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2.3 AVALIAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

2.3.1 Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IDSUS)

Diante da dificuldade de se avaliar um sistema de saúde tão complexo em um país com dimensões continentais, o Ministério da Saúde tem buscado criar indicadores que possam possibilitar uma melhoria no desenvolvimento dos serviços a serem prestados à população.

Entre tais indicadores, destaca-se o IDSUS. Composto por uma síntese de 24 indicadores com a finalidade de avaliar o desempenho do SUS, foi lançado em 1º de março de 2012 e leva em consideração as informações enviadas por todos os municípios brasileiros ao Ministério de Saúde (MEDICI, 2012).

De acordo com Medici (2012), o IDSUS é um indicador síntese, capaz de proporcionar uma aferição de forma contextualizada do desempenho do SUS com relação ao acesso (potencial ou obtido) e à efetividade da atenção básica, das atenções ambulatorial e hospitalar e das urgências e emergências.

Devido à heterogeneidade existente em relação às características dos municípios brasileiros, o índice não poderia reuni-los em um só grupo. Assim, o Ministério da Saúde agrupou os municípios de forma homogênea em seis grupos, de acordo com as suas peculiaridades. Tais grupos, por possuírem similaridade em suas características, permitem que se possam fazer comparações e análises entre os municípios de cada um deles.

Segundo Nalon (2012), o Ministério da Saúde dividiu os 5.563 municípios brasileiros nos seis grupos homogêneos (GHs) levando em consideração os perfis socioeconômicos e de estrutura de saúde, ficando assim segregados: nos grupos GH 1 e GH 2 encontram-se os municípios mais ricos, com estruturas de saúde pública mais complexa, totalizando 29 e 94 municípios, respectivamente; nos grupos GH 3 (632 municípios) e GH 4 (587 municípios) estão os municípios com pouca estrutura de média e alta complexidade (MAC); e nos grupos GH 5 e GH 6 estão os municípios menores, com pouco ou nenhum atendimento especializado, somando 2.038 e 2.183 municípios, nesta ordem.

O modelo de avaliação do IDSUS é apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Modelo de avaliação do IDSUS

DIMENSÕES PARA CARACTERIZAR OS MUNICÍPIOS RESULTADOS Determinantes da saúde Indicadores

Municípios segundo extratos homogêneos Condições de saúde da população Indicadores

Estrutura do sistema de saúde Indicadores Porte populacional

DESEMPENHO DO SUS EM CADA MUNICÍPIO

Indicadores de: Acesso potencial ou obtido

• Cobertura

Efetividade

• Resultados esperados

Nível de atenção:

• Atenção básica ou primária • Atenção especializada realizada no

município e na referência regional • Atenção ambulatorial geral e especializada • Atenção hospitalar geral e especializada • Urgência e emergência Por área: • Saúde do adulto • Saúde bucal • Saúde da criança • Saúde da mulher

FORMA COMO OS RESULTADOS SERÃO MOSTRADOS

– Nota do desempenho geral do SUS no município, nas regiões de saúde, estados e União –

Fonte: Brasil (2014, p. 13).

Conforme já citado anteriormente, segregaram-se os municípios por características homogêneas entre si, tais como semelhanças socioeconômicas, situação de saúde, estrutura do sistema de saúde, entre outros. O referido modelo de avaliação objetiva:

[...] avaliar o desempenho do SUS quanto à: universalidade do acesso, integralidade, igualdade, resolubilidade e equidade da atenção, descentralização com comando único por esfera de gestão, responsabilidade tripartite, regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde (BRASIL, 2012).

Os indicadores utilizados para compor o IDSUS se dividiram em: (a) indicadores de acesso potencial ou obtido, compostos por indicadores: de atenção básica, de atenção ambulatorial e hospitalar de média complexidade; e de atenção ambulatorial e hospitalar de alta complexidade, referência da média e alta urgência e emergência; (b) indicadores de efetividade, composto por indicadores: de atenção básica e de atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade e urgência e emergência, conforme Quadro 2:

Quadro 2 – Indicadores adotados para compor o IDSUS

INDICADORES DE ACESSO POTENCIAL OU OBTIDO Atenção básica

1. Cobertura populacional estimada pelas equipes básicas de saúde. 2. Cobertura populacional estimada pelas equipes básicas de saúde bucal. 3. Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal.

Atenção ambulatorial e hospitalar de média complexidade

4. Razão de exames de mamografia realizados em mulheres de 50 a 69 e a população da mesma faixa etária. 5. Razão de exames citopatológicos do colo do útero em mulheres de 25 a 59 anos e a população da mesma faixa etária. 6. Razão de procedimentos ambulatoriais selecionados de média complexidade e população residente.

7. Razão de internações clínico-cirúrgicas de média complexidade e população residente.

Atenção ambulatorial e hospitalar de alta complexidade, referência da média e alta e urgência e emergência

8. Razão de procedimentos ambulatoriais de alta complexidade selecionados e população residente. 9. Razão de internações clínico-cirúrgicas de alta complexidade e população residente.

10. Proporção de procedimentos ambulatoriais de média complexidade para não residentes. 11. Proporção de internações de média complexidade para não residentes.

