Íon nitrato (NO 3 )

O íon nitrato começou a ser analisado a partir de janeiro de 2010. Verificou-se que todos os resultados estiveram bem abaixo do valor máximo permitido pela Resolução CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005), que determina o limite de 10,0 mg/L para águas doces, classe 1. Apesar de não ter sido feito o monitoramento durante o ciclo anual, foi observada relação direta com o aumento da pluviosidade entre os meses janeiro e abril (cheia), através do aumento gradativo das concentrações de nitrato na água dos pontos amostrais. Nos meses de maio e junho (estiagem), houve diminuição das concentrações deste íon em todas as amostras analisadas.

As concentrações máximas registradas para os córregos e a represa ocorreram em março, mês com maior índice de pluviosidade (320,6 mm). Para os tributários e represa, os valores foram 1,143 mg/L (PT2) e 1,015 mg/L (PR1), respectivamente. Observou-se que as máximas para os outros pontos ocorreram em fevereiro, mês com alto índice de chuvas (105,75 mm), confirmando a influência sazonal para este parâmetro.

Algumas observações feitas em campo relativas à represa merecem destaque, por demonstrarem a interferência antrópica na qualidade da água e possuir relação com as máximas obtidas nos pontos amostrais. As principais foram:

√ A máxima concentração de nitrato registrada para a represa (PR1) em março, coincidiu com os altos valores para cor, turbidez, DBO, PT e NT, na mesma amostra, além de baixo valor para o pH. O fato pode estar relacionado a erosões e movimentações de terra

observadas em vários locais da margem direita, à montante deste ponto amostral. A fotografia 17 demonstra apenas um dos locais onde o fato foi observado. O aporte de materiais particulados para a represa é evidente e o reflexo na qualidade da água pode ser evidenciado através dos resultados da análise dos parâmetros mencionados acima. O maior índice pluviométrico do período também foi registrado neste mês, o que agravou a situação.

Fotografia 17: Erosão e movimento de terra na margem de trás do PR1 (março de 2010).

Fonte: O autor.

√ Para o PR3, o valor máximo registrado em fevereiro para o nitrato, pode estar associado ao máximo obtido para o NT na mesma amostra, bem como altos valores para a cor, turbidez e PT. O fato pode ter relação com a queima de vegetação à margem direita da represa, ocorrida anteriormente à campanha e observada à montante deste ponto, conforme fotografia 18. O solo ficou exposto, facilitando o aporte de material alóctone para a represa, podendo ter contribuído para o incremento observado nos parâmetros citados. Esta prática é considerada crime ambiental, conforme artigo 41 da Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/1998 (BRASIL, 1998).

Fotografia 18: Ilegalidade observada: vegetação rasteira queimada à margem direita da

represa, à montante do PR3 (fevereiro de 2010).

Fonte: O autor.

Os valores mínimos de nitrato ocorreram em janeiro, sendo que para o reservatório, o resultado foi 0,1265 mg/L (PR1) e para os córregos, 0,0593 mg/L (PT2).

As médias para os pontos dos córregos e reservatório26 foram 0,498 ± 0,317 mg/L e 0,505 ± 0,309 mg/L, respectivamente. A maior média para os córregos foi 0,554 ± 0,261 mg/L (PT1) e para a represa, 0,561 ± 0,360 mg/L (PR1). O alto desvio padrão confirma a sazonalidade do nitrato para os meios estudados.

Apesar da pouca diferença significativa, os resultados das médias de cada ponto amostral do reservatório (Anexo 1) refletem a tendência geral de diminuição da concentração de nitrato presente na água, da região fluvial para a lacustre, proveniente da zonação longitudinal ao longo do mesmo.

Através das formas de nitrogênio presentes no meio aquático, pode-se associar a proximidade da fonte de poluição. Se a análise de uma amostra de água de um corpo hídrico demonstrar predominância de nitrogênio orgânico e amoniacal, significa que o foco de poluição se encontra próximo. Se prevalecerem os íons nitrito e nitrato, pode-se inferir que as descargas de esgotos se encontram distantes, pois estas são as formas finais de oxidação do nitrogênio (CETESB, 2010). Comparando os resultados referentes a este período de

26 _{Apesar de não ter sido feito o monitoramento do nitrato em dezembro de 2009, cabe ressaltar que, Pereira}

(1991) encontrou nas águas superficiais da represa, em dezembro de 1987, valores relativos a este parâmetro nas estações 4, 6 e 7 (correspondentes aos pontos PR1, PR2 e PR3), respectivamente de: 16,87, 17,18 e 16,56 µg/L. Estes resultados foram bem menores que os valores encontrados em qualquer mês monitorado em 2010.

monitoramento do nitrato com o período correspondente para o amônio (janeiro a junho de 2010), verificou-se que todos os valores de nitrato foram superiores aos de amônio em todos os pontos. Isso significa que próximo aos pontos amostrais, provavelmente não existe fonte pontual de poluição por esgotos domésticos nos corpos d‟água. Nas zonas de autodepuração natural em rios, distinguem-se as presenças de nitrogênio orgânico na zona de degradação, amoniacal na zona de decomposição ativa, nitrito na zona de recuperação e nitrato na zona de águas limpas (CETESB, 2010). O ponto de lançamento de esgotos, demonstrado na fotografia 10, à montante do PT2, não é próximo o suficiente para que o amônio prevaleça sobre o nitrato na água. Devem existir condições favoráveis no meio que promovem a oxidação do amônio a nitrato, até atingir o PT2.

Os padrões de variação espacial e temporal dos valores de nitrato, nos pontos amostrados entre janeiro e junho de 2010, podem ser visualizados através dos gráficos 23 e 24. 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20

jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10

N it ra to (m g/ L) Período de coleta PT1 PT2 PR1 PR2 PR3

Box Plot Median 25%-75% Min-Max PT1 PT2 PR1 PR2 PR3 Ponto de coleta 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 N it ra to ( m g /L )

Gráfico 24: Box plot representativo da variação espacial dos resultados de nitrato nos pontos

amostrados.