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A Administração de Materiais nas Empresas Públicas de Geração de Energia

CAPÍTULO II: SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

3.2 A Administração de Materiais nas Empresas Públicas de Geração de Energia

O desafio da sobrevivência das organizações, aliado à competitividade e à agilida- de tecnológica, faz emergir novas técnicas gerenciais que visam mantê-las operantes em um cenário constante de mudanças, desenvolvendo sistemas informativos ágeis e suficientemente confiáveis para os padrões estabelecidos pela nova formação econômica da sociedade.

A globalização da economia e o surgimento rápido e contínuo de novas tecnologi- as impõem como forma de mobilizar as organizações para a obtenção do grau máximo de competitividade, modernidade e qualidade de modo a assegurarem sua sobrevivência e o seu crescimento.

Entre os novos modelos gerencias, a gestão pela qualidade se destaca em função da necessidade da adequação do produto ou serviço às necessidades, expectativas e ambições do consumidor como uma forma de agregar valor ao que será produzido ou disponibilizado

aos clientes, com menor custo.

Por se tratar de empresas que necessitam produzir dentro de bons padrões de qua- lidade e com preços extremamente condizentes à crescente demanda, essas empresas ensejam um tratamento específico no que diz respeito a administração de seus materiais, ou seja, pela especificidade de suas atividades e considerando a grande variedade de itens disponibilizados em estoque para atender e garantir o seu processo produtivo.

Dentro desse contexto, observa-se que as empresas estão concentradas em ações que conduzam a uma redução do valor imobilizado em seus estoques, visto que, apontam para uma direção onde devem estar sendo canalizados esforços, investimentos e controles mais austeros na gestão dos itens considerados críticos à manutenção do processo produtivo da em- presa e que de forma alguma podem deixar de faltar no estoque.

Entretanto, é importante ressaltar que face a especificidade dessas organizações no que tange a reposição dos estoques, evidenciam-se algumas dificuldades de trabalhar as infor- mações que integram os diversos processos de compras o que implica em adotar medidas que resultem em manter uma quantidade maior de itens em estoque para suprir demandas eventu- ais e considerando o exposto a seguir:

a) maior tempo de pesquisa junto ao mercado para a reposição imediata de itens sobressalentes pelas suas características técnicas e dimensionais específicas a serem mant idas;

b) grande volume de consultas técnicas para os itens acima junto às áreas respon- sáveis, quanto à aceitação e aprovação de materiais alternativos;

c) desenvolvimento de novos fornecedores para materiais sobressalentes importa- dos na sua origem e que estão fora de linha de fabricação;

d) maior tempo de emissão dos Pedidos de Suprimentos em função de pesquisar junto ao mercado um valor estimativo para validar a emissão dos Pedidos de Suprimentos;

e) estudo de nacionalização de materiais sobressalentes originalmente importa- dos, para viabilizar aquisição no mercado nacional;

f) morosidade nos processos de reposição face ao cumprimento das Normas Ge- rais de Licitação vigente na empresa;

g) pouca autonomia à área de materiais para aquisições em caráter emergencial, em função dos limites de aprovação e dos valores vigentes.

Por outro lado, é oportuno lembrar que nessas empresas a administração de mate- riais não se restringe apenas a itens de materiais sobressalentes, mas sim a uma gama signifi-

cativa de itens diversos que constituem o seu estoque. Diante disso, a área de gestão de mate- riais tem procurado desenvolver seus estudos dentro de parâmetros gerenciais que possibilitem definir a melhor política de estoque para cada item de material.

Assim sendo, para o gerenciamento dos estoques são discutidos, consensados e estabelecidos procedimentos para encontrar a melhor forma de conduzir com eficácia os tra- balhos que redundem em uma situação ideal que possa atender às necessidades da empresa. Isto se caracteriza em função das mesmas apresentarem em sua estrutura organizacional uni- dades de trabalho descentralizadas de sua matriz, requerendo uma sistematização padronizada nos procedimentos operacionais de suprimento, para que possam ser atendidas regularmente dentro das quantidades predefinidas e prazos adequados, a fim de manter um nível de atend i- mento que satisfaça os objetivos traçados pela área de gestão de estoques.

Com o objetivo de alcançar as políticas traçadas pela empresa, no que se refere à gestão de materiais, tem sido constatada uma mobilização conjunta entre as diversas áreas, na tentativa de disponibilizar apenas uma quantidade mínima de materiais que possa suprir as demandas internas, sem incorrer em investimentos desnecessários na imobilização dos esto- ques.

