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Instrumentos de Avaliação Regulamentos e Normas sobre Edificações

1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES NORMAS, ESTRATÉGIAS E

1.1 LEGISLAÇÃO SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES

1.1.1 Instrumentos de Avaliação Regulamentos e Normas sobre Edificações

Na busca pela economia de energia em edificações existem duas abordagens principais: política e técnica. A abordagem política impõe a utilização de medidas específicas que são consideradas eficazes para reduzir o consumo de energia das edificações, e a abordagem técnica orienta os projetistas e profissionais a aplicar nos seus projetos técnicas mais eficientes e eficazes no uso da energia nas edificações.

Diversos mecanismos de abordagem política têm sido implementados em todo o mundo para melhorar a eficiência energética nas edificações. A OECD (2002) identifica os seguintes:

• Os mecanismos que controlam e regulam a EEE “são leis e regulamentos de implementação que requerem certos projetos de dispositivos, práticas ou sistemas para melhorar a eficiência energética” (OECD/IEA, 2013). Esses mecanismos são subdivididos em mecanismos de regulação normativa e informativa. Os regulamentos são um exemplo do tipo normativo, enquanto os mecanismos informativos oferecem ao usuário final informações que ele não é obrigado a considerar, tais como programas de etiquetagem.

• Os mecanismos que consideram os métodos econômicos baseados no mercado, que são elementos de ação ou participação voluntária.

• Mecanismos que empregam instrumentos de incentivo fiscal para a conservação de energia em edificações. Estes mecanismos são aplicáveis para diferentes setores e tecnologias.

para aumentar a sensibilização do público e aprimorar trabalho voluntário, visando encorajar mudanças do comportamento do consumidor, por meio de fornecimento de informações e de exemplos bem-sucedidos de implementação.

1.1.1.1 Normas de eficiência energética

Entende-se como os métodos de cálculo e de ensaios uniformes, desenvolvidos para definir o consumo e a eficiência energética de um aparelho, equipamento ou sistema consumidor de energia. Segundo CAVA et al. (2000), as primeiras normas de eficiência energética que afetaram dramaticamente os fabricantes e reduziram significativamente o consumo de energia foram estabelecidas na Califórnia, EUA na década de 1970 (1974 e entrou em vigor em 1977). Mais notoriamente desde os anos 1990, com a crescente conscientização no que tange às mudanças climáticas, os países desenvolvidos e cada vez mais os países em desenvolvimento têm promulgado normas para determinados produtos, abrangendo todos os usos finais e tipos de combustível, embora normalmente o foco seja em aplicações, em tecnologias de informação, iluminação, aquecimento e equipamentos de refrigeração, expandem-se para eletrodomésticos, códigos para edificações e políticas de etiquetagem. Existem vários fatores, dependentes de cada país, situação ou medidas escolhidas, que determinam a efetividade dessas medidas políticas em termos de alcance de seus objetivos. Isto é mostrado por DERINGER (2004) ao comprovar que os códigos de edificações reduziram o consumo de energia de novas moradias nos EUA em aproximadamente 30 %, mas, frequentemente, não são eficazes em países em desenvolvimento. Na Tailândia, padrões de eficiência energética de eletrodomésticos foram bem sucedidos para refrigeradores, mas não para condicionadores de ar. Descontos para produtos energeticamente eficientes têm sido eficazes na Dinamarca, mas ineficazes, em termos de custo-benefício, na Holanda.

A normalização permite comparar a eficiência entre equipamentos ou sistemas do mesmo tipo e, através da etiqueta, proporcionar ao consumidor informação imparcial. São um instrumento específico, dirigido a grupos objetivos, que são compostos por um grande número de usuários individuais, e a produtos homogêneos com amplos mercados. Embora as normas de eficiência energética sejam voluntárias, elas são o elemento básico e central dos instrumentos alternativos e complementares de definição de requisitos mínimos de eficiência, aplicados para a informação ao consumidor através da etiquetagem energética, proporcionando dados para uma escolha bem informada (selecionar o produto mais adequado e eficiente que esteja disponível). A regulação em forma de norma mínima obrigatória incentiva os fabricantes a melhorar o rendimento de energia nos seus aparelhos, a criação de convênios voluntários com fabricantes de equipamentos, e também distribuidores e comercializadores a terem produtos mais eficientes em estoque e exibição.

Com relação à EEE, os instrumentos podem ser divididos em dois segmentos: normas de desempenho global e normas descritivas.

todo. Estas normas são baseadas na descrição do desempenho exigido do prédio, sem especificar de que forma alcançá-lo, e prescrevem um consumo anual de energia ou custo energético. Esta abordagem tem sido utilizada por um número de países desenvolvidos nos códigos de energia das suas edificações, e geralmente fornecem mais incentivos para as inovações, porém exigem uma melhor formação dos funcionários e dos inspetores da edificação (HUI, 2002). AWAWDEH; TWEED (2011) citando diversos autores, concluiuram que os códigos baseados no desempenho global atendem a necessidade de uma abordagem mais flexível. Cita as principais vantagens de se utilizar essa abordagem, que oferece maior flexibilidade e incentiva soluções criativas e de inovação de novos materiais, também permite flexibilidade de projeto e pode considerar recursos inovadores; reduz os custos utilizados ao promover novas soluções criativas; e as soluções podem ser concentradas na qualidade em vez de preço. As normas prescritivas baseiam-se no fornecimento de uma descrição detalhada dos requisitos técnicos da edificação. Estas definem diferentes níveis de desempenho para o envelope da edificação e seus componentes ou sistemas prediais.

