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Mudanças climáticas: as questões científicas

68 2.8 Síntese, conclusões e análises do capítulo

2.8.1 O IPCC avalia as informações de bases científicas dos riscos das mudanças climáticas com as contribuições de diversos autores e trabalha no regime de consenso. O IPCC, retira conclusões de trabalhos de mais de 1000 colaboradores, e muitas conclusões estão em aberto e podem ser modificadas durante os próximos anos, inclusive sobre o CO2 e o metano, entretanto os cenários indicam que as ações de mitigação devem se iniciar agora.

2.8.2 Os aerossóis têm comportamento nas mudanças climáticas que produzem uma realimentação negativa ou um forçamento radiativo negativo, com grande probabilidade de ocorrência (99%) de ter magnitude maior no hemisfério norte que no hemisfério sul. Este fato ainda não foi implementado nos modelos climáticos do IPCC e é motivo de grandes críticas da comunidade científica, uma vez que as temperaturas médias previstas para o aquecimento poderiam ser menores que as estimadas no momento.

2.8.3 É necessário conhecer melhor os mecanismos de fluxo natural do carbono entre os oceanos e a atmosfera que são responsáveis por mais de 87% da reserva de carbono do planeta.

2.8.4 A queima de gás de tocha correspondeu no ano de 2000 a 0,15 GtCO2, isto é, 0,5% do total das fontes emissoras de CO2, a responsabilidade por este fato é exclusiva das empresas de Petróleo, principalmente na queima de gás associado em poços de petróleo.

2.8.5 As emissões brasileiras de combustíveis fósseis foram aproximadamente 100 vezes menores que as emissões globais totais de CO2 nos últimos 30 anos.

2.8.6 A queima de combustíveis líquidos no Brasil supera em emissões de CO2 as emissões devido à queima de gás de tocha, produção de cimento, combustíveis sólidos juntos.

2.8.7 As emissões no Brasil, devido aos combustíveis fósseis e produção de cimento, foram de aproximadamente 0,32 GtCO2, correspondendo a 18,8% do total das emissões brasileiras e, aproximadamente 1% das emissões globais ou, como será visto adiante o mesmo que a Petrobras

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emite pelos seus produtos no mercado. As emissões brasileiras provenientes das mudanças do uso da terra forma de 1,37 GtCO2, correspondendo, por sua vez, a 79,5% do total das emissões brasileiras e 4,3% das emissões globais, sendo este o maior problema brasileiro de impacto global.

2.8.8 As emissões brasileiras no ano de 2000 foram de 1,73 GtCO2 e contribuíram para 5,4% das emissões globais. O gás de tocha, basicamente devido aos poços de petróleo e gás associado contribuíram para aumentar em 0,3% as emissões brasileiras, menor que a produção de cimento que foi de 1,1%. O Brasil contribuiu com 3,3% para as emissões globais do gás de tocha.

2.8.9 Vale salientar que, apesar da abundância do metano na atmosfera ter aumentado nos últimos 25 anos, a taxa de crescimento tem diminuído substancialmente com variações de 18 ppbv/ano, em 1983, para menor que zero, a partir de 2003. A razão para isto permanece desconhecida, mas está claramente relacionada com o balanço das fontes e sumidouros de CH4.

2.8.10 As emissões brasileiras antropogênicas de CH4, em 2002, correspondiam a 18,53 Tg , aproximadamente, 1% das emissões globais. Os ruminantes são responsáveis por 58,16% de todas as emissões brasileiras de CH4, enquanto que os combustíveis fósseis emitem apenas 1,54% do total nacional. Esta diferença se deve ao fato do Brasil ter o maior rebanho bovino do mundo, que era, em 2005, de 207,2 milhões de cabeças. As queimadas no Brasil contribuíram com quase a metade dos ruminantes, isto é, 25,3%.

2.8.11 Dos combustíveis fósseis, 53% das emissões globais de CH4 são provenientes da produção de petróleo e gás natural, um total de 0,29 Tg. O Gás de tocha emite 10% do total das emissões de metano dos combustíveis fósseis no Brasil e 0,2% das emissões globais, problema que deve ser resolvido visando principalmente para o pré-sal.

2.8.12 O uso dos solos é responsável por 70% das emissões globais de N2O. As queimadas representam de 8% das emissões globais, enquanto que os combustíveis fósseis 7%.

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2.8.13 O uso dos solos no Brasil é responsável por 66,5% de todo o óxido nitroso emitido por fontes brasileiras, representando 5,35% das emissões antropogênicas globais, enquanto que os combustíveis fósseis contribuíram, em 2002, com apenas 1,13% para as emissões de óxido nitroso no país. O gás de tocha contribuiu com 0,01% para as emissões do óxido nitroso, sendo então desprezível.

2.8.14 É quase consenso que o gelo da Terra está diminuindo, há perdas de massas glaciais de gelo da Groelândia. O que não é consenso é se este descongelamento é devido as ações antropogênicas ou naturais. Neste aspecto, vale ressaltar que novas regiões até então cobertas pelo gelo poderão surgir de tal forma que regiões ricas em petróleo, como o do ártico, poderão ser exploradas por algumas empresas de petróleo que se encontram hoje com suas reservas em pleno declínio.

2.8.15 A robustez das respostas de qualquer modelo de ciclones tropicais, diante das mudanças climáticas é ainda limitado pela resolução destes modelos, por este motivo os riscos que envolvem operações marítimas de petróleo em regiões de grandes incidências de ciclones devem ser projetadas para resistir a ciclones, independentemente, das mudanças climáticas. Na verdade, estes modelos são limitados até para os padrões climáticos atuais e as plataformas ou unidades flutuantes são projetadas para resistir à chamada “onda centenária”, ou seja, as piores condições meteo-oceanográficas em 100 anos.

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Capítulo 3