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Mapa 7- Zoneamento funcional do município de Fortim/Ceará

6 DIAGNÓSTICO E GESTÃO DA PAISAGEM DO LITORAL DE FORTIM:

7.2 Área de conservação ambiental com uso restrito

Correspondem aos ambientes com limitações e ecodinâmica mais sensível ao uso e ocupação, se comparados às áreas de uso disciplinado, mas onde podem coexistir uso e conservação, desde que se respeitem os limites de carga dos sistemas ambientais, elencando- se para isso diretrizes específicas.

As zonas que se enquadram como áreas de conservação ambiental com uso restrito compreendem topos de falésias e o tabuleiro litorâneo que lhes segue, ambientes Fonte: Leite, 2016.

dunares, planície fluviomarinha e planície fluvial do rio Pirangi. Assim, abrange a Zona Ecoturística do Canto da Barra (ZEB), Zona Ecoturística de Viçosa (ZEV) e a Zona Ecoturística do Jardim (ZEJ). Além de contemplar uma Zona de Expansão Urbano-Turística (ZUT), Zona de Aquicultura (ZAQ) e Zona de Proteção de Vegetação de Várzea (ZPV), que ocupam uma superfície territorial com 5.101,37 ha.

De acordo com a Lei nº12.651, de março de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, os sistemas ambientais que compõem as zonas supracitadas correspondem a Áreas de Proteção Permanente. Neste caso, a própria legislação federal pode ser o devido guia para o ordenamento ambiental do território, sendo a referida lei um dos embasamentos para as propostas de zoneamento, juntamente com a definição das unidades de paisagem, sua ecodinâmica e as potencialidade e problemas atuais estabelecidos.

As Zonas Ecoturísticas do Canto da Barra, Viçosa e Jardim, configuram-se por falésias fluviais, sendo levada em consideração para o estabelecimento da superfície territorial, a lei nº 12.651, que indica como APP desde o topo/borda do tabuleiro até 100 metros em direção ao continente. Atualmente, essas Zonas Ecoturísticas possuem menor ocupação, pois as Zonas Urbanas concentram as construções civis e equipamentos urbanos, o que favorece o planejamento e gestão nas Zonas Ecoturísticas, entendendo que diminuem os conflitos de interesse. De modo geral, pode-se dotar tais ambientes de valor ecoturístico, com práticas voltadas ao lazer, turismo, conhecimento e conscientização ambiental, visto que possibilitam ampla visão do manguezal, rio e dunas, o que se concilia adequadamente com as diretrizes impostas às APPs.

A legislação permite que as Áreas de Preservação Permanente sejam acessíveis à população, com vistas a desenvolver atividades de baixo impacto, o que beneficia a abertura de pequenas vias de acesso (estradas vicinais de terra), construção de pequenos ancoradouros, implantação de trilhas para práticas de ecoturismo, dentre outras. Nas áreas mais distantes das bordas/topos das falésias, é possível construir receptivos turísticos, com infraestruturas biodegradáveis, como barracas de praia para venda de alimentos, privilegiando a culinária local, venda de artesanato, informativos com áreas turísticas e serviços.

A Zona de Expansão Urbana-Turística (ZUT) comporta dunas com vegetação fixadora pioneira psamófila, onde se percebem, atualmente, o crescimento da construção civil, a abertura de estradas de terra e o loteamento de terrenos que se estabelecem nas proximidades da Zona Urbana de Pontal do Maceió (ZUM). Essa realidade não pode ser desconsiderada, mas pode-se utilizar o "problema" como uma oportunidade para outras possibilidades. Dessa forma, mesmo questionando a viabilidade das construções sobre esse

ambiente e os impactos negativos, não se pode somente idealizar propostas que, muitas vezes, possuem grandes empecilhos para a efetivação prática, ficando somente no papel. Assim, indica-se que esta área, delimitada em 50,85 hectares, se configure em uma Zona de Expansão Urbano-Turística (ZUT).

Sugere-se, todavia, o monitoramento das alterações e a concretização de medidas para minimizar os influxos socioambientais negativos, como a implementação de estruturas e espaços de lazer, como campos de areia, praças, mirantes, pequenos centros de cultura voltados à comunidade local, a fim de proporcionar maior aproveitamento deste espaço pela população.

