido do uso regular dos EPIs (equipamento de proteção individual). Desse modo, sugere- se mais ênfase nos treinamentos, com o apoio do sindicato rural em parceria com empresa especializada na medicina ocupacional que oferece treinamento e assessoria em geral.