Segundo Torres (1999, p.104), (...) O ‘docente desejado’ ou o ‘docente eficaz’ é
caracterizado como um sujeito polivalente, profissional competente, agente de mudança, prático reflexivo, professor investigador, intelectual crítico ou intelectual transformador que
• Domina os saberes – os conteúdos e as pedagogias – próprios de seu âmbito de ensino;
• Provoca e facilita aprendizagens, assumindo sua missão não em termos de ensinar, mas de ‘fazer com que os alunos aprendam’;
• Interpreta e aplica um currículo e tem capacidade para recriá-lo e para reconstruí-lo a fim de responder às especificidades locais;
• Exerce seu critério profissional para discernir e selecionar as pedagogias e os conteúdos mais adequados a cada contexto e a cada grupo; • Compreende a cultura e a realidade locais e desenvolve uma educação bilíngüe e intercultural em contextos bi e plurilinguais;
• Desenvolve uma pedagogia ativa, baseada no diálogo, na vinculação teoria-prática, na interdisciplinaridade, na diversidade e no trabalho em equipe;
• Participa, juntamente com seus colegas, da elaboração de um projeto educativo para seu estabelecimento escolar, contribuindo para configurar uma visão e uma missão institucional, e para criar um clima de cooperação e uma cultura democrática no interior da escola;
• Trabalha e aprende em equipe, transitando da formação individual e fora da escola para a formação da equipe escolar e na própria escola;
• Investiga, como modo e atitude permanente de aprendizagem, de forma a buscar, selecionar e prover-se autonomamente de informações requeridas para seu desempenho como docente;
• Toma iniciativas no desenvolvimento de idéias e projetos inovadores, capazes de serem assumidos, difundidos e institucionalizados.
Em relação aos dilemas apresentados pelos professores pesquisados, destacam-se: • A falta de interesse dos alunos;
• A falta de recursos da escola;
• A falta de pré-requisito por parte dos alunos para acompanhar determinadas discussões;
• Salas de aula super lotadas;
• Dupla jornada de trabalho do professor (falta de tempo para preparar/planejar as aulas e atividades a serem desenvolvidas); Os professores tentam enfrentar ou administrar esses dilemas das seguintes maneiras:
• Trabalhando de forma contextualizada:
Desenvolvo as competências e habilidades dos alunos através de temas atuais, temas transversais, peço sempre para eles dissertarem temas que vem de encontro aos seus interesses e sua realidade como componente ativo dentro dom processo histórico - Professor A.C.
• Aproximando-se dos alunos para que os mesmos confiem no professor e, consequentemente, no trabalho que ele desenvolve:
Procuro criar vínculo com os alunos. Tornar-me “amigo” dos discentes aproximando-os de mim. Os outros alunos, muitas vezes, pedi silêncio por mim. Quando há afinidade com os alunos o trabalho fica mais fácil – Professor L.C.
• Preparar as aulas com antecedência e levar mais de uma opção para a turma..
O grupo pesquisado procura despertar o desejo em aprender e a curiosidade dos alunos motivando-os das seguintes maneiras:
• Mostrando-lhes que a escola poderá trazer-lhes a perspectiva de uma vida melhor;
• Tendo ética, amar a profissão, repensar a formação; • Tornando o ensino significativo para o aluno;
• Sendo um bom profissional, estando comprometido com os alunos e com a qualidade das aulas.
Desta forma, percebe-se que a maneira como o professor ministra suas aulas é determinante para desenvolver o interesse e a motivação nos alunos.
Os professores pesquisados afirmam que o Programa Ensino Médio em Rede facilitou o processo de reflexão e de desenvolvimento profissional, na medida em que contribuiu para o aprendizado do trabalho coletivo e despertou o interesse pelas atividades interdisciplinares e contextualizadas.
Além disso, o programa estimulou o trabalho com textos em todas as áreas, o que levou os docentes a desenvolver um outro olhar para a importância das atividades de leitura, interpretação e escrita textual, como se observa no registro abaixo:
Através de aulas contextualizadas, de acordo com a realidade dos discentes, trabalhando interdisciplinarmente com conteúdos significativos para a vida cotidiana dos alunos. O programa de formação continuada facilita e estimula ao mesmo tempo, pois quando discutimos, trabalhamos em grupo, há a união para o bem comum da aprendizagem dos alunos e reflexão da nossa prática como docentes – Professor R.A.
Aprender a trabalhar com atividades diferenciadas também foi uma aprendizagem importante desenvolvida pelo programa, como é possível notar no relato abaixo:
O programa estimulou este processo na medida em que fez com que os professores repensassem suas práticas e propusessem atividades diferenciadas, fez com que os professores saíssem de suas rotinas e ousassem um pouco mais – Professor M.C.
O contato com outras mídias como jornais e revistas, laboratórios de informática, aparelho de som, sala de vídeo e DVD propiciaram o desenvolvimento de um processo
reflexivo acerca da necessidade do uso dessas mídias em sala de aula com os alunos durante a realização das atividades docentes.
Em relação às responsabilidades da escola e dos docentes com a formação continuada destes profissionais, os professores participantes da pesquisa entendem que a escola deve incentivar a participação destes docentes em cursos de formação continuada, insistindo para que eles se atualizem. Os docentes também devem se preocupar com sua própria formação, estando abertos a novas discussões e a novos conhecimentos, conforme se percebe nos seguintes relatos:
A escola tem (ou deveria ter) uma boa parcela de participação na formação continuada dos professores propiciando-lhes momentos para a reflexão sobre suas práticas, elaboração de atividades e projetos que possam contar com a participação de todos os professores, cada qual dando sua parcela de contribuição no desenvolvimento dos conteúdos relativos a sua disciplina. Infelizmente, poucas das escolas que conheço realmente proporcionam estes momentos de reflexão para os seus profissionais. Além disso, cabe também ao professor sugerir aos gestores que abram espaços para as discussões e debates e para que o trabalho em equipe comece de fato a acontecer – Professor M.C.
O docente tem as mesmas responsabilidades atribuídas às unidades escolares, ou seja, criar seus próprios espaços e meios para acesso às pesquisas, materiais, leituras e se dedicar diuturnamente a busca do aperfeiçoamento profissional – Professor R.A.