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real. As facilidades que são proporcionadas pelas tecnologias de informação e

comunicação, entrelaçados ao movimento mundial de acesso aberto à literatura

científica se tornam cada vez mais efetivas.

Em setembro de 2005, o IBICT lançou um manifesto de apoio a esse

movimento, no qual consta diversas recomendações, aos mais variados segmentos

da comunidade científica, com o propósito de implantar o acesso livre no Brasil.

DeΝacordoΝcomΝIBICTΝ(2005),Ν“aΝinformaçãoΝcientíficaΝéΝoΝinsumoΝbásicoΝparaΝ

o desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação. Trata-se de um processo

contínuo em que a informação científica contribui para o desenvolvimento científico,

eΝeste,ΝporΝsuaΝvez,ΝgeraΝnovosΝconteúdosΝrealimentandoΝtodoΝoΝprocesso”.

Com o advento das tecnologias percebemos que o paradigma do tradicional

modelo de publicação científica vem mudando, tendo em vista as facilidades de

acesso a informação científica, as quais vêm promovendo o surgimento de

alternativas para a comunicação científica. A Open Archives Initiative (OAI) é um

exemplo disso. Esta iniciativa estabelece além dos padrões de interoperabilidade,

alguns princípios e ideias, como o uso do software open source e o acesso livre à

informação. Daí surge-nosΝ aΝ partirΝ doΝ OAI,Ν oΝ “paradigmaΝ doΝ acessoΝ livreΝ àΝ

informaçãoΝcientífica”. Este proporcionou a construção, implantação e manutenção

de diversas ferramentas de software como, o E-prints, o DSPACE, o OJS

customizado pelo IBICT como SEER entre outros.

O IBICT, em 2005 já apontava para a necessidade do Brasil de manifestar-se

favoravelmente ao acesso livre à informação, promovendo o aumento das

pesquisas, dos pesquisadores, das instituições com os portais de periódicos

usuários do SEER e das agências de fomento.

De acordo com o Manifesto Brasileiro de Apoio ao Acesso Livre à Informação

Científica do IBICT, são objetivos da política nacional de acesso livre à informação

científica:

 Promover o registro da produção científica brasileira em

consonância com o paradigma do acesso livre à informação;

 Promover a disseminação da produção científica brasileira em

consonância com o paradigma do acesso livre à informação

científica;

 Estabelecer uma política nacional de acesso livre à informação

científica;

 Buscar apoio da comunidade científica em prol do acesso livre à

informação científica (IBICT, 2005).

O modelo que se preconiza para o acesso livre à informação científica e que

no Manifesto é denominado de Paradigma do Acesso Livre à Informação, baseia-se

nosΝ termosΝ daΝ DeclaraçãoΝ deΝ Berlim,Ν naΝ parteΝ relativaΝ àΝ “DefiniçãoΝ deΝ umaΝ

contribuiçãoΝemΝacessoΝlivre...” que é aqui transcrita como:

 Contribuições em acesso livre incluem resultados de pesquisas

científicas originais, dados não processados, metadados, fontes

originais, representações digitais de materiais pictográficos,

gráfico e material acadêmico multimídia.

 As contribuições de acesso livre preconizam que os autores e os

detentores dos direitos das contribuições autorais devem

satisfazer aos usuários cedendo o direito gratuito, irrevogável e

irrestrito de acesso; licença para copiar, usar, distribuir, transmitir

e exibir publicamente.

 Licença para realizar e distribuir obras derivadas, em qualquer

suporte digital para qualquer propósito responsável, em

obediência à correta atribuição da autoria (as regras da

comunidade continuarão a fornecer mecanismos para impor a

atribuição e uso responsável dos trabalhos publicados, como

acontece no presente) e com garantia de fazer cópias. (IBICT,

2005).

