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Ações possíveis para estabilizar as emissões de CO

Os cenários para as empresas de petróleo

813.1.2.1 As emissões de CO2 devido ao petróleo

3.1.7 Ações possíveis para estabilizar as emissões de CO

Muitas ações são possíveis, e, além das ações correntes, poderão ser necessárias para estabilizar as concentrações de dióxido de carbono a um nível de 560 ppmv, o que representa o dobro da concentração encontrada na era pré-industrial e que poderia impactar, direta ou indiretamente, as empresas de petróleo. Não existe um único caminho para se atingir qualquer objetivo de estabilização. Um grande número de questões indefinidas pela ciência, tais como a capacidade de absorção de carbono pela Terra, melhoria dos modelos climáticos utilizados, entre outras, poderia mudar o relacionamento entre emissões e concentração. Estima-se que cada uma das opções descritas abaixo poderia mitigar 1 bilhão de toneladas de CO2 ou mais, anualmente, até 2030, considerando o caso de referência do IEO,2008. Analisar os projetos abaixo ou estabelecer custos econômicos para tal mitigação está além da proposta deste estudo.

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Redução no crescimento da demanda de energia

Reduzir o crescimento da demanda de energia em prédios comerciais e residenciais requer a adoção de sistemas eficientes de iluminação e de aquecimento, resfriamento e sistemas de refrigeração. O setor de transporte requer veículos mais eficientes e maior uso de transporte público. No setor industrial, serão necessários processos mais eficientes para se diminuir a demanda de energia agregada ao produto final.

Aumento da geração de energia em usinas nucleares

De acordo com a Associação Nuclear Mundial, é possível instalar um adicional de 740 GW de energia elétrica a partir de usinas nucleares até 2030. Isso deslocaria as termoelétricas a carvão e poderia reduzir as emissões de CO2 em, aproximadamente, 1 bilhão de toneladas anualmente, até 2030.

Aumento do uso de renováveis para geração de eletricidade (não hidroelétrico) para as economias da OECD

Para os renováveis proverem 20% da energia consumida para geração de eletricidade nas economias da OECD até 2030, o uso de renováveis teria um aumento de médio anual de 7,4%, de 2010 a 2030. Esse aumento produziria um abatimento anual de 1 bilhão de toneladas de CO2.

Aumento de geração hidroelétrica e de renováveis em países não pertencentes às economias da OECD

Assumindo que existem mais oportunidades para a expansão de hidroelétricas em economias não pertencentes à OECD, se levando à prática o uso combinado com renováveis, o crescimento dessas fontes de energia poderiam ser de até 3,5% por ano, de 2020 a 2030, evitando, assim, a emissão de 1 bilhão de toneladas de CO2.

Aumento do uso de combustíveis renováveis para transporte

Se novas tecnologias forem empregadas para minimizar as emissões de CO2 e emissões indiretas de GEE, um adicional de 504 milhões de tep de biocombustíveis será consumido no setor de

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transporte. Assumindo que 80% das emissões por biocombustíveis são reduzidas quando comparadas ao petróleo, 1 bilhão de toneladas de CO2 seriam evitadas.

Captura e estocagem de carbono – CCS

É improvável que significativos montantes de CCS sejam implementados antes de 2020. Sua aplicação para, aproximadamente, 250 GW de geração termoelétrica a carvão, com 90% de taxa de remoção, poderia resultar na mitigação de 1 bilhão de toneladas de CO2, anualmente. Embora existam pequenos projetos em fase piloto ao redor do mundo, considera-se que, sem estabelecer limites para as emissões no período de projeção (até 2030), não haverá incentivo econômico para que o CCS seja aplicado em larga escala.

Sequestro antropogênico

Na última avaliação, o IPCC estima que 3,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes por ano são sequestradas por atividades antropogênicas, incluindo projetos de reflorestamento de outros programas do uso da Terra. Um aumento de 27% em tal atividade, até 2030, representaria uma redução nas emissões de 1 bilhão de toneladas de CO2.

