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O modelo TAM tem como objetivo melhorar o entendimento dos processos de aceitação dos usuários de sistemas de informação com base em computadores, disponibilizando algumas

42 percepções para que o projeto e sua implementação sejam bem-sucedidos; e disponibilizar uma base teórica para uma metodologia prática para testar a aceitação dos usuários, inclusive, antes da fase de implementação de um sistema (DAVIS, 1985).

Assim como a Theory of Planned Behavior (TPB), o TAM é derivado da Theory of

Reasoned Action (TRA), mas é menos abrangente e, devido a isso, sua utilização é

gradualmente generalizada para a literatura de adoção de tecnologias (GENTRY; CALANTONE, 2002). Vale ressaltar que o TAM é fácil de aplicar, pois não envolve custos elevados de aplicação e os construtos utilidade e facilidade de uso são, certamente, significativos para as pessoas independente de sua função na organização, mas fornece informações gerais a respeito da opinião dos usuários sobre o sistema, enquanto a TPB gera informações mais específicas, medindo o desempenho do sistema em vários aspectos, identificando barreiras para uso do sistema na percepção dos entrevistados e os grupos de influência para potenciais usuários (MATHIESON, 1991).

De acordo com Davis, Bagozzi e Warshaw (1992) e Pires e Costa Filho (2008), o TAM tem o intuito de explicar os determinantes da aceitação do uso de computadores e o comportamento dos usuários em relação às tecnologias da informação, estabelecendo uma base para verificar os fatores que influenciam o comportamento, concentrando sua análise sobre dois construtos: utilidade percebida e facilidade de uso percebida (DAVIS, 1989). Os construtos associados ao modelo estão representados na Figura 8.

Figura 8 - Esquema representativo do Technology Acceptance Model (TAM) Fonte: Davis (1985, 1989)

A utilidade percebida é o quanto um indivíduo acredita que o uso de um sistema pode melhorar seu desempenho no trabalho e, quanto mais alta essa medida, mais os usuários acreditam na existência de uma relação positiva entre uso e desempenho (DAVIS, 1989). Segundo Moore e Benbasat (1991), este construto é equivalente ao construto vantagem relativa

43 de Rogers (1983). Já a facilidade de uso percebida se refere a quanto um indivíduo acredita que o uso de um sistema pode reduzir esforços físicos ou mentais (DAVIS, 1989).

Segundo Davis e Venkatesh (1996), as escalas originais para medir os construtos do TAM são confiáveis e válidas, de acordo com diversas aplicações abrangendo diferentes tecnologias e grupos de usuários. Pesquisadores verificaram os efeitos de seus construtos e corroboraram seu impacto no estudo do uso de tecnologias ao longo do tempo, como por exemplo em Mathieson (1991), Straub, Keil e Brenner (1997), Venkatesh (2000), Liu (2009), Varela, Tovar e Chaparro (2010), Persico, Manca e Pozzi (2014), entre outros. Varela, Tovar e Chaparro (2010) estudaram a influência da cultura nacional sobre os usuários para o uso de tecnologias da informação na Universidad Autónoma de Tamaulipas no México por meio do TAM, e não puderam provar a relação entre a cultura nacional e o uso dessas tecnologias. Straub, Keil e Brenner (1997) sugeriram que o modelo pode não ser capaz de explicar o uso da tecnologia em todas as culturas, como por exemplo na cultura japonesa.

Pouco mais de uma década depois da proposição deste modelo, Venkatesh e Davis (2000) propuseram uma extensão teórica para explicar a utilidade e a facilidade de uso percebidas, formando o TAM2 com a incorporação de influência social (normas subjetivas, experiência, voluntariedade e imagem) e os processos cognitivos instrumentais (relevância para o trabalho, qualidade percebida dos resultados e resultados demonstrados). Os contrutos do modelo TAM2 são demonstrados na Figura 9. Esta nova versão foi testada por meio de projetos de pesquisa longitudinais e, segundo Legris, Ingham e Collerette (2001), assim como o modelo inicial, explica cerca de 40% do uso de um sistema, assim o TAM ainda é um modelo útil.

44 Figura 9 - Esquema representativo do TAM2

Fonte: Venkatesh e Davis (2000, p. 188)

Mais recentemente, Venkatesh e Bala (2008) propuseram mais uma nova versão, que denominaram TAM3, combinando o TAM2 com o modelo dos determinantes da facilidade de uso percebida. Verificaram poucas pesquisas na literatura sobre implementação de tecnologias da informação que lidam com o papel das intervenções para a tomada de decisão e perceberam a necessidade de compreender suas influências sobre os determinantes da adoção e uso das tecnologias. A Figura 10 mostra o esquema representativo da terceira versão deste modelo.

45 Figura 10 - Esquema representativo do TAM3

Fonte: Venkatesh e Bala (2008, p. 280)

Com as abordagens desenvolvidas ao longo do tempo, Venkatesh et al. (2003) e Venkatesh, Thong e Xu (2012) propuseram a Unified Theory of Acceptance and Use of

Technology (UTAUT) e uma extensão para este modelo que, na verdade, trata-se de uma síntese

da pesquisa sobre aceitação de tecnologia desenvolvida anteriormente. De acordo com esta abordagem, o comportamento de uso é criado por uma série de interações entre determinantes de intenção e uso, quais sejam: intenção de comportamento, expectativa de desempenho, expectativa de esforço, influência social e condições facilitadoras, e os moderadores chave de relacionamento: gênero, idade, experiência e voluntariedade de uso, determinando a

46 probabilidade de sucesso da aceitação de tecnologias em ambientes organizacionais. Com a extensão do modelo, criou-se a UTAUT2, que partiu para o estudo do consumidor por meio de novos construtos em relação à teoria original, quais sejam: motivação hedônica, valor (custo/benefício) e hábito (VENKATESH; THONG; XU, 2012).

Os construtos expectativa de desempenho e expectativa de esforço estão diretamente associados aos construtos utilidade percebida e facilidade de uso percebida presentes no TAM, TAM2 (Venkatesh et al., 2003) e, também, TAM3. Isso demonstra a importância e perenidade destas variáveis para a compreensão do comportamento de uso dos indivíduos, visto que estão presentes em grande parte dos modelos de aceitação. Ainda que haja diversos outros construtos pertinentes ao estudo da aceitação de tecnologias, as investigações apontam com frequência para estas duas variáveis entendidas como fundamentais. Assim, este trabalho volta-se para a atitude de usuários atuais do módulo adotado no hospital lócus da pesquisa, quanto à utilidade e à facilidade de uso percebidas.