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A avaliação das organizações

2. ENQUADRAMENTO teórico

2.2. A importância da avaliação nas organizações

2.2.1. A avaliação das organizações

A avaliação reflete a realidade das escolas e permite que os protagonistas se vejam com clareza e rigor. Da compreensão suscitada pela imagem

contemplada, nascerá a decisão de corrigir um gesto ,limpar o rosto, ou a realização duma operação mais complexa.

( Guerra, 2002,p.11)

A avaliação é um processo específico do ser humano e faz parte do seu dia-a-dia. Todos falamos de avaliação mas cada um interpreta o conceito à sua maneira, dando- lhe significados distintos.

A forma como entendemos a avaliação, como a usamos e até como a sentimos está intimamente ligada ao conceito que temos dela. Desde que existe civilização que houve alguma forma de avaliação e há mesmo quem diga que ela surgiu com o próprio homem, sobretudo se entendermos por avaliação a visão de Stake – o homem observa; o homem julga, isto é, o homem avalia.

A este propósito Sobrinho, (2001,p.35) afirma que "Antes mesmo da institucionalização das escolas, a avaliação já era praticada para fins de seleção social. Com efeito, a avaliação está ligada à questão de escolhas e a seleção social é tão naturalmente aderida a ela que passa como constituinte da sua essência […] Os chineses praticavam uma seleção de indivíduos para a guarda dos mandarins. Os gregos utilizavam mecanismos de seleção de indivíduos para o serviço público ateniense, séculos antes de cristo […] a avaliação tinha um caracter público".

Com esta introdução queremos apenas chamar a atenção para o facto de que o ato de avaliar é inerente ao ato de pensar e de refletir e não apenas um fenómeno puramente escolar. Todavia, se considerarmos o objeto de estudo da avaliação,

notamos que existe uma longa tradição de associação da avaliação aos contextos escolares. Durante muito tempo, esta fez parte da escola, sendo exercida como uma forma de controlo dos professores sobre os alunos e as suas aprendizagens.

O significado tem sido ajustado ao tempo, bem como as suas intenções justificadas, acompanhando as mudanças e as inovações. Assim, durante algum tempo a avaliação foi vista como medida e, neste sentido deixava de se avaliar tudo o que não podia ser medido. A avaliação passou a ser definida por objetivos, ou seja, os resultados sobrepunham-se aos processos. Posteriormente, os processos passaram a ser o grande objetivo da avaliação. Stufflebeam, (2006,in Simões,2007) defendia, em 1971, que a " [...] avaliação é o processo de identificar, obter e proporcionar informação útil [...]”. Mas a avaliação também é entendida como um processo de descrição e produção de um juízo de valor. Esta corrente vê a avaliação como algo mais do que um processo de recolha de dados com vista a uma tomada de decisão, porque a considera como um processo simultâneo de descrição e emissão de juízos de valor.

A este propósito, também Fernandes entende a avaliação "[...] como um domínio científico e uma prática social cada vez mais indispensável para caracterizar, compreender, divulgar e melhorar uma grande variedade de problemas que afetam as sociedades contemporâneas, tais como a qualidade da educação e do ensino, a prestação de cuidados de saúde, a distribuição de recursos e a pobreza" (Fernandes, 2008 p.5). Para ele um dos desafios mais importantes que se coloca nos dias de hoje à avaliação em geral é o de esta ser capaz de contribuir para melhorar a vida das pessoas.

Muitos autores (como Clímaco,2005, Alves2002, Alaíz,2003) e outros se têm preocupado com o conceito de avaliação e apontam definições, mas gostaríamos de referenciar a de Coelho et al, (2008,p.56) pois adota o conceito da UNESCO onde ela é entendida como "um processo através do qual os resultados são criteriosamente analisados, no contexto dos objetivos previamente determinados". A avaliação desempenha assim um papel importante na tomada de decisão, bem como na fase do planeamento estratégico e operacional pois fornece informação sobre o impacto e a eficácia.

Ainda na opinião de Coelho, et al. op.. cit observam-se tendências para que a prática avaliativa amplie o seu terreno para lá do âmbito tradicional, isto é, da avaliação das aprendizagens dos alunos. Esta alarga-se de modo cada vez mais consistente e sistemático até às políticas educativas, aos projetos pedagógicos, aos programas curriculares e às instituições educativas de todos os níveis de ensino.

Hoje, são muito menos os que acreditam que a avaliação educativa se foca apenas no trabalho escolar dos alunos. O objeto da avaliação é cada vez mais amplo, abrangendo os materiais, os manuais, os projetos, os programas, o pessoal auxiliar, os professores, as próprias instituições.

Avaliar a escola passou a ser uma prioridade que passa por um processo sistemático de recolha, análise e interpretação de informação com vista à formulação de juízos de valor ou de mérito sobre a organização.

Santos Guerra, (2002) considera que as escolas são organizações sociais complexas, por isso a sua avaliação não pode ser reduzida a uns quantos procedimentos técnicos, ainda que sofisticados, orientados por obsessões métricas, por mais imperativas que estas se apresentem. Como refere o autor (idem,p.270) "A avaliação tem de ser um processo estruturado de análise que, tendo sempre em vista os objetivos fixados e utilizando critérios objetivos, deverá contribuir para a efetivação das mudanças e correções adequadas, tendo em conta as insuficiências detetadas. Esta não deverá tender apenas para um carater inspetivo ou fiscalizador, mas também, e sobretudo, para uma orientação que leve à ação, como uma dimensão de apoio às tomadas de decisão"

Lima,(2002 em Fonseca,2010,p.19) refere a este propósito que "[...] toda e qualquer acção de avaliar em contexto escolar baseia-se numa concepção organizacional de escola, implícita ou explicita, que ao instituir um determinado quadro de racionalidade permite definir a natureza dos objetivos e das tecnologias, estabelecer relações entre meios e fins e entre estrutura e agência, legitimar determinados processos de planeamento e de decisão, bem como a inclusão/exclusão de certos atores nesses processos e, entre outos elementos, definir modalidades, instrumentos e procedimentos de avaliação considerados adequados, interpretando os "dados obtidos" e produzindo sentido a partir de relações convencionalmente estabelecidas entre estes e as dinâmicas, ou variáveis organizacionais"