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A aproximação com a temática do Parque Sonoro

7 PRODUTO FINAL: O PARQUE SONORO DO CEI VILA IMPÉRIO

7.1 A aproximação com a temática do Parque Sonoro

Ao realizar leituras de documentos legais do município de São Paulo, a pesquisadora observou neste município, no âmbito educacional, que há projetos de levar às escolas capacitação docente para a implementação dos parques. Estas leituras explicitaram melhor a importância que os Parques Sonoros podem ter para o desenvolvimento das crianças pequenas, como pode ser observado a seguir.

Antes, porém, faz-se necessário ressaltar que aqui se fará uma apresentação do Projeto “Parques Sonoros no município de São Paulo”, que serviu como inspiração para a elaboração do parque no CEI investigado. Como essa proposta da capacitação docente (formação continuada) não ocorreu na instituição em que foi realizada a pesquisa, cabe esclarecer que foi a pesquisadora quem elaborou o parque no CEI, fato que se tornou fruto desta investigação de mestrado.

De acordo com o Documento São Paulo (SÃO PAULO, 2016), a idealização do Projeto “Parques Sonoros no município de São Paulo” se deu durante o mandato (2013 – 2016) do então prefeito do Município de São Paulo, Fernando Haddad. O projeto faz parte do “Programa São Paulo Carinhosa”, instituído pelo Decreto nº 54.278, de 28 de agosto de 2013.

Art. 1º Fica instituída a Política Municipal para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância na Cidade de São Paulo – São Paulo Carinhosa, com o objetivo de promover o desenvolvimento físico, motor, cognitivo, psicológico e social das crianças com idade entre 0 (zero) e 6 (seis) anos. (SÃO PAULO, 2013, p. 1)

A proposta desse Programa tem como foco o desenvolvimento integral da criança a partir da ação conjunta entre as Secretarias Municipais envolvidas e suas

subprefeituras, objetivando a melhoria da qualidade da Educação Infantil ao considerar que os(as) pequenos(as) se expressam e conhecem o mundo por meio de suas múltiplas linguagens.

Conforme o Documento São Paulo (SÃO PAULO, 2016), na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino há professores(as) que lecionam nos Centros de Educação Infantil (CEIs); nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs); nos Centros de Educação Unificado (CEUs); nos Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEIs) e nas Escolas Municipais de Educação Bilíngue para Surdos (EMEBS), porém, estes(as) profissionais, em sua maioria, não possuem em sua formação inicial os conhecimentos necessários que contemplam as linguagens artísticas.

A partir desta constatação presente no documento, para que a linguagem musical fosse possível de ser trabalhada e para que os Parques Sonoros fossem implementados nas unidades de Educação Infantil da Rede Municipal, a Divisão de Educação Infantil - DIEI20, em diálogo com estudiosos(as) e pesquisadores(as) da

área, procurou pensar desafios maiores para as crianças no sentido de melhor entender a musicalidade que as abarca. Com isso, há a oferta de formações continuadas aos(às) docentes, sendo tais formações realizadas por profissionais com graduação ou especialização em música e conhecimentos relativos à arte e educação.

Nas instituições de ensino que participam desta formação, os encontros formativos ocorrem semanalmente, nas ocasiões de formação coletiva das Unidades Educacionais, onde são planejadas, organizadas e implementadas propostas para a elaboração do Parque Sonoro pelos(as) docentes de cada unidade a partir da orientação e mediação dos(as) formadores(as) e da assessoria e da equipe da Divisão de Educação Infantil. Em tais momentos formativos o objetivo central é o de “[...] ressignificar e problematizar conceitos de música, instrumentos musicais e escuta musical no trabalho desenvolvido com os bebês e crianças.” (SÃO PAULO, 2016, p. 8)

Para contemplar essa proposta, as formações têm como norte a perspectiva de ter os(as) professores(as) como pesquisadores(as) da própria prática, a fim de

20 A pesquisadora entrou em contato via telefone com a DIEI e recebeu informações que o Projeto

Parques Sonoros está ainda em atividade e que a escola que desejar receber formação deve se inscrever no programa.

identificarem que a música se faz presente em diversas ocasiões do cotidiano educacional e não somente nas rotinas já “pré-estabelecidas”, como por exemplo, nas canções, nos eventos, nos horários de entrada e saída das crianças, nas refeições etc. Desse modo, as formações são pensadas com o viés de aperfeiçoamento da percepção dos(as) docentes para os sons, pois se considera que só assim, desenvolvendo a sensibilidade nestes(as), haverá a possibilidade de trabalho dessa temática com as crianças. O objetivo é contribuir com a construção da paisagem sonora primeiro nos(as) adultos(as) para que, posteriormente, eles(as) possam mediar esse trabalho com os(as) pequenos(as).

