4.3 Índices de transporte da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
4.3.1 Índice Nacional de Variação de Custos do Transporte Rodoviário de Carga
No âmbito brasileiro, a Associação Nacional do Transporte Rodoviário de Carga (NTC), no final dos anos 70, iniciou estudos para a construção de um índice que considerava os custos envolvidos no transporte rodoviário de cargas no País. Em 1979 surgiu o Índice Nacional de Variação de Custos do Transporte Rodoviário de Carga (INCT). A metodologia, a pesquisa de campo e a elaboração do índice ficavam a cargo do Departamento Técnico da NTC.
De acordo com Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe, 2001), no ano de 1993, tal Fundação foi contratada pela NTC para assumir a elaboração do índice e, posteriormente, para revisar amplamente sua metodologia42. Em 1999, em vista das
42 Segundo a FGV (1984), a revista Conjuntura Econômica passou a publicar, em 1984, o índice chamado na ocasião de “Índice Nacional de Preços de Transporte (INPT)”, apurado pela Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas (NTC). O objetivo era acompanhar as defasagens entre as tarifas controladas pelo Governo e o preço de um “tarifa técnica ideal”, representada pelo INPT. O índice era calculado para cinco diferentes distâncias, para o transporte rodoviário de carga comum fracionada. Importante ressaltar que o INPT era formado pela relação entre o frete técnico calculado (custo + lucro) da carga e a tarifa estipulada pelo Governo em um determinado mês.
sensíveis mudanças verificadas na economia brasileira a partir de meados daquela década, foi necessária outra revisão metodológica, que resultou no desmembramento do antigo INTC e na criação de três índices, sendo um deles (o INCTA) composto pelos outros dois (o INCTR e o INCTCE ).
O Índice Nacional de Variação de Custos do Transporte Rodoviário de Carga Ampliado (INCTA) é um índice mensal que apura, em âmbito nacional, a variação dos custos - fixos, variáveis e despesas indiretas - do transporte rodoviário de carga para várias classes de distância. Publicado desde abril de 2000, representa a continuação do INCT e é formado pelo INCTR, que trata da variação dos custos do percurso rodoviário, e também pelo INCTCE , que representa a variação dos custos de coleta ou entrega.
Matematicamente:
INTCA = INCTR + INCTCE (40)
Uma observação que se faz necessária é que a classe de distância média considerada para o cálculo do índice ampliado é de 750 a 800 km para o INCTR e de 31 a 40 km para o INCTCE.
A ponderação do índice, segundo a Fipe (2001), foi baseada em um questionário aplicado a 32 empresas (pequenas, médias e grandes) de transporte rodoviário de cargas do país. Por meio das informações obtidas e apoiando-se em métodos estatísticos, calculou-se a estrutura média de custos das empresas do setor.
Assim, definiram-se quais seriam os parâmetros usados para calcular o INCTR e o INCTCE. Esses parâmetros são: horas trabalhadas; capacidade efetiva média do veículo rodoviário e do veículo de coleta ou carga; tempo de carga/descarga; velocidade média; tonelagem expedida; vida útil do veículo representativo; vida útil da carroçaria; vida útil do pneu; quilometragem média mensal percorrida; rendimento do combustível; quilometragem de troca de óleo do cárter; quilometragem de troca de óleo do câmbio diferencial; despesas administrativas e de terminais (DAT); e gerenciamento de riscos (GRIS).
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O levantamento dos preços dos insumos (pesquisas de campo) é realizado na terceira semana de cada mês (durante cinco dias úteis). Sempre que possível, simula-se a compra do produto para tentar obter o valor mais condizente com o mercado em vigor.
Os locais de coleta de preço não são fixos (técnica de rotação de amostras), sendo que o tamanho da amostra e sua composição variam mensalmente43. A seleção dos locais é aleatória, enquanto a definição do tamanho da amostra baseia-se na análise do desvio-padrão e do coeficiente de variação do preço de cada item (a partir da pesquisa anterior ou de um monitoramento feito por telefone). Os dados obtidos passam por testes de consistência e as informações discrepantes são desconsideradas, para evitar o viés das estimativas.
Quanto à metodologia, as fórmulas dos dois índices que compõem o INCTA são do tipo “Laspeyres Modificado”, com pesos variáveis e quantidades fixas. A obtenção dos índices se dá pela comparação do valor do frete-peso rodoviário por tonelada em determinado percurso em um mês frente ao anterior.
