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3 O REFLEXO CONTÁBIL DO ABSENTEÍSMO NAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS

3.5 RESULTADOS

3.5.2 O Índice de Absenteísmo por tipificação

Com fins de melhor compreender as causas que ensejam nas ausências dos trabalhadores nos ambientes organizacionais, o Apêndice C, especifica os tipos de ausências que incorreram em absenteísmo. A partir dos dados constantes no referido Apêndice, observa- se que as ausências que apresentam maior representatividade em ordem decrescente, quanto ao motivo, foram relativas à: programa de pós-graduação stricto sensu; licença médica para tratamento da própria saúde; exercício provisório; licença à gestante, à adotante e licença- paternidade; e, licença para interesse particular. Dos motivos de ausências citados, cabe mencionar que dos 5 (cinco) tipos de afastamentos, 3 (três) possuem caráter obrigatório, quais sejam: licença médica para tratamento da própria saúde; exercício provisório; e, licença à gestante, à adotante e licença-paternidade.

Destaca-se os afastamentos para participação de programa de pós-graduação stricto

sensu que ocorrem no interesse da Administração, em caráter discricionário, com o

condicionamento de que o servidor permaneça no exercício de suas funções após o seu retorno, pelo mesmo período do afastamento concedido. Ressalta-se que para esse tipo de afastamento, caso o servidor seja exonerado no antes do cumprimento do prazo estabelecido em Lei, ou caso ao final do afastamento não tenha obtido o referido título ou grau, este terá que ressarcir ao erário os gastos incorridos com seu aperfeiçoamento. Esse absenteísmo se destaca por considerar como amostra as Instituições Federais de Ensino Superior, as quais possuem a principal finalidade de prestar serviços educacionais, logo, justifica-se que as organizações necessitem investir em sua força de trabalho para prestar um serviço público de qualidade para a sociedade.

Desse modo, trata-se de um absenteísmo positivo, por se caracterizar com investimento do órgão em sua força de trabalho, ao condicionar o retorno do trabalhador a suas atividades após a referida qualificação, bem como prever restituição ao erário em caso de não obtenção do retorno almejado pela Administração.

No que tange ao absenteísmo por licença médica para tratamento da própria saúde, ressalta-se que esse tipo de absenteísmo, denominado de absenteísmo-doença, se dá para

tratar da saúde. Os dados reforçam estudos anteriores que identificaram que as maiores taxas de absenteísmo estão relacionadas a afastamentos por motivo de doenças (Danatro, 1997; Estorce & Kurcgant, 2011; Mendes, Lima & Matias-Pereira, 2018). Pesquisas no âmbito do setor público que se aprofundaram no estudo do absenteísmo por doença, identificaram que “transtornos mentais e comportamentais” (TMC) são a principal causa do absenteísmo-doença (Santos & Mattos, 2010; Leão et al., 2015). Já nos estudos de Silva, Pinheiro e Sakurai (2007), Sala et al. (2009) e Cunha, Blank e Boing (2009), o absenteísmo-doença apresentou maior representatividade quando incorrido por motivos de doenças osteomusculares (DOM). Assim, resta claro que medidas administrativas preventivas devem ser adotadas com fins de prevenir doenças, com fins de prezar pela saúde e qualidade de vida no trabalho.

O absenteísmo por exercício provisório ocorre em casos em que o deslocamento de servidor, cujo cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer um dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou dos Municípios. Nesse caso, poderá haver o exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que o exercício de atividade seja compatível com o cargo do servidor.

Desse modo, apesar de se tratar de um tipo de afastamento previsto em Lei, o trabalhador continua exercendo suas funções em outro órgão, sendo sua ausência computada apenas no órgão que concedeu o referido afastamento. Assim, em contrapartida o servidor exerce suas atividades no órgão em que se encontra provisoriamente, atuando como força de trabalho deste. Esse absenteísmo é relativo, posto que as atividades continuam sendo exercidas não sendo computada a ausência no trabalho no âmbito da Administração Pública.

Para os casos de absenteísmo por motivo de licença à gestante, à adotante e licença- paternidade, tanto na iniciativa privada quanto no âmbito público, a legislação confere uma série de direitos relacionados à licença à gestante, adotante e paternidade, com fins de amparar a família durante os primeiros meses de vida do bebê, quando se constitui uma forte ligação afetiva familiar. A depender do caso, a licença pode variar seu período e chegar até a 180 dias, para os casos de amamentação. Nesses casos, o absenteísmo ocorre a depender de fatores externos à organização, contudo, algumas organizações públicas se destacam por viabilizar creches com fins de auxiliar o servidor no seu processo de retorno ao trabalho após o fim da referida licença. Desse modo, tais iniciativas contribuem para o aumento da produtividade da organização e no aumento da qualidade de vida no trabalho, tendo em vista o acolhimento do servidor no retorno de suas atividades laborais.

Já em relação ao absenteísmo por motivo de licença para interesse particular, a Lei nº 8.112 de 1990 dispõe que esse tipo de afastamento ocorre no interesse da Administração, com prazo de até 3 (três) anos consecutivos e sem remuneração, podendo a licença ser interrompida a qualquer momento pelo servidor ou no interesse da Administração. Nesse caso, o código de vaga do servidor fica ocupado pelo trabalhador afastado e a Administração Pública fica impossibilitada de recompor essa força de trabalho, durante o período de ausência do trabalhador. Sendo assim, cabe à organização gerenciar da melhor forma seus recursos humanos, bem como estabelecer critérios objetivos quando se tratar de absenteísmo discricionários à Administração.

Diante desse cenário, a Administração Pública quando capaz de identificar o absenteísmo e suas causas, fica subsidiada para tomar decisões gerenciais quanto ao dimensionamento da sua força de trabalho. Dessa forma, a divulgação dessas informações sobre absenteísmo é de extrema importância para controle social da população, pois, a instituição de mecanismos de controle contribui para a redução da probabilidade de os trabalhadores agirem em desacordo com os interesses da sociedade.