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Mapa 15 – IQA das Áreas Verdes Públicas de Presidente Prudente (SP)

2. ÁREAS VERDES PÚBLICAS

2.2 Áreas Verdes: Funcionalidades e usos

No que se refere aos benefícios ecológicos possibilitados pela presença das AVPs no espaço da cidade, tem-se a presença de vegetação, que influi no clima urbano minimizando a ocorrência das ilhas de calor, fenômeno causado, dentre outros fatores, pela ausência da componente arbórea, pelo processo de impermeabilização do solo nas áreas urbanizadas e pela alteração do balanço de energia; contribuem no processo de evapotranspiração que gera um maior conforto térmico e melhora a qualidade e umidade do ar; servem de abrigo à fauna e

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flora local; proporcionam sombreamento; minimizam temperaturas extremas, dentre outros (AMORIM, 1993).

Sewell (1978) e Falcón (2007) manifestam-se a favor da cobertura vegetal na cidade mostrando sua influência na redução da poluição atmosférica, pois as árvores têm a capacidade de consumir grande parte do Dióxido de Carbono (CO2) e em contrapartida, produzir grandes quantidades de Oxigênio (O), além de filtrarem a poeira e elementos contaminantes, ocasionando melhorias na qualidade do ar.

Algumas vantagens ecológicas que se transformam em benefícios sociais são mencionadas por Silva Júnior (2006) ao citar que a componente arbórea protege a qualidade da água, diminui a monotonia das cidades e o desconforto psicológico causado pelo predomínio da paisagem intensa de edificações, servindo também de abrigo à fauna local. Para o autor, as AVPs constituem-se em um dos principais indicadores de qualidade ambiental urbana, sendo indispensáveis no equilíbrio ecológico urbano.

Lombardo (1990), em suas pesquisas sobre a cidade de São Paulo, exemplo clássico de complexidade social e ambiental, também se preocupou em apresentar algumas das contribuições decorrentes da presença de vegetação urbana. Elas estão relacionadas a:

I. Composição atmosférica, contribuindo pela fixação de poeiras e materiais residuais e pela ação purificadora pela depuração bacteriana e de outros microorganismos; pela reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos; pela fixação de gases tóxicos,

II. Contribuição para o equilíbrio solo/clima/vegetação através da luminosidade e temperatura, já que ao filtrar a radiação solar, as árvores suavizam as temperaturas, conservam a umidade e a temperatura; reduz a intensidade dos ventos,

III. No que se refere aos níveis de ruído, a vegetação existente ajuda no amortecimento dos mesmos,

IV. Por fim, a autora fala sobre a questão estética que não pode ser negligenciada, já que as áreas verdes valorizam ornamental e visualmente as diferentes áreas da cidade, sendo lugar de interação entre as atividades humanas de lazer e o ambiente verde.

Nos estudos de Guzzo (1999) foram evidenciadas as funções ecológicas e sociais, pois os elementos naturais que compõem a paisagem nas áreas verdes amenizam, em grande

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medida, os efeitos negativos do processo de industrialização urbana, sejam ambientais ou psicológicos. Relativamente à esta concepção, Troppmair (1995) afirma que as áreas verdes são importantes no cenário urbano porque é onde as condições ecológicas mais se aproximam das características naturais do ambiente.

Barbosa et al. (2003) corroboram as conceituações já apresentadas e destacam as funções ornamentais e paisagísticas da vegetação, mencionando também suas influências sobre o controle de ruídos e na filtragem da poluição atmosférica, além de modificar o microclima da cidade e adequar o comportamento térmico das mesmas. Os autores chamam a atenção para o fato de que as áreas devam ser implantadas a partir de um planejamento no qual se considerem parâmetros qualitativos e quantitativos na avaliação, fazendo com que os benefícios sejam maximizados.

