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2.2 AS POLÍTICAS SOCIAIS VOLTADAS A POPULAÇÃO IDOSA

2.2.5 Ações para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa

• Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa8

O Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa é resultado de uma parceria do governo federal, Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos (CNDI) e dos movimentos sociais. Soma-se às deliberações da I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (2006), na medida em que o combate à violência praticada contra os idosos é também um de seus eixos estratégicos. O Plano tem como pretensão

estabelecer as estratégias sistêmicas de ação, revelando, assim, sua importância, tendo em vista o resultado do planejamento, organização, coordenação, controle, acompanhamento e avaliação de todas as etapas da execução das ações de prevenção e enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. (PLANO DE AÇÃO PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, 2005)

Expõe um diagnóstico e aponta o que deve ser efetivado como estratégia de prevenção e enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. Destaca a necessidade de construção de uma rede de proteção à esta população.

Tem como objetivo a promoção de ações que “levem ao cumprimento do Estatuto do Idoso, (...), e do Plano Internacional para o Envelhecimento que tratem do enfrentamento da exclusão social e de todas as formas de violência contra esse grupo social”. (PLANO DE

AÇÃO PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, 2005).

O Plano estabelece um período de dois anos para ser executado, onde neste período irão ser realizados monitoramentos, permitindo a correção de rumos e ampliação por período subseqüente.

Estabelece algumas diretrizes para implementação das ações propostas:

Tabela 12: Diretrizes de Ação

DIRETRIZES DE AÇÃO

• O foco central da atuação deve ser a plena aplicação do Estatuto do Idoso e do Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento em que a legislação consagra o reconhecimento dos seus direitos e do seu lugar muito especial desses cidadãos na sociedade brasileira;

• o princípio básico de todas as ações do plano deve ser a garantia da presença e do protagonismo do idoso como proponente, participante, monitorador e avaliador das diversas instâncias;

• as ações do plano devem ser realizadas dentro de um processo de descentralização e pacto federativo e de intersetorialidade;

• o plano de ação deve ser acompanhado e avaliado desde o início de sua implantação, para que o seu monitoramento garanta a factibilidade das propostas, correção de rumos e sua continuidade. Fonte: Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa, 2005.

Fundamenta-se no diagnóstico situacional e descreve as prioridades de ação em quatro categorias de espaço sócio ambiental e cultural, propondo para cada uma delas ações estratégicas.

Tabela 13: Categorias de espaço sócio-ambiental e cultural – ações estratégicas

1. Espaço Cultural Coletivo

• Mobilização da mídia em âmbito nacional, estadual e local, tendo como tema o envelhecimento e o Estatuto do Idoso;

• estabelecimento de parceria com a mídia para divulgação das políticas, planos e ação, seminários e outras iniciativas voltadas à garantia dos direitos dos idosos;

• realização de fóruns em todas as Unidades da Federação para a discussão da temática “envelhecimento e família”.

Responsáveis: SDH/PR, MDS, MEC, MCT.

2. Espaço Público

• Campanhas de mobilização nacional sobre a situação específica dos idosos, com foco nos motoristas de veículos de concessão pública e os privados;

• articulação entre a SDH e o Ministério das Cidades, visando ações concretas de melhoria do espaço público e de formação dos agentes sociais, tendo em vista a qualidade de vida dos idosos; • recuperação e construção de espaços públicos acessíveis, que levem em conta as especificidades

dos idosos, notadamente, de calçadas, por meio de estímulos e orientação ao municípios brasileiros;

• orientação para os municípios possam adequar os sinais e os espaços de travessia, visando à segurança de todos, mas sobretudo, dos idosos;

• introdução da temática do uso do espaço público por idosos nos cursos de treinamento e formação de motoristas;

• articulação com empresas de transporte público, visando ao treinamento e à fiscalização de motoristas e cobradores em relação aos direitos, ao respeito e à proteção da população idosa em seus veículos;

• articulação com o Denatran, Detrans e Ministério Público para garantir sinalização adequada nas vias públicas.

Responsáveis: SDH/PR, MC, Denatran, MCT, MEC.

