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Capítulo 4 discorre sobre os aspectos geoambientais e o levantamento socioeconômico dos

E, no Capítulo 7 são elencadas as considerações finais sobre a situação em termos de vulnerabilidade da BH, além de ressaltar a importância de ações com vistas ao

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 Uso e cobertura da BHSN e ambientes degradados.

4.2.3 Aspectos socioeconômicos e impactos no baixo curso.

As condições socioeconômicas da região do baixo curso inteiram com os municípios de São Miguel do Tapuio, São João da Serra que possui uma margem muito pequena de seu território inserida nessa parte, cerca de 2%, e, conforme censo do IBGE 2010, a população do município era de 6.157 pessoas, com densidade demográfica de 6,12 hab./km². Não há dados socioeconômicos evidentes incluídos nesta área.

Santa Cruz dos Milagres é o município com 176,15km2 de seu território dentro da bacia. Uma faixa de 448,79km2 ocupa também o médio curso da bacia, estando o restante completando a extensão do baixo curso onde se encontra a sede deste município.

Este município tem uma população estimada de 3.940 habitantes. O IDH é de 0,556, com PIB de R$ 5.373,16 e densidade demográfica de 3,48. A atividade econômica predominante também se resume à agropecuária. O rebanho efetivo totalizou 39.374 cabeças dentre bovinos, suínos, equinos, ovinos, caprinos e galináceos. A produção em destaque foi novamente a de leite de vaca, com aproximadamente 68 mil litros e, uma produção de ovos com cerca de 6mil dúzias em 2015.

Alguns povoados e distritos do município se destacam na produção agropecuária como é o caso dos povoados Alto Alegre, Vista Alegre, Várzea de Palha e o distrito de Serra Negra, sendo este último localizado na região do médio curso. São exemplos de aglomerados urbanos em meio a grandes vazios demográficos no limite da bacia.

A lavoura permanente há destaque na produção da castanha de caju com 63 toneladas em 700 hectares de terras. Já a lavoura temporária, a produção de milho é bastante acentuada com 231 toneladas em grãos produzidos em 550 hectares de terras. O baixo curso tem potencial para a piscicultura, turismo e agricultura.

É importante destacar que na sede de Santa Cruz dos Milagres se sobressai o que se denominou de turismo religioso. Essa atividade ajuda a fomentar a economia local, e está ainda em significativo crescimento. Com isso, investimentos em infraestrutura foram priorizados para aquela região nos últimos anos. Nesse meio, o rio São Nicolau apresenta-se como um atrativo turístico a todos que visitam a cidade (Figura 48).

Figura 48- Rio São Nicolau em Santa Cruz dos Milagres o qual serve de atrativo de lazer para os visitantes.

Fonte: Santiago, 2016.

Santa Cruz dos Milagres é considerada a cidade com a maior romaria do Piauí e a terceira maior do Nordeste chegando recebendo mais de 50 mil romeiros por ano (figura 49). As romarias ocorrem em três períodos do ano. Porém é percebível que a cidade ainda não possui uma infraestrutura de suporte adequada, uma vez que, nos períodos de festividades a maioria das pessoas se aloja em terrenos baldios e próximos aos pontos de visitação como a igreja matriz, pois as pousadas, hotéis e alojamentos populares para os romeiros ainda são insuficientes para a grande demanda (SANTIAGO, 2014).

Figura 49- Pessoas no período festivo se aglomerando nas proximidades da igreja em Santa Cruz dos Milagres.

Entretanto, com o crescimento da romaria e a valorização do local algumas transformações espaciais puderam ser notadas, isso por conta dos investimentos em infraestruturas visando o desenvolvimento da economia local com base no turismo da região (SANTIAGO, 2014).

Dentre os investimentos destaca-se a construção da orla de São Nicolau, a Barragem dos Milagres no rio São Nicolau, em andamento, que prevê capacidade de 492hm3 para fins de abastecimento hídrico e controle de vazão para evitar alagamentos nas cidades à jusante da barragem, algo muito frequente no período chuvoso.

A montante da barragem, além de favorecer o aproveitamento hidroagrícola em torno do lago formado, também poderá contribuir com as atividades de piscicultura e de lazer. Isso também contribuirá para o levantamento de dados referentes à possível implantação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) nessa região (IDEPI, 2006).

Também foi inaugurado em 2016 o novo santuário, com capacidade para 3mil pessoas (figura 50). Com a inauguração do novo santuário ocorrido em 2016 e aumento nos investimentos e melhorias para a recepção de visitantes, de pavimentação de ruas e vias de acesso à cidade, há uma forte tendência para o aumento de visitantes na cidade. Consequentemente, a pressão sobre os recursos ali disponíveis acaba sendo ainda maior.