O IBICT recomenda, nesse contexto, a comunidade científica o compromisso

em apoiar o movimento mundial de acesso livre à informação científica. São para

esta comunidade, no Manifesto, temos os seguintes atores do sistema de

comunicaçãoΝ científica:Ν “autores,Ν editores,Ν agênciasΝ deΝ fomentoΝ eΝ asΝ instituiçõesΝ

acadêmicas. Estes devem se comprometer a colaborar para que os resultados de

pesquisas realizadas no país estejam disponíveisΝlivrementeΝparaΝacesso”.Ν(IBICT,

2005).

Com base na declaração de Berlim, é imperativo que as instituições

brasileiras se comprometam a: encorajar os pesquisadores a publicar em periódicos

de acesso livre; reconhecer a publicação em ambiente de acesso livre para fins de

progressão acadêmica e; ter disponíveis, em ambiente de acesso livre, os periódicos

editados pelas instituições a que são subordinados; É primordial que os

pesquisadores contribuam com o incremento de conteúdos resultados de pesquisas

financiadas com recursos próprios; que as agências de fomento apoiem,

prioritariamente, a edição de publicações científicas eletrônicas de acesso livre e;

requerer que toda publicação cientifica financiada com recursos públicos tenha

versão disponível eletronicamente em ambiente de acesso livre; É recomendável e

imprescindível que: editoras não comerciais adotem padrões que estejam em

conformidade com aqueles estabelecidos pela Open Archives Initiative (OAI). (IBICT,

2005).

Em 28 de setembro de 2016, dia em que é celebrado o Dia Internacional do

Acesso Universal à Informação, 11 anos após o primeiro manifesto brasileiro de

apoio ao acesso livre à informação científica, o IBICT, lança manifesto de acesso

abeto a dados da pesquisa brasileira para ciência cidadã, no Museu do Amanhã, no

Rio de Janeiro. Tratou-se de uma cerimônia de parceria entre a UNESCO no Brasil e

o IBICT. Foi, na ocasião, lançado, pelo Instituto o supracitado manifesto,

posicionando, novamente o Brasil, diante do movimento mundial de dar acesso

aberto à informação científica. É perceptível, que ao lançar esse manifesto o IBICT,

dá continuidade e amplia a sua política de acesso aberto/livre à informação científica

no Brasil, cujo ponto de partida foi o manifesto de 2005, que formalizava o

movimento que começou na Europa, no início dos anos 2000. O IBICT estende sua

visão sobre o acesso aberto, e reconhece os dados da pesquisa como um recurso

imprescindível para as ações da Ciência Aberta, Ciência para todos, Ciência Cidadã.

(IBICT, 2016).

Nesse manifesto propõe-se demonstrar o valor estratégico da informação e

apoiar as iniciativas de Ciência Aberta no Brasil. Basicamente, trata do amplo e

irrestrito acesso a fontes primárias de pesquisa utilizadas por pesquisadores e

outros segmentos sociais, permitindo o compartilhamento, reprodutibilidade,

verificação, avaliação, reutilização e redistribuição em novos contextos e em

pesquisas colaborativas e interdisciplinares. (IBICT, 2016).

As fontes de dados de pesquisa incluem um amplo, diversificado e

heterogêneo espectro de documentos, na maioria dos casos em

formatos digitais. Esses materiais de pesquisa, únicos, não são

disseminados juntamente com artigos de periódicos, comunicações

de congresso e publicações em geral, e ficam inacessíveis aos

demais pesquisadores e sociedade. Assim, a implantação de

infraestruturas que permitam a seleção, o arquivamento e o acesso a

dados de pesquisa possibilitará, além de sua reutilização e geração

de novos conhecimentos, a transparência das pesquisas, sua maior

efetividade, credibilidade dos resultados, visibilidade e impacto.

(IBICT, 2016).

Esse manifesto é direcionado aos institutos e universidades de pesquisadores

e cientistas brasileiros, as sociedades científicas e acadêmicas de ciência no Brasil,

aos órgãos de fomento à pesquisa e desenvolvimento, aos editores de periódicos

científicos, aos cursos de pós-graduação e graduação nas áreas de informação, em

especial Ciência da Informação, visto que a estes são requeridos a promoção de

“cursosΝeΝtreinamentosΝparaΝprofissionais de informação, em especial bibliotecários,

que devem colaborar com pesquisadores ou realizar o registro de dados da

pesquisa no sistema e assumir a gestão de dados de pesquisa; e capacitar esses

profissionais para curadoria digital de dados de pesquisa”. (IBICT, 2016).