A Zona de Aquicultura (ZAQ) e a Zona de Proteção de Várzea (ZPV) situam-se no rio Pirangi, e ocupam, respectivamente, 1.790,86 ha e 3.156,59 ha. Enquanto a Zona de Aquicultura se estabelece na planície fluviomarinha, a Zona de Proteção de Várzea se estabelecem nas planícies de inundação e na margem da planície fluvial.

Tais ambientes se constituem também APPs, por comportarem manguezais e às margens do rio Pirangi, havendo para as superfícies sem vegetação de mangue (apicum e salgado) na planície fluviomarinha grande permissividade na Lei 12.651, com exceções que facilitam o desenvolvimento da carcinicultura, além de diretrizes gerais que permitem a instalação e a certificação da carcinicultura desde, que se obedeçam importantes princípios para a manutenção das funções geoecológicas, como a conservação da produtividade ecológica, tratamento e disposição adequada dos efluentes e resíduos, respeito às atividades de comunidades tradicionais, possuir licença ambiental e renovar a cada cinco anos, dentre outras.

Assim, a criação de camarão, a piscicultura e a "ostreicultura" são possíveis na Zona de Aquicultura, ressaltando a necessidade de cumprimento das normas legais pelos produtores e a fiscalização por órgãos ambientais municipais e estaduais competentes e pela sociedade civil, tendo como objetivo garantir a qualidade ambiental e evitar conflitos sociais.

A Zona de Proteção de Várzea (ZPV) compreende a planície fluvial e de inundação do rio Pirangi e também se constituem como Área de Proteção Permanente. A vegetação comum são as carnaúbas, adaptadas a ambientes temporariamente alagados, devendo ser protegidas; porém, é permitida a supressão, desde que o uso seja considerado como de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto. Assim, a prática de extrativismo vegetal pode ser mantida pelas comunidades, pois se caracteriza como prática de interesse social. Além do extrativismo da carnaúba, tais áreas podem ser igualmente importantes e viáveis para a pesca e projetos de piscicultura.

O quadro 7 sintetiza as informações sobre área, geossistemas, feições paisagísticas e proposições para as áreas de conservação ambiental com uso restrito

Quadro 7- Caracterização das zonas inseridas nas áreas de conservação ambiental com uso restrito em Fortim/CE.

Zonas funcionais Área Geossistemas Feições paisagísticas Atividades, estruturas e propostas ha % Zona Ecoturística do Canto da Barra (ZEB) 44,01 0,11 Planícies fluvial, falésias Barras de sedimentação fluvial, rio Jaguaribe, falésias, praias fluviais, residências, segundas residências,

equipamentos turísticos

Atividades de lazer e turismo, como trilhas ecológicas. Estruturas de baixo impacto (de fácil remoção, com material biodegradável), como barracas de palha. Zona Ecoturística de Viçosa (ZEV) 27,72 0,07 Planície fluviomarinha, falésias Manguezal, rio Jaguaribe, falésias, residências, restaurantes

Atividades de lazer e turismo, como trilhas ecológicas. Estruturas de baixo impacto (de fácil remoção, com material biodegradável), como barracas de palha. Nas áreas mais distantes das bordas de falésias pode-se construir restaurantes e mirantes, por exemplo.

Zona Ecoturística

do Jardim (ZEJ) 31,34 0,08 Planície fluviomarinha, falésias

Manguezal, rio Jaguaribe, falésias, residências, restaurantes

Atividades de lazer e turismo, como trilhas ecológicas. Estruturas de baixo impacto (de fácil remoção, com material biodegradável), como barracas de palha. Nas áreas mais distantes das bordas de falésias pode-se construir restaurantes, centro de artesanato, por exemplo.

Zona de Expansão Urbano-Turística (ZUT) 50,85 0,13 Planície litorânea Campo de dunas dissipadas com vegetação fixadora, segundas residências, hotéis/resorts

Área já ocupada, neste caso sugere-se além de casas, a implementação de espaços de lazer, como praça e campo de areia para a prática de esportes

Zona de

Aquicultura (ZAQ)

1.790,86 4.73 Planície

fluviomarinha Manguezal, rio Pirangi Piscicultura, Carcinicultura Zona de Proteção de Mata de Várzea (ZPV) 3.156,59 8,34 Planície fluvial, planícies de inundação, canais fluviais

Planície fluvial, apicuns,

várzeas Lazer. Extrativismo animal, pesca. Extrativismo vegetal, carnaúba. Não recomenda-se estruturas.