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4.Os MPAs no Brasil

A B USCA PELA I DENTIDADE

De acordo com Mattos (1997), as discussões, aqui iniciadas na década de 90, sobre o Mestrado Profissional preocupavam-se inicialmente com a qualidade das dissertações que iriam ser desenvolvidas. Spink (1997) também desenvolve seu artigo em cima desta discussão de que dissertação deve ou não ter um caráter acadêmico. Segundo Wood Jr e Paula (2002b, 2004), iniciava-se assim uma discussão infindável: qual deveria ser o perfil de um Mestrado Profissional e como deveria ser a dissertação resultante deste mestrado? Para Ruas (2003), o Mestrado Profissional também estaria em busca de sua identidade. Estes dois últimos autores desenvolveram seus estudos trazendo grandes contribuições para a definição da função destes programas.

Ruas (2003, p.56) tem como objetivo tratar das seguintes questões:

O que são os programas de Mestrado Profissional?

Trazem eles algo novo e específico relativamente aos outros programas de formação gerencial ou recorrem a velhas fórmulas?

Qual o perfil do profissional que os procura?

Quais diferenciais apresentam esses MPAs em relação a outros programas de formação gerencial?

Dentre as diversas questões levantadas, o autor afirma que os principais destaques da pesquisa foram:

1. Os Mestrados Profissionais ocupam um espaço importante na formação gerencial brasileira. Espaço este que está entre os mestrados convencionais e os programas de especializações, que não atendem corretamente a demanda da sociedade;

2. As instituições que promovem estes programas não podem deixar de trabalhar com inovações das concepções e práticas dos alunos acerca de suas atividades. Processos de reflexão devem ser buscados e desenvolvidos;

3. Inclusão do conceito “competência’ definido por três saberes: saber – conhecimento; saber – fazer – habilidade; saber-ser-agir- atitudes. A noção de competência deve ser elemento vital na concepção e organização dos Mestrados Profissionais”;

4. As observações empíricas deste estudo têm mostrado que o desenvolvimento de “competência” parece ser um produto não deliberado. Mas é preciso ser aproveitada esta oportunidade e associar esse desenvolvimento às condições e especificidades do ambiente de trabalho.

Wood Jr. e Paula (2002b, 2004) têm como objetivo analisar o fenômeno dos Mestrados Profissionais em Administração, traçando um perfil deste segmento de ensino no Brasil. Os autores chegam as seguintes conclusões:

1. Os Mestrados Profissionais são exemplos de estratégias possíveis: o desenvolvimento e realização de cursos pequenos, que buscam atender as demandas do mercado a partir de uma articulação da educação acadêmica com diversos profissionais experientes da área;

2. O conteúdo desenvolvido nestes cursos é defasado e possui excesso de materiais estrangeiros, necessitando de adequação ao contexto local;

3. O método de ensino ainda continua baseado em aulas expositivas o que dificulta o desenvolvimento de reflexões e críticas;

4. Os programas analisados pela por este estudo são considerados fracos dotados de ambigüidades e tensões, repetindo erros de modelos antigos; 5. Os programas analisados também são considerados pequenos demais para

atender a crescente demanda.

Os dois estudos são os mais recentes e dois dos mais importantes sobre o Mestrado Profissional em Administração, merecendo destaque no desenvolvimento de qualquer pesquisa sobre a pós-graduação no país. Outro estudo que também merece destaque é o de Mello (2002), uma dissertação desenvolvida baseada na teoria institucional.

Analisar as origens e como estão se institucionalizando os Cursos de Mestrado Profissional em gestão pública, promovidos pela UFPE/Sudene/Pnud e pela Fundaj, respectivamente, e as expectativas de seus stakeholders a respeito dos cursos no contexto de referência local.

A utilização da teoria institucional permite vincular surgimento de estruturas organizacionais com contextos sociais, demandas da sociedade ou do mercado. Segundo a autora, no processo de consolidação de sua estrutura destacam-se dois atores importantes (stakeholders): o Estado e as corporações profissionais. As conclusões da autora nos permitem perceber a fase de construção de identidade pela qual passam estes cursos, como já afirmado por estudos citados anteriormente. Nas palavras da autora (p.184):

Os cursos de mestrado profissional ainda estão preliminarmente construindo um padrão institucional diferenciado para essa modalidade de ensino superior strictu sensu. A distinção por meio da conquista de uma identidade própria torna-se condição precípua para garantia de sua própria existência.

A busca pela identidade parece ser comum a todos os autores e, a preocupação com criação de um programa que preze pela flexibilidade e diferenciação também está presente nos estudos.

Apesar de estar em uma fase de criação, os estudos analisados consideram os programas de Mestrado Profissional uma proposta inovadora e distinta. O programa ainda possuiria ambigüidade e tensões, mas poderia tornar-se um modelo forte que, segundo Wood Jr. e Paula (2002b) poderia até substituir os mestrados convencionais da área de Administração.

Neste capítulo expusemos um histórico da criação dos cursos de MPA e as discussões sobre a sua busca por identidade, visando delimitar alguns características particulares deste programa que permitam responder ao problema proposto.

5. Modelos Analíticos

Neste capítulo serão expostos alguns modelos utilizados para o desenvolvimento de pesquisas sobre MBAs e Mestrados Profissionais/Executivos. A revisão dos modelos já adotados nos permitirá delinear um modelo combinado que será utilizado no desenvolvimento da pesquisa de campo.

Ainda que as escolas de Administração tenham decolado e a educação em administração tenha se tornado um grande negócio, é surpreendente pequena a avaliação do impacto dessas escolas tanto em seus alunos quanto na profissão de administrador. Os levantamentos existentes sugerem que as escolas de negócios não são muito eficazes.

Jeffrey Pfeffer Christina T. Fong