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Análise do reservatório

No documento mariamagalyheidenreichsilvabucci (páginas 129-133)

Mapa 5: Bairro Represa no Município de Juiz de Fora

5.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA) MENSAL PARA CADA

5.2.2 Análise do reservatório

Os resultados do IQA referentes ao reservatório estão demonstrados na tabela 13.

Tabela 13 – Resultados IQA reservatório

Mês Ponto IQA Classificação

dez/09 PR1 66,3 Médio jan/10 PR1 68,5 Médio fev/10 PR1 67,3 Médio mar/10 PR1 63,6 Médio abr/10 PR1 67,2 Médio mai/10 PR1 71,4 Bom jun/10 PR1 72,2 Bom dez/09 PR2 79,0 Bom jan/10 PR2 79,0 Bom fev/10 PR2 72,6 Bom mar/10 PR2 70,8 Bom abr/10 PR2 74,2 Bom mai/10 PR2 75,6 Bom jun/10 PR2 72,8 Bom dez/09 PR3 61,6 Médio jan/10 PR3 68,0 Médio fev/10 PR3 69,3 Médio mar/10 PR3 65,5 Médio abr/10 PR3 69,6 Médio mai/10 PR3 73,1 Bom jun/10 PR3 75,2 Bom

De uma maneira geral, o nível de qualidade da água da represa Dr. João Penido variou de “médio” a “bom”, sendo que o ponto localizado próximo à zona intermediária foi o que apresentou maiores valores de IQA, resultando em melhor qualidade para suas águas, se comparadas com as outras.

Ponto PR1:

Esta zona é mais susceptível à influência da qualidade das águas tributárias e, consequentemente, das águas pluviais. No período compreendido entre dezembro de 2009 e abril de 2010, as amostras apresentaram nível de qualidade classificado como “médio”,

representando 71,43% do total analisado. Neste período fica evidente a influência das águas tributárias do córrego da Grama (PT1), uma vez que os pontos são próximos.

A água esteve com qualidade classificada como “boa” em 28,57% dos resultados obtidos, correspondendo aos meses de estiagem maio e junho de 2010. Nestes meses, o pH foi próximo à neutralidade e a temperatura da água foi menor. As concentrações de nitrato também estiveram abaixo da média para este ponto amostral, contribuindo para a melhora na qualidade da água.

Ponto PR2:

Nesta zona, o nível de qualidade no período estudado foi “bom”, em 100,00 % do total de amostras analisadas. Os parâmetros de maior peso que contribuíram positivamente para esses resultados foram: bons índices de OD (exceto em dezembro, janeiro e junho) e valores de pH próximos à neutralidade (exceto em janeiro), bem como menores valores de DBO (exceto em junho).

O maior valor de IQA foi calculado em dezembro e janeiro. Os parâmetros que tiveram maior peso para este resultado foram baixos valores para a DBO e PT, sendo que o pH esteve próximo da neutralidade.

Este ponto da represa apresentou águas de melhor qualidade, se comparadas com PR1 e PR3. As fotografias 20 e 21 mostram as margens preservadas na direção e à montante do ponto amostral. Acredita-se que este fato contribuiu para a manutenção da qualidade da água nesta região.

Fotografia 20: Margem direita da represa, na direção e à montante do PR2: apesar das ocupações, possui mata densa e encontra-se preservada (março de 2010).

Fonte: O autor.

Fotografia 21: Margem esquerda da represa, na direção e à montante do PR2: não apresenta

ocupações e não possui sinais de erosões, apesar da ausência de mata ciliar (março de 2010).

Ponto PR3:

Considerando o total de amostras analisadas, o nível de qualidade da água esteve “médio” em 71,43 % dos resultados (período de dezembro de 2009 a abril de 2010) e “bom” em 28,57 % (maio e junho de 2010).

Esta deveria ser uma zona com águas de melhor qualidade (KIMMEL; LIND; PAULSON, 1990; THORNTON, 1990b), porém isso não foi observado. No estudo batimétrico realizado por Perensin (1998), foi observado que esta zona (denominada seção 1-1ª, em seu estudo) havia apresentado aumento de assoreamento em torno de 33,60 % em 11 anos, no ano de 1987. Esse fato foi justificado pela razão de ser uma área de forte agradação, ou seja, receptora de sedimentos, por se localizar próximo à barragem. Esta autora citou ainda que o assoreamento nesta região ficou a cargo dos processos que ocorrem à montante do reservatório e que a erosão das margens próximas a esta seção em quase nada contribuiu para o processo.

