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A análise dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego

8 A análise dos dados

8.5 A análise dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego

Inicia-se esta abordagem pela observação da evolução do número de desempregados, registada nos Centros de Emprego, nos cinco anos que integram o período da amostra.

Evolução do número de desempregados inscritos

A evolução do desemprego (Figura 3) mostra o crescimento progressivo do número de inscritos nos centros de emprego no período 2003-2005, que nos anos de 2006 e 2007, decresce gradualmente. A diminuição do número de inscritos nos centros de emprego do IEFP, que aparentemente parece contrariar o crescimento gradual do desemprego (patente na Figura 4) divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), poder-se-ia numa primeira análise, explicar em razão do aumento do número de colocações realizadas pelos centros de emprego, em idêntico período. Todavia, o decréscimo do desemprego não parece poder ser

explicado por essa razão, uma vez que no período em análise, não se verificou um aumento do número de colocações conforme se pode apurar pela observação da Tabela 20 constante do anexo 1, que revela as colocações efectuadas pelos centros de emprego para o mesmo período. Esta situação é de alguma forma corroborada pela notícia veiculada pelo Jornal de Negócios, onde segundo os dados disponibilizados pelo IEFP, as colocações efectuadas pelos centros de emprego sofreram uma diminuição no ano de 2007 (Martins, 2008:18-19).

Figura 3: Evolução do número de desempregados inscritos (2003-2007)

Fonte: Gabinete de Estudos e Avaliação do IEFP

Figura 4: População desempregada no período 2003 a 2007

Uma outra fundamentação para a diminuição do número de desempregados inscritos, poderá advir do aumento do número de encaminhamentos realizados para a formação profissional, ou mesmo para a integração em programas ocupacionais, uma vez que o conceito de desempregado utilizado nas estatísticas para análise do mercado de emprego, considera exclusivamente, as pessoas que se encontram disponíveis para integrar o mercado de trabalho no imediato, excluindo portanto os integrados em formação profissional e programas ocupacionais temporários.

Em resumo diremos que no período em estudo ocorreu uma quebra de aproximadamente, 50000 desempregados, no desemprego registado nos centros de emprego, a qual não pode ser assumida como resultado do crescimento da integração efectiva dos desempregados no mercado de trabalho.

Confrontados com a constatação de que a diminuição dos valores do desemprego, pode não ser resultado do aumento da integração da população desempregada no mercado de trabalho, prosseguimos a nossa análise, tentando compreender melhor o universo do desemprego registado, mormente no que concerne às suas características habilitacionais.

8.5.1 O Desemprego registado segundo a habilitação literária

Conforme já foi referenciado, as habilitações literárias das pessoas condicionam a sua integração no mercado de trabalho e também o seu acesso às modalidades formativas que constituem a formação profissional inicial sendo, muitas vezes, razão de impossibilidade de frequência de acções de formação profissional, a inexistência de uma determinada habilitação literária. Por esta razão considerou-se pertinente estudar o perfil de habilitações literárias dos desempregados inscritos nos centros de emprego do IEFP, com o propósito de perceber até que ponto a formação profissional, por força da definição das modalidades formativas, particularmente através da definição dos percursos formativos-tipo, tenta dar resposta ao perfil de habilitações da população desempregada, inscrita nos centros de emprego.

A análise do “desemprego registado segundo as habilitações literárias” obedeceu ao agrupamento de habilitações escolares em seis categorias: sem instrução (S/INST), que compreende todos os inscritos nos CE que possuam habilitações escolares inferiores aos 4 anos de escolaridade iniciais, abarcando igualmente aqueles que não sabem ler nem escrever; 1º Ciclo do Básico (1CB), que inclui todos os desempregados que possuam habilitações

escolares iguais a 4 e inferiores a 6 anos de escolaridade; 2º Ciclo do Básico (2CB), inclui os desempregados que possuem habilitações iguais ao 6º ano de escolaridade e não tenham concluído a escolaridade de 9 anos; 3º Ciclo do Básico (3CB), onde se encontram todos os desempregados inscritos que possuam como habilitações mínimas 9 anos de escolaridade e não tenham concluído o ensino secundário; o Secundário (SEC), que reúne todos os desempregados inscritos que concluíram os 12 anos de escolaridade e finalmente o Superior (SUP) onde inserimos todos quantos possuem habilitação mínima, equivalente ao grau de Bacharel.

Figura 5: Evolução do número de desempregados (2003-2007)

Fonte: Gabinete de Estudos e Avaliação do IEFP

Desempregados inscritos nos centros de emprego em Portugal Continental, segundo as habilitações literárias, expressos em percentagem do total de inscritos.

É evidente pela análise da Figura 5, que a maior percentagem de desempregados inscritos, no período em análise, possui como habilitação escolar o primeiro ciclo, com uma percentagem superior a 30% do total dos inscritos, seguido a alguma distância, pelos detentores do segundo ciclo do ensino básico, que representam cerca de 20% do total de inscritos nos CE, no período estudado, o que evidencia um défice de competências académicas de base muito relevante entre a população desempregada. O défice de escolaridade que se verifica entre a população desempregada inscrita nos CE confirma a baixa escolaridade da população portuguesa, que

segundo dados do INE citados por Rosa (2008) relativos ao 3º trimestre de 2007, referem que 75,8% da população nacional possui o ensino básico; 13,9% o ensino secundário e 10,2%, o ensino superior.

Um outro dado igualmente relevante, é a percentagem de inscritos detentores de habilitação superior, apresentar uma tendência, ainda que ténue, no sentido do crescimento que se tem vindo a revelar mais ou menos constante desde 2004. Digno de realce, afigura-se também, o facto de cerca de 5% do desemprego registado não possuir qualquer tipo de instrução.

Numa análise mais geral, conclui-se que mais de 55% do desemprego registado, possui uma habilitação escolar, igual ou inferior ao 2º ciclo do ensino básico.

Uma vez compreendida a evolução e a distribuição do desemprego por habilitação literária, importa prosseguir a análise, tentando perceber a organização, distribuição e variação da oferta formativa em todas as modalidades formativas que integraram a oferta de formação profissional inicial, ao longo do período da amostra, relacionando-a posteriormente com o perfil habilitacional da população desempregada.