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Índice de Vulnerabilidade da Biodiversidade (IVB)

4.3 Etapa 3 – Análise dos Resultados

5. ÍNDICE DE VULNERABILIDADE AMBIENTAL (IVAm)

5.1. Construção do IVAm

5.1.1 Índice de Vulnerabilidade da Biodiversidade (IVB)

A estrutura de temas e indicadores utilizados na construção do IVB são apresentados no Quadro 5.1 e, na sequência, analisados separadamente.

Quadro 5.1. Indicadores utilizados na definição da Vulnerabilidade da Biodiversidade

Vulnerabilidade da Biodiversidade

Temas Indicadores

Qualidade da biodiversidade

Status da cobertura vegetal natural Áreas holísticas em geodiversidade Áreas cársticas e cavernas Movimentação de relevo Tipologia climática

Áreas de importância biológica

Áreas Importantes para a Conservação de Aves (Important Bird Areas – IBA)

Áreas-chave para a conservação da

biodiversidade (Key Biodiversity Areas – KBA) Áreas prioritárias para a conservação da Cadeia do Espinhaço

Sítios prioritários pela Aliança Brasileira para Extinção Zero (BAZE)

Áreas susceptíveis à aridização e desertificação --- UC e outras áreas protegidas --- Atividades de relação etnobiológica e

reconhecimento tradicional --- Vulnerabilidade natural dos solos à erosão --- Áreas para a conservação e uso sustentável da

biodiversidade ---

Potencial de contaminação

Fonte: ZEE/BA (2014)

Qualidade da Biodiversidade

Para a identificação dos padrões de qualidade ambiental, o arranjo metodológico estabelecido foi estruturado em experiências de trabalhos de planejamento estratégico, revisão de literatura técnica e científica e procedimentos de zoneamento territorial e gestão.

A pesquisa bibliográfica focou nos conceitos e metodologia do planejamento sistemático da conservação, para identificar as áreas de relevante diversidade biológica, bem como oportunidades de proteção mais eficientes e de menor custo (ZEE/BA, 2014).

Após a definição e sobreposição dos diversos planos de informação relativos à Qualidade Ambiental, os mesmos foram hierarquizados e submetidos à análise multicritério. Os gradientes foram padronizados e segregados em fatores determinantes e de gradiente, objetivando minimizar a ausência de uniformidade de dados e comprometimento dos resultados.

Os indicadores (“fatores moduladores”) foram agrupados em duas categorias:

 Fator determinante: indicadores que delimitam ambientes dotados de importância ecológica;

 Fator de gradiente: indicadores de refinamento, que tratam da variabilidade ecológica e sítios singulares da biodiversidade, que dizem respeito a:

Áreas especiais - ecossistemas singulares provedores de funções ecológicas muito particulares, como ambientes detentores de endemismos e grande biodiversidade. O Quadro 5.2 apresenta a organização dos planos de informação categorizados por fator modulador e representatividade.

Quadro 5.2. Organização dos planos de informação e pesos relativos da Qualidade da Biodiversidade

Fatores moduladores Indicadores Peso no

Grupo

Peso Absoluto

Peso Relativo da Decisão

Fator determinante Base Status da cobertura vegetal natural* 100% 50% 50%

Fator gradiente

Variabilidade Física

Áreas de geodiversidade 25% 25% 6,25% Áreas cársticas e cavernas 25% 25% 6,25%

Movimento de relevo 25% 25% 6,25%

Tipologia climática 25% 25% 6,25%

Áreas Especiais

Áreas para a conservação e uso

sustentável da biodiversidade 20% 25% 5%

IBA 20% 25% 5%

KBA 20% 25% 5%

Áreas Prioritárias para a Cadeia do

Espinhaço 20% 25% 5%

BAZE 20% 25% 5%

Somatório dos pesos 100% 100% 100%

(*) A definição do status da cobertura vegetal como “fator determinante” alinha-se a Metzger (2011), que o considera como o fator de maior representatividade da complexidade ecológica.

