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ALTA (Moderadamente

5.2 Índice de Estado do Ambiente (IEA).

De posse dos resultados obtidos na capacidade de suporte, bem como dos percentuais de desmatamento encontrados na bacia do rio São Nicolau gerou-se o Índice do Estado Ambiental (IEA) por meio da relação entre estes dois parâmetros. Destacando os fatores críticos no que se refere à condição maior de instabilidade da bacia, os percentuais de desmatamento foram correlacionados as áreas cuja capacidade de suporte detectada foi de baixa a muito baixa. Com isso, encontram-se no quadro 19, os níveis de sustentabilidade e insustentabilidade obtidos que remetem o estado ambiental da bacia.

Quadro 19- níveis de sustentabilidade e insustentabilidade encontrados na BHSN.

Área com capacidade de

suporte muito baixa a baixa % por sistema

Áreas desmatadas % por sistema

Níveis do Estado do Ambiente

>75 Planície fluvial - 98,63 0-50 23,07 Sustentabilidade nível 1 51- 75 Reverso inferior - 51,52 0-50 26,13 Sustentabilidade nível 2 26- 50 Reverso médio - 43 Superfície aplainada - 36,48 Vales fluviais- 45,43 51- 100 52,4 Insustentabilidade nível 2 0-50 30,93 48,54 Sustentabilidade nível 3 0 -25 Reverso superior 24,76% 0-50 24,6 Sustentabilidade nível 4 Fonte: Santiago, 2018.

Conforme a interrelação entre os parâmetros verifica-se que o sistema ambiental planície fluvial detém capacidade de suporte muito baixa a baixa num percentual, cerca de 98,63% de sua área. No entanto, os níveis de desmatamento não chegam a 50% do total da área do sistema, mostrando que este possui na escala o nível 1 de sustentabilidade. Isto é, o limite dentre os níveis de sustentabilidade e insustentabilidade, representando uma área onde

o percentual de desmatamento deve ser mantido baixo. Do contrário, o aumento do percentual de desmatamento pode levar ao surgimento de um cenário crítico em termos de degradação ambiental, com sérios riscos ambientais, podendo chegar ao nível maior de insustentabilidade que é o 4, conforme representado na escala 1 abaixo.

Escala 1: Escala de sustentabilidade e insustentabilidade

Sustenta bilidade nível 4 Sustenta bilidade nível 3 Sustenta bilidade nível 2 Sustenta bilidade nível 1 Insustenta bilidade nível 4 Insustenta bilidade nível 3 Insustenta bilidade nível 2 Insustenta bilidade nível 1 Do pior para o melhor nível Do pior para o melhor nível

Fonte: Carvalho, 2011; Santiago, 2018 (Org.)

O sistema ambiental planície fluvial foi o que mostrou maior extensão com baixa e muito baixa capacidade de suporte na bacia. Nessa área é onde se concentra grande parte da população pertencente a região da bacia.

É também a área onde há maior incidência de chuvas na bacia, que está relacionada à presença de cobertura vegetal mais densa, típica de cerrado. A retirada da vegetação está ligada a uma atividade muito comum nesse sistema ambiental, o extrativismo vegetal que acontece para fabricação de carvão ou serve de matéria – prima.

A retirada da vegetação também se dá para fins agrícolas. Muitos dos locais onde sofreram com o desmatamento para a agricultura, são posteriormente abandonados, seja por conta do solo tornar-se improdutiva, seja por outros motivos. Com o solo exposto às intempéries, a vegetação não consegue se regenerar com a mesma velocidade com que acontecem os processos erosivos, sobretudo nas áreas do sistema em que a declividade apresentou-se de média a alta, o que leva o aparecimento de sulcos e ravinas.

Como a atividade econômica gira em torno da agropecuária, os resultados quanto à capacidade de suporte e a relação com a quantidade de áreas desmatadas devem ser considerados de modo a contribuir para o desenvolvimento de ações pautadas em um planejamento adequado para a região. Também é onde se desenvolve atividade turística, que de modo geral, pode ser bastante impactante para o meio ambiente, caso esta venha a acontecer de forma não planejada.

Alguns problemas foram perceptíveis nessa região como a contaminação do rio por efluentes em alguns pontos, a má qualidade da água ofertada, a retirada da mata ciliar, solo exposto nas áreas ribeirinhas causando erosão, transporte e sedimentação no rio. Poluição

do solo, poluição sonora e hídrica, uma vez que, nessa região o rio apresenta regime fluvial perene e é bastante utilizado para o lazer.

Na cidade de Santa Cruz dos Milagres, onde foram realizadas análises da qualidade da água, esta apresentou resultados preocupantes e que deva ser um reflexo da fragilidade do ambiente frente às formas de uso e ocupação da região.

O reverso inferior também apresentou grande parte de sua área com limitações a implementação de atividades econômicas. Com 51,52% de capacidade muito baixa a baixa e porcentagens de desmatamento de 26,13%, apresentou- com nível de sustentabilidade 2. Sendo assim, as condições deste nível permitem um planejamento voltado ao desenvolvimento sustentável da região, portanto, não se apresentando ideal, contudo, um pouco melhor que o nível do sistema planície fluvial.