Figura 50- novo santuário construído para comportar o grande número de fiéis em Santa Cruz dos Milagres.

Fonte: Santiago, 2018.

É percebível que a economia local gira em torno da atividade turística, entretanto, muitos problemas são perceptíveis também na região de Santa Cruz dos Milagres. O turismo

de forma direta ou indiretamente influencia no cotidiano das pessoas trazendo benefícios como movimentação da economia local, mas também promove muitos impactos negativos.

Com o turismo religioso, o número de pessoas aumenta consideravelmente em três épocas do ano em que são realizados os festejos da cidade. A economia circula com o aumento de clientes nas pousadas, nos restaurantes e etc. Um dos pontos de maior pressão no meio ambiente é nas margens do rio São Nicolau o qual a população, romeiros e visitantes utiliza-se do mesmo para fins de lazer e entretenimento. Nos fins de semana e períodos festivos o número de pessoas se usufruindo do local chega a ser 10 vezes maior que no período normal, é nesse local onde se encontra maior parte dos bares e restaurantes.

Em meio a tanto, e as outras atividades atuantes, uma série de problemas já é visível no baixo curso, saneamento ambiental, drenagem urbana, falta d’água e energia durante a alta temporada reflete a infraestrutura insuficiente para atender a demanda e resulta em impactos ambientais consideráveis (SANTIAGO, 2014).

Existem, com a concentração de pessoas, ônibus, carros, feiras entre outros, com maior pressão no ambiente refletido na poluição sonora e do ar, no aumento de resíduos sólidos. Sendo perceptível em todos os pontos de visitação, o destaque maior é a poluição às margens do São Nicolau, os banhistas costumam frequentar os bares que ocupam toda a margem esquerda do rio.

Além disso, edificações improvisadas são construídas no leito do rio, mais precisamente na estação seca, momento em que não há fortes correntezas, o que torna propício a permanência do turista usufruir desse espaço, que não é conveniente, visto que os resíduos produzidos são jogados diretamente no rio (figura 51).

Isso, certamente contribui para a poluição e degradação do ambiente nessa região do baixo curso, assim como mostrou Santiago (2014) em seu estudo da região. A qualidade da água também é comprometida nessa região, tanto pela presença de resíduos sólidos próximos ao rio, quanto pela intensidade maior de chuvas nessa região pois possibilita maior escoamento superficial e a infiltração das águas levando possíveis poluentes.

Figura 51- Infraestrutura colocada nas proximidades e dentro do rio, como bares e restaurantes que costumam receber grande número de visitantes.

Fonte: Santiago, 2016.

Conforme Santiago (2014) existe ainda nessa região degradação dos solos agrícolas, derivado do uso inadequado das terras e pisoteio excessivo de animais criados no regime de pecuária extensiva, poluição das águas superficiais através da utilização do curso para despejo de resíduos, as queimadas e retiradas excessivas de vegetação pela extração de madeiras. A presença de lixo é perceptível em todos os locais visitados.

Diante disso, é notório que muitas das implicações provenientes das atividades desenvolvidas são ocasionadas, em muitos casos, pela falta de planejamento adequado e o devido gerenciamento. Os impactos negativos observados por toda a bacia não chega a ser demasiado se comparado a outras regiões mais populosas, porém, em longo prazo, problemas como, por exemplo, a perda constante e excessiva de solo produtivo por meio da erosão pode acarretar o abandono das terras aumentando o risco de degradação e gerando problemas de cunho social e econômico, uma vez que, não se teria como gerar renda, já que a agropecuária, o extrativismo vegetal, são as atividades predominantes na BHSN.

O quadro 13 mostra uma síntese da realidade socioeconômica de toda a bacia hidrográfica do rio São Nicolau com base nos dados coletados dos municípios, comunidades, distritos e povoados inclusos na mesma.

Quadro 13- Síntese das condições socioeconômicas dos municípios incluídos na BHSN e comprometimentos das atividades na qualidade ambiental da bacia. Municípios Superfície na bacia Dimensão territorial total (km²) População total e gênero Sedes Distritos municipais Principais localidades, assentamentos e comunidades.

