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áreas de conhecimento, porém, só não chamou para uma área, a do Direito, e me parece que nosso comitê tem enorme

dificuldade até mesmo em abrir essa discussão.

Encerro com a terceira e última passagem do meu texto que gostaria que ficasse talvez como um recado, como minha men- sagem final. Para que pesquisa e ensino sejam atividades complementares, é preciso recuperar e enfatizar preocupações metodológicas e epistemológicas.

Com o que temos que romper aqui? O mais importante não é o caminho da refor mulação dogmática, da reconfiguração da dogmática. É preciso pensar, de forma consistente e prévia, na epistemologia e na metodologia, porque só assim conseguiremos romper, em primeiro lugar, com uma pesquisa que vem se carac- terizando por ser manualesca, ou seja, mera reprodução reverente de manuais e, sobretudo – o que me incomoda profundamente –, evolucionista. Para citar o Ministério Público: há textos que encontram um embrião do Ministério Público no Egito antigo e fazem toda a reconstrução da trajetória de como ele se desen- volveu ao longo da Idade Média e terminou por ser consagrado pela constituição de 1988. É impressionante, inacreditável, não podemos aceitar isso.

Rompendo com esses vícios metodológicos, acho que será possível abr ir uma discussão que tematize dois aspectos funda- mentais. Pr imeiro, temos que romper definitivamente com uma prática na área do Direito caracterizada pela naturalização dos conceitos. O que significa isso? Trabalhamos na área do Direito como se as nossas categorias, os nossos conceitos, fossem já his- tór ica e ontologicamente perenes. Por exemplo, estudamos Direito de Família como se a família fosse a mesma na Roma antiga, na Idade Média e aqui no Brasil em 2006. E mais, pre- cisamos romper com esse deslocamento da realidade. Eu percebo muito claramente nos alunos com os quais eu dialogo que, antes de conhecer a realidade, eles já estão preocupados em me dizer como deve ser a realidade. Portanto, o segundo aspecto é o seguinte: vamos nos preocupar primeiro em conhecer a rea- lidade, o resto virá a reboque.

Celso Fer nandes Campilongo (USP)

Bom dia a todos. Gostaria de agradecer muitíssimo à Fundação Getulio Vargas e ao Rafael Alves, de modo especial, pelo con- vite, pela possibilidade de participar deste debate. É uma alegria muito grande compor a mesa com meus amigos Roberto Fragale, Oscar Vilhena Vieira, e com meu amigo Rafael Alves também.

Eu dividirei a minha exposição, mesmo porque sou o primei- ro expositor a falar a partir de uma posição externa ao debate travado entre os professores Marcos Nobre e Roberto Fragale. Como primeira observação externa ao debate, lembro que as minhas referências para a análise desses problemas são, de fato, distintas daquelas do Fragale e do Marcos. Não que sejam opos- tas ou estejam em contradição, mas representam uma outra maneira de olhar para o problema da pesquisa. Pretendo, por- tanto, colocar a minha maneira de ver o problema.

Antes disso, farei uma pequena reconstrução empírica e tra- rei alguns dados para que possamos mensurar o tamanho do problema que tratamos, a dificuldade que é a pesquisa em direi- to no Brasil.

No biênio 1997/98, integrei um comitê do CNPq que cuida da área do direito. Trata-se do comitê de economia, administra- ção e direito. À época, o comitê era for mado da seguinte maneira: três professores de economia, dois professores de admi- nistração e um professor de direito. Ou seja, o único com formação em direito no comitê naquela oportunidade era eu. Perguntei aos meus colegas porque essa formação e eles me res- ponderam: “a formação do comitê é proporcional ao volume da demanda por pesquisa”. Isso equivale a dizer que economistas demandavam três vezes mais recursos para pesquisa do que juristas e administradores, o dobro.