3. Espaço Familiar

• Fazer parcerias com a mídia (escrita, falada e televisionada) para colocar as questões do envelhecimento e o impacto desse processo nas famílias;

• promoção de fóruns de discussão para famílias sobre a situação e a condição dos idosos em todas as capitais do país;

• a partir de fóruns estaduais, iniciar um processo de interiorização da discussão do envelhecimento e a família para, pelo menos, 105 dos municípios;

• promoção de cursos para familiares cuidadores de idosos;

• capacitação das equipes de Saúde da Família e dos agentes de saúde para correta orientação, apoio e atendimento das necessidades familiares decorrentes do envelhecimento;

• adequação das moradias aos idosos, especialmente pela disponibilização de empréstimos subsidiados para a realização dessas adaptações;

• articulação com empresas de material de construção para que promovam a acessibilidade de material e campanhas da casa segura para idosos.

Responsáveis: SDH/PR, MS, MC, MDS, MCT.

4. Espaço Institucional

• Implantação do Disque Idoso;

• estimular pelo menos 50% dos Estados e 10% dos municípios a organizar um fluxo efetivo de encaminhamento e solução das queixas dos idosos sobre abusos, maus tratos, violência e negligência;

• criar mecanismos de eliminação das filas para idosos nos bancos e no INSS;

• integração da população idosa no Projeto de Mobilização do Registro Civil de Nascimento; • criação e fortalecimento da rede de serviços de apoio às famílias que possuem idosos em seus

lares (centro de convivência, centro de cuidadores diurno, oficina abrigada de trabalho, atendimento domiciliar – art. 4º do decreto 1.948/96);

• capacitação de 20 mil cuidadores de idosos, utilizando-se, inclusive, a rede de agentes de saúde, • capacitação de gestores e dirigentes dos conselhos estaduais e municipais instalados e em

funcionamento;

• estimulo à instalação de conselhos de idosos em todos os Estados e, em pelo menos, 20% dos municípios brasileiros;

• inclusão de conteúdo sobre direito dos idosos nas grades de disciplinas do ensino fundamental; • estabelecimento de convênio de cooperação técnica com o MEC para garantir a alfabetização dos

idosos em estados e municípios;

• realização de um congresso nacional sobre Instituições de Longa Permanência; • aprovação da Política Nacional sobre Instituições de Longa Permanência;

• aprovação da Resolução da Anvisa para credenciamento e fiscalização das ILPI’s;

• estabelecer, no âmbito dos ministérios que integram o CNDI, um edital que priorize ações estratégicas sobre: a situação das famílias que possuem idosos em seus lares; abusos e negligência em ILPI’s; pesquisa e desenvolvimento de tecnologias assistivas para inclusão social; o acompanhamento e monitoramento deste Plano de Ação; e avaliação de experiências bem- sucedidas no estabelecimento de fluxos para encaminhamento e solução de negligências e violências contra idosos.

Responsáveis: SDH/PR, MPS, MEC, MCT, MDS, MS.

• Seminário Nacional de Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa

O Seminário Nacional de Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa ocorreu nos dia 4, 5 e 6 de setembro de 2002 em Aracaju, Sergipe, e foi resultado de uma parceria entre a Associação Nacional de Gerontologia – ANG e a Associação dos Aposentados e Pensionistas da Previdência Social e idosos em Sergipe – ASAPREV/SE.

O Seminário visou oportunizar uma maior integração entre os diversos órgãos que vêm atuando na ação da prevenção à violência contra a pessoa idosa, através de trocas de experiência, bem como o desenvolvimento de uma oficina de trabalho que definiu ações e estratégias de atuação na prevenção à violência contra a pessoa idosa. (ANAIS DO SEMINÁRIO NACIONAL DE PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, 2002).

