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1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES NORMAS, ESTRATÉGIAS E

1.1 LEGISLAÇÃO SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES

1.1.2 Ações

1.1.2.1 Ações internacionais

Recentemente, vários países e organizações têm adotado metas ambiciosas, com implicações de longo alcance sobre o uso de energia em edificações. Nos EUA, por exemplo, segundo NESLER; PALMER (2009), uma série de iniciativas de energia zero foram adotadas. A Energy

Commercial Building Initiative (CBI), do Departamento de Energia, tem como objetivo conseguir

edificações de energia zero comercializáveis em todas as zonas bioclimáticas para o ano de 2025. Igualmente, a Lei Federal de Independência e Segurança Energética do ano 2007 dos EUA estabelece que a CBI “desenvolva e distribua tecnologias, práticas e políticas para o desenvolvimento e implantação de edificações comerciais de energia zero no território nacional para qualquer edificação comercial recém-construída até o ano 2030; para 50 % do total de edificações comerciais para o ano 2040 e todas as edificações comerciais para o ano 2050” (NESLER; PALMER, 2009).

Em março de 2009, uma Comissão especial de energia zero criada pelo estado de Massachusetts (EUA) publicou um informe detalhando estratégias para a adoção universal de edificações de energia zero em novas construções para o ano de 2030. O Plano Estratégico de Eficiência Energética de longo prazo do estado da Califórnia (EUA), adotado em setembro de 2008, determina que , para o ano de 2020 todas as edificações residenciais novas sejam de energia zero, enquanto o prazo para as construções comerciais é o ano de 2030.

Ações análogas foram adotadas por vários outros países para reduzir substancialmente o consumo de energia em suas edificações. Na União Europeia, a reformulação da Diretiva 2002/91 do Parlamento Europeu e do Conselho de 2010 (UE, 2010) aponta para 31/12/2020 como a data limite a partir da qual todas as novas edificações deverão respeitar o conceito Net Zero Building (nZEB), e 31/12/2018 para os edificaçõess públicos. Esta definição engloba edificações com um desempenho térmico correspondente às classes mais elevadas e em que a parcela de energia utilizada provém na sua maioria de fontes renováveis. A necessidade de isolamentos térmicos com maior desempenho e menor espessura tornou-se um problema que a comunidade científica tenta

solucionar há alguns anos. Em princípio, a meta referida é aplicável somente para as novas edificações, já para as edificaçõess existentes não foram fixadas metas temporais, havendo somente a recomendação de cada país ter que ir reabilitando gradualmente o número de edificações existentes, transformando-os em nZEB. Tais sistemas integrados são endossados e apoiados por uma série de governos em uma forma de apoio direto para os custos de instalação de sistemas fotovoltaicos ou através do aumento da tarifa feed-in. A Lituânia, por exemplo, estabeleceu uma tarifa de 0,521 €/kWh para a construção de sistemas integrados, em comparação com 0,417 €/kWh para os sistemas não integrados em 2012.

1.1.2.2 Ações nacionais

No Brasil, nas últimas décadas tem-se visto um crescente interesse em incentivar a redução do consumo de energia elétrica, tendo sido há poucos anos aprovadas regulamentações e normas que tratam dessa questão. A normatividade para uso racional de energia nas edificações é elaborada pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) por meio do programa PROCEL EDIFICA. Este programa foi instituído em 2003 pela ELETROBRAS/PROCEL e atua de forma conjunta com o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério das Cidades (MCIDADES), as universidades, os centros de pesquisa e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento, além do setor da construção civil. Conforme o programa, estima-se um potencial de redução de consumo de aproximadamente 30 % com implementação de ações de eficiência energética nos sistemas de iluminação e ar condicionado, e intervenções arquitetônicas na envoltória no que diz respeito às edificações existentes. Este percentual se eleva para 50 % em edificações novas.

As economias previstas pelo programa foram alcançadas. No entanto, desde 2005 observa- se um crescimento do consumo de energia elétrica nas edificações maior que o crescimento do PIB. Verifica-se que, em relação ao ano de 2007, o consumo de energia elétrica atual teve um incremento de 4 %, tendência que vem se constatando nos últimos anos. Por este motivo, foi lançado o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE), que considera a Eficiência Energética como uma opção de investimento para atender a demanda de energia, ao definir uma meta de economia da ordem de 10 % do mercado previsto para 2030 (MME; EPE, 2007). O plano propõe a elaboração futura de um Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf). Os Planos Decenais de Energia (PDE) que se seguiram também inserem a eficiência energética no planejamento. O PNE nasceu com a proposta de “identificar os instrumentos de ação e de captação de recursos, de promoção do aperfeiçoamento do marco legal e regulatório afeto ao assunto, de forma a possibilitar um mercado sustentável de eficiência energética e mobilizar a sociedade brasileira no combate ao desperdício de energia, preservando recursos naturais” (MME; EPE, 2007). O plano considera os ganhos em eficiência energética como provenientes de duas parcelas: uma referente ao “progresso autônomo” e outra referente ao “progresso induzido”. O progresso autônomo é aquele que se dá de forma espontânea,

ou seja, através da reposição natural do parque de equipamentos por similares novos e mais eficientes. Por progresso induzido entende-se aquele que requer estímulos através de políticas públicas. No âmbito do PNE 2030, o ganho de eficiência energética através de progresso autônomo foi considerado nas projeções de demandas. No caso do setor elétrico, em 2030, além dos 5 % de redução da demanda considerados a partir do progresso autônomo, foi estabelecida uma meta de 5 % adicionais através do progresso induzido, a ser detalhada no PNEf. Neste último caso, a eficiência energética é tratada como uma opção de investimento para atender a demanda de energia. Para promover o progresso induzido, o PNEf deve identificar os instrumentos de ação e de captação dos recursos, de promoção do aperfeiçoamento do marco legal e regulatório afeto ao assunto, de forma a possibilitar um mercado sustentável de eficiência energética e mobilizar a sociedade brasileira no combate ao desperdício de energia, preservando recursos naturais.

A política de padronização de eficiência energética começou com implementação da Lei de Eficiência Energética - Lei 10.295 de 17 de outubro de 2001 (BRASIL, 2001a). A especificação de um padrão de mínima eficiência energética para diversos equipamentos, como refrigeradores, congeladores e condicionadores de ar, foi adotada somente seis anos depois da lei 10.295. Os critérios para especificar o primeiro regulamento para refrigeradores domésticos foram baseados na experiência do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

Após a publicação da Lei de Eficiência Energética, surgiu o Decreto 4.059 de 19 de dezembro de 2001 (BRASIL, 2001b), que a regulamenta e estabelece os pontos a serem abordados na regulamentação específica de cada produto (norma técnica de referência, mecanismos de avaliação da conformidade, níveis a serem atingidos, fiscalização, etc.). Fica ainda estabelecido que o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) seja o órgão responsável pelos Programas de Fiscalização e Avaliação da Conformidade (BRASIL, 2001b). A partir deste Decreto, o INMETRO estabelece programas de etiquetagem, e passa a ter a responsabilidade de criar programas de avaliação da conformidade, compulsórios na área de desempenho energético, tendo, portanto, papel fundamental na implementação da Lei da Eficiência Energética.