12. Proporção de procedimentos ambulatoriais de alta complexidade realizados para não residentes. 13. Proporção de internações de alta complexidade para não residentes.

14. Proporção de acesso hospitalar dos óbitos por acidente.

INDICADORES DE EFETIVIDADE Atenção básica

15. Cobertura com a vacina tetravalente. 16. Taxa de Incidência de Sífilis Congênita.

17. Proporção de cura de casos novos de tuberculose pulmonar bacilífera (TBC). 18. Proporção de cura dos casos novos de hanseníase.

19. Proporção de internações sensíveis à atenção básica (ISAB). 20. Média da ação coletiva de escovação dental supervisionada. 21. Proporção de exodontia em relação aos procedimentos.

Atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade e urgência e emergência

22. Proporção de parto normal.

23. Proporção de óbitos em menores de 15 anos que usaram Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). 24. Proporção de óbitos nas internações por infarto agudo do miocárdio (IAM).

Fonte: Brasil (2014, p. 15).

O Quadro 2 apresenta todos os indicadores utilizados para formulação do IDSUS. Para cada um desses indicadores, o Ministério da Saúde definiu parâmetros que foram considerados no cálculo de cada um dos 24 indicadores simples, para que se encontre a nota obtida para cada indicador. A partir do método de PCA, essas notas são trabalhadas, atribuindo-lhes pesos, encontrando-se, assim, os indicadores compostos, também chamados de índices de acesso potencial ou acesso obtido e índices de efetividade. Aos índices por nível de atenção (A, B, C e D) são novamente atribuídos pesos pelo PCA, resultando nos índices de

acesso do SUS e de efetividade do SUS, que, por último, também recebem pesos pelo PCA, resultando no IDSUS, apresentado na Figura 2:

Figura 2 – Composição do IDSUS

Fonte: Brasil (2014, p. 19).

No Quadro 3, é possível identificar os indicadores utilizados para cálculo do IDSUS dos municípios brasileiros, com seus respectivos parâmetros e pesos.

Quadro 3 – Índices que compõem o IDSUS

Índices Indicadores Parâmetros Pesos (PCA)

Índice de Desenvolvimento

Socioeconômico (IDSE)

PIB municipal per capita ≥ R$ 32 mil per

capita 54,93% Proporção de famílias com Bolsa Família 0% 45,07% Índice de Condições

de Saúde (ICS) Taxa de mortalidade infantil

≤ 8 óbitos por mil

nascidos vivos 100%

Índice de Estrutura do Sistema de Saúde do Município

(IESSM)

Proporção de médicos da atenção básica e

profissionais da vigilância em saúde 0,39% 12,24% Proporção de procedimentos ambulatoriais de

média complexidade realizados para residentes 0,64% 12,31% Proporção de procedimentos ambulatoriais de

média complexidade realizados para não residentes 0,90% 9,29% Proporção de procedimentos ambulatoriais de alta

complexidade realizados para residentes 0,85% 11,08% Proporção de procedimentos ambulatoriais de alta

complexidade realizados para não residentes 1,17% 9,80% Proporção de internações de média complexidade

realizadas para residentes 0,37% 13,00% Proporção de internações de média complexidade

realizadas para não residentes 0,72% 11,47% Proporção de internações de alta complexidade

realizadas para residentes 0,94% 11,16% Proporção de internações de alta complexidade

realizadas para não residentes 1,14% 9,65%

O IDSUS, conforme Brasil (2014), se mostra um importante subsídio para a formulação e execução de políticas públicas de saúde, pois pode subsidiar gestores municipais, estaduais e federais a fortalecerem, em um compromisso compartilhado, seus sistemas e a melhorarem a qualidade da atenção à saúde da população.

Referido indicador tem características e finalidades semelhantes aos indicadores utilizados na educação, por exemplo, para identificar os pontos fortes e fracos do sistema (BRASIL, 2012).

Sendo assim, os propósitos do IDSUS são: a avaliação geral nos municípios, regiões e estados; a avaliação do acesso e da efetividade em todos os níveis de atenção; e o diagnóstico de deficiências para a realização de melhorias (REIS; OLIVEIRA; SELLERA, 2012).

Resumidamente, esse indicador do SUS é calculado da seguinte maneira (Figura 3):

Figura 3 – Forma de cálculo do IDSUS

Fonte: Nalon (2012).

Portanto, o IDSUS é o resultado de esforços do Ministério da Saúde em criar mecanismos de avaliação dos processos desenvolvidos na área da saúde brasileira para posterior melhoria na aplicação de recursos e, consequentemente, dos serviços colocados à disposição da comunidade.

Figura 4 – IDSUS por estado brasileiro – 2011

Fonte: Pimentel (2012).

A nota do IDSUS para o Brasil foi, no mesmo ano, 5,47. Assim como publicado para os estados brasileiros, o indicador também atribuiu nota a todos os municípios. Neste estudo, analisaram-se apenas os dados dos municípios pertencentes ao GH 6 do IDSUS entre os 185 municípios pernambucanos, haja vista referido grupo ser composto pelos municípios com pior estrutura de saúde segundo o Ministério da Saúde.