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MACRÓFITAS AQUÁTICAS

No documento mariamagalyheidenreichsilvabucci (páginas 43-45)

Mapa 5: Bairro Represa no Município de Juiz de Fora

3.5 MACRÓFITAS AQUÁTICAS

Segundo Moss (2001), o termo “macrófita” significa plantas grandes e tornou-se popular entre os cientistas que trabalham com disciplinas ligadas às águas.

Nos ambientes aquáticos tropicais, a intensidade da radiação solar e as altas temperaturas favorecem o crescimento dessas plantas aquáticas e segundo Thomaz e Bini (2003 apud BARBOSA et al., 2009), áreas alagáveis, represas e lagoas costeiras são os ecossistemas onde há maior expressividade do grupo.

Esteves (1998) afirma que dentre os diversos efeitos negativos provocados pelo represamento de cursos d'água, destaca-se o aumento explosivo das comunidades de macrófitas aquáticas. Essa alteração ambiental é provocada pela redução da turbulência da água e incremento da concentração de nutrientes. As condições climáticas favoráveis e ausência de espécies competidoras e predadoras contribuem para as altas taxas de crescimento desses vegetais, que se transformam em verdadeiras “pragas” em algumas represas.

Esses vegetais são heterogêneos, não só em relação aos grupos taxonômicos, mas também às diversas adaptações que permitem a colonização de ambientes aquáticos. Suportam desde submergências ocasionais até o hábito exclusivamente aquático, pois suas partes vegetativas exibem grandes modificações estruturais, se comparadas às plantas terrestres (Sculthorpe, 1967; Pompêo; Moschini-Carlos, 2003 apud BARBOSA et al., 2009).

Existem diversas classificações complexas para esses vegetais, porém, de acordo com Moss (2001), uma classificação simplificada é apresentada a seguir:

Macrófitas emergentes: firmemente enraizadas em solo submerso, apresentando suas bases sob as águas e seu caule, flores e folhas acima da superfície. São típicas de águas rasas (2 a 3 metros) e são mais tolerantes às secas, ocasiões em que o nível das águas atinge o nível do solo. Obtém a maior parte de seus nutrientes dos sedimentos, que são ricos em fósforo.

Macrófitas flutuantes com folhas: possuem raízes, mas suas flores e folhas boiam na superfície da água. Também são típicas de águas rasas (2 a 3 metros). Assim como as emergentes, obtém a maior parte de seus nutrientes dos sedimentos.

Macrófitas totalmente submersas: normalmente possuem raízes e quando isso ocorre, o sistema não é muito grande. As suas folhas são muito finas e bastante subdivididas, sendo bem diferentes das emergentes e das flutuantes. Isso favorece as baixas taxas de difusão de nutrientes e de dióxido de carbono no meio (Madsen; Sand-Jensen, 1991 apud MOSS, 2001). A pouca espessura das folhas contribui para aumentar a disponibilidade de energia luminosa para as mesmas. O meio ambiente submerso é sombrio devido às substâncias nele dissolvidas ou suspensas, e também à grande capacidade de absorção das águas.

Macrófitas flutuantes: ficam confinadas em locais abrigados e formam grandes tapetes embaraçados, ligados por estolões, que absorvem todos os nutrientes das águas e não dos sedimentos. Devido ao seu tamanho, competem por nutrientes com o fitoplâncton. Os tapetes formados prejudicam o desenvolvimento do plâncton pela sombra que formam e pela estagnação da coluna d‟água. A água que está sob densas camadas de espécies flutuantes torna-se anaeróbia devido à decomposição desses vegetais, principalmente em regiões de clima quente.

O padrão habitual é que uma zona de plantas emergentes ocupe a região entre a terra seca e as águas rasas e, os outros tipos de plantas ocupem progressivamente a região entre as plantas emergentes e as águas profundas, onde predominam as espécies submersas (MOSS, 2001).

Quando a eutrofização aumenta nos locais onde se desenvolvem plantas submersas e flutuantes, ela pode causar problemas para a navegação ou para a pesca, devido à deriva das ilhas de macrófitas existentes. As redes de pesca podem ficar colmatadas com ervas daninhas e com as grandes massas flutuantes. Durante à noite, abaixo dessa camada, pode ocorrer aguda falta de oxigênio devido à decomposição de parte desses vegetais (MOSS, 2001).

As plantas associadas aos ambientes aquáticos desempenham importante papel no metabolismo e na estrutura dos ecossistemas, retendo materiais particulados, nutrientes e sedimentos. Schäffer et al. (1993 apud MOSS, 2001) afirmam que elas contribuem também

para fixar sedimentos, impedindo seu revolvimento por ação eólica e o consequente aumento na turbidez das águas do reservatório.

As macrófitas aquáticas contribuem ainda para o aumento da heterogeneidade estrutural dos habitats. Constituem importante mantenedora da biodiversidade presente nos ecossistemas aquáticos, pois proporcionam refúgio, abrigo e recursos para grande variedade de animais (Agostinho et al., 2003; Barrat-Segretain, 1996 apud BARBOSA et al., 2009). Moss (2001) acrescenta que esses vegetais permitem grande diversidade dos ambientes além de fornecer condições físicas para nichos, tocaias para predadores e locais para desova ou deposição de ovos fertilizados.

Muitas vezes, as macrófitas tornam-se um problema, sendo necessário a adoção de medidas a fim de impedir ou conter os processos de proliferação das mesmas. Moss (2001) recomenda grande atenção antes da implementação de medidas gerenciais para controle dessas infestações, pois às vezes, elas podem adiar ou induzir a novos e posteriores problemas. As decisões referentes ao manejo e gerenciamento dessas plantas aquáticas devem ser fruto de uma cuidadosa análise sobre a real existência do problema, de suas potenciais causas e quais seriam as consequências negativas das ações corretivas sobre o restante do ecossistema.

Prevenir o problema por meio da utilização racional da área de mananciais, minimizando a entrada de nutrientes, bem como conservando os sistemas naturais existentes, incluindo as áreas de várzea e dos vales formadores dos rios que afluem no sistema, é a melhor solução. Devem ser utilizados métodos bem direcionados, buscando remediar as causas e, tratar os sintomas, somente se a primeira alternativa for impossível. Muitas vezes é necessário adotar procedimentos e técnicas de engenharia biológica, visando restaurar os mecanismos capazes de estabilizar um sistema governado por plantas aquáticas, o que pode ser bastante difícil (MOSS, 2001).

No documento mariamagalyheidenreichsilvabucci (páginas 43-45)