• Nenhum resultado encontrado

O Absenteísmo nas Instituições Federais de Ensino Superior do Poder Executivo

3 O REFLEXO CONTÁBIL DO ABSENTEÍSMO NAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS

3.5 RESULTADOS

3.5.1 O Absenteísmo nas Instituições Federais de Ensino Superior do Poder Executivo

Federal

Com fins de identificar o Absenteísmo das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES’s), a presente pesquisa identificou, a partir de sistemas governamentais (Sistema Integrado de Administração de Pessoal - SIAPE e Painel Estatístico de Pessoal - PEP), o Índice de Absenteísmo (IA) ao longo de 11 anos, período disponível nos referidos sistemas, conforme detalhado no Apêndice B.

No que tange ao IA disposto no Apêndice B, tem-se que, para algumas IFES’s o surgimento do registro do IA iniciou a partir de sua criação e início de suas atividades. Cabe destacar que esse fato se justifica pelo aparecimento de novas IFES’s, mediantes a criação de Institutos Federais e a expansão da rede de Universidades Federais.

A criação de Institutos Federais surgiu a partir de 2008 com a Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que instituiu a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica e criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Já a expansão das Universidades Federais foi proporcionada pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), com vigência de 2008 a 2012, onde o governo brasileiro incentivou a expansão na oferta do ensino superior no território nacional.

Quanto ao Reuni, cabe citar o Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, que instituiu o Programa de expansão e em seu artigo primeiro explicitou o objetivo do Reuni de “criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, no nível de graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais” (Brasil, 2007, p.1). O Reuni não foi uma ação isolada, cabendo citar a Lei nº 10.172/2001, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE) e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que apresentaram o diagnóstico da situação, bem como as diretrizes norteadoras dos objetivos e metas a serem cumpridos no prazo de uma década.

Da análise do IA constante no Apêndice B, observa-se que das 100 IFES’s, em 4 (UFESBA, UFOB, UFSC e UFVJM), o absenteísmo (IA) apresenta evolução crescente durante todo o período de análise. Em 12 (IFAC, IFAM, IFAP, IFRR, UNIR, UFBA, FUFOP, IFNORTEMG, IFSULMG, UFRJ, FURG e UNILA) dos casos, o IA permanece crescente de 2008 a 2017, com redução apenas no ano de 2018. Destaca-se a IFMS, que apresentou IA decrescente apenas no ano de 2012, para os demais anos da amostra, o comportamento do IA permaneceu crescente.

Em 2 anos do período amostral, o IA apresentou queda em 26 dos casos, quais sejam: FUAM, FUFT, IFPA, IFRO, UFRA, UNIFAP, IFAL, IFPB, IFSERTPE, UFRN, UNIVASF, IFBRASILIA, IFGOIANO, UFMS, UNB, FUNREI, IFFLU, IFTRIANMG, UFF, UFJF, UFTM, IFFARROUP, IFPR, IFSC, UFFS e UNIPAMPA.

Em 3 dos 11 anos analisados, 31 IFES’s apresentaram comportamento decrescente, sendo elas: UFAC, FUFS, IFBAIANO, IFCE, IFPE, IFPI, IFRN, IFSE, UFAL, UFPE, UFRPE, UNILA, IFMT, UFGD, UFMT, IFES, IFMG, IFRJ, IFSP, UFABC, UFES, UFMG, UFRRJ, UFV, UNIFAL-MG, UNIFEI, UNIFESP, UNIRIO, FUFPEL, IFCATARINA e UFRGS/RS.

Em 4 anos do período de análise, em 19 casos, as IFES’s apresentaram queda no IA, quais sejam: IFTO, UFOPA, UFPA, UNIFESSPA, IFBA, IFMA, UFCE, UFCG, UFERSA/RN, UFPB, UFPI, UFGO, FUFSCAR, IFSUDMG, IFRS, UFSRIOGRAN, UFCSPA, UFPR e UFSM/RS. Para os casos de IA decrescente em 5 dos 11 anos analisados,

tem-se 5 IFES’s (FUMA, UFRB, IFGO, UFLA e UFU). Enquanto que 2 IFES’s (UFRR e UFTPR) apresentaram queda no IA em 6 dos 11 anos (quase metade do período analisado).