Em 2004, fui convidado para participar de uma reunião desse comitê do CNPq como convidado ad hoc, pois o representante da área do direito tinha apresentado um projeto e, evidentemen- te, não poder ia ele mesmo participar do julgamento do seu projeto. O comitê havia mudado sua composição do biênio 1997/98 para 2004 e, nessa ocasião, continuava sendo compos- to por três economistas, três professores de administração e apenas um professor de direito. Ou seja, o direito continuava na

mesma posição e a administração tinha se equiparado à econo- mia com relação à demanda por pesquisa.

Um detalhe que me parece estarrecedor é que, naquela opor- tunidade, nós tínhamos no Brasil, além de pouca demanda por pesquisa em direito, apenas quatro doutorados em direito e sete ou oito mestrados. Tudo somado não passava de vinte cursos de pós-graduação, número muito pequeno naquela oportunidade.

De 1997/98 para cá, esse número cresceu de forma explosi- va. Em 2004, apesar do aumento significante desse número, continuávamos demandando a mesma coisa em pesquisa.

Em outras palavras: a explosão de pós-graduação em direi- to no Brasil não foi, de forma alguma, acompanhada por uma explosão de demanda por recursos em pesquisa. Esse é um pri- meiro dado que me parece preocupante.

Segunda infor mação: naquela oportunidade, a divisão dos recursos era feita também nesta proporção. O direito tinha a terça parte do que a economia recebia de dinheiro por pesqui- sa. Houve uma ocasião, por exemplo, em que, em uma das reu- niões que ocorriam a cada quatro meses, na distribuição de verba para pesquisa no Brasil inteiro com recursos do CNPq, a área do direito teve a fantástica quantia de R$ 16.000,00 para tor- rar Brasil afora. E, por maior que fosse a minha prodigalidade, a minha generosidade, o meu espír ito de gastança, examinan- do os pareceres que instruíam os processos, não consegui dis- tr ibuir mais do que R$ 5.000,00. Resultado: sobrou dinheiro para a área do direito. Apesar de o dinheiro ser diminuto, ainda sobrou por conta da péssima qualidade dos projetos apresen- tados. Essa avaliação não é pessoal. Os projetos já chegavam com pareceres em minhas mãos e, com base nos mesmos, eu fazia a ponderação quanto ao oferecimento de recursos públicos a bons projetos ou projetos qualificados por especialistas como sendo de péssima qualidade.

Pode parecer piada, mas houve um caso em que recebi um parecer de um projeto de um especialista da área, que não era a minha área de especialidade, com uma avaliação extrema- mente cruel e dura, mas contida na linguagem, em relação à qualidade do projeto. Assustou-me muito a contundência, ape- sar da educação, do refinamento do parecerista. Fui ler o segundo

parecer (cabe ressaltar que um só negativo já era suficiente para que eu nem perdesse tempo) e o segundo parecerista tinha per- dido completamente a paciência: “confiram se este sujeito realmente

é bacharel em Direito” (lembro que só pode pedir dinheiro para

pesquisa quem é doutor em direito). Mais ainda: “trata-se de um

louco completo, de um arrematado idiota, duvido que seja doutor em direi- to”. Esse era o nível do parecer. Devo confessar que, realmente,

o segundo parecerista, o mais agressivo e que perdeu as estri- beiras, foi modesto nos comentários que fez.

Eu falo isso com muita dor, sobra dinheiro e faltam projetos de boa qualidade. Estamos falando de um deserto em que a téc- nica do parecer, quando incorporada à pesquisa, a desconfigura completamente. Evidentemente, estou de acordo, ainda que não seja isso uma necessidade. Eu poderia eventualmente ter pare- ceres conferidos ou produzidos com um caráter de cientificidade razoável, mas a técnica do parecer, sem dúvida alguma, compro- mete muito o nosso trabalho.

Partindo desse quadro desolador e que se perpetua já há mui- tos anos, quem eventualmente se der o trabalho de ler os relatórios do comitê do CNPq verificará que, mesmo antes de eu estar no CNPQ, os relatórios já eram extremamente críticos no que se refere à pesquisa em direito. Os meus relatór ios foram críticos e os dos meus sucessores igualmente. Todos con- cordavam que não existe pesquisa em direito no Brasil.