3.2 – Análise do contexto do IEA e de outros documentos para redução das emissões

Os documentos que foram analisados e que serviram para a definição do provável contexto futuro de mitigação das emissões de gases de efeito estufa são listados a seguir:

 Energy Technology Perspectives 2008 – Cenários e estratégias para 2050. Trata-se da segunda edição do relatório elaborado pelo IEA, para servir de apoio às decisões dos líderes do G8 nas ações sobre mudanças climáticas;

 New Energy for América, de Barack Obama e Joe Binden. Documento divulgado durante a campanha dos então candidatos ao governo dos EUA, e que sinaliza compromissos que devem ser cumpridos;

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 Documento do California Air Resources Board. Corresponde à proposta de regulação das emissões de gases de efeito estufa por veículos, na California, até 2020;

 Directives EU. Diretivas da União Europeia para a promoção de veículos mais eficientes energeticamente e com menores emissões de gases de efeito estufa.

Se os planos de governo acima mencionados forem implementados, as empresas de petróleo terão de atuar em um novo contexto político e tecnológico. Os planos estão em sintonia com os cenários de redução das emissões de gases de efeito estufa apresentados no estudo da IEA. Conclui-se que as empresas de petróleo, certamente, teriam de reduzir as emissões de seus processos produtivos, mas também de seus produtos, o que exigirá redefinição de suas ações e de suas estratégias de mercado. Cada um dos documentos identificados é, na sequência, sumarizado.

3.2.1 - Energy Technology Perspectives 2008 – Cenários e estratégias para 2050

Grande parte das reservas de petróleo e de gás natural está concentrada em um pequeno número de países, o que induz a percepção de insegurança no suprimento de energia e a perspectiva de altos preços do petróleo. Assim, reduzir a dependência de combustíveis fósseis é, em muitos países, o objetivo central das políticas energéticas.

Ações para mitigar as emissões de GEE, associadas ao consumo de fontes fósseis de energia, estão em sintonia com a redução da dependência no suprimento energético. Estima-se que, aproximadamente, 60% das emissões de GEE podem ser atribuídas ao suprimento e ao uso de energia (IPCC, 2007).

A IEA, na publicação World Energy Outlook 2007, estima que a tendência é o aumento das emissões de CO2 relacionadas às atividades de produção-consumo de energia em 57%, em 2030, em relação a 2005. No cenário tendencial, a demanda de petróleo aumentará em até 40% em 2030, em relação a 2005, e o petróleo continuará a ser a fonte energética dominante. Grande parte do crescimento da demanda de petróleo ocorrerá em países em desenvolvimento.

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Na Tabela 3.1 são apresentados resultados dos cenários publicados pelo IPCC (2007), com associação entre as expectativas de crescimento das emissões de GEE e as faixas estimadas de elevação da temperatura média do planeta. Nos cenários tendenciais, nos quais as emissões de CO2 cresceriam significativamente até 2050 - por exemplo, até 60% em relação ao ano 2000 -, o aumento da temperatura média é estimado em 4°C. Para que a concentração de GEE na atmosfera se estabilize em algo como 450 ppmv, o que pode resultar na elevação da temperatura em até 2°C em relação à era pré industrial, as emissões de CO2 teriam de ser reduzidas em 85%, em 2050, em relação àquelas verificadas no ano 2000. Esse é o cenário considerado necessário, para que sejam evitados maiores danos à Terra e às populações. Tal resultado só pode ser alcançado com uma drástica alteração da matriz energética, o que irá requerer pesados investimentos.

Tabela 3.1 – Resultados dos cenários do IPCC – concentrações de equilíbrio de GEE e de CO2, e emissões de CO2 em 2050, para alguns cenários de elevação da temperatura média

da Terra Aumento de

temperatura Todos os GEE CO2

Emissões de CO2 em 2050 (% emissões de 2000) (oC) ppmv CO2eq ppmv CO2 (%) 2,0-2,4 445-490 350-400 –85 a –50 2,4-2,8 490-535 400-440 –60 a –30 2,8-3,2 535-590 440-485 –30 a +5 3,2-4,0 590-710 485-570 +10 a +60 Fonte: IPCC (2007)

Líderes mundiais admitiram a necessidade de agir para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a fim de que haja aumento da segurança de suprimento de energia, redução da poluição atmosférica e redução da pobreza. Na reunião do G8, em junho de 2007, em Heiligendamm, Alemanha, e mesmo antes da mudança na administração federal nos EUA, foi definido o objetivo global de redução das emissões de GEE em 50% até 2050, em relação aos níveis atuais. Como pode ser observado na Tabela 3.1, tal resultado poderia resultar em uma elevação da temperatura média da Terra em 2,4oC.

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