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A Comercialização de Energia Elétrica

O Setor de Energia Elétrica no Brasil

5.3. O Funcionamento do Setor Elétrico Brasileiro

5.3.4. A Comercialização de Energia Elétrica

O novo modelo do setor elétrico criou dois ambientes distintos para a compra e venda de energia elétrica no Brasil, o Ambiente de Contratação Regulado - ACR (Mercado Cativo) e o Ambiente de Contratação Livre - ACL (Mercado Livre). O Gráfico 5.3, abaixo, traz a quantidade de energia elétrica comercializada em cada um desses ambientes de mercado no ano de 2009.

Gráfico 5.3- Quantidade de Energia Elétrica Comercializada por Ambiente de Mercado.

Fonte: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE

O ACR é o ambiente no qual, exclusivamente, as distribuidoras contratam energia elétrica, através da realização de leilões, proveniente de empreendimentos novos e existentes para o atendimento de seus mercados consumidores. Estes leilões são

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promovidos direta ou indiretamente pela ANEEL, de acordo com os parâmetros definidos pela EPE e MME, tais como os montantes a serem licitados por modalidade contratual.

Os leilões para o caso de geração provinda de novos empreendimentos ocorrem cinco ou três anos antes do início do efetivo fornecimento da energia comercializada e os contratos provenientes desses certames tem a duração de, no mínimo, 15 e, no máximo, 30 anos. Já os leilões com energia elétrica proveniente de empreendimentos existentes ocorrem 1 ano antes do início do fornecimento e geram contratos com duração de, no mínimo 5, e, no máximo, 15 anos. Em Costa e Pierobon (2008), há uma análise da sistemática e dos resultados dos primeiros leilões acima mencionados realizados no Brasil.

Além disso, a ANEEL pode promover os chamados leilões de ajuste, os quais ocorrem no próprio ano de fornecimento da energia comercializada com, prazos de início de fornecimento de, no máximo, 4 meses, e duração contratual de, no máximo, 2 anos, propiciando às distribuidoras a possibilidade de complementação para o atendimento da totalidade de suas cargas.

A Figura 5.6, a seguir, ilustra a estrutura vigente de leilões promovidos no ACR do atual modelo setorial brasileiro.

Figura 5.6 - Leilões de Energia Elétrica no ACR

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL – Adaptado pelo Autor

Os Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado, conhecidos como CCEAR, apresentam duas diferentes modalidades de funcionamento. Podem ser contratos de quantidade de energia elétrica ou de disponibilidade de energia elétrica. Na modalidade de quantidade, o vendedor deve, obrigatoriamente, disponibilizar ao sistema, e conseqüentemente, ao comprador todo o

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montante de energia elétrica negociado. Dessa forma, o risco associado a uma geração de energia física abaixo da contratual fica a cargo do vendedor. Esta modalidade de contrato é atualmente utilizada em leilões de energia elétrica proveniente de fontes hídricas.

Já na modalidade de disponibilidade de energia elétrica, o vendedor recebe um valor fixo anual para se manter disponível ao sistema, pronto para entrar em operação sempre que solicitado, porém não sendo necessariamente despachado. Esta modalidade de contratado é atualmente utilizada nos leilões de energia elétrica provenientes de fontes termelétricas, inclusive pelas usinas movidas a gás natural, e o risco associado à geração de energia inferior à contratação passa a ser do comprador, ou seja, das distribuidoras e seus consumidores finais.

Também é valido destacar que, como aprofundado por Bezerra et al.(2009), para todo empreendimento térmico participante de leilões de energia nova, na modalidade disponibilidade de energia elétrica, é calculado um Índice de Custo Benefício, ICB, individual, utilizado, como critério de contratação no certame, para a ordenação econômica das fontes térmicas com os outros tipos de fontes participantes.

O Ambiente de Comercializa Livre – ACL é o ambiente no qual os agentes geradores podem vender diretamente sua geração de energia elétrica para os Consumidores Livres através de contratos bilaterais livremente negociados.

Os Consumidores Livres, atualmente são divididos em dois grupos: Consumidores Livres Convencionais e Consumidores Livres Especiais ou Incentivados.

Consumidores Livres Convencionais: são todos aqueles cuja potência instalada seja maior ou igual a 3,0 MW, ligados em qualquer nível de tensão. Têm a opção de compra de energia elétrica correspondente a uma parcela ou à totalidade de sua carga diretamente de qualquer agente gerador ou comercializador, não ficando restrito apenas à sua empresa concessionária de distribuição.

Consumidores Livres Especiais ou Incentivados: são aqueles que possuem carga entre 500 kW e 3,0 MW, pertencentes ao subgrupo tarifário A. Também não estão restritos a adquirir energia elétrica apenas da concessionária de distribuição de sua

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localização física, entretanto só podem adquirir energia diretamente de agentes geradores que se enquadrem no conceito de agentes de geração incentivada38.

Os preços praticados no ACL são diretamente influenciados pela oferta de energia disponível no país, obedecendo ‘as “leis de mercado”, ou seja, em caso de sobre- oferta de energia elétrica os preços caem e em caso de escassez os preços sobem.

O novo modelo do setor elétrico contemplou, ainda, um outro ambiente de comercialização de energia elétrica, o mercado de curto prazo ou spot, o qual está disponível para todos os agentes do setor, desde as distribuidoras até os consumidores livres, passando pelas geradoras e comercializadoras, respeitando as restrições regulatórias aplicadas a cada um dos perfis de atuação.

É nesse mercado que ocorre o fechamento da contabilização de toda a energia elétrica contratada e consumida no Brasil. Este processo de contabilização faz o encontro de contas de toda a energia elétrica comercializada pelos agentes do setor com a energia elétrica produzida e consumida fisicamente pelos mesmos.

Todos os agentes devem, compulsoriamente, registrar na CCEE seus contratos de energia elétrica com seus respectivos montantes e permitir que a CCEE tenha acesso aos dados de medição física de suas instalações. Dessa forma, a CCEE é capaz de determinar as diferenças entre a energia contratada e a energia consumida ou produzida. E essas diferenças são liquidadas, mediante regras específicas, na própria CCEE e valoradas ao preço de liquidação das diferenças, PLD.