Para Pivetta e Silva Filho (2002) muitas são as vantagens da manutenção da vegetação urbana, sendo as principais: (a) proporcionam bem estar psicológico ao homem; (b) melhor efeito estético; (c) sombra para os pedestres e veículos; (d) protegem e direcionam o vento; (e) amortecem o som, amenizando a poluição sonora; (f) reduzem o impacto da água de chuva e seu escorrimento superficial; (g) auxiliam na diminuição da temperatura, pois absorvem os raios solares e refrescam o ambiente pela grande quantidade de água transpirada pelas folhas; (h) melhoram a qualidade do ar; (i) preservam a fauna silvestre.

Diante disto, justifica-se a importância das AVPs e resumem-se suas funções básicas no quadro 2.

Quadro 2 - Síntese das funções desempenhadas pelas áreas verdes públicas

Função SOCIAL

É desempenhada, por exemplo, quando os equipamentos e mobiliário encontram-se em bom estado de conservação e de uso público, possibilitando a prática de atividades físicas e de lazer pela população. A área verde também contribui para a dimensão social urbana, na medida em que seu acesso seja viabilizado para todos de forma igualitária, seja em função da sua localização espacial e até mesmo à estrutura física do terreno. Mesmo que a população não estabeleça uma relação de valorização para com estes espaços públicos, seja pela falta de conhecimento e/ou de incentivo do governo municipal, a sua implantação proporciona à sociedade um ambiente onde se podem realizar atividades nos momentos livres, ter contato com elementos da natureza, seja com a componente arbórea ou com a fauna local, etc.

Função ECOLÓGICA

É exercida, no primeiro momento, pela simples existência da vegetação na área, bem como do solo permeável. Ambos os aspectos, em conformidade, reduzem a poluição atmosférica, suavizam temperaturas extremas tanto no verão quanto no inverno, previnem processos de erosão do solo, minimizam a ocorrência de enchentes e alagamentos pela absorção da água que escoa sobre a superfície terrestre, estabiliza o microclima da cidade, dentre outro.

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Função ESTÉTICA

Esta é a função mais difícil de ser avaliada em virtude de sua dimensão subjetiva, todavia, acredita-se que a mesma seja desempenhada pela harmonização da paisagem urbana, cuja característica principal é a artificialidade gerada pela intensa massa de concreto e de edificações em detrimento dos elementos da natureza, como a fauna e flora. É possível inferir que as áreas verdes também contribuam para o embelezamento da paisagem urbana, contanto que estejam corretamente manejadas, em bom estado de limpeza, conservação e apresentando um comedimento entre os componentes que as caracterizam.

Fonte: Lombardo (1990); Troppmair (1995); Pivetta e Silva Filho (2002); Barbosa et al. (2003). Adaptado de: Cunha Souza; Amorim (2013).

Enquanto indicadores de qualidade ambiental no espaço da cidade, as AVPs assumem diferentes papeis, especialmente, relacionados às funções ecológica, social e estética. Enquanto discurso, contribuem para a (re) valorização e diferenciação de áreas, prioritariamente, quando são apropriadas pela retórica da qualidade ambiental e de vida promovida por setores privados responsáveis em produzir e consumir o espaço urbano, como, por exemplo, os agentes imobiliários (NUCCI, 2008; GOMES, 2009).

Portanto, trata-se de espaços eminentemente geográficos, que em sua essência, exprimem a complexidade dos arranjos sociais e políticos característicos do processo de produção, apropriação e consumo do espaço urbano.

2.3 Legislação municipal: Áreas verdes no contexto urbano de Presidente Prudente

Uma das principais formas de intervenção pública no planejamento do espaço urbano consiste na elaboração de legislações para serem cumpridas. As legislações compreendem o conjunto de leis e decretos necessários à regulamentação do espaço, que estabelecem normativas para assegurar existência, seja de infraestruturas, equipamentos, serviços urbanos etc., de modo equitativo na escala local (MINAKI e AMORIM, 2012).

Na Constituição Federal de 1988, observa-se um capítulo destinado às questões do desenvolvimento e do planejamento urbano, que devem ser efetivados através do Plano Diretor. Este instrumento jurídico é obrigatório para as cidades com mais de vinte mil habitantes, conforme a previsão legal no artigo 182, § 1º, da Carta Magna.

§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.