De modo geral, o Absenteísmo apresenta índices com níveis de máximo e mínimo, assim, a Tabela 6 evidencia as IFES’s que se destacaram por demonstrar maior e menor absenteísmo, por região, ao longo do período analisado.

Tabela 6: Maior Absenteísmo vs. Menor Absenteísmo

REGIÃO NORTE NORDESTE

CENTRO-

OESTE SUDESTE SUL

IA Maior Menor Maior Menor Maior Menor Maior Menor Maior Menor

2008 UFRR UFRA FUMA UFERSA UNB UFGD

UFES UNIFAL UFPR

UNIPAMPA 2009 IFB UFABC UTFPR 2010 IFAC IFAL IFMS FUFOP UNIFAL 2011 IFRO UNILA 2012 IFAP IFSRIOGRAN 2013

IFTO UNILAB UFLA

2014 UFPE IFB FUFSCAR 2015 FUAM UNIVASF UFESBA IFES UNIFEI UFCSPA 2016 FUFOP UNIFESP 2017

UFRA IFAL IFPR

2018 FUFT IFSERTPE UFMT UFGO IFSULMG UFRJ

Fonte: Dados da Pesquisa (2019).

Da análise da Tabela 6, observa-se que, na região Norte, as IFES’s que apresentaram maior absenteísmo foram UFRR, IFTO, FUAM e FUFT, pertencentes aos Estados do Amazonas e do Tocantins. Para a região Nordeste destacam-se a FUMA, IFAL, UNIVASF e UFRA, sendo 2 pertencentes ao Estado de Pernambuco. Ressalta-se a IFAL que se destacou em 6 dos 11 anos analisados. Enquanto que para a região Centro-Oeste as IFES’s são UNB, IFB e UFMT, ocasião na qual a UNB apareceu como a IFE com o maior absenteísmo em 6 dos 11 anos analisados. Na região Sudeste sobressaem a UFES, FUFOP, IFES, FUFOP e a UFSULMG, pertencentes ao Estado de Minas Gerais e do Espirito Santo, com destaque para a FUFOP em 5 dos 11 anos analisados. Já para a região Sul, as IFES’s que apresentaram maior absenteísmo na região foram UFPR, UTFPR, IFSRIOGRAN e IFPR, sendo 3 das 4 pertencentes ao Estado do Paraná.

Em relação às IFES’s que apresentaram menor absenteísmo foram UFRA, IFAC, IFRO e IFAP. Na região Nordeste destacam-se a UFERSA, UNILAB, UFPE e UFESBA. No caso da região Centro-Oeste apresentaram baixo absenteísmo as IFES’s UFGD, IFB, IFMS e UFGO, ocasião na qual a IFMS predominou como a IFE com o menor absenteísmo em 8 dos 11 anos que compreendem o período de análise. Para a região Sudeste ressalta-se a UNIFAL, UFABC, UFLA, FUFSCAR, UNIFEI, UNIFESP e UFRJ, pertencentes aos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Já para a região Sul, as IFES’s que apresentaram baixo absenteísmo na região foram UNIPAMPA, UNILA e UFCSPA, pertencentes aos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná.

Resta claro que o absenteísmo apresenta crescimento considerável ao longo dos anos, nesse sentido, a Figura 2 demonstra o efeito do absenteísmo nos anos, 2008, 2013 e 2018, respectivamente, bem como o seu efeito aumentativo em todo o território nacional.

Figura 2: Índice de Absenteísmo nos anos 2008, 2013 e 2018, respectivamente

Nota: O índice de absenteísmo menor que 5% foi ilustrado em azul, quando o índice apresentou percentual entre 5% a 10% foi ilustrado em laranja, e para os casos em que o índice de absenteísmo esteve acima de 10% foi ilustrado em vermelho.

Fonte: Dados da pesquisa (2019).

Diante do ilustrado na Figura 2, resta clara a expansão acelerada do absenteísmo no período analisado. Tal fato reforça a importância da accountability na divulgação das informações, pois a transparência reduz a assimetria entre sociedade e agente público, conforme já evidenciado por Albuquerque e colaboradores (2007). A seguir, o item 3.5.2 demonstra as causas que motivaram tais ausências.