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Subescala III Linguagem e Raciocínio 25 4.67 (1.58) 2.50 7

43. Desenvolvimento profissional 25 3.32 (1.41) 1

3.4.1 Organização do ambiente educativo

3.4.2.1. Área de formação pessoal e social

A área de formação pessoal e social nas OCEPE

“A Formação Pessoal e Social é considerada uma área transversal, dado que todas as componentes curriculares deverão contribuir para promover nos alunos atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadãos conscientes e solidários, capacitando-os para a resolução dos problemas da vida.” (ME, 1997, p. 51).

“Valores que não se ensinam, mas que se vivem na acção conjunta e nas relações com os outros. É na inter-relação que a criança vai aprendendo a atribuir valor a comportamentos e atitudes seus e dos outros, conhecendo, reconhecendo e diferenciando modos de interagir.” (ME, 1997, p. 52)

“O desenvolvimento pessoal e social assenta na constituição de um ambiente relacional securizante, em que a criança é valorizada e escutada, o que contribui para o seu bem-estar e auto-estima.” (ME, 1997, p.52)

A atitude do educador (...) desempenha um papel fundamental (...). As razões das normas que decorrem da vida em grupo – por exemplo, esperar pela sua vez, arrumar o que desarrumou, etc. – terão que ser explicitadas e compreendidas pelas crianças ME, 1997, p.36).

São destacadas as palavras-chave: valores subjacentes ao contexto relacional, independência, autonomia, partilha do poder, desenvolvimento da identidade, educação multicultural, desenvolvimento da identidade, educação multicultural, educação para a cidadania, regras de comportamento. (ME, 1997)

A área de formação pessoal e social neste grupo de jardins de infância

Nos Aspetos destacados para descrever esta área, nomeadamente o modo como os profissionais lidam com a disciplina e supervisionam as crianças, as Interações que

92 estabelecem com elas, bem como as Interações que ocorrem entre as próprias crianças, a

maioria deste grupo de jardins de infância promove condições adequadas ao desenvolvimento. No que se refere à gestão do comportamento, verificou-se que em quase 80% das salas as expectativas para o comportamento das crianças são claras e que ocorrem poucos problemas de comportamento. Em cerca de um terço das salas as educadoras monitorizam eficazmente todo o trabalho desenvolvido na sala, redirecionando os comportamentos das crianças através da valorização dos comportamentos adequados

Em pelo menos 56% destes jardins de infância, os profissionais utilizam adequadamente métodos de disciplina não punitivos, reagem de forma consistente ao comportamento das crianças e organizam a sala de forma a evitar conflitos e a promover Interações adequadas à idade. Além disto, em 36% dos jardins, o pessoal envolve ativamente as crianças na resolução dos seus problemas e conflitos e utiliza atividades para ajudar as crianças a compreender competências sociais. A intervenção dos adultos nos conflitos é calma e não ameaçadora, conduzindo as crianças para soluções pacíficas. O pessoal procura ainda o conselho de outros profissionais sobre problemas de comportamento.

Também em pelo menos 60% dos jardins de infância, os profissionais mostram uma supervisão adequada das crianças, estando atentos a todo grupo, mesmo quando trabalham com uma criança individualmente ou com um pequeno grupo. Supervisionam cuidadosamente todas as crianças da sala tendo em conta diferentes idades e capacidades. Encorajam as crianças, quando necessário, a envolverem-se no jogo ou nas atividades, e mostram apreço pelos esforços e realizações das crianças.

Ainda sobre aspetos de disciplina e supervisão, foram observadas situações inadequadas em algumas salas. Dois jardins de infância mostraram situações em que a ordem e o controlo eram exercidos com dificuldade, dando origem a uma atmosfera algo caótica, ou em que os adultos mostravam expectativas inadequadas à idade ou desenvolvimento das crianças (ex. as crianças “eram obrigadas” a estar quietas e caladas por longos períodos de tempo), podendo recorrer a métodos severos e inadequados. Num dos jardins de infância, nem sempre a segurança das crianças está garantida, podendo o pessoal deixar as crianças sem supervisão ocupando-se principalmente de outras tarefas, ou ser excessivamente controlador (ex. utilizando constantemente o “não”).

93 Na maioria dos jardins de infância, relativamente ao clima emocional da sala e às

interações estabelecidas entre o pessoal e as crianças e entre as próprias crianças, o pessoal mostra-se caloroso através de contacto físico apropriado, mostra respeito pelas crianças e responde empaticamente àquelas que estão aborrecidas, magoadas ou zangadas. O pessoal evidencia ainda prazer por estar com as crianças e encoraja o respeito mútuo entre as crianças e os adultos (ex. esperam que as crianças coloquem as questões até ao fim, antes de responder, ouvem e valorizam as suas opiniões, não emitem para todo o grupo opiniões desagradáveis acerca das crianças e das suas famílias). Em 64% das salas, verificaram-se interações entre pares geralmente positivas (ex. as crianças cooperam umas com as outras, brincam sem lutar), sendo evidente que o pessoal proporciona oportunidades para que as crianças cooperem na realização de tarefas. Numa percentagem ainda maior de salas, o pessoal é um bom modelo de competências sociais e ajuda as crianças a desenvolver comportamentos sociais adequados com pares.

Foram observadas condições inadequadas nos aspetos de interação entre pessoal e crianças em 16% dos jardins de infância. Nestas salas observou-se uma atitude pouco responsiva por parte dos adultos, não mostrando muito envolvimento com as crianças. As interações por vezes foram desagradáveis (ex. vozes tensas) e nem sempre o pessoal respondeu às crianças de forma calorosa e apoiante. Nestas salas, o contacto físico foi usado de forma inapropriada. Apenas em uma das salas, a interação entre as crianças não era encorajada (ex. poucas oportunidades para as crianças escolherem os seus colegas de brincadeira), verificando-se pouca orientação por parte do pessoal para promover interações positivas entre as crianças, ou a ausência de interações positivas entre pares.

No que respeita à sensibilidade do educador, ou seja a atenção para com as necessidades emocionais e de aprendizagem das crianças, verificamos que em pelo menos metade das salas as educadoras se mostraram atentos e sensíveis às necessidades das crianças, respondendo pronta e adequadamente. Nestas salas, as crianças aparentam à vontade para procurar o apoio do educador sempre que necessitam.

No que respeita à consideração pela perspetiva das crianças, em quase metade das salas (48%) as interações entre as educadoras e as crianças evidenciaram algum ênfase nos interesses, motivações e pontos de vista da criança, proporcionando algumas oportunidades

94 para o desenvolvimento da autonomia. Contudo, é de salientar que em seis salas foi notória a

inflexibilidade e rigidez das educadoras, raramente aceitando as ideias das crianças e não promovendo oportunidades de liderança ou tomada de decisão por parte das crianças.

Quadro 36. Síntese dos aspetos fortes e a melhorar relativos à área de formação pessoal e social Área de Formação Pessoal e Social

Aspetos fortes Aspetos a melhorar

Profissionais calorosos demonstrando respeito pelas crianças.

Reação consistente ao comportamento das crianças.

Utilização de atividades para promover

comportamentos sociais adequados entre pares.

Oportunidades de formação para o pessoal, nomeadamente na resolução de conflitos entre as crianças e promoção de competências sociais* Intencionalizar momentos para a tomada de decisão e escolhas por parte das crianças*.

* Item acrescentado comparativamente ao estudo desenvolvido em 2006.