São

também, nesse manifesto, reconhecidas as especificidades dos distintos campos do

conhecimento.

Nesse sentido, o IBICT, contribui de ângulos diferentes com ações conjuntas

para a apropriação do acesso aberto no Brasil, e além de transferir aos editores

científicos por meio da tecnologia SEER/OJS essa competência, disseminam para

as comunidades científicas em geral, diversas ações de informação.

4.2 A REDE CARINIANA E A PRESERVAÇÃO DOS PERIÓDICOS DE ACESSO

LIVRE USUÁRIOS DO SEER/OJS

Desde 2002, quando se lançou a declaração de Budapest Open Acess

Initiative (BOAI), o IBICT, com a criação do Comitê Técnico sobre Preservação de

Documentos em Arquivos Digitais, vem demonstrando sua importância com a

missão do acesso aberto e a preservação digital. 11 anos mais tarde, com apoio do

FINEP, mais especificamente em janeiro de 2013, o Instituto aderiu a um Programa

da Stanford University chamado LOCKSS. De acordo com a Stanford University

(2016):

O Programa LOCKSS é um sistema de preservação digital de código

aberto, apoiado no modelo de bibliotecas, baseado no princípio de

que "muitas cópias mantêm o material seguro". O sistema LOCKSS é

o primeiro e único mecanismo para aplicar o tradicional modelo de

biblioteca de compra e de aquisição a materiais eletrônicos. Permite

que os bibliotecários em cada instituição tomem a custódia e

preservem o acesso ao conteúdo eletrônico para o qual eles se

inscrevem, restaurando o modelo de compra de impressão com o

computadores e conexões de rede, os bibliotecários podem obter,

preservar e fornecer acesso a cópias compradas de conteúdo

eletrônico. Isto é análogo às bibliotecas usando seus próprios

edifícios, prateleiras e pessoal para obter, preservar e fornecer

acesso ao conteúdo de papel. O modelo LOCKSS restaura a

capacidade das bibliotecas de construir e preservar coleções locais.

Uma rede LOCKSS funciona da mesma forma que as redes

tradicionais de bibliotecas, reforçando a força da comunidade de

bibliotecas.

Nesse mesmo ano o IBICT deu início as atividades de capacitação via

Internet, produziu material técnico para o gerenciamento das opções de inserção,

coleta e monitoramento dos dados armazenados no LOCKSS. Sua instalação foi

realizada primeiramente em rede em cinco instituições brasileiras convidadas:

Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas, Universidade

Federal da Paraíba, Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Estadual

do Maranhão. Depois de recebida as instruções técnicas os responsáveis por

instituição procederam com a instalação do software em servidores locais e criaram

a lista de 16 títulos de periódicos eletrônicos. (IBICT, 2016).

Em fevereiro de 2006 foi publicado o Projeto de Preservação Digital no Plano

Diretor da Unidade (2006-2010), que se tratava do desenvolvimento e promoção de

ações de preservação de objetos digitais. Em março de 2008 foi lançada a primeira

propostaΝdoΝ“SistemaΝdeΝGestãoΝdeΝPreservaçãoΝDigitalΝdaΝInformaçãoΝCientíficaΝeΝ

Tecnológica

doΝ IBICT”Ν doΝ Laboratório de Metodologias de Tratamento e

Disseminação da Informação, da Coordenação de Pesquisa e Manutenção de

Produtos Consolidados; Em novembro de 2010 houve a primeira participação da

equipe do projeto de Preservação Digital do IBICT na mesa sobre Preservação

Digital de Periódicos no LOCKSS no I Encontro Nacional de Usuários do SEER –

EUSEER, na Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis/SC. Em 2011

foi publicado o projeto de Preservação Digital no Plano Diretor da Unidade - PDU

(2011-2015) Projeto Estruturante Institucional intitulado:Ν “ConstruçãoΝ daΝ RedeΝ