Mais um dado, e esse talvez seja o mais cruel, pois diz res- peito às duas escolas em que leciono. Naquela oportunidade, em São Paulo, somente PUC e USP tinham doutorado, além disso, havia um doutorado em Florianópolis e o doutorado da UFMG. Eram somente esses quatro doutorados naquela oportunidade. PUC e USP, em uma dessas rodadas de apresentação de proje- tos, representando dois dos quatro únicos doutorados existentes à época no Brasil, pura e simplesmente não apresentaram pro- jeto de pesquisa algum. Não se trata de pedidos de bolsa, esses havia aos montes, mas, sim, projeto de pesquisa. Em uma reu- nião entre 1997 e 1998, PUC e USP não apresentaram nada. A bem da verdade, Flor ianópolis e UFMG apresentaram, mas pouca coisa. Este é o panorama institucional: instituições que pro- duzem muito pouco e permitem sobra de recursos.

Partindo deste quadro desolador, gostaria de dividir a minha fala em quatro pontos. Em primeiro lugar, o ponto de vista teó- rico da pesquisa e, em segundo lugar, a relação entre pesquisa e dogmática jurídica, pois esse foi o tema que permeou o diá- logo entre o professor Fragale e o professor Marcos Nobre. Em terceiro lugar, apresentaria não uma receita de bolo, mas uma pauta temática que me parece importante para a pesquisa em direito no Brasil, para o adensamento da pesquisa em direito no Brasil. Finalmente, apresentarei uma lista com alguns problemas que me parecem relevantes para o encaminhamento da pesqui- sa jurídica entre nós.

Passo, em pr imeiro lugar, aos espaços reservados para a pes- quisa do ponto de vista teór ico, e não do ponto de vista institucional. Nós podemos entender um sistema jurídico como um sistema que funciona com base em duas metades: a metade prática e a metade operacional, que profere as sentenças, pro- duz os pareceres, os arrazoados jurídicos. Está é a dimensão operacional e prática do sistema jurídico.

O sistema jurídico tem, ao mesmo tempo, uma instância que eu chamaria de instância reflexiva; a instância que deveria se debruçar sobre a produção prática dos juristas e oferecer alter- nativas de expansão da ação prática, rumos para a ação prática, que é o papel da teor ia, particularmente da teoria do direito.

A meu ver, a pesquisa e o ensino dependem do tipo de fun- cionamento que possa ser aferido no interior do sistema jurídico. Pesquisa e ensino dependem dessas duas dimensões: operacional e reflexiva. Como a dimensão reflexiva, a teoria do direito é pouco adensada, o que acaba espairando-se para aspectos muito importantes da produção do conhecimento jurídico, mas que são, a meu ver, exteriores ao funcionamento do sistema jurídico.

A teoria do direito e a prática dos juristas são problemas inter- nos ao sistema jurídico. A pesquisa em direito e o ensino do direito são problemas exteriores, mas complementares, e, eviden- temente, muito ligados e dependentes daquilo que é a prática dos juristas e daquilo que é a teoria a respeito do direito. No entanto, hoje, não trataremos da questão do ensino, mas da pesquisa em direito, o tema que nos interessa. O nosso tema, por- tanto, é pesquisa, e não ensino.

A pesquisa em direito poder ia ser feita tranqüilamente com base em temas jurídicos, mas de um ponto de vista completa- mente exterior ao direito. É possível fazer análise econômica do direito, pesquisas sociológicas a respeito do direito ou uma lei- tura política a respeito do direito. Tudo isso é perfeitamente possível, uma pesquisa sobre o direito exterior do próprio direi- to, com metodologia de teoria política, metodologia econômica, por exemplo. Há quem esteja fazendo isso com muito sucesso, muito êxito.

A pesquisa em direito poderia igualmente adotar – o que seria legítimo - uma perspectiva interior ao próprio sistema jurídi- co, trabalhar com os planos das operações do sistema jurídico ou com o plano da teoria do direito, da reflexão a respeito das operações do sistema jurídico. Aqui, nós estaríamos em um ter- reno mais próximo daquilo que o Roberto Fragale e o Marcos Nobre chamaram de dogmática jurídica. A minha leitura é um pouquinho diferente, mas estamos todos no mesmo plano. É per- feitamente possível, a meu ver, realizar pesquisa em direito de um ponto de vista interno ao sistema jurídico.