Fonte: ZEE/BA (2014)

Por conter intervalos de variação, os planos de informações relacionados à movimentação de relevo e tipologia climática tiveram seus escores subdivididos (Quadro 5.3).

Quadro 5.3. Escores aplicados aos indicadores “movimentação de relevo” e “tipologia climática”

Escore Indicador 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Movimento de relevo Plano (0 a 3%) Ondulado (3 a 20%) Fortemente ondulado (20 a 45%) Montanhoso (45 a 75%) Escarpado (> 75%) Tipologia

climática Árido Semiárido

Subúmido a Seco

Úmido a

Subúmido Úmido

Fonte: ZEE/BA (2014)

Na sequência, foi executada média ponderada para os resultados obtidos na matriz de análise dos planos de informação, de acordo com a seguinte equação:

QAB= ∑ [(P.A. indicador x P.R. indicador) x (escore indicador)]

Onde:

QAB = Qualidade da Biodiversidade P.A. = Peso absoluto

A importância relativa de cada indicador foi determinada pela atribuição de escores. O critério adotado foi a presença/ausência de planos de informação: ao indicador estruturado em um plano de informação utilizado na modelagem espacial, foi atribuído escore um (1); na de ausência de planos de informação, foi atribuído zero (0).

Para a leitura qualitativa e representação espacial dos indicadores, foram determinados cinco intervalos qualitativos de análise de risco: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto. Os indicadores foram, então, padronizados, sendo geradas oito classes, em função da sobreposição dos planos de informação e aplicação do modelo.

O Quadro 5.4 apresenta as descrições qualitativas atribuídas a cada um dos gradientes da Qualidade da Biodiversidade.

Quadro 5.4. Escores para os planos com intervalos de variação – Qualidade da Biodiversidade

Classe Representação Qualitativa

1 Cobertura vegetal nativa

2 Cobertura vegetal nativa +

Algum atributo ecológico específico

3 Cobertura vegetal nativa +

Diferentes atributos ecológicos específicos

4 Cobertura vegetal nativa +

Ecossistemas singulares identificados por mais de um indicador

5 Cobertura vegetal nativa +

Ecossistemas singulares e alguma espécie de grande importância para a conservação

6 Cobertura vegetal nativa +

Ecossistemas singulares e grupos de espécies de grande importância para a conservação 7

Cobertura vegetal nativa +

Componentes de habitat altamente específicos, em grande interação com grupos de espécies reconhecidas como de grande importância para a conservação

8

Cobertura vegetal nativa +

Componentes de habitat altamente específicos, em grande interação com grupos de espécies, reconhecidas como de grande importância para a conservação por diversos estudos

Fonte: ZEE/BA (2014)

Finalmente, IVB foi obtido com base em ponderações, considerando a Qualidade Ambiental (“fator gradiente”), definida anteriormente, e “fatores gradientes” (áreas especiais), conforme descrito no Quadro 5.5.

Quadro 5.5. Organização dos planos de informação e pesos relativos da Vulnerabilidade da Biodiversidade

Fatores moduladores Temas Peso no

Grupo Peso Absoluto Peso Relativo da Decisão Fator

determinante Base Qualidade da Biodiversidade 100% 50% 50% Áreas susceptíveis à

Vulnerabilidade natural dos solos à erosão 20% 10% Áreas para a conservação e uso sustentável

da biodiversidade 20% 10%

Atividades de relação etnobiológica e de

conhecimento tradicional 20% 10%

Somatório dos pesos 100% 100% 100%

Fonte: ZEE/BA (2014)

Por conter intervalos de variação, os temas Qualidade da Biodiversidade, Tipologia Climática e Vulnerabilidade do Solo a Erosão tiveram seus escores subdivididos (Quadro 5.6).