Assim como foi verificado para o assoreamento, acredita-se que a qualidade da água da zona próxima à barragem também sofre influência de processos que ocorrem à montante da represa, principalmente na margem direita entre o PR2 e o PR3. A forte agradação característica desta zona, citada por Perensin (1998), pode ser evidenciada através dos parâmetros sólidos totais e PT, que apresentaram as maiores médias da represa no PR3. Acredita-se também que as margens localizadas na direção do ponto de coleta PR3 não contribuíram para a deterioração das águas próximas à barragem, assim como também não favoreceram o assoreamento desta seção, conforme concluído por Perensin (1998). Na direção do PR3, apresentaram-se bem conservadas, sem sinais de erosões no período de observação, sendo que a margem direita apresenta mata densa e preservada. Acredita-se que isso não foi suficiente para a manutenção da qualidade da água nesta zona, pois os processos que interferem são oriundos da montante da represa e são agravados com o aumento da pluviosidade.

A região da margem esquerda, à jusante do PR2 e à montante do PR3, possui declividade entre 12 e 50% (Anexo 4). No entanto, apresentou-se recoberta por gramíneas e sem sinais de erosão no período observado. Acredita-se que esta declividade do terreno não influiu consideravelmente na qualidade da água do PR3.

O comportamento do PR3 foi semelhante ao PR1. No período compreendido entre dezembro e abril, a água esteve com qualidade média. Os parâmetros que tiveram maior peso nestes resultados foram altos valores de DBO e maiores temperaturas da água, bem como maiores concentrações de nitrato, exceto em dezembro, onde o parâmetro não foi analisado.

Nesse último mês, foi calculado o menor valor de IQA, sendo que neste caso, além dos fatores de influência já citados, foi registrado o valor máximo para sólidos totais no PR3, apesar de seu baixo peso no cálculo do IQA.

Em maio e junho, a qualidade da água foi boa. Contribuíram positivamente para esse resultado, os valores de pH mais próximos à neutralidade e menores valores de DBO, se comparados com os outros meses neste ponto, no período em que se calculou o IQA. As temperaturas da água também foram menores nesses meses.

De uma forma geral, nesta análise da qualidade da água, deve-se levar em conta que todo o manancial está sujeito à poluição difusa, difícil de ser detectada e mensurada. As ocupações existentes em toda a bacia hidrográfica, principalmente aquelas às margens dos corpos d‟água, podem estar contaminando as águas de diversas formas e não há estudos específicos que abordem esse assunto. Algumas evidências de degradação dos recursos hídricos foram registradas nesta dissertação, bem como algumas das consequências para os ecossistemas, como a deterioração da qualidade das águas.

5.3 ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET) MENSAL PARA CADA PONTO

A terceira proposta para avaliar a água do manancial foi calcular o IET dos pontos amostrais. Nesta abordagem, são levados em conta apenas os índices de clorofila a e PT em µg/L para avaliação do grau de trofia dos ambientes aquáticos estudados. A classificação dos corpos d‟água em lótico ou lêntico também deve ser observada, visto que as fórmulas para o cálculo do IET, apresentadas no item 3.6, são diferentes para cada ambiente.

Carlson (1977) afirma que o IET não equivale a um índice de qualidade de água. O termo qualidade está mais relacionado aos seus usos múltiplos e implica em um julgamento que deve ser separado do estado trófico.

De acordo com a CETESB (2002), são utilizadas as seguintes definições:

oligotrófico - corpos de água limpos, de baixa produtividade, em que não ocorrem interferências indesejáveis sobre os usos da água;

mesotrófico - corpos de água com produtividade intermediária, com possíveis implicações sobre a qualidade da água, mas em níveis aceitáveis, na maioria dos casos;

eutróficos - corpos de água com alta produtividade em relação às condições naturais, de baixa transparência, em geral afetados por atividades antrópicas, em que ocorrem alterações indesejáveis na qualidade da água e interferências nos seus múltiplos usos;

No documento mariamagalyheidenreichsilvabucci (páginas 129-133)