Sob estas duas categorias, segundo HITCHIN (2008) o Conselho Mundial de Energia identifica os seguintes tipos de códigos:

a) componentes da envoltória; b) envoltória global;

c) demanda limite de aquecimento e refrigeração; e d) desempenho energético.

Limitar as necessidades de aquecimento e resfriamento e desempenho energético são as duas abordagens preferidas nos últimos anos; ambas as abordagens são do tipo de desempenho global. Nesta abordagem os regulamentos especificam os requisitos mínimos para os diferentes componentes que as edificações têm que usar para atender o código, escolhidos com base na sua adequação ao clima e à capacidade de poupar energia. Os regulamentos podem ser diferentes nos componentes da edificação e no nível de rigor as suas necessidades.

Neste contexto, as normas prescritivas convertem-se em um dos instrumentos mais frequentemente utilizados, possivelmente por causa de seu fácil cumprimento, desempenhando um papel importante na melhoria da eficiência energética nas edificações (OECD, 2003).

1.1.1.2 Programa de etiquetagem

Os programas de etiquetagem são utilizados em todo o mundo, incluindo numerosos países em desenvolvimento, entre eles China, Brasil e África do Sul (CLASP, 2007). Tais programas são considerados uma das mais eficazes e rentáveis medidas políticas, além de permitir que se atinja a tão desejada transformação de mercado, e a sua combinação com outros instrumentos políticos, como incentivos financeiros ou acordos voluntários, pode melhorar a sua eficácia. A etiquetagem

é também muitas vezes combinada com normas de eletrodomésticos.

De acordo com as características e as políticas internas de cada país, os programas de etiquetagem podem ser voluntários ou obrigatórios. O relatório da UNEP (MIRABEAU, 2009) ressalta que a etiquetagem voluntária pode ser considerada um instrumento informativo e, portanto, muitas vezes menos eficaz do que outros produtos da mesma categoria, uma vez que apenas os produtos mais eficientes podem ser etiquetados. Já os programas de certificação e etiquetagem obrigatórias, são definidos como a obrigatoriedade da prestação de informações aos consumidores finais sobre o desempenho energético de produtos como eletrodomésticos e equipamentos, e até mesmo edificações.

Enquanto os códigos de eficiência energética existem em quase todos os países desenvolvidos, os países em desenvolvimento estão introduzindo este tipo de legislação, frequentemente iniciando pela introdução de normas voluntárias. Os programas de etiquetagem voluntária apresentam resultados variados, dependendo das particularidades de cada país, geralmente dependendo das estruturas dos mercados, ou das estratégias de intervenção no mercado e de aplicação da leis.

A UNEP (MIRABEAU, 2009) identificou alguns problemas da etiquetagem voluntária, analisando países de America Latina onde também foram introduzidos os programas que posteriormente são transformados em programas de etiquetagem obrigatória após alguns anos. Os problemas citados são: o fraco compromisso do governo, mecanismos insuficientes de avaliação, falta de financiamento, e necessidade de estabelecer mais centros de avaliação para testar o desempenho dos eletrodomésticos antes da etiquetagem. Conclui que um grande problema de etiquetagem voluntária é que, em geral, os eletrodomésticos ineficientes não são etiquetados ou a etiqueta é retirada. Este problema poderá ser evitado somente pela etiquetagem obrigatória. Já países como Brasil e México, segundo LUTZ (1996), dispõem de programas de normatização energética mais avançados. Enquanto no Brasil existem convênios com a indústria sobre objetivos voluntários de eficiência energética, no México são aplicadas normas obrigatórias para eletrodomésticos, sistemas de iluminação e motores elétricos. Em ambos os países, a normatização energética faz parte das políticas e programas de uso eficiente da energia mais amplos.

Em geral identificam-se três classes de etiquetas de energia utilizadas no mundo: - Etiquetas de aprovação;

- Etiquetas comparativas; e

- Etiquetas unicamente informativas.

As etiquetas de aprovação oferecem um “selo de aprovação” no qual especifica se o produto cumpre ou não certas normas específicas, e geralmente baseiam-se em um “sim-não”, oferecendo pouca informação adicional. As etiquetas comparativas permitem comparar a energia utilizada em todos os modelos disponíveis, para permitir uma melhor escolha, identificando duas categorias: a

que utiliza o sistema de classificação por categorias, e outra com uma escala gráfica de barras continuas para mostrar o uso relativo de energia. As etiquetas meramente informativas proporcionam dados sobre o rendimento técnico do produto etiquetado, porém não oferecem um sistema simples (classificação, por exemplo) para comparar o rendimento energético com outros produtos. Elas contêm unicamente informação técnica e geralmente não são consideradas atraentes para o consumidor.