PARTICIPAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS
3.2.2 Ações sistêmicas
De forma a promover ações que ultrapassem a esfera produtiva e criar um ambiente favorável ao crescimento, a PDP se articula com diversas ações: i) Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PACTI); ii) Plano de Aceleração do Crescimento da Infraestrutura (PAC); iii) Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE); iv) Programas de Educação Profissional (PROMIMP, PNQ, Educação para a Nova Indústria); v) e Plano de Desenvolvimento da Saúde (BRASIL, 2010a; TEIXEIRA, 2009).
Segundo Teixeira (2009), são três os níveis de articulação entre a Política e os demais programas do Governo Federal. Em primeira instância, trata-se da articulação entre as políticas propriamente ditas.
Assim, os investimentos do PAC são vistos como uma fonte de demanda para diversos setores da economia, desde a produção de cimento até os serviços de engenharia e de construção. Da mesma forma, o PACTI se articula com a política industrial propriamente dita (PDP), ao se propor fornecer os estímulos necessários para que a indústria possa aumentar sua capacidade inovadora. Por sua vez, a política educacional e a de educação profissional são voltadas para reduzir os gargalos da educação, de uma forma geral, e da formação de recursos humanos qualificados, em particular, tentando evitar o ‘apagão de mão de obra’, previsto e bastante discutido nos três primeiros trimestres de 2008. A política de saúde não só representa uma fonte de demanda para alguns segmentos industriais (Complexo Industrial da Saúde), como também contribui para reduzir mazelas que afetam a estrutura produtiva (TEIXEIRA, 2009, p.4).
A articulação destas políticas e suas respectivas instituições é extremamente importante para o sucesso da política, como determinado por Suzigan e Furtado (2006). Tanto a incompatibilização das metas dos diversos programas como dos próprios instrumentos de financiamento, regulação e etc. podem minar o poder da política, como freqüentemente foi observado durante as tentativas anteriores
O segundo nível de articulação está relacionado às interações inter e intra-setoriais, tanto industriais como de serviços. Busca-se aprofundar as cadeias de produção e as articulações entre fornecedores e consumidores. São exemplos os Sistemas Produtivos de Saúde e de Tecnologias de Informação e Comunicação, que apresentam grande penetração nos demais sistemas produtivos e são fortes geradores de externalidades.
Esta tentativa de articulação e aprofundamento das cadeias de produção são também passos importantes para a construção do SNI, na medida que facilitam a troca de conhecimentos e disseminam as inovações. Entretanto, as medidas adotadas pela PDP não caminharam fortemente neste sentido, e a falta de instrumentos para a coordenação dos agentes para criar um ambiente fértil para o aprendizado se constitui em uma das maiores deficiências a que se podem atribuir à PDP sob a visão neoschumpeteriana.
O último nível diz respeito à participação direta das MPEs na política industrial. Isto ocorrerá com a inserção das mesmas em cadeias produtivas qualificadas, bem como na promoção da sua inserção internacional. As MPEs se encontram também contempladas nos objetivos “Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas” e “Destaques Estratégicos”. Neste sentido, verifica-se que as MPEs são um importante ponto de apoio da política, que a visualiza como um possível lócus gerador de emprego e renda10.
Mais uma vez, observa-se muito pouca ênfase à articulação entre os agentes econômicos e mesmo a contemplação das empresas pela promoção da inovação tecnológica apresenta poucas medidas que não as de facilidades de crédito. Não se identifica na política nenhum direcionamento para o diálogo universidades ou demais institutos de pesquisa, ou sequer medidas que promovam a difusão do conhecimento, elementos importantíssimo para pequenas e médias empresas que ainda não possuem dinâmica de inovação que possa ser alavancada com a simples disponibilização de recursos.
