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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3 PARÂMETROS DE IRRADIAÇÃO

4.4.1 Índice volumétrico de kerma ar (Cvol) em exames de abdômen

Os valores de Cvol para exames de rotina de abdômen, realizados em adultos, estão apresentados no APÊNDICE B. A Figura 44 apresenta a distribuição do índice volumétrico de kerma ar para todas as instituições participantes do estudo, na forma de diagrama Box & Whiskers. Nesta distribuição pode-se observar alguns pontos fora do intervalo do diagrama, representando exames cujo Cvol ultrapassou os valores comumente utilizados pela instituição.

Figura 44 - Diagrama de Box & Whiskers mostrando os valores médios e variações do índice de kerma ar (Cvol) para exames de abdômen.

Os principais fatores observados durante o estudo, responsáveis por um Cvol fora dos valores normalmente esperados para este tipo de exame, consistem na seleção de parâmetros não condizentes com as recomendações internacionais e na repetição de aquisições, para alteração de parâmetros ou comprimento de varredura. A Figura 45 mostra o relatório de dose de um exame adquirido pela instituição i24 com parâmetros não otimizados, utilizando um valor de corrente da ordem de 500 mA e pitch menor que a unidade, resultando em um Cvol de 34,16 mGy.

Figura 45 - Relatório de dose de exame de abdômen realizado pela instituição i24.

Para exemplificar casos de repetição de aquisições, a Figura 46 apresenta o relatório de dose para um exame realizado pela instituição i2, único equipamento de 4 canais a participar do estudo, onde observa-se uma repetição das aquisições utilizando o mesmo intervalo de varredura, o que resultou em um Cvol quatro vezes maior que o esperado, atingindo 55,96mGy. O mesmo acontece com o exame realizado pela instituição i22, que atingiu 34,37mGy.

Figura 46 - Exemplos de relatórios de doses constando repetições de aquisições. Figura (a): Instituição i2; Figura (b): Instituição i22.

Outro ponto a destacar-se consiste na aquisição de uma região anatómica menor que a requisitada para análise das estruturas e laudo médico, sendo necessária a complementação do exame em questão, levando a uma exposição maior que esperada para o estudo. A Figura 47 exemplifica este tipo de prática, apresentando o relatório de dose fornecido ao término de um exame realizado pela instituição i24.

Figura 47 - Relatório de dose de exame de abdômen realizado pela instituição i24.

Estudo realizado pela Agência Internacional de Energia Atômica aponta os valores médios do índice volumétrico de kerma ar para alguns países, como demonstrado na Tabela 22. Observa- se que a Grécia apresenta o maior valor médio, com um Cvol de 19,50 mGy, seguida pela Polônia, Canadá e Índia. A Tailândia e o Reino Unido apresentam os menores valores para o índice volumétrico de kerma ar, equivalente a 9,50 mGy (IAEA, 2009).

Tabela 22 - Valores do índice volumétrico de kerma ar (Cvol) médio para exames de abdômen em

alguns países, de acordo com estudo da Agência Internacional de Energia Atômica.

País Amostra Cvol (mGy)

DLP (mGy.cm) Canadá 43 14,40 696 Grécia 54 19,50 740 Índia 51 12,60 459 Polônia 54 15,80 550 Tailândia 66 9,50 402 Reino Unido 25 9,50 446 (IAEA, 2009) – modificado.

A Comissão Europeia indica, para equipamentos de 4 e 16 canais, valores de Cvol abaixo de 15mGy para exames de abdômen de propósito geral, mantendo-se abaixo de 25mGy em casos específicos de estudos do fígado, baço, pâncreas e glândulas suprarrenais (BONGARTZ et al., 2004). Em contrapartida, o Reino Unido indica, em seu Diagnostic Reference Levels (DRLs) para equipamentos multislice, índices de Cvol de 14mGy para exames de abdômen realizados em adultos (IPEM, 2004).

Na Figura 48 observa-se o índice médio de kerma ar (Cvol) para todas as instituições participantes do estudo. Estabelecendo uma linha de referência em 14mGy, de acordo com as DLRs do Reino Unido para equipamentos multislices, observa-se que dez instituições que ultrapassam este valor: i2, i6, i13, i14, i20, i23, i24, i26, i29 e i31.

Figura 48 - Índice volumétrico médio de kerma ar (Cvol) em exames de abdômen, para todas as

instituições participantes do estudo.

Na Tabela 23 pode-se observar as dez instituições que ultrapassam as recomendações (DRLs) do Reino Unido quanto ao índice volumétrico de kerma ar, bem como os modelos dos equipamentos e seus anos de instalação.

0 5 10 15 20 25 30 35 40

i1 i3 i5 i7 i9 i11 i13 i15 i17 i19 i21 i23 i25 i27 i29 i31

C vol ( m Gy ) Instituições

Tabela 23 - Instituições que ultrapassam as recomendações (DRLs) do Reino Unido quanto ao índice volumétrico de kerma ar em exames de abdômen.

Estado Tipo Instituição Cvol médio (mGy) Modelo do Equipamento Número de Canais Ano de Instalação PE Prv i2 17.52 LightSpeed QXi 4 2012 RN Prv i6 20.25 LightSpeed PRO 16 2006

GO Prv i13 20.24 LightSpeed PRO 16 2011

GO Prv i14 14.88 Brivo 385 16 2016

SP Prv i20 16.36 Optima 660 64 2016

ES Prv i23 14.83 LightSpeed VCT 64 2007

RJ Prv i24 34.64 LightSpeed VCT 64 2017

RJ Prv i26 16.24 LightSpeed PRO 16 2006

RS Pub i29 24.64 Optima 520 16 2016

SC Prv i31 16.39 Revolution EVO 64 2018

* Prv: instituição privada; Pub: instituição pública.

Analisando apenas as instituições que operam com equipamentos de 16 canais, observa-se na Figura 49 que os equipamentos do modelo LightSpeed PRO apresentaram os maiores valores médios de Cvol, com exceção da instituição i29 que opera com o modelo Optima 520 e apresentou o maior valor médio dentre todos os sistemas analisados, equivalente a 26,64 mGy. Destaca-se que a instituição i29 opera com o mesmo modelo de equipamento da instituição i21, que possui o terceiro menor valor médio de Cvol, de 7,60 mGy.

Figura 49 - Diagrama de Box & Whiskers mostrando os valores médios e variações do índice de kerma ar (Cvol) para exames de abdômen realizados em equipamentos de 16 canais.

A instituição i14 destaca-se por operar com o modelo Brivo 385, o mesmo encontrado em outras 6 instituições, porém com um valor médio de Cvol de 14,89 mGy, quase o dobro do valor encontrado como valor médio para a instituição i19, de 7,46 mGy, que também opera com este modelo de equipamento e apresenta o segundo menor valor médio. A instituição i10 apresenta o menor valor médio para o índice volumétrico de kerma no ar, de 7,34 mGy, operando com o modelo Revolution ACT.

Com relação às instituições que operam com equipamentos de 64 canais, apresentadas na Figura 50, destaca-se a instituição i24, que opera com o modelo LightSpeed VCT, cujo valor médio do Cvol foi de 34,64 mGy, bastante acima das recomendações internacionais. O equipamento apresentou repetições de exames em 50% dos dados coletados, chegando a atingir 67,13 mGy em

um dos exames, como pode ser visto no relatório de dose mostrado na Figura 51 utilizando uma corrente (mA) de 708 mA em uma das aquisições.

Figura 50 - Diagrama de Box & Whiskers mostrando os valores médios e variações do índice de kerma ar (Cvol) para exames de abdômen realizados em equipamentos de 64 canais.

A instituição i31 também se destaca por apresentar o segundo maior valor médio de Cvol, de 16,39 mGy, apesar de operar com o equipamento modelo Revolution EVO, o mais moderno dentre os modelos participantes do estudo. Em contrapartida, a instituição i17, que também opera com este mesmo modelo de equipamento, apresentou o menor valor médio de Cvol, de 6,60 mGy, dentre todos os equipamentos participantes do estudo, independentemente do número de canais.

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