Observa-se na leitura do Documento São Paulo (SÃO PAULO, 2016) que, sendo a música uma linguagem, carece que sua importância seja reconhecida nas unidades de Educação Infantil a fim de oportunizar aos(às) bebês e às crianças pequenas a viabilidade de expressarem o seu imaginário e de descobrirem o prazer de inventar novos sons. Desse modo, a inserção do Projeto Parque Sonoro nos ambientes de Educação Infantil possibilita que:

[...] as crianças explorem e vivenciem situações de um processo criativo musical por meio da exploração dos sons do ambiente, pesquisando, criando, imaginando, individualmente ou em grupos, sons e objetos sonoros construídos com diferentes materiais do cotidiano e reciclados. (SÃO PAULO, 2016, p. 8)

Ao brincar, a criança criará experimentos sonoros musicais, ou seja, a partir do manuseio e interação com estes objetos expostos nos Parques Sonoros, os pequenos e as pequenas terão a possibilidade de construir e desconstruir os sons, de significar e ressignificar os objetos sonoros, de concretizarem e comunicarem suas descobertas e composições. A implementação do parque pode ocorrer em mais de um espaço das unidades escolares, nas áreas internas ou externas, nos bosques, parques, nos corredores e nas salas. Para tanto, é preciso que haja a mediação por parte dos(as) docentes.

Com a construção sonora e musical, as crianças demostram autonomia nas seleções e preferências dos sons, portanto, devem ter liberdade para tal. Esta liberdade só é garantida a partir do momento em que os(as) docentes compreendem – e esta é a proposta da formação anteriormente mencionada – que os ruídos e barulhos das crianças são necessários para que construam seus próprios conhecimentos. Logo, os(as) professores(as) necessitam tomar ciência das “[...]

propriedades dos sons, experimentar a escuta dos ambientes internos e externos e assim começar a compreender os sons da infância.” (SÃO PAULO, 2016, p. 8)

Para que seja viabilizado, o Projeto necessita que todos(as) os(as) educadores(as) experimentem e exercitem as escutas sonoras à sua volta, principalmente dos sons produzidos pelos bebês e demais crianças, objetivando a organização de espaços educacionais que expandam as probabilidades lúdicas sonoras.

O Parque Sonoro é uma ideia motivadora, um pretexto que possibilita a investigação acerca dos sons, a abertura para o novo. A relação da criança com o objeto, transformação do objeto em instrumento, interagindo, atuando

e imaginando – a exploração sonora, rítmica e melódica. Para participar,

devemos reeducar antes a nós mesmos, que vivemos em um mundo sonoro, mas raramente paramos para ouvir os sons que nos cercam. Cabe à professora observar e oferecer à criança “um encorajamento delicadamente equilibrado”, apoio para enriquecer sua experiência. (SÃO PAULO, 2016, p. 1)

Segundo o Documento São Paulo (SÃO PAULO, 2016), a principal educadora musical que pauta o Projeto Parques Sonoros é Judith Akoschky (2001), que propõe, por meio do termo “cotidiáfonos”, que os materiais encontrados no dia a dia viabilizam a exploração dos sons. Portanto, os Parques Sonoros são construídos a partir de materiais do cotidiano, beneficiando o protagonismo infantil:

No relato de cada formador(a) e professora aqui descrito, encontramos uma definição própria do que são os Parques Sonoros. Nenhum é igual ao outro, não há uma receita única para fazer esta viagem maravilhosa e isso fica claro pela leitura e pelas imagens aqui registradas. Pontua-se que desde muito cedo é possível estimular o contato dos bebês e das crianças com a diversidade sonora que nos rodeia e identificar os “cotidiáfonos” – objetos sonoros do uso cotidiano. (SÃO PAULO, 2016, p. 1)

Portanto, pode-se afirmar, de acordo com o exposto até aqui, que a presença de Parques Sonoros em ambientes de Educação Infantil e, no caso desta investigação, nas creches, gera uma rica experiência de exploração e criação sonora e musical aos pequenos e às pequenas. Desta maneira, na sequência, será explanado como se deu a elaboração do Parque Sonoro do CEI Vila Império e a vivência neste ambiente pelas crianças participantes desta pesquisa.