Principais atividades socioeconômicas Impactos (manual de impactos - BNB)

Km2 % Assunção do Piauí 1.483, 5 28,53 1.690,703 7.703 Assunção do Piauí

Baixa Verde  Lajeado Branco

 Assentamento Baixa Verde

 Serrinha

 Centro do Meio

 Cacimba Grande

 Comunidade quilombola Sítio Velho

Cultivos temporários: arroz, feijão e milho; permanentes: castanha do caju.

Extração vegetal: cera de carnaúba e madeira. Pecuária.

Produção de energia eólica. Potencial: geoturismo

Contaminação dos solos e das águas superficiais e subterrâneas por agrotóxicos, fertilizantes e por resíduos sólidos;

Redução da diversidade de espécies da fauna e flora;

Erosão, compactação, redução da fertilidade do solo, salinidade e desertificação de áreas;

Aumento da utilização e necessidade de abastecimento d’água potável;

Aumento da demanda de energia elétrica e trafego de veículos;

Necessidade de obras de infraestrutura;

Aumento sazonal da população;

Mudanças na forma de exploração do comercio;

Perturbação aos animais.

Diminuição da qualidade da água dos poços e mananciais da bacia.

H 3.825 M 3.678 São Miguel do Tapuio 2.887, 74 53,58 5.207,016 17.604 ___ Mata Escura Brejo da Onça Brejo Grande  Frozinha  Coqueiro  Morada Nova  Jenipapeiro  Saco do angico  Povoado Mendes  Povoado Jenipapeiro

 Comunidade São Nicolau

 Comunidade quilombola Macacos

Cultivos temporários: arroz, feijão e milho; Lavouras permanentes: castanha do caju. Extração vegetal: cera de carnaúba e madeira. Pecuária. H 9.219 M 8.915 Santa Cruz dos Milagres 624,93 9 11,62 979,657 3.940 Santa Cruz dos Milagres

Serra Negra  Pripiri

 Alto Alegre

 Vista Alegre

 Várzea de Palha

Cultivos temporários: arroz, feijão e milho; Cultivos permanentes: castanha do caju. Extração vegetal: cera de carnaúba e madeira. Pecuária.

Turismo religioso e de lazer H

1.884

M 1.910

Pimenteiras 144,54 2, 69 4.563 11.925 ___ ____  Fazendas Pecuária;

Cultivos temporários: arroz, feijão e milho; Cultivos permanentes: banana, castanha do caju, coco da baía; Extração vegetal: cera de carnaúba e madeira; H 5.998 M 5.735 Aroazes 235,25 2 4,37 817 5.755 ___ ___  Povoado Boqueirão  Fazendas

Produção de mel de abelha; piscicultura; Cultivos temporários: arroz, feijão e milho; Pecuária. H 2.863 M 2.916 São João Da Serra 17,584 0,33 1.006,500 6.157 ___ ___  Fazendas Caprinocultura H 3.012 M 3.145 Fonte: Santiago, 2017.

O mapa 7 mostra as formas de uso e cobertura da terra na bacia conforme os dados primários e supervisão de campo. Destaca ainda a cobertura vegetal predominante em cada setor, de modo a compreender a sua conservação.

A dinâmica natural proporciona a cada sistema ambiental a constante busca pelo equilíbrio. A compartimentação dos sistemas permite um estudo integrado e a compreensão dessa dinâmica, conforme suas particularidades possibilita uma visão mais compreensiva também da interferência antrópica nesse ambiente.

Não obstante, a não compreensão das limitações do ambiente a determinadas atividades, permite a quebra constante do equilíbrio e a diminuição do poder de resiliência dos sistemas, tornando-os mais vulneráveis as intempéries. Com isso, áreas degradadas e consequentemente, abandonadas na região da BHSN, são mais frequentes com o passar dos anos, conforme se observa nos estudos relacionados à dinâmica e as condições ambientais da bacia realizados entre os anos de 2012 e 2018.

Tendo em vista o diagnóstico geoambiental da área, a síntese das características por cada um dos sistemas ambientais identificados na bacia está apresentada no quadro 14, com informações inerentes as características geológicas, geomorfológicas, hidrográficas, climáticas, pedológicas, de vegetação acrescidos das formas de uso e cobertura para cada um deles cuja delimitação dos mesmos se deu com base na geomorfologia da bacia.

Mapa 7- Uso e cobertura da Bacia Hidrográfica do Rio São Nicolau

Quadro 14- Caracterização dos Sistemas Ambientais da BHSN.

SISTEMAS

AMBIENTAIS REVERSO

SUPERIOR

REVERSO MÉDIO REVERSO

INFERIOR

VALES FLUVIAIS SUPERFÍCIE

APLAINADA