• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1 – A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL EM IES

1.2 A AÇÃO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NA IES

A avaliação (MARTINS, 2010, p. 21) envolve a área da organização e da gestão da instituição, a avaliação institucional, que, deste modo, se refere ao sistema e à organização escolar. A avaliação abrange, também, a área da aprendizagem dos alunos, avaliação realizada pelo professor. Uma vez que a educação assume uma função social, em um contexto de crescente expectativa da sociedade sobre a instituição escolar, a avaliação assume um papel de instrumento regulador institucional da afetividade, da eficácia e da eficiência do processo educacional desenvolvido pelas IES.

A avaliação institucional, conforme Dias Sobrinho (2011, p. 59), deve ser uma ação coletiva que busque compreender os sentidos dos múltiplos e, também, os contraditórios processos relacionais que produzem a universidade enquanto “comunidade da comunicação (Schleiermacher, Habermas)”. Como fato social, a comunicação está banhada na ideologia. A avaliação de orientação qualitativa se baseia em imagens de mundo, particularmente em concepções de universidade e de educação, ou seja, é um sistema de valores que as pessoas constroem em suas relações com os outros e com o conjunto social. Desse modo, não é matéria de unanimidade. Afirma Dias Sobrinho (2011, p. 59):

A avaliação levanta questões filosóficas, éticas, políticas a respeito da universidade. Qual o sentido ou qual o valor social da ciência que produz e que seleciona para transmissão ampla e restrita? Que tipo de sociedade está sendo projetada? Que posturas estão sendo implicitamente incentivadas? Quais os seus principais compromissos? Com que qualidade?

Pondera Dias Sobrinho (2011) que a questão central da avaliação é a qualidade, uma palavra portadora de uma semântica dispersa e lábil, ainda mais quando se refere à educação. Como é sempre o caso dos valores, mergulhados em sistemas filosóficos, políticos, éticos e culturais, a noção de qualidade educativa é variável no tempo, no espaço e, sobretudo, nas diversas organizações intersubjetivas.

Certamente, a qualidade não se refere apenas aos produtos e serviços mais aparentes, e nisso reside a grande complexidade da avaliação. Refere Dias Sobrinho (2011, 60):

[...] Venho afirmando que o conteúdo oculto, a metamensagem da escola, tem uma presença mais decisiva na vida dos estudantes que o currículo explícito. Essa função, que também é psicológica e social, não pode ser domesticada por nenhum instrumento de mensuração. Quando se avaliam conteúdos explícitos é importante não se esquecer de que a ciência é um processo dinâmico, que a “verdade” científica é parcial e temporária. Além disso, sempre deixa resíduos e questões, que são sempre mais importantes para a vida humana e para o futuro da própria ciência do que para os produtos ou resultados obtidos em dado momento. Por isso, é preciso captar as principais direções e sentidos globais do ‘ethos’ da atividade científica, compreender as atitudes, os comportamentos e os valores que marcam as relações de trabalho dos indivíduos e grupos.

Para Ristoff (2011), o processo de avaliação nas instituições de ensino superior necessita ser contínuo. A continuidade permitirá a comparabilidade dos dados de um determinado momento a outro, revelando o grau de eficácia das medidas adotadas a partir dos resultados obtidos. Esta característica longitudinal da avaliação permite também testar a própria confiabilidade tanto dos instrumentos quanto dos resultados. “Só a continuidade, é preciso que se diga, garantirá a construção da cultura da avaliação – cultura esta fundamental para que o programa logre êxito.” (RISTOFF, 2011, p. 50 e 51).

A aplicação da avaliação institucional em IES que oferecem cursos na modalidade a distância envolve pensar a sua prática relacionada com a visão sistêmica da EAD. A necessidade da visão sistêmica para desenvolvimento de projetos em EAD foi pontuada por Moore e Kearsley (1996). Em um modelo sistêmico, existe um mecanismo de controle, o qual assegura que todos os componentes do processo estejam totalmente integrados e interagindo entre si (feedback) e tenham como base uma estrutura composta por equipes de especialistas que trabalham em conjunto para oferecer o serviço educacional.

