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Capítulo II- Animação Sociocultural

3. Âmbitos prioritários de intervenção dos respectivos locais de estágio

3.3 A Animação Sociocultural nas Bibliotecas Públicas

É raro o jovem que procura o espaço Biblioteca para ler um jornal ou requisitar um livro simplesmente pelo gosto de ler. São também raros os progenitores que levam os seus filhos a este mesmo espaço depois de um dia de trabalho, simplesmente para a criança ficar com a informação de que existe um edifício que tem muito para oferecer e ensinar, e onde se podem proporcionar actividades que envolvam a criatividade e imaginação.

O espaço Biblioteca é um espaço que deve ser considerado como uma base de actividades socioculturais da comunidade envolvente. Assim deverá ser entendido como um produtor de dinâmicas e um recurso por primazia, tendo como finalidade o acesso ao objecto livro.

O livro surge como que um registo impresso que assenta sobre a palavra e que para tal necessita de ser lido. O convívio com o livro contribui para o desenvolvimento integral do indivíduo e permite uma melhor percepção do mundo que o rodeia.

É através da Animação que uma biblioteca pode dar a conhecer um património, o que tem de precioso e os seus documentos mais recentes, bem como proporcionar ao seu público, inúmeras actividades, podendo ter como base as necessidades deste.

As actividades podem ser de carácter educativo, recreativo, cultural. Exemplo disso é a leitura de um conto, a divulgação de livros, de autores, a realização de exposições, ateliers de expressões, espectáculos de teatro, entre outros. Estas actividades podem ser realizadas com diversos públicos, como o infantil e o juvenil, o adulto e o sénior, criando sempre uma ligação entre cultura, educação e recreação.

Além da Animação “in situ”, ou seja, no espaço biblioteca, as actividades podem ser ampliadas, como é o caso das Bibliotecas Itinerantes, que andam de aldeia em aldeia, pois nem sempre o público-alvo tem fácil acesso ao livro e às actividades. A Animação pode chegar na mesma, de forma educativa, e o leque de actividades poderá ser ainda mais inovador.

3.3.1 Importância de uma Biblioteca itinerante

Segundo Lopes(2008: 390),“ Se as crianças não pegam nos livros, vão os livros até elas”. Este deve ser, por conseguinte, o lema dos Animadores que “ andam” com uma Biblioteca Iitinerante.

Por volta dos anos 30 nasceram as bibliotecas itinerantes tendo a sua origem em Portugal (Lisboa), como tentativa de alargar a disponibilidade de acesso aos livros às camadas da população que até então não a tinha.

Como havia pouca ou nenhuma TV e a Internet era ainda um sonho de mentes absolutamente delirantes, o livro era efectivamente o grande suporte lúdico e a principal fonte de conhecimento a que se podia ter acesso, tornando a visita da biblioteca o momento esperado com grande ansiedade.

As Bibliotecas Itinerantes devem disponibilizar os seus serviços de igual modo a todos os membros da comunidade local, independentemente da idade, raça, religião, nacionalidade, língua ou estatuto social. Têm como principal missão funcionar como um agente que suscite o interesse pela leitura, criando uma empatia entre as pessoas e os livros.

Os objectivos das diversas Bibliotecas Itinerantes espalhadas pelo país são comuns e visam o desenvolvimento pessoal e intelectual dos leitores, o combate à literacia da informação, criar e manter nos leitores (especialmente nas crianças) o hábito e o prazer da leitura, da aprendizagem e da utilização das bibliotecas, proporcionar iguais possibilidades de aquisição e utilização da informação e possibilitar o acesso e o conhecimento à cultura local, regional e nacional.4

Em virtude a cidade da Guarda possui maioritariamente freguesias rurais, e o acesso ao livro nos meios rurais não ser tão facilitado como nos meios urbanos, foi cedida pela Fundação Calouste Gulbenkian à Câmara Municipal, em 1993, uma Biblioteca Itinerante, que se deslocava uma vez por semana a cada aldeia.

Esta Biblioteca Itinerante começou a funcionar em 1996 e terminou em 2007, aquando da Inauguração da nova Biblioteca. No entanto está-se a reconsiderar a continuação deste projecto da Biblioteca Itinerante.