Na Figura 8 apresenta-se a evolução do INCTa mensal para o período de janeiro de 2000 a junho de 2002, para três faixas de distância selecionadas.
Figura 8 – Evolução do INCTA mensal entre janeiro de 2000 e junho de 2002. Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe (2002)
43 Para a Fipe (2001), isso reduz a probabilidade dos informantes se recusarem a fornecer os dados, já que o intervalo entre as solicitações de preços é maior do que na pesquisa contínua/regular. Além disso, muitos mercados de insumos são oligopolistas, ou os estabelecimentos são pequenos e os informantes, os próprios donos. A rotação de amostras também facilita a técnica de simulação de compra.
-1,00 -0,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
jan/00 mar/00 mai/00 jul/00 set/00 nov/00 jan/01 mar/01 mai/01 jul/01 set/01 nov/01 jan/02 mar/02 mai/02
'Variação Mensal do INCTa
Observa-se que há significativas variações em determinados meses. Além disso, de um modo geral, tem-se que os impactos são maiores (tanto nos picos quanto nos vales) para as rotas de maiores distâncias.
4.3.1.1 INCTR
Segundo a Fipe (2002), o frete-peso é definido para um veículo padrão representativo da frota da maioria das transportadoras que compuseram a amostra, em 1999. É calculado para 50 classes de percurso, sendo a menor de 1 a 50 km, a média, de 751 a 800 km e a maior, de 5801 a 6000 km.
A fórmula geral do INCTR (dado em R$/t) é:
( )
[
+ +]
+ = 100 1 FR L DI BX A (41)onde, FR é o “frete-peso” rodoviário (R$/t); A é o custo de espera durante a carga e descarga (R$/t); B é o custo de transferência (R$/t.km); X é a distância da viagem (km); DI são as despesas indiretas (R$/t); e L é o lucro operacional (%).
Por sua vez, para o cálculo do custo de espera durante a carga e descarga (A), são utilizadas variáveis como o custo fixo (CF, dado em R$/mês), o número de horas trabalhadas por mês (H, dado em horas), o tempo de carga e descarga (T, também em horas) e a capacidade efetiva média do veículo (CAP, em toneladas). O custo de transferência (B) envolve CF, CAP, H, além da velocidade média do veículo (V, dada em km/h) e do custo variável (CV, dado em R$/km).
Já as despesas indiretas (DI) correspondem aos gastos com despesas administrativas e de terminais (DAT, em R$/mês), com gerenciamento de riscos (GRIS, em R$/mês), além da tonelagem expedida por mês (TEXP, em t/mês) e do coeficiente de uso dos terminais (C). As fórmulas dessas passagens não são de relevância para este trabalho e por isso apenas seus componentes foram citados.
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Para completar, ressalta-se que o custo fixo (CF) equivale à soma de itens como remuneração de capital, salário do motorista e do pessoal de oficina, reposição do veículo e do equipamento, licenciamento, seguro de responsabilidade civil facultativa e seguro do veículo e do equipamento. Os custos variáveis são a soma dos gastos com peças, acessórios e material de manutenção, combustível, lubrificantes, lavagens, graxas, pneus e recauchutagens.
4.3.1.2 INCTCE
Para o INCTCE também se considera um veículo representativo da frota amostrada. Na fórmula desse índice, contudo, não são incluídas as despesas com DAT, já computadas no INCTR. Os fretes-peso são calculados para 12 classes de percurso de coleta ou entrega, sendo a menor classe de 1 a 10 km, a média, de 31 a 40 km e a maior, de 101 a 120 km.
A fórmula geral do INCTCE (dado em R$/t) é:
+ + + = 100 1 L T E X P GRIS B X A F CE CE (42)
onde FCE é o “frete-peso” de coleta ou entrega (R$/t); A é o custo de espera durante a carga e descarga no cliente (R$/t); B é custo de transferência no percurso de coleta ou entrega (R$/TKM); X é a distância da viagem (km); GRIS são as despesas com gerenciamento de riscos (R$/mês); TEXPCE equivale à tonelagem expedida de coleta da tonelagem de lotação (t); e L é o lucro operacional (%). As fórmulas para o cálculo de A, B, custos fixos e variáveis, no INCTCE, são as mesmas do INCTR.
4.3.2 Índice de Custos do Transporte Coletivo Urbano Sobre Rodas (ICTU-