A flexibilidade é um ponto forte do enfoque sistêmico, pois o processo de interação, organização e ambiente exige que as instituições estejam abertas a constantes mudanças oriundas do ambiente externo, o que, por sua vez, afeta a estrutura interna de funcionamento. De acordo com Maximiano (1995, p.150):

O enfoque sistêmico é uma forma de raciocinar, que consiste em combinar a visão conjunta com a visão dos detalhes. Aplicar o enfoque sistêmico significa dar ênfase à finalidade do sistema, seja uma organização ou qualquer outro tipo de empreendimento, para, em seguida, analisar cuidadosamente todos os elementos ou entradas necessárias para atingir essa finalidade. Finalmente, analisam-se as relações entre esses elementos de entrada, para não deixar nada importante de fora.

Na abordagem sistêmica, há um relacionamento entre todos os elementos e fases do processo de gestão, desde a etapa de definição dos objetivos, até a verificação final dos resultados. Outra questão importante nesse enfoque é que o desempenho dos indivíduos, em essência, inter-relacionado, cria expectativas de comportamento institucional, interpessoal e de personalidade. (MAXIMIANO, 1995).

Na abordagem sistêmica, em um primeiro momento a avaliação institucional deve ser realizada, a fim de oferecer subsídios para se traçar um perfil da realidade, compreender as variáveis de entrada e o processo de transformação. No outro momento, ela buscará obter informações que permitam verificar em que medida os objetivos foram alcançados, bem como as variáveis facilitadoras e complicadoras responsáveis pelos resultados. Desse modo é que se afirma ser a avaliação institucional um processo cujos resultados contribuem para realizar a retroalimentação (feedback) do sistema, isto é, para a promoção dos necessários ajustes voltados ao aperfeiçoamento contínuo e à inovação; para o desenvolvimento da instituição. (MAXIMIANO, 1995).

A visão de inovação deve ser entendida conforme refere Veríssimo (2009), como aquela que também se faz por meio de aperfeiçoamentos incrementais que atingem qualquer área da instituição, envolvendo todos os agentes internos. A inovação como fruto de processos sistematizados, organizados [grifo nosso: automatizados, digitalizados ou não], controlados e

mensurados, e não, necessariamente, de uma inspiração súbita e repentina. A habilidade de inovação consiste em um conjunto de fatores que a instituição tem ou não tem, e nos modos de combiná-los de maneira eficiente. (VERÍSSIMO, 2009, p. 159). Os fatores humanos, sociais e culturais/ tecnológicos são facilitadores de uma operação eficaz da inovação nas instituições de ensino superior. Esses fatores giram, principalmente, em torno do aprendizado. Referem-se à facilidade de comunicação dentro da instituição, às interações informais, à cooperação e aos canais de transmissão de informações e habilidades entre as instituições parceiras e dentro de cada uma individualmente; e, a fatores sociais e culturais/ tecnológicos, que influem de modo geral na eficácia da operação desses canais e atividades. É o fluir do aprendizado pela instituição toda (a difusão do conhecimento aos indivíduos dentro dela) que determina sua capacidade inovadora. (VERÍSSIMO, 2009, p. 160). A Avaliação Institucional, pela sua intervenção em prol do diálogo, do consenso, da ação integradora, ética e democrática, é um importante instrumento para esse aprendizado.

A avaliação institucional deve ser gerada como um processo de caráter essencialmente pedagógico. Avaliação combina bem com o conceito de projeto, desde que lhe seja atribuída a orientação pró-ativa, a dimensão de conjunto, a instituição do cotidiano associado ao movimento de constituição permanente da universidade. (DIAS SOBRINHO, 2011).