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Âmbito institucional: Assembleia da República (AR)

No documento Tese de Doutoramento em Linguística (páginas 98-101)

MODELO BASEADO EM PROCESSOS DE VALIDAÇÃO

2. Âmbito institucional: Assembleia da República (AR)

Aproveitando esta conjuntura favorável ao desenvolvimento, o serviço interno de tradução da Assembleia da República inicia o seu processo de modernização tecnológica, com a aquisição de programas informáticos para a tradução e a criação de um sistema de gestão de pedidos automáticos de tradução. Progressivamente, este movimento de modernização estende-se a todos os procedimentos internos da Assembleia de forma a agilizar as tomadas de decisões.

- 89 - Rapidamente, o alento tecnológico proporcionado ao serviço de tradução da instituição permite-lhe identificar e formular outros tipos de requisitos, incluindo a necessidade de organizar os seus dados terminológicos e textuais diariamente solicitados por tradutores internos e externos, assim como torná-los acessíveis a uma comunidade de utilizadores especializados mais abrangente. A complexidade das tarefas e a inovação procuradas pela instituição justificavam amplamente o recurso às competências especializadas na área da Terminologia e da gestão de informação de especialidade de que dispõe o CLUNL, pela experiência e formação dispensadas nestas áreas já há longos anos dentro e fora do contexto académico.

É assim que nasce, em setembro de 2005, o projeto designado Base de Dados

Terminológica e Textual da Assembleia da República (BDTT-AR), sob a forma de um

protocolo interinstitucional, com a coordenação científica da Professora Rute Costa e com a nossa colaboração como investigadora46 associada ao projeto desde o seu início até à sua conclusão, em setembro de 2012.

Os dois primeiros anos do projeto permitiram a conceção, criação e implementação de uma base de dados terminológica consultável, num primeiro momento, na Intranet da Assembleia da República e, mais tarde, na Internet47. Após dois anos de interregno, o projeto foi retomado com novos objetivos, nomeadamente o da associação de uma base de dados textual à base de dados terminológica já anteriormente implementada, assim como a criação de definições para os termos que já haviam sido disponibilizados na BDTT-AR.

Na nossa opinião, este projeto representa um exemplo bem-sucedido de cooperação entre o setor da administração pública e o da investigação universitária em linguística/terminologia em Portugal.

46 A forma como participamos neste projeto passou pela minha presença um dia por semana nas

instalações da AR, durante os 5 anos de projeto, de modo a se poder estabelecer um contacto direto com os intervenientes do projeto no local. Participei na identificação das necessidades da instituição, na conceção da base de dados, assim como nas metodologias subjacentes a todos os processos de

tratamento de dados, incluindo a gestão dos conteúdos da própria base.

- 90 - A concretização deste projeto reflete o papel ativo que a universidade, neste caso a UNL através do seu Centro de Linguística, se tem esforçado por consolidar no que diz respeito à promoção direta da transferência dos seus resultados de investigação para a sociedade que a rodeia. Pensamos que o projeto BDTT-AR é um bom exemplo dos sinais de mudança que atravessamos, uma vez que, pela força das circunstâncias, as universidades se estão a tornar autênticas promotoras de inovação no desenvolvimento económico dos países.

Como sabemos, e muito por força das conjunturas económicas, o papel das universidades tem vindo a mudar, estas procuram suprir falhas de financiamento público e por isso tornaram-se mais pró-ativas junto dos diversos setores económicos e industriais, sem esquecer os setores dos serviços que é precisamente o âmbito deste projeto. Parece-nos que o aspeto mais positivo desta nova configuração é que se por um lado a universidade se tornou mais empreendedora, também tem, hoje, maior consciência da valorização económica que representa a transferência do seu capital de conhecimento para fora das suas estruturas e com isso adquiriu, também, maior valor e poder negocial.

Neste preciso caso, juntaram-se para a concretização de um objetivo comum uma universidade e uma instituição pública de relevante prestígio nacional, a Assembleia da República, para quem a decisão de criar a sua própria base de dados terminológica e textual constituía um desafio importante de modernização. Implicava não só um avultado investimento financeiro como também a aceitação da integração de novas tecnologias e metodologias de trabalho nas suas práticas diárias; tudo isto com vista à melhoria da qualidade dos seus conteúdos linguísticos, terminológicos e textuais produzidos e utilizados dentro da instituição e, sobretudo, como suporte ao processo de tradução.

Por seu lado, o CLUNL aceitou o desafio lançado pela Assembleia da República uma vez que desenvolve investigação teórica e aplicada em Terminologia já há largos anos e possui grande experiência nesta área contribuído, quer através de formação avançada, quer de desenvolvimento de projetos em instituições nacionais e

- 91 - internacionais, para o avanço das reflexões teóricas e das metodologias em Terminologia.

Neste caso, o projeto incluiu uma vertente de formação em Terminologia para os funcionários dos diversos serviços que participaram de forma ativa no projeto. Os cursos, nos quais também colaboramos, foram sobretudo ministrados na fase inicial e depois pontualmente a título de reforço, por forma a sensibilizar os formandos para o projeto e introduzi-los aos conceitos teóricos assim como às metodologias que viriam a ser desenvolvidas no decorrer do projeto.

De aqui em diante iremos descrever passo a passo a criação e implementação da BDTT-AR, dando especial relevância à identificação dos diferentes processos terminológicos que deram corpo à criação de metodologias e que configuram um modelo possível de gestão de terminologia pela qualidade, respondendo assim aos requisitos da Assembleia da República.

No documento Tese de Doutoramento em Linguística (páginas 98-101)