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3 O SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI

3.2 SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI

3.2.3 A utilidade do Aqüífero

3.2.3.2 Água envasada

A idéia mais difundida de utilização de águas subterrâneas é o seu engarrafamento. A indústria mundial de água mineral engarrafada tem crescido e há probabilidade de ser um dos maiores setores da economia mundial, devido às exigências cada vez maiores do mercado consumidor.

A melhoria da qualidade de vida e da renda de uma população está intrinsecamente ligada ao aumento de consumo de água mineral. Prefere-se consumir a água engarrafada, pois se entende ser de melhor qualidade do que a distribuída pela rede pública e simplesmente filtrada.

A Europa Ocidental apresentou, em 2003, um volume de produção de 44 bilhões de litros, com uma média de consumo per capita da ordem de 112 litros/ano, seguida pela América do Norte, com produção de 26 bilhões de litros e média de consumo de 80 litros/ano, e América Latina, com 27 bilhões de litros e

54 consumo de 50 litros/ano. Os maiores índices de consumo per capta ocorrem nos Emirados Árabes, com 223 litros/ano, seguidos da Itália com 189 litros/ano e França com 158 litros/ano (ABINAM, 2006).

O consumo, no Brasil e no mundo, de água mineral tem apresentado grande expansão, numa média de 20% ao ano segundo estatísticas do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (ABINAM, 2006).

No Brasil, o consumo foi de 25 litros por pessoa/ano, muito baixo perto dos padrões mundiais. O maior país consumidor de água engarrafada são os EUA, com um consumo, em 2001, de 19,8 bilhões de litros, caracterizando-o como um mercado fortemente importador do produto. A venda de água engarrafada nesse país, cresceu, de 2000 para 2001, 11% (UNIAGUA, 2006).

O mercado de água mineral está concentrado em poucas empresas de grande porte, como na França, onde 23% do setor são comandados pela Nestlé

S.A., seguida pelos Grupos Perrier Vittel, Danone e Neptune. Essas mesmas

empresas lideram outros mercados internacionais, tal como ocorre nos Estados Unidos, onde cinco empresas são responsáveis por 51% do mercado americano, lideradas pela Danone e Nestlé, cada uma com 17%, ou ainda na Grã-Bretanha onde a Danone lidera o mercado com 19%, seguida pela Nestlé. Dentre os países com alto índice de consumo de água envasada, o mercado da Alemanha apresenta características peculiares, sendo altamente regionalizado e fragmentado, representado por mais de 200 empresas. Outra característica do mercado alemão é

55 que as águas minerais gasosas lideram seu mercado consumidor, ao contrário dos demais países onde o consumo preferencial é por água mineral natural (UNIAGUA, 2006).

Os líderes mundiais do mercado de águas envasadas são a Nestlé

Waters e a Coca-Cola, seguidas da Danone e da PepsiCo. As duas primeiras detêm,

respectivamente, 16,3% e 14,2% dos negócios mundiais de água, com faturamento anual acima de 4 bilhões de dólares cada.

Em 2004, foram envasados, no Brasil, cerca de 4,1 bilhões de litros de água mineral e potável de mesa,15 e 19 marcas dominaram 40% desse mercado. O Grupo Edson Queiroz é o maior produtor nacional, responsável por 15,2% da produção nacional, seguido da Indaiá (11,6%) e da Minalba (3,6%). Vale destacar também a presença da Nestlé Waters do Brasil com participação de 1,1%, (CAETANO; CARVALHO, 2005).

Em países com elevados índices de consumo, o segmento de água mineral representa um mercado anual da ordem de alguns bilhões de dólares, a exemplo da França, onde o mercado anual, em 2001, se situou em torno de US$ 2,3 bilhões e dos Estados Unidos que atingiu US$ 5,6 bilhões para água envasada. No Brasil, o faturamento gira em torno de US$ 400 milhões por ano.

15 As estatísticas brasileiras referem-se, exclusivamente, à água mineral e potável de mesa

engarrafada, enquanto na maioria dos demais países do Mundo, são também levadas em consideração a produção engarrafada de águas tratadas e adicionadas ou não de sais.

56 O panorama mundial do mercado de águas envasadas apresentado no

First Global Bottles Waters Congress, na cidade de Evian, França, em outubro de

2004, revelou que o consumo de águas deverá chegar a 206 bilhões de litros até 2008. No Brasil, os números de importação de água, em 2004, totalizaram 502.000 litros, correspondentes a US$ 137.000,00 provenientes da França (59%), Itália (35%), Portugal (4%) e Reino Unido (1%) e os principais blocos econômicos de origem foram União Européia (92%) e Mercosul (2%). As exportações, em 2004, são insignificantes (mas estão em altas vertiginosas comparadas a anos anteriores), representando apenas 384.000 litros equivalentes a US$ 114.000,00, e foram direcionadas para Angola (31%), EUA (22%), Paraguai (17%), Japão (7%) e Argentina (5%) e os principais blocos econômicos de destino foram Mercosul (60%), demais países da Aladi (21%) e África (12%) (CAETANO; CARVALHO, 2005).

O engarrafamento de água é lucrativo e está em crescimento. A possibilidade de exportação de água, que é um dos grandes temores divulgados em relação ao Guarani, é muito pequena. Poderá, um dia, se houver um investimento representativo em propaganda, aproveitando a onda de divulgação mundial do aqüífero, se ter uma água com marca conhecida, como ocorre com a Evian, Perrier, entre outras.16 A exportação, pura e simples de água para outros países, ainda é

inviável economicamente. Prova disso é o Oriente Médio que, com todos os recursos financeiros que possui, dessaliniza sua água para abastecimento. A exportação de água do Sistema Aqüífero Guarani ocorrerá (e já ocorre) de outra maneira, que é

16 A história da famosa água mineral francesa começou em 1826 quando o Duque de Savoy

concedeu a autorização oficial para engarrafar a Evian Natural Spring Water. A moda começou na França, no pequeno povoado de 7.500 habitantes de Evian, próxima ao lago Genebra, A localidade possui a maior fábrica engarrafadora de água mineral do mundo, de onde conseguiu convencer europeus e americanos da pureza de suas águas. Atualmente, a Evian engarrafa 1,5 bilhão de litros de água ao ano que são vendidas a 150 países (MUNDO DAS MARCAS, 2006).

57 através da exportação de alimentos e de produtos industrializados que utilizem água em seu processo produtivo, como se verá no próximo tópico.