Quadro 5.6. Escores aplicados aos indicadores da qualidade da biodiversidade, tipologia climática e vulnerabilidade dos solos a erosão

Escore

Indicador 1 2 3 4 5 6 7 8

Qualidade da

Biodiversidade Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe 5 Classe 6 Classe 7 Classe 8 Tipologia climática Áreas de

entorno Áreas subúmida s secas Áreas semiáridas --- --- --- --- --- Vulnerabilidade

dos solos à erosão Baixa

Baixa a moderada Moderada Moderad a a alta Alta Alta a muito alta Muito alta Fonte: ZEE/BA (2014)

Na sequência, foi executada média ponderada para os resultados obtidos na matriz de análise dos planos de informação, de acordo com a seguinte equação:

VB = ∑ [(P.A. indicador x P.R. indicador) x (escore indicador)]

Onde:

VB = Vulnerabilidade da Biodiversidade P.A. = Peso absoluto; P.R. = Peso relativo

O Quadro 5.7 apresenta o escore final para o IVB, ao passo que o Quadro 5.8 traz os principais aspectos do IVB para a Macrorregião do Semiárido.

Quadro 5.7. Classes de vulnerabilidade para o Indicador de Vulnerabilidade da Biodiversidade (IVB)

Classe Representação Qualitativa

1 Ambiente dotado de baixa vulnerabilidade ambiental por abrigar ecossistemas protegidos. 2 Ambiente dotado de baixa vulnerabilidade ambiental por abrigar elementos protegidos ou de

resiliência frente à sensibilidade do ambiente e mediante fatores de pressão antrópica. 3

Ambiente dotado de baixa vulnerabilidade ambiental, mas com algum fator de pressão em balanço negativo por abrigar elementos de interesse produtivo ou sensibilidade ecológica com perturbação negativa na capacidade de resiliência ecológica frente os fatores de pressão antrópica.

4

Ambiente dotado de moderada vulnerabilidade ambiental com presença de fatores de pressão à estabilidade ambiental por abrigar elementos de interesse produtivo ou uma maior sensibilidade ecológica com

perturbação na capacidade de resiliência ecológica frente os fatores de pressão antrópica. 5

Ambiente dotado de moderada vulnerabilidade ambiental com maior presença de fatores sobre pressão à estabilidade ambiental por abrigar elementos de interesse produtivo ou sensibilidade ecológica com perturbação na capacidade de resiliência ecológica frente os fatores de pressão antrópica.

Classe Representação Qualitativa

6 Ambiente dotado de elevada vulnerabilidade ambiental devido à presença de elementos singulares e/ou em conflito com o interesse produtivo frente uma sensibilidade ecológica presente.

7

Ambiente dotado de elevada vulnerabilidade ambiental devido à presença de elementos singulares e/ou em conflito com o interesse produtivo frente uma maior sensibilidade ecológica presente e menor poder de resiliência dos ecossistemas.

8

Ambiente dotado de elevada vulnerabilidade ambiental devido à presença de elementos singulares e/ou em conflito com o interesse produtivo frente uma grande sensibilidade ecológica e menor poder de resiliência dos ecossistemas.

Fonte: ZEE/BA (2014)

 Padronização do IVB

Pelo ZEE/BA, a vulnerabilidade associada ao IVB foi estruturada em oito classes de vulnerabilidade (ver Quadro 5.7).

Para efeito de padronização do indicador, inicialmente procedeu-se a obtenção da média ponderada, a partir da ponderação das áreas segundo as classes de vulnerabilidade, que foi calculada em dois passos. Inicialmente, a ponderação foi obtida pela associação de cada classe de vulnerabilidade a sua respectiva área de incidência no município, com base na seguinte formula:

MPIVB = = (∑𝑁𝑘=1𝑘𝐴 𝑘)/(∑𝑁𝑘=1𝑘)

Onde:

MPIVB = Média ponderada para o IVB

Para N=8 e k=1,2,...,8. Onde Ak = percentuais da área para cada classe de vulnerabilidade k, calculados com relação ao total da área mensurada do município para a qual existe a informação (em Km2).