O sistema ambiental reverso inferior detém muitas comunidades e povoados importantes na bacia pertencentes ao município de São Miguel do Tapuio. Com o clima seco subsumido, a cobertura vegetal é de domínio da Caatinga com alguns traços de vegetação de cerrado. Com o predomínio da atividade agropecuária e de cultivos temporários, as áreas expostas sofrem com perda da qualidade do solo e erosão em sulcos, porém não chega a ser demasiado.

Em contrapartida, os sistemas ambientais: Reverso médio, Superfície aplainada e Vales fluviais, apesar de terem apresentados níveis de capacidade de suporte muito baixa a baixa em menos de 50% de suas áreas, 43%, 36,48% e 45,43%, respectivamente, tiveram grandes extensões de terras desmatadas, sobretudo o sistema reverso médio com cerca de 52,4% de área desmatada.

Em todos se observa que os polígonos de desmatamento não só estão presentes em áreas com capacidade de suporte muito baixa e baixa, mas, também onde a capacidade de suporte é mediana. E, uma pequena parcela de áreas desmatadas em regiões cuja capacidade de suporte foi considerada alta, como no sistema superfície aplainada. Nos sistemas ambientais supracitados, se percebe amplo número de fazendas de grande porte e também muitos povoados e comunidades o que pode explicar também a quantidade de áreas desmatadas.

Dos percentuais de desmatamento expostos, o sistema reverso médio apresenta-se com nível de insustentabilidade 2, Isto é, apesar de não existir grandes extensões de áreas no sistema com capacidade de suporte baixa, os níveis de desmatamento demonstram que a área necessita de controle, bem como recuperação das áreas desprotegidas ou em processo de

degradação. Isso pode ser realizado por meio de reflorestamento e meio de proteção da vegetação nativa.

Já os demais sistemas - Superfície aplainada e Vales fluviais -, cujas porcentagens de desmatamentos foram de 30,93% e 48,54%, respectivamente, associada à capacidade de suporte, apresentaram-se com níveis de sustentabilidade 3. Um nível muito bom, mas que necessitam de ações para que sejam mantidas as condições favoráveis à manutenção da biodiversidade.

Em contrapartida, o sistema ambiental Reverso superior foi o que mais apresentou resultados satisfatórios em termos de conservação e sustentabilidade da bacia. Com apenas 24,76% de sua área com capacidade de suporte baixa, também foi o sistema que apresentou menor porcentual de áreas desmatadas, cerca de 24,6%. Com isso, atingiu o nível de sustentabilidade 4, o melhor na escala.

Portanto, o sistema apresenta-se conservado e com condições favoráveis ao desenvolvimento sustentável. Enfatizando, claro que estes valores devem ser no mínimo, mantidos para que a região em questão não venha sofrer com impactos negativos tanto no ambiente natural, quanto no meio social, já que os outros 75% do sistema detém capacidade de suporte média. Um dos fatores que contribuíram para que os níveis de desmatamentos se apresentem muito baixo se deve a localização do sistema, este se encontra na área da bacia inserida no perímetro da APA da Serra da Ibiapaba. O mapa 10 mostra a distribuição geográfica do índice do estado ambiental (IEA) da bacia.

Diante do exposto, conforme os níveis de sustentabilidade e insustentabilidade, apenas um sistema ambiental foi considerado insustentável, o reverso médio. Pois, como visto, apesar de não deter grande percentual de áreas com capacidade de suporte muito baixo e baixo, foi o que apresentou maior percentual de área desmatada, ou seja, a exploração desse território é insustentável, sobretudo nas áreas em que a capacidade de suporte é muito baixa a baixa onde se mostrou de intensidade mediana (nível 2).

Os outros cinco sistemas ambientais foram considerados sustentáveis, mas variaram entre as classes de 1 a 4. Sendo o que o reverso superior foi o único que se apresentou em nível de intensidade 4, portanto, podendo – se ampliar a capacidade produtiva desde que sejam considerados os padrões de sustentabilidade.

A superfície aplainada e os vales fluviais também tiveram bons resultados. Com sustentabilidade nível 3, ambos os sistemas são possíveis de alavancar sua produtividade, mas tendo maior atenção a adoção de ações sustentáveis.

O reverso inferior e a planície fluvial foram os sistemas cujo planejamento deve estar pautado num processo de uso e exploração dos recursos naturais de alto controle, sobretudo daquelas atividades que sugere o desmatamento de grandes áreas. Sendo, portanto, necessário considerar as limitações do ambiente. Especialmente as áreas cuja capacidade de suporte é muito baixa e baixa, em que as atividades realizadas não surtam efeitos negativos consideráveis sobre o meio ambiente, e que, portanto devem prevalecer aquelas atividades menos impactantes, ou que detenham planejamento adequado considerando ações de desenvolvimento sustentável.

Mapa 10- Índice do estado ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio São Nicolau