Há um terceiro espaço teórico a ser explorado por juristas, o espaço da interconexão, da interdisciplinaridade, da relação entre o direito e a sociologia, da relação entre o direito e a eco- nomia, entre o direito e a política. São três perspectivas distintas, mas o grande problema da pesquisa quando tem por objeto, quer seja do ponto de vista interno, externo ou interdisciplinar, ou quando tem por objeto um tema jurídico ou o próprio direito, é o de não ter clareza, qualquer que seja a perspectiva, a res- peito do que é o próprio direito ou sobre sua função.

Nós tivemos, nos últimos anos, ou pelo menos desde a Portar ia 18/1986, uma enor me expansão retór ica do conheci- mento jurídico para outros conhecimentos. O conhecimento jurídico, sempre cr iticado por ser muito em si “mesmado”, abr iu-se e escancarou-se àquilo que vem depois do conheci- mento jurídico: direito e cinema, direito e teatro, direito e música, direito e literatura, direito e economia, direito e tudo. Ocor re que, nesta abertura, tanto da perspectiva do direito, quanto daquilo que vem depois do “e”, das duas perspectivas, perdeu-se muito da dimensão do que é o própr io direito. É

comum que tenhamos pesquisas muito interessantes a respei- to das profissões jurídicas, mas que abordam a sociologia das profissões, e não do direito. Uma sociologia jurídica parado- xal que pesquise sem o direito e uma análise econômica do direito que seja, pura e simplesmente, análise econômica não identificam nenhum status teórico ou operacional relevante para o própr io direito.

Este me parece um problema crucial da pesquisa em direito. Talvez seja por causa dessa, digamos, fraqueza, do ponto de vista teórico da produção jurídica nacional, que nossa pesquisa seja frágil. Nossa carência acaba tendo um reflexo devastador e perigosíssimo sobre o ensino jurídico, mas é igualmente devas- tador o reflexo disso na pesquisa em direito.

O que os dados do início da minha fala revelam é que, pura e simplesmente, não temos pesquisa em direito no Brasil, seja por parte dos juristas, economistas ou por cientistas políticos que tomem por objeto o direito. Este é um problema sério e me pare- ce ser o problema central da pesquisa em direito.

O segundo comentário diz respeito à dogmática jurídica. De uma forma geral, independentemente deste debate a respeito do estatuto teórico da dogmática jurídica (se a dogmática jurídica é arte, se é ciência, se não é arte nem ciência, etc), o fato é que boa parte da discussão sobre teor ia do direito atribui e identi- fica um espaço importante para a dogmática jurídica. Eu poderia, por exemplo, atrelar a idéia de dogmática jurídica à noção de formalismo, que pode ser interpretado de diversas maneiras.

O Bobbio diria que há um formalismo ético, uma concepção formal a respeito da justiça e um formalismo teórico, uma teo- ria do direito de inspiração formalista. Mas, para o autor, também há um formalismo científico, uma concepção formal a respeito do que seja a ciência do direito, e ele identifica o formalismo cien- tífico exatamente com o trabalho de construção dogmática.

Uma forma de fazer ciência identificada como relevante por teóricos do direito é exatamente a dogmática jurídica. Apenas para complementar o quadro clássico, a quarta dimensão do for- malismo jurídico, além do ético, do teórico e do científico, é um formalismo hermenêutico, em que as construções dogmáticas têm um papel central. Ora, isto significa que a dogmática jurídica,

apesar de ser o dogma algo aparentemente oposto à ciência, tem um espaço no pensamento dos juristas.