O Seminário teve como objetivo geral “Promover ampla discussão para a definição de propostas sobre estratégias de implementação de ações e atividades concretas e exeqüíveis para as questões referentes à violência a pessoa idosa”. (ANAIS DO SEMINÁRIO NACIONAL DE PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, 2002). E objetivos específicos:

Gerar um significativo volume de informações que possibilite a compreensão dos conceitos e definições sobre a questão da violência na pessoa idosa, e facilite os estudos, análise e propostas de linhas de ação, mediante palestras e exposição de painéis temáticos referentes ao assunto; ensejar a oportunidades de nivelamento e uniformização de conceitos, conteúdos e procedimentos metodológicos e tecnológicos em termos de execução, acompanhamento e avaliação da prática na prevenção à violência contra a pessoa idosa, com a utilização de relatos de experiência e vivências das instituições envolvidas no processo; propiciar a realização de uma oficina de trabalho que viabilize o estudo e análise da situação das questões referentes à violência contra a pessoa idosa, identificando e definindo linhas de ação e estratégias de atuação, possibilitando assim, estabelecer normas gerais e critérios básicos para efetivação desta política pública. (ANAIS DO SEMINÁRIO NACIONAL DE PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA, 2002).

As oficinas foram divididas em três grupos, dos quais o terceiro tratou dos “Procedimentos técnicos, administrativos e legais de ações educativas de prevenção à violência ao idoso”, cuja linha de ação 6 tratou da criação de ações educativas de prevenção a violência, mediante a adoção de procedimentos técnicos, administrativos e legais. Nesta linha de ações foram propostas as seguintes estratégias de atuação: inserir nos programas educacionais, temas transversais vinculados ao envelhecimento; abrir espaços para o idoso nas escolas proporcionando uma integração intergeracional; sensibilizar e capacitar os

profissionais que trabalham com os idosos nos diversos setores da sociedade; produzir e divulgar materiais didáticos relativo aos direitos dos idosos, através de cartilhas, folders e outros; promover campanhas educativas, através da mídia e demais órgãos, visando a valorização e respeito do idoso.

• Mobilização de Conscientização de Enfrentamento da Violência contra a Pessoa

Idosa9

A Mobilização realizada no dia 18 de setembro de 2007, no Largo da Catedral, promovida pelo Conselho Municipal do Idoso e Gerência de Atenção ao idoso/SEMAS, contou com a participação e contribuição de 13 conselheiros (titular e suplentes), 3 técnicas e 2 funcionárias da Gerência de Atenção ao Idoso, 2 estagiárias do Conselho Municipal do Idoso e 1 do SESC, 1 funcionária da Policlínica do Centro, que prestou serviços de verificação de pressão arterial à 52 idosos e 17 adultos, e 2 funcionárias da Santa Apolônia Hospitalar, que prestaram além do serviço de verificação de pressão arterial à cerca de 80 pessoas, também prestaram serviço de verificação de glicemia a 50 idosos.

Foram entregues durante a mobilização folders do Conselho10 e da Gerência11, e também uma cartilha12 elaborada pelos dois. O público alvo foram as pessoas de todas as faixas etárias que passavam em frente ao local da mobilização.

Muitos ainda são os desafios que se colocam para a implementação das políticas sociais voltadas ao idoso já existentes, por exemplo, estudos continuados e multiprofissionais sobre o fenômeno da violência e a necessidade de trabalhos em rede, envolvendo várias áreas do conhecimento. As fragilidades, ainda presentes, no sistema de proteção que cotidianamente vêm sendo conhecidas, problematizadas, trabalhadas na dialética relação entre realidade social/usuário, instituições/profissões, Estado/sociedade civil. O resultado é um rol de dificuldades para a publicização da violência.

Na próxima seção analisaremos algumas especificidades que, na atualidade, viabilizam reflexões e ações no acolhimento de denúncias de violência contra os idosos no município de Florianópolis (Conselho Municipal do Idoso e Serviço Disque-Idoso) e

9 Cartaz em Anexo - D

10 Folder em Anexo - E 11 Folder em Anexo - F 12 Cartilha em Anexo - G

apresentaremos algumas reflexões sobre o trabalho e a formação do Serviço Social frente a esta demanda.

3 OS MECANISMOS DE ACOLHIMENTO DAS DENÚNCIAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA E O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE À ESTA DEMANDA