NacionalΝdeΝPreservaçãoΝDigital”;ΝEmΝjunhoΝdeΝ2012,ΝfoiΝrealizadaΝaΝprimeiraΝreuniãoΝ

paraΝoficializarΝaΝcomunidadeΝdeΝusuáriosΝnoΝFórumΝdeΝDiscussão:Ν“RedeΝNacionalΝ

de PreservaçãoΝDigital”ΝdoΝIIΝEncontroΝNacionalΝdeΝUsuáriosΝdoΝSEERΝ– EUSEER no

Plenário e salas do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica em Brasília/DF,

análise dos modelos de negócios, perspectivas e possíveis usos do LOCKSS pelos

periódicos que usam o SEER no Brasil e apresentação da Rede LOCKSS pela

diretora Victoria Reich, da Aliança LOCKSS no 4º Seminário sobre Informação na

Internet. Em novembro do mesmo ano foi assinado o contrato para participar da

Aliança LOCKSS e no mês de dezembro a Rede Cariniana foi apresentada no

Seminário sobre Memórias Portuárias, sede da ANTAQ em Brasília/DF. (IBICT,

2016).

O primeiro semestre de 2013, período de implantação do software, fora

dedicado a reuniões técnicas das equipes técnicas do IBICT e da Stanford

University. Estas reuniões serviram para estabelecer oficialmente, por meio dos

acordos de cooperação técnica, a política de funcionamento da Rede de

Preservação Digital.

Essa política incluirá, como parte da segunda etapa de implantação,

ainda em 2013, os conteúdos de todos os periódicos brasileiros na

plataforma OJS/SEER cadastrados no IBICT, dos livros eletrônicos

do Portal do Livro Aberto e das Teses e Dissertações da BDTD.

(IBICT, 2016).

O sistema LOCKSS usa um crawler para coletar o conteúdo de

periódicos eletrônicos tal como eles foram publicados pelas revistas.

No caso das revistas no OJS/SEER, os editores são motivados a

permitir o arquivamento digital, declarando na configuração da

instalaçãoΝdaΝrevistaΝumΝ“manifesto”ΝqueΝéΝreconhecidoΝpeloΝcrawlerΝ

como uma licença para coletar e preservar o conteúdo da publicação.

Essa permissão autoriza o acesso ao conteúdo das instituições que

participam da rede. (MÁRDERO ARELLANO, 2012, p. 87)

“A Rede Cariniana surgiu da necessidade de se criar no IBICT uma rede de

serviços de preservação digital de todos os documentos eletrônicos brasileiros, com

oΝobjetivoΝdeΝgarantirΝseuΝacessoΝcontínuoΝaΝlongoΝprazo”.Ν(IBICT, 2016).

O projeto de implantação da Rede foi elaborado baseando-se em

uma infraestrutura descentralizada, utilizando recursos de

computação distribuída. Uma rede de preservação digital distribuída

precisa da participação das instituições detentoras desses

documentos e de sua infraestrutura, em um ambiente padronizado e

de segurança que garanta o acesso permanente e o armazenamento

monitorado dos documentos digitais. (IBICT, 2016).

Em maio de 2014 foi lançado o Portal da Rede Cariniana e o serviço foi

estendido a instituições com publicações de acesso livre. Foram incluídos desde

2013 até 2015 mais de 1100 títulos de periódicos. O desenvolvimento dessa rede de

serviços de preservação digital promoveu e promove o compartilhamento de estudos

e pesquisas, além da integração dos conteúdos da memória institucional científica.

Vale salientar que este serviço de preservação digital dos periódicos

eletrônicos brasileiros disponibilizados pela Rede Cariniana para suas instituições

parceiras e para os editores dos periódicos publicados na plataforma SEER/OJS,

concretiza uma iniciativa inovadora de uma rede nacional de preservação de

periódicos de acesso livre no mundo, acompanhando a tendência internacional de

criação de agencias de arquivamento de periódicos eletrônicos.

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