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Parasuraman (2000) e Parasuraman e Colby (2001) propuseram a avaliação da prontidão de consumidores norte americanos ao uso de tecnologias por meio do chamado Technology

Readiness Index (TRI), dando uma visão de marketing para o modelo. Um levantamento tipo survey foi realizado com 1.200 respondentes, resultando em 36 variáveis e quatro dimensões,

dentre elas os condutores: otimismo e inovatividade, e os inibidores: desconforto e insegurança (PARASURAMAN, 2000).

De acordo com Parasuraman e Colby (2001): otimismo é a visão positiva da tecnologia e a crença de que ela oferece às pessoas maior controle, flexibilidade e eficiência na sua vida; inovatividade é a tendência de ser pioneiro no uso da tecnologia e pensar como líder; desconforto é a percepção de falta de controle sobre a tecnologia e o sentimento de estar sendo pressionado por ela; e insegurança é a desconfiança da tecnologia e o ceticismo sobre as próprias habilidades para utilizá-la de forma adequada. A partir desses construtos, Pires e Costa Filho (2008) verificaram a diferença de prontidão à tecnologia em relação a diferentes grupos.

Em relação à propensão de uso de novas tecnologias, Ratchford e Barnhart (2012) desenvolveram o denominado Technology Adoption Propensity Index (TAP-I). Os dados para a formação deste índice foram coletados por meio de uma pesquisa nacional com 567 moradores adultos norte americanos e, cerca de um mês depois, com mais 356 residentes norte americanos

47 para fins de validação da escala (RATCHFORD; BARNHART, 2012). Como forma de validação adicional, 504 questionários foram coletados a partir de uma amostra de estudantes de graduação em uma Universidade no Noroeste dos Estados Unidos (amostragem por conveniência) e, vale destacar que informações demográficas como idade, sexo, nível de educação, etnia, país de nascimento, país de residência e proficiência em língua inglesa foram coletados.

Utilizou-se esta abordagem teórica nesta pesquisa, pois se trata de um índice que não se propõe a ampliar os construtos desenvolvidos por Parasuraman (2000) e Parasuraman e Colby (2001), mas se propõe a sugerir variáveis que contribuam para conhecer o nível de propensão de indivíduos ao uso de novas tecnologias (RATCHFORD; BARNHART, 2012). O TRI, de certa forma, foi um passo anterior ao TAP-I, porque, apesar de os autores não afirmarem isso, Ratchford e Barnhart (2012) utilizaram algumas variáveis do TRI para sugerirem o TAP-I, como poderá ser visto.

O TAP-I é composto por 14 itens que combinam avaliação de atitudes positivas e negativas dos usuários ou não usuários em relação à tecnologia, usando quatro dimensões distintas de propensão dos consumidores: dois fatores inibidores – dependência e vulnerabilidade, e dois fatores facilitadores – otimismo e proficiência, descritos a seguir, segundo Ratchford e Barnhart (2012):

1. Otimismo: refere-se à crença de que a tecnologia pode proporcionar maior controle e flexibilidade na vida, sendo que inclui aspectos da utilidade percebida de uma tecnologia para tornar a rotina mais fácil e permitir que os indivíduos façam o que quiserem, quando acharem conveniente. Este construto é identificado no TRI, mas, de forma distinta, não inclui crenças sobre o aumento de eficiência e refere-se a como a tecnologia melhora a vida do indivíduo, ao invés de como ele melhora a vida do público em geral.

2. Proficiência: refere-se à confiança na própria capacidade de aprender rápida e facilmente a usar novas tecnologias, bem como à sensação de sentir-se tecnologicamente competente; além disso, este construto se identifica com a segunda dimensão condutora da predisposição à tecnologia, a inovatividade, fazendo um paralelo com o TRI. Devido à ubiquidade da tecnologia na sociedade, parece coerente pensar que a confiança dos consumidores na sua capacidade de aprender e utilizar de forma eficaz as novas tecnologias tornou-se mais crítica a sua propensão do que o seu sentimento de ser um pioneiro na adoção da tecnologia (inovatividade presente no modelo TRI).

48 3. Dependência: refere-se à sensação de ser excessivamente dependente e sentir-se escravizado pela tecnologia. Este construto não foi proposto no índice TRI. Os autores Ratchford e Barnhart (2012) supõem que este senso de dependência em relação à tecnologia por parte dos consumidores contemporâneos é reflexo do aumento da penetração da tecnologia na sociedade ao longo das últimas décadas (1990-2014). 4. Vulnerabilidade: refere-se à crença de que a tecnologia aumenta as chances de o

indivíduo ser enganado por criminosos ou empresas, ou seja, o quanto os entrevistados acreditam que têm chances de serem vítimas de exploração devido à adoção de uma tecnologia. Ao contrário do construto insegurança, presente no índice TRI, a vulnerabilidade reflete uma preocupação de que a tecnologia vai funcionar muito bem inclusive para quem deseja usá-la para fins nefastos. Ratchford e Barnhart (2012) supõem que como os consumidores se tornaram mais conscientes de que as tecologias podem dar oportunidade às atividades maliciosas, seu sentimento de vulnerabilidade aumenta.

Mais recentemente, usando o TAP-I, Ratchford, Ratchford e Barnhart (2014) realizaram um estudo sobre variação nos padrões de adoção de tecnologia em relação a uma gama de consumidores de produtos tecnológicos e categorias de serviços, considerando a adoção da tecnologia por um determinado consumidor como uma função do tempo decorrido desde a introdução da tecnologia, as sub-escalas do TAP-I e as características demográficas. Descobriram que proficiência tem uma relação positiva muito mais forte com a adoção da tecnologia do que as outras três dimensões do índice, que em matéria de adoção foram na direção esperada: otimismo teve um efeito positivo sobre a adoção, enquanto a dependência e vulnerabilidade exerceram um efeito negativo.

É importante salientar que por meio de pesquisas em diretórios de bases de dados científicas, verificou-se que praticamente não há estudos empíricos com base neste modelo ainda (talvez, justamente por ser bastante recente), mas alguns estudos estão começando a surgir, como por exemplo o estudo de Farias et al. (2014).

A partir de uma pesquisa qualitativa com o objetivo de descrever a propensão de idosos à adoção de tecnologias da informação e comunicação, relacionando-a a sua percepção de inclusão digital, estes autores realizaram 16 entrevistas com idosos de faixa etária entre 61 e 76 anos. Como contribuição, o estudo de Farias et al. (2014) revelou dois potenciais novos construtos para o TAP-I, quais sejam: percepção de inaptidão e percepção de necessidade de

49 uso de tecnologias. Estes autores propuseram que estudos vindouros testem tais construtos para inclusão na escala original.

Assim, esta pesquisa inclui em seu questionário de propensão ao uso de tecnologias, estes dois novos construtos, percepção de inaptidão, um fator dificultador, e a percepção de necessidade, um fator facilitador, conforme agenda de pesquisa sugerida por Farias et al. (2014), a fim de aplicar a escala de propensão ao uso de tecnologias proposta pelo TAP-I com vistas à avaliação da contribuição de fatores atuais e inclusão destes dois novos fatores.