Segunda perspectiva: nós podemos tratar a dogmática jurí- dica com outras referências e defini-la a partir de três ou quatro elementos. Por exemplo, dogmática jurídica significa adesão incondicional ao direito positivo. Se, por outro lado, significa a adesão incondicional a um ponto de partida, alguém poder ia questionar que isto não é ciência, pois a ciência é justamente o questionamento incessante dos pontos de partidas, e não a ade- são sem questionamento a uma perspectiva.

Mas não podemos perder o ponto de vista de que esta ade- são ao direito positivo está atrelada à função prática que o direito desempenha na sociedade. O direito é um mecanismo de resolução aos conflitos e esta adesão ao direito positivo não é feita por conta de uma ingenuidade dos operadores jurídicos. Essa adesão respeita uma dimensão operacional inerente ao direito. E como fica o dogma da adesão ao direito positivo, atrelado ao dogma da completude do ordenamento jurídico? Por que a ade- são ao direito positivo? Porque o ordenamento é completo. E o dogma do legislador racional? A adesão ao direito positivo se dá também por conta da racionalidade do legislador.

Os juristas não são ingênuos a ponto de acreditar piamente na completude do ordenamento jurídico ou na racionalidade do legislador. Eles sabem que nem o legislador, nem o ordenamen- to vêm revestidos dessas características. Ainda assim, se valem e revestem de técnica dogmática para que o direito desempenhe sua função prática.

Portanto, a pesquisa em direito não pode ignorar essa dimen- são prática do direito. E é isso exatamente o que complementa a idéia de dogmática jurídica. É com base na adesão ao direito positivo, na completude do ordenamento, na racionalidade do legislador, que os juristas constroem os seus pareceres, os seus arrazoados, ou prolatam as suas sentenças. Esse contexto pos- sui uma dimensão prática para a operacionalidade do direito que teoricamente pode ser adensada. Podemos aumentar barbaramen- te a capacidade de abstração das categorias jurídicas e esse é um trabalho da dogmática jurídica. Esta é uma contribuição que a pesquisa jurídica, ao identificar um espaço própr io e exclusivo

do direito, pode oferecer para a economia, para a política e para a análise da sociedade como um todo.

Eu teria um pouco de cautela ou tolerância com a dogmáti- ca jurídica. Longe de mim ser um dogmata, mais ainda um dogmata de combate, mas eu teria um pouco de tolerância a res- peito da possibilidade de a pesquisa se relacionar com a dogmática jurídica.

Terceiro ponto da minha construção: eu apresentaria uma pauta temática, mas como nossa discussão será curta para apro- fundar essa pauta, partiremos para uma pauta temática capaz de resgatar um status teórico à dogmática jurídica de um lado e capaz também de resgatar um lugar próprio e específico ao direito, quer para a pesquisa interna do direito, quer para a pesquisa interdis- ciplinar, quer para uma leitura exterior que economistas ou sociólogos, por exemplo, possam fazer a respeito do direito.

Esta pauta, a meu ver, retoma alguns problemas clássicos de teoria do direito mal trabalhados pela teoria jurídica nacional, em minha opinião.

Em primeiríssimo lugar, seria muito bom que sociólogos ou economistas soubessem, assim como os juristas (ainda que, mui- tas vezes, nem os próprios parecem saber), em que consiste a normatividade especificamente jurídica. Este me parece ser um tema central e relevante, a base ou o ponto de partida para a pes- quisa em direito.

O direito inevitavelmente lida com normas. Qual é a norma- tividade especificamente jurídica? Para que não incorramos em confusões e atribuamos à norma jurídica coisas que ela efetiva- mente não pode nos oferecer, que escapam completamente às capacidades do direito. Essas demandas vêm, muitas vezes, de uma perspectiva externa ao direito e de uma perspectiva interior ao sistema jurídico devido à falta de capacidade teórica dos jur is- tas de identificarem os seus própr ios limites.

Em segundo lugar, em uma sociedade dinâmica, em uma sociedade complexa, o direito está exposto à constante muta- ção, a uma elevadíssima var iabilidade; o direito positivo é var iável por excelência.

Um outro tema que me parece relevante é compreender como a normatividade especificamente jurídica se expõe à sua

elevada variação e quais são os mecanismos necessários para