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Recentemente a Biblioteca Itinerante da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, participou na Semana da Mobilidade, tendo como objectivo a promoção da leitura e o incentivo pela leitura, divulgando assim o livro junto de potenciais leitores da comunidade.

O papel do Animador Sociocultural numa Biblioteca Itinerante é fulcral uma vez que o Animador desenvolve um trabalho de animação sistemático, recorrendo a diversas estratégias, desde a leitura da história em voz alta utilizando suportes diversificados, passando por actividades que abordam uma diversidade de expressões tais como: a plástica, dramática, musical, escrita, corporal, entre outras.

Assim, durante a Semana da Mobilidade todas as actividades direccionaram-se para o contacto directo com o livro, juntamente com actividades lúdicas, visando deste modo o desenvolvimento intelectual e cultural das crianças.

Figura 15- Carrinha Itinerante da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço

Fonte: Autor

3.3.2 A Animação Socioeducativa através da Leitura

A Animação Socioeducativa constitui um dos âmbitos da Animação Sociocultural com uma grande tradição na história da Animação em Portugal.

Surge no fim dos anos 60, num contexto de educação não formal e tende a uma educação global e permanente de carácter lúdico, criativo e participativo.

Assim, torna-se importante ligar a escola à comunidade, dos mais diversos modos: ligar a Animação Socioeducativa à Animação de museus, desmistificando a ideia de museus como espaço morto; associar a Animação Socioeducativa à educação para a saúde, promovendo uma educação para a prevenção; proceder a uma Animação Socioeducativa tendo a rua como espaço de acção, onde seja possível difundir informação útil para a vida; levar a Animação Socioeducativa ao hospital, nomeadamente à pediatria, e promover a inter- relação com os doentes; estender a Animação Socioeducativa às bibliotecas, nomeadamente pela via da dramatização, leituras expressivas de contos, histórias e romances; realizar a Animação Socioeducativa com base na leitura de contos e outros textos nos espaços mais diversos.

A Animação Socioeducativa na biblioteca tem um papel importantíssimo, uma vez que aparece associada ao prazer de ouvir, para, no futuro, se converter no prazer de ler (Lopes: 2006, 389-390).

As pessoas não estão motivadas para a leitura e ainda não a entenderam como uma forma alternativa de ocupação de tempos livres, que promove ao mesmo tempo a sua valorização pessoal e social.

As técnicas de animação de leitura são muito variadas, dependendo assim, muito da criatividade dos animadores. Há que ter em conta as características do público a que se destinam, pois mais importante do que a técnica, é a sua eficácia.

A aprendizagem da leitura é um dos maiores desafios que a criança tem que enfrentar na fase inicial da sua escolarização. É importante incentivar as crianças e jovens para o hábito de leitura, tornando-a numa ferramenta ao serviço das mais diversas actividades. Para isso, é indispensável que desde cedo, os pais e/ ou educadores coloquem o bebé/ criança em contacto com os livros (por exemplo, no caso dos bebés livros de esponja, com sons interactivos) e através desse meio interajam / brinquem com a criança. As histórias permitem que a criança sonhe, fantasie e brinque. O papel dos pais e educadores é conseguir que ela se descentre da história e construa outros cenários, tornando-se cada vez mais activa.

Como se poderá incentivar as crianças e jovens para o hábito da leitura? E qual o papel da Animação Sociocultural neste processo?

Os livros desenvolvem a imaginação, a criatividade, objectivando o contacto com a literatura. Assim, a partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar a sua experiência da vida real. A “Hora do Conto” é uma boa estratégia para incentivar a

leitura, pois torna-se muito mais fácil ouvir uma história do que ler, as modulações da voz e as expressões faciais ajudam a tornar os significados mais compreensíveis e mais interessantes.

Cada vez mais se verifica que a Animação é utilizada como estratégia para tornar o indivíduo num leitor.

É muito provável que não haja o gene da leitura, mas tem de haver a educação para a leitura. Tem que existir uma educação do indivíduo para o hábito de leitura e para isso é preciso que ele sinta prazer no livro. A animação da leitura servirá de trampolim para o grupo, isto é, um acto colectivo, social com carácter festivo e lúdico.

Com a animação da leitura, as crianças e os jovens têm oportunidade de brincar, jogar ou descobrir o livro, adquirindo assim hábitos de leitura (Leitão: 1996, 91-93).

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