As Ações Sistêmicas contemplam uma série de instrumentos de caráter horizontal para promover o desenvolvimento produtivo. A tabela abaixo apresenta as ações da política, bem como os instrumentos que são usados para viabilizá-la e os seus respectivos responsáveis. Neste Quadro é possível observar o caráter destas ações no sentido de garantir mecanismos jurídicos e de financiamento que podem criar um ambiente favorável aos investimentos e à inovação, mas com poucos avanços em medidas de qualificação das empresas para inovar.
DIMENSÕES MEDIDAS RESPONSÁVEIS
Depreciação acelerada
Medidas tributárias de estímulo ao
investimento
Prorrogação, até 2010, do previsto pela Lei 11.051/2004: depreciação acelerada em 50% do prazo e crédito de 25% do valor anual da
MF
10
Teixeira (2009) ressalta ainda que apesar de a política para APLs ter sido a maior política em prol das MPEs e existir desde 2004, quando foi criado e incluído no Plano Plurianual (PPA) de 2004-2007 e, posteriormente, no de 2008-2011, não é possível identificar uma articulação explícita desta com a PDP.
depreciação contra a CSLL
Prazo de apropriação de créditos de PIS e COFINS
Redução do prazo de apropriação de créditos derivados da aquisição de bens de capital de 24 para 12 meses
MF
IOF sobre operação de crédito
Eliminação da incidência do IOF de 0,38% nas operações de crédito do BNDES, FINAME e FINEP
MF
IPI
Redução do IPI para lista de setores
MF
Legislação de Acordos Internacionais de
Comércio
Alteração da Lei 9.019/1995, relativa à aplicação dos direitos previstos no Acordo Antidumping e no Acordo de Subsídios e Direitos
Compensatórios para permitir extensão de medidas a terceiros países e a aplicação de regras de origem
MDIC
Ampliação do funding do BNDES
Desembolso total projetado para indústria e serviços entre 2008 e 2010: R$ 210,4 bilhões (capacidade produtiva, inovação e modernização)
MF BNDES
Spreads e prazos BNDES
Redução de 20% no spread básico médio do conjunto de linhas de financiamento do BNDES: de 1,4% a.a. para 1,1% a.a.
Linhas para comercialização de Bens de Capital:
Redução de 40% do spread básico: de 1,5%a.a. para 0,9%a.a.
Duplicação do prazo para a indústria no Produto FINAME: de 5 anos para 10 anos
100% TJLP Financiamento e
Renda Variável
Redução da taxa de intermediação financeira: de 0,8% para 0,5%
BNDES
Depreciação acelerada
Permissão para depreciação imediata de máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos destinados às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento da inovação tecnológica
MF
R$ 6 bilhões entre 2008 e 2010 Nova linha Capital Inovador:
Apoio a esforços inovativos das empresas (principalmente capacitação, ativos intangíveis, engenharia)
TJLP + 0% Apoio à Inovação
Nova linha Inovação Tecnológica:
Apoio a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação 4,5% aa.
FUNTEC – Fundo Tecnológico:
Apoio não reembolsável
Foco 2008: Saúde, Energias renováveis e Redução de emissões
Fundos de empresas emergentes
Estruturação de 8 fundos envolvendo R$ 800 milhões. Participação BNDES: 25%
BNDES
Recursos FINEP
Financiamento: R$ 740 milhões em 2008
Subvenção Econômica à Inovação: R$ 450 milhões em 2008
FINEP
Fundo Soberano Criação do Fundo Soberano MF
Elaboração e acompanhamento de planos anuais de medidas de
melhoria do ambiente jurídico ABDI
Meta: reduzir em 10% os prazos de atendimento pelos órgãos públicos
participantes às demandas das empresas MCT
MDIC
Intensificação do uso dos instrumentos de incentivo à inovação existentes
Ambiente Jurídico: Investimento e
Inovação
Meta: divulgar marcos legais e instrumentos de apoio à inovação para 5.000 empresas/ano
Fóruns de Competitividade e de
MPEs
Quadro 4: Síntese das Ações Sistêmicas e respectivos responsáveis Fonte: http://www.abdi.com.br/?q=system/files/PDPSITE.pdf