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A ação educativo cultural

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1 A INSTITUIÇÃO MUSEAL

1.4 UM OLHAR SOBRE O MUSEU ANTROPOLÓGICO (MA) DA UFG

1.4.2 A ação educativo cultural

É preciso entender que a questão da educação em museus está no centro das discussões, tanto no que tange ao seu papel social quanto no que se refere às práticas desenvolvidas nesse espaço e de suas possíveis reflexões. O que se observa é a crescente preocupação, não somente na organização e preservação dos acervos, sobretudo, na compreensão, desenvolvimento e promoção de divulgação, no sentido de formação de público como forma de disseminar conhecimentos.

Entende-se que essa denominada Ação Educativa e Cultura que se realiza num formato diferenciado, recebendo denominações como não-formal (embora não pressuponha a inexistência de formalidade, vez que o próprio espaço já o realiza) ressalta o envolvimento das pessoas no e pelo processo ensino-aprendizagem. Considerando que a transmissão do conhecimento flui de forma não obrigatória, a ausência de controle rígido de aprendizagem, proporciona relação prazerosa com o aprender. A Ação Educativa e Cultural da Divisão de Intercâmbio Cultural do MA depois da organização do acervo em exposição assume a responsabilidade da interação entre sujeitos históricos e cultura patrimonial selecionada.

Suano (1986) apresenta os museus de etnografia como ideais para aprender e ensinar a diversidade cultural. Na Inglaterra, a função educativa dos museus acenava para exposições mais críticas do que contemplativas, sob esse efeito os países colonizados reivindicaram seu patrimônio expropriado por saque ou comercialização. Parece que a pesquisa dinamizou os museus para o aperfeiçoamento de planos para a ação.

Os museus são apontados como espaço educativo dentro do movimento da “Escola Nova”, por volta da década de 30, e o Seminário Regional da UNESCO, realizado pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), em 1958, a participação brasileira, com representantes do Instituto Brasileiro de Educação, Ciências e Cultura (IBECC). Nesse evento, foi atribuído à instituição museal, como espaço adequado para desenvolvimento da educação, na função de transformador do desenvolvimento da sociedade.

Em Santiago do Chile, em 1972, uma mesa redonda realizada sobre o papel dos museus na América Latina, enfocando a função social deles para países como o Brasil no contexto limiar da ditadura militar. Os museus deveriam aprimorar suas exposições com valor didático, qualquer que fosse sua tipologia: os lugares naturais de valor cultural, monumentos históricos, museus ao ar livre, jardins botânicos e zoológicos, em todas as esferas das artes e ciências. A declaração de Caracas, em 1992, na qual foram apresentados os desafios do continente, cujo tema do seminário “A missão dos museus na América Latina hoje: novos desafios”. Esses eventos são relembrados constantemente em outros promovidos por instituições museais.

Nesse contexto, o MA se organiza com a visitação do público classificado em público escolar (alunos e ex-alunos universitários - estes como professores da rede pública e particular de ensino), pesquisadores, professores universitários, alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, acompanhados dos seus educadores, e as demais pessoas, como público em geral – enfim, qualquer pessoa que manifeste interesse em visitar as exposições. Sabe-se que os motivos são tantos quantos os interesses de uma sociedade a que pertence. Da complexidade para compreender o interesse do público visitante de museus Köptcke (2009) trabalha o conceito desse público.

O conceito de público da cultura compreendido como uma entidade em ação dentro de um espaço público apresenta uma perspectiva interessante para analisar a dinâmica dos processos sociais de construção e da apropriação da cultura, que abarca também o movimento de investimentos no fortalecimento das redes sociais (KÖPTCKE, 2009, p.12).

O público entra nos museus, continuamente, deixando marcas e vestígios (assinaturas no livro de visitação) para serem guardados, esquecidos e depois revirados e entrar como fonte de outros recursos para os próprios museus. As expectativas de aumentar o público visitante também perpassa a desconstrução do caráter elitizado dos museus, ou seja, lugar para poucos garantidos pelos sistemas científicos de classificação e catalogação de compreensão restrita, entre outras barreiras encontradas pelo cidadão comum, ainda que seja público e gratuito.

Na tentativa de ampliar os espaços urbanos de vida coletiva, a escola e a igreja são os espaços, aparentemente, mais frequentados pelas famílias dos estudantes. No caso da sociedade goiana, as visitas a museus e exposições são muito insipientes, todavia, é nesse espaço, mesmo pouco visitado, que a pluralidade

cultural se evidencia, a partir de um vestígio descrito por algum segmento. A memória se ancora na história e nos acontecimentos, fundem-se os lugares materiais e imateriais, para tornarem pedaços de histórias, guardadas no bojo do tempo.

A democratização dos museus brasileiros, hoje, se aprimora com publicação do estatuto para todos eles, considerando que o tempo é um recurso para orientar o passado ou futuro, no presente. No estatuto dos museus, instituído pela lei nº 11.904, de 14 de Janeiro de 2009, em seu artigo primeiro sustenta a importância da parceria das escolas e dos museus no processo de formação e aprendizagem, relembrando que o museu, ou “templo das musas” acomoda outras representações mitológicas, aqui, as goianas. No caso do acervo do museu, muitos não conseguem entender o status que ganham, não reconhecem o patrimônio sócio cultural, embora reconheçam o valor cultural e até afetivo. O MA, enquanto lugar de memória e identidade para aqueles goianos que o adotaram como tal, é também lugar de conflito de identidades plurais.

O fazer e o dizer dos trabalhos museográficos e educativos enriquece mais a cultura local, quando complementado com contribuições do público visitante na construção da representação social dos goianos. Uma criação social, que abarca crenças e não crenças, onde as vivências justificam as mais diversas ações criativas.

A seguir o segundo capítulo enquanto um momento de fruir, a exposição

Lavras e Louvores foi estruturada para a humanidade contemplar as representações

culturais predominantemente goianas dispostas e reconstruir posicionamentos sociais apresentadas no próximo capítulo.

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