• Nenhum resultado encontrado

4 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS SERVIÇOS DE

4.3 A atuação do Assistente Social nos serviços

No que se refere à atuação do assistente social nos serviços pesquisados, perguntamos aos demais profissionais de nível superior, quais das atribuições preconizadas pelo Ministério da Saúde eram realizadas pelo serviço social na instituição. O destaque foi dado para as práticas de acolhimento e aconselhamento, ambas apontadas pelos 11 profissionais, seguidas do encaminhamento de usuário para outras políticas de saúde e/ou assistência social, com 10 apontamentos, da elaboração de estratégias para articulação entre a família do usuário e o serviço, da articulação com unidades de saúde e da adesão ao tratamento, com 09 apontamentos e, por fim da organização de atividades educativas, da transmissão de informações com relação a serviços públicos e comunitários disponíveis ao paciente, bem como de benefícios, distribuição de insumos de prevenção e visita domiciliar, todas com 08 apontamentos, conforme o quadro 3.

Quadro 3: Atribuições preconizadas pelo Ministério da Saúde exercidas pelo assistente social no serviço

Atribuições Preconizadas Total

Acolhimento 11

Aconselhamento 11

Organização de atividades educativas

08 Elaboração de estratégias para

articulação entre a família do usuário

e o serviço 09

Encaminhamento de usuário para outras políticas de saúde e/ou

assistência social 10

Transmitir informações com relação a serviços públicos e comunitários disponíveis ao paciente, bem como de

benefícios 08

Articulação com unidades de saúde 09 Distribuição de insumos de prevenção 08

Adesão ao tratamento 09

Visita domiciliar 08

Verifica-se o direcionamento da prática para a tendência, já apresentada por Soares (2010), do atendimento direto ao usuário, desprivilegiando ações de cunho educativo, que envolvem o processo de educação em saúde, principalmente na média e na alta complexidade, onde está empregada a maioria dos assistentes sociais dasaúde.

O maior percentual direcionado as práticas de acolhimento e aconselhamento confirmam um dado já ressaltado por Bravo (2007), quando afirma que o modelo privatista apresenta como requisições para o serviço social seleção sócio-econômica de usuários, atuação psicossocial através dos atendimentos (aconselhamento/acolhimento); assistencialismo através da ideologia do favor e predomínio de práticas individuais.

Deste modo, a relação entre os dados analisados e a literatura posta, vem mostrando que hoje o sistema de saúde pública vem reiterando velhas práticas na saúde e na profissão também na cidade de Campina Grande-PB, mais especificamente nos SAE e CTA serviços considerados de média complexidade.

Perguntados sobre se o assistente social vem respondendo as atribuições postas à maioria dos profissionais 82% afirmaram que sim e apenas 18% responderam que não, como revela o gráfico 9.

Gráfico 9: O Assistente Social vem respondendo as atribuições postas

Fonte: Pesquisa de campo junto a profissionais do SAE e CTA municipiais. Ano: 2011

82% 18%

Os que responderam sim enfatizaram questões referentes à competência individual dos assistentes sociais que atuam no serviço, considerando-os profissionais capacitados e habilitados para desenvolver a função que lhe compete, como afirmam os entrevistados abaixo:

Sim, pois o assistente social é um profissional que se atualiza e se dedica ao trabalho ela participou no treinamento que houve para a implantação do serviço, entendeu? [...] o trabalho extra- muros o Serviço Social faz como muita dedicação, ela gosta do trabalho na comunidade, do trabalho nas empresas, escolas né? Então eu acredito que sim (Entrevistado 1).

Sim, pois o assistente social é um profissional competente, que tem uma formação voltada para um trabalho com comunidade, [...] ele vem desenvolvendo um bom trabalho, respondendo as demandas sim (Entrevistado 3).

Porém, desse percentual (82%) alguns fizeram ressalvas, afirmando que existem limites à prática exercida pelo assistente social, que são resultantes tanto de questões de ordem pessoal e estrutural, como também de consequência da alteração do quadro profissional e do déficit de profissionais, afirmando a necessidade do aumento do número de assistentes sociais no quadro de profissionais conforme relatam os entrevistados 5, 7 e 10.

Quando disponível, o profissional, eu diria que sim o problema é que se você tinha um profissional que encaminhava mais regularmente as coisas e ela sai a atividade fica prejudicada, vai passar para outras pessoas que não tem a formação devida... pois, há déficit de profissionais. Acredito que se tivesse profissionais disponíveis para cada horário seria melhor, eles poderiam desempenhar melhor essas funções (Entrevistado 5).

Vem, dentro das possibilidades de cada serviço, porque as vezes falta transporte, as vezes o número de profissionais não é suficiente para que elas façam como deve ser, a particularidade de aceitar o tratamento por parte de cada paciente dificulta também o desenvolvimento do trabalho, então é um campo um pouco difícil, depende muito dessas questões particulares do serviço e do paciente (Entrevistado 7).

Sim, porém há limitações pessoais umas trabalham mais, outras menos, mas no geral sim (Entrevistado 10).

Já os que afirmaram que o serviço social não vem respondendo as atribuições postas, enfatizaram como causa disto além do número restrito de profissionais, a falta de capacitação destes e o não reconhecimento da importância do seu trabalho pelos demais profissionais da equipe, conforme os relatos abaixo.

Não, porque como eu disse há déficit de profissionais nos setores públicos e privados e no caso do serviço social pela falta de reconhecimento no meio da sociedade de forma geral, isso faz com o que o serviço social não desenvolva suas atribuições como deveria (Entrevistado 2).

Não, porque há falta de profissionais no SAE, eu acho que também falta treinamento uma reciclagem desses profissionais, isso contribuiria muito para melhorar o trabalho (Entrevistado 8).

Como vimos no item 1.2 de fato a saúde pública vem enfrentando uma forte crise expressada, sobretudo, no funcionamento precário dos serviços, nas péssimas condições de trabalho e no atendimento massivo e de pouca resolutividade a população, passando a adotar redução de gastos com a força de trabalho, o que afeta diretamente o serviço social enquanto profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho, que passa a conviver com a precarização de suas condições de trabalho, levando-o a muitas vezes ter que acumular vários empregos para garantir seu sustento. Este fato aliado à falta de capacitação e reciclagem, ocasionada muitas vezes pela precariedade do serviço, mas também por falta de interesse individual propiciam o não entendimento da totalidade social, possibilitando a realização de uma prática pouco resolutiva, o que leva usuários e profissionais a entenderem que estes profissionais não estão cumprindo com suas atribuições.

Documentos relacionados