Nas pesquisas de campo e bibliográficas realizadas, não foram encontrados mo- delos padrões que pudessem ser aplicados integralmente e de imediato nessas empresas, uma vez que em função da especificidade de seus equipamentos e sistemas necessitam obviamente de uma adequação para conduzir eficientemente seus procedimentos operacionais. Entretanto constatou-se uma semelhança entre os Sistemas de Gestão de Materiais utilizados, com peque- nas variações na metodologia de trabalho, face à política particular de gestão de cada empresa e da configuração da estrutura organizacional.

Por outro lado, ficou evidenciada uma tendência natural quanto à otimização dos recursos a serem disponibilizados e de ações diretas que possam vir assegurar um trabalho eficiente na administração dos materiais.

No sentido de facilitar o entendimento proposto neste trabalho, especificamente, nesse capítulo será abordada com mais ênfase a área Gestão de Estoques de Materiais, a idéia principal estará centrada na identificação dos sistemas específicos de Gestão de Estoques utili- zados em cada empresa, considerando suas particularidades , uma vez que as mesmas para poderem competir com qualidade e eficiência junto ao crescente e exigente mercado consumi- dor, estão voltadas à uma política de adequações e melhorias de suas atividades.

Assim sendo, serão descritos de forma resumida, cada sistema utilizado, objeti- vando comparar a sistemática de trabalho e identificar procedimentos adotados e, a partir des-

sa análise, permitir propor adequações para a melhoria dos processos em geral.

Como forma de facilitar a elaboração desse trabalho, foram selecionadas, dentro do cenário nacional de empresas desse ramo de atividade, três delas, uma vez que existem no sul do país várias que atuam com geradoras de energia e que fazem parte de um Sistema Inte- grado de Empresas de Geração de Energia Elétrica conforme demonstrado no Tabela 2 e ob- jeto deste trabalho.

Tabela 2 - Participação das Empresas de Geração na Capacidade Instalada de Energia. Sistema Integrado do Sul UF Capacidade Hidráulica - (MW) Capacidade Instalada (MW) Participação Capacidade no Sistema. (%) Participação Capacidade Nacional - (%) COPEL PR 4.486,96 4.506,96 11,33 7,96 CELESC SC 59,20 59,20 0,15 0,10 CEEE RS 923,58 923,58 2,32 1,64 FURNAS (*) RJ 7.273,00 7.903,00 19,87 14,00 GERASUL SC 2.636,00 3.631,00 9,13 6,43 ITAIPU- PR 14.000 12.600 31,0 24,0

Fonte: Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica - Atualizado em 15/03/2000.

(*) – Furnas – Subestação Conversora de Foz do Iguaçu sendo que os dados informados cor- respondem a empresa como um todo, visto estar descentralizada em várias regiões do país.

Entretanto, o estudo estará limitado às empresas públicas conhecidas dentro de cenário nacional e internacional, como:

Empresa A - Itaipu Binacional;

Empresa B - Furnas – Centrais Elétricas S/A;

Empresa C - Copel – Companhia Paranaense de Energia Elétrica

Na elaboração desse trabalho, foram realizadas pesquisas de campo, nos meses de julho de 2000 na empresa C – Copel e, em setembro de 2000, na empresa B – Furnas, possi- bilitando através de entrevistas semi-estruturadas dirigidas, apresentadas no Anexo A, especi- ficamente junto aos responsáveis pelas áreas de Gestão de Estoque de cada empresa, visando conhecer e obter informações gerais dos sistemas empregados, bem como sua forma de geren- ciamento como um todo.

O questionário destinou-se à obtenção de informações por parte dos responsáveis pelos Sistemas de Gestão de Estoques existentes nas empresas, Itaipu Binacional, Furnas – Centrais Elétricas Brasileiras e Copel – Companhia Paranaense de Energia Elétrica. Com base nas informações coletadas, pôde-se iniciar o desenvolvimento da elaboração dessa dis-

sertação, cujo objetivo foi conhecer, identificar e analisar cada sistema, bem como os proce- dimentos usados na sistemática de gestão de materiais.

A partir do levantamento dos dados pretendidos, coletar e segregar as variáveis que poderão contribuir para maximizar uma administração eficiente dos estoques e propor alternativas factíveis que possam ser aplicáveis e adequadas a cada sistema na busca de uma melhoria contínua dos processos.

Nesse sentido, será descrito resumidamente cada sistema utilizado nas empresas, como o objetivo de discorrer e evidenciar as atividades desenvolvidas especificamente no ge- renciamento dos estoques.