Assim, para A1, foi estipulado peso 1, para A2, peso 2, e assim sucessivamente. Na sequência, foi calculada a ponderação com base em pesos atribuídos a cada classe, conforme apresentado no Quadro 5.8.

Quadro 5.8. Atribuição de peso por classe de vulnerabilidade no IVB

Classe 1 2 3 4 5 6 7 8

Peso 0,028 0,056 0,083 0,111 0,139 0,167 0,194 0,222

Fonte: Elaboração própria

A média ponderada final foi calculada com base na seguinte equação:

MPIVB = 0,028*A1 + 0,056*A2 + 0,083*A3 + 0,111*A4 + 0,139*A5 + 0,167*A6 + 0,194*A7 + 0,222*A8

Os valores obtidos foram, então, padronizados, considerando o conjunto de municípios, de acordo com a seguinte fórmula:

MPpIVB = [MPMunicípio - Min(MP)] / [Max(MP) – Min(MP)]

A ponderação associa um valor relativo de vulnerabilidade para cada município, que varia livremente entre 0,00 e 1,00.

A descrição sintética dos temas e variáveis relacionados ao IVB é apresentada no Anexo II, ao passo que a síntese da vulnerabilidade da biodiversidade para a Macrorregião do Semiárido consta no Quadro 5.9. A Figura 5.1 apresenta o IVBp para os municípios da área de estudo.

Quadro 5.9. Síntese da Vulnerabilidade da Biodiversidade da Macrorregião do Semiárido

Cobertura do Solo Atributos Naturais Especiais Problemas Ambientais Proteção por UC

 Conexão significativa entre blocos de vegetação remanescente;  Grande diversidade de

ecossistemas, com presença de ecótonos Cerrado-Caatinga;  Esta macrorregião é quase que

completamente demarcada como susceptível à desertificação;  Serra da Jacobina e do Sincorá

classificadas como de vulnerabilidade muito alta desertificação;

 Agricultura extensiva de produção de grãos, com destaque para os polos agrícolas de Mucugê, Irecê e Juazeiro;

 Criação de bovinos e caprinos, no sistema fundo de pasto, nos planaltos;

 Exploração mineral.

 Elevada qualidade ambiental, pela

presença de mosaico de biomas e ecótonos com grande diversidade de sistemas geoambientais;

 Extrema diversidade de habitats e grande especialização dos ecossistemas;  Presença de áreas dotadas de elevada

qualidade ambiental, como refúgios montanos, áreas alagadas dos marimbus, sítios espeleológicos, campos rupestres e matas secas;

 Presença de espécies ameaçadas;  Áreas dos TI Chapada Diamantina, Irecê e

Sertão do São Francisco apresentam alta vulnerabilidade natural da biodiversidade (entre as classes 7 e 8);

 Núcleos de variabilidade ecológica na Chapada Diamantina, Serra Geral, entorno do Lago de Sobradinho (dunas e veredas) e nordeste da Bahia (cânions e matas de Caatinga);

 Maior quantidade de quilombolas, distribuídos nas regiões de Irecê e Chapada Diamantina.  Intensa antropização da cobertura vegetal ao longo da BR-116 e BR-407;  Agricultura irrigada exerce pressão negativa na conservação dos recursos hídricos;  Muitos fragmentos de vegetação remanescente são de interesse particular para a conservação da avifauna;  Presença de IBA estratégicas.  Apesar da importância da biota da macrorregião, poucas áreas são protegidas por unidades de conservação;  Principais unidades: PARNA da Chapada Diamantina, APA de Marimbus, PE de Morro do Chapéu e a RESEC Raso da Catarina, além de outras áreas não protegidas, como as caatingas de Sento Sé.

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