• Nenhum resultado encontrado

S ÍNTESE DOS ASPECTOS RELEVANTES DA LEGISLAÇÃO COMUNITÁRIA , INTERNACIONAL E NACIONAL

No documento UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA (páginas 71-74)

Change – UNFCCC) – Conferência de Copenhaga

2.5. S ÍNTESE DOS ASPECTOS RELEVANTES DA LEGISLAÇÃO COMUNITÁRIA , INTERNACIONAL E NACIONAL

A revisão da legislação incidiu nos diplomas relacionados com o estudo em questão, nomeadamente as operações de reciclagem, os resíduos sólidos e as embalagens.

As políticas em matéria de ambiente a nível internacional, comunitário e nacional visam a protecção global do ambiente. Pretendem dissociar o crescimento económico e a utilização dos recursos da degradação ambiental.

A Estratégia de Desenvolvimento Sustentável (Conselho Europeu de Gotemburgo de Junho de 2001, [COM (2001) 264 final], revista e adoptada no Conselho Europeu de 16 de Junho de 2006) reafirma o objectivo geral de alcançar a melhoria contínua da qualidade de vida e o bem-estar do planeta para as gerações presentes e futuras, através da criação de comunidades sustentáveis capazes de gerir e utilizar os recursos eficazmente e extrair o potencial de inovação ecológica e social da economia, garantindo prosperidade, protecção ambiental e coesão social. Esta estratégia explicitamente visa aumentar a eficiência do uso de recursos por “aplicação do conceito de ciclo de vida e promoção da reutilização e reciclagem”. Esta estratégia da União Europeia insere-se numa iniciativa global, iniciada em 1992 com a Cimeira da Terra (Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento – CNUAD). A Agenda 21, adoptada na CNUAD, incentivou os Estados a adoptarem estratégias nacionais. Assim, em 2006 Portugal adoptou a “Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável – ENDS 2015” (ENDS).

A iniciativa 3R pretende promover o princípio dos “3Rs” (reduzir, reutilizar e reciclar) globalmente, de modo a construir uma sociedade uníssona em relação ao ciclo dos materiais, através da utilização eficaz dos recursos e dos materiais. A referida iniciativa foi acordada na Cimeira do G8, realizada em Sea Island em Junho de 2004 (Reunião dos Ministros do Ambiente do G8, Kobe, 2008).

No âmbito do sexto programa comunitário de acção em matéria de ambiente [COM (2001) 31 final], a Comunidade Europeia traçou a estratégia para a utilização sustentável dos recursos naturais [COM (2005) 670], cujo objectivo é reduzir os impactes ambientais negativos provocados pela utilização dos recursos naturais (esgotamento dos recursos e poluição), respeitando simultaneamente os objectivos fixados no Conselho Europeu de Lisboa em matéria de crescimento económico e de emprego. Esta estratégia visa o investimento na prevenção quantitativa e qualitativa.

Outra das estratégias é a de prevenção e reciclagem de resíduos [COM (2005) 666], a qual contempla orientações e estabelece medidas para reduzir as pressões ambientais decorrentes da produção e da gestão de resíduos. Os principais eixos da estratégia incidem numa alteração da legislação, com vista a reforçar a sua aplicação, na prevenção da produção de resíduos e na promoção de uma reciclagem eficaz. A reciclagem reduz a procura de matérias-primas, levando a uma redução na extracção de recursos (Eurostat, 2009). O objectivo da estratégia é reduzir os impactes ambientais negativos gerados pelos resíduos ao longo do seu ciclo de vida, desde que são produzidos até à sua eliminação, passando pela reciclagem. Os resíduos representam uma perda considerável de recursos tanto na forma de materiais como de energia. A abordagem desta estratégia é considerar cada resíduo, não apenas como uma fonte de poluição a reduzir, mas também como um recurso potencial a explorar. Esta abordagem, baseada no ciclo de vida dos produtos e dos resíduos, implica o reforço dos conhecimentos sobre o impacte da utilização dos recursos na produção e gestão de resíduos, além de recorrer de forma mais sistemática a projecções e modelizações. Embora preveja a redução da produção de resíduos, esta estratégia não inclui qualquer objectivo quantitativo global nesta área pois este tipo de objectivos não conduz necessariamente a melhorias ambientais.

O consumo crescente de embalagens levou à emissão de legislação, a Directiva 94/62/CE (transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nº 366-A/97, alterado pelo DL nº 162/2000), revista pela Directiva 2004/12/CE (transposta para o direito nacional pelo DL nº 92/2006), com a finalidade de prevenir a produção de resíduos, fomentar a reutilização de embalagens usadas, a reciclagem e outras formas de valorização de resíduos de

embalagens e consequentemente redução da sua eliminação final. É indispensável que as embalagens sejam concebidas de forma a facilitar a reciclagem e outras formas de eliminação ambientalmente adequadas. Por outro lado, é também indispensável favorecer a utilização de materiais provenientes da reciclagem de embalagens (DL nº 366-A/97). A Directiva Embalagens (Directivas 94/62/CE e 2004/12/CE) contribuiu para a redução do impacte ambiental da utilização dos recursos naturais através da prevenção, reutilização e reciclagem de embalagens. Criou também um quadro económico mais estável para a recolha separada de resíduos de embalagens e sua reciclagem e valorização. Desta forma, gerou oportunidades comerciais e uma série de novos empregos, [SEC (2006) 1579].

Tal como concluído no relatório da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu, sobre a aplicação da Directiva 94/62/CE relativa a embalagens e resíduos de embalagens e seu impacte no ambiente, bem como sobre o funcionamento do mercado interno [SEC (2006) 1579], a reciclagem de embalagens teve efeitos ambientais positivos, incluindo a poupança de recursos e a redução de emissões de gases com efeito de estufa. Os custos da reciclagem de embalagens são de uma ordem de grandeza idêntica à das alternativas mais eficientes em termos de custos para a redução das emissões de CO2 e de outros impactes ambientais. A Comissão considera que os objectivos de reciclagem e valorização constantes da Directiva Embalagens são actualmente os melhores e devem permanecer estáveis a fim de permitir a todos os Estados-Membros atingir esses objectivos. Progressos substanciais no domínio da prevenção só poderão ser conseguidos mediante a aplicação de medidas adaptadas às condições específicas em que os produtos embalados são comercializados, como, por exemplo, os padrões de consumo e de distribuição.

A política integrada relativa aos produtos, IPP (Livro Verde, [COM (2001) 68]) prevê que a concepção ecológica deve ser promovida junto dos industriais com vista a que os produtos colocados no mercado respeitem mais o ambiente. O Livro Verde considera a educação dos consumidores e das empresas, uma das principais formas de aumentar a procura de produtos que respeitam o ambiente e de tornar o consumo mais ecológico. Para desenvolver a concepção ecológica dos produtos é necessário produzir e publicar informações sobre o impacte ambiental dos produtos ao longo de todo o seu ciclo de vida. Tal passa por uma estratégia global de integração do ambiente no processo de concepção. A legislação comunitária pretende a integração da prevenção dos resíduos na política integrada de produtos e na estratégia comunitária relativa às substâncias químicas [COM (2001) 31 final]. A legislação terá que evoluir no sentido de remover os obstáculos que impedem a utilização de matérias-primas recicladas [COM (98) 463].